sexta-feira, 16 de maio de 2014


O jogo de Putin - Akhmetov
Verdade Ukrainiana, 16.05.2013
Gennady Liuk


Putin

Putin não precisa do Donbass na composição da Rússia.
Putin não precisa das Repúblicas de Donetsk e Luhansk.

Em ambos os casos, Putin terá que manter Donbass ao custo do orçamento russo. Donbass, com a sua arcaica economia não reformada e sujeito a sanções, transformar-se-á em peso muito maior que Criméia, Abkhazia e Transnistria juntos.

Putin, ao contrário de muitos moradores de Donbass, entende perfeitamente que os discursos inflamados dos representantes do Partido das Regiões que "Donbass sustenta Ukraina! é um blefe. 
A economia russa, que já está à beira da estagnação, não sobreviverá a um fardo desses.
Além disso, essa variante ameaça um terceiro nível de sanções.

Putin precisa do Donbass na composição da Ukraina para que as minas não rentáveis e os programas sociais continuem sendo mantidos pelo orçamento ukrainiano, e não russo - mas num estado, quando de fato a região será dirigida pela Rússia através de mãos fantoches da elite local. O mecanismo de alcance do tal status deve tornar-se a federalização.

Despesas para Ukraina, bônus para Rússia. Uma tal província federativa russa, que será mantida pela Ukraina.
Para realização deste plano, Putin necessita garantir obrigatoriamente, duas condições:
a) dar ao idioma russo status especial, o que daria uma oportunidade adicional para explicar a "parte especial" da Rússia nas questões de Donbass;
b) introduzir um mecanismo consolidado constitucionalmente, o qual faria o poder de Kyiv sobre Donbass puramente simbólico.

Por que, então, Putin concentrou um enorme exército nas fronteiras da Ukraina?
Em primeiro lugar, a fim de criar uma pressão feroz sobre Ukraina e forçá-la a escolher o "menor dos males". Em segundo lugar, para garantir o "álibi"  a políticos - traidores ukrainianos, aos quais atribuiu-se o papel fundamental. Tipo, eu entreguei o idioma, e realmente Donbass, mas eu "salvei" Ukraina da invasão militar de Putin!

Criméia a grande maioria sempre considerou território russo, que"acidentalmente  e injustamente" encontrou-se na composição da Ukraina. Portanto, a captura da Criméia, instantaneamente, levantou o apoio a Putin, ainda que, pela sua manutenção precisem ligeiramente "apertar os cintos".

Donbass - é outra questão".
Lá são outras dimensões. E consequências bastante diferentes.

Akhmetov 

A Akhmetov (o maior oligarca ukrainiano) o Donbass na composição da Rússia não é necessário - ele entende muito bem qual é o seu lugar na hierarquia de Putin, e quais são as possibilidades que no orçamento russo lhe "darão".
A Akhmetov não são necessárias as repúblicas de Donetsk e Luhansk.
Ele sabe que perspectivas econômicas esperam a estes "estados" e, portanto, a ele mesmo.

É por isso que ele não finge quando afirma a sua visão de Donbass que é, exclusivamente, na composição da Ukraina. 

Akhmetov junto a quaisquer governo precisa do status de "patrão do Donbass", o que lhe dará a possibilidade de ter lucros, e um peso político significativo. Para isso ele necessita estar na composição da Ukraina - mas praticamente não depender de Kyiv.

Os interesses de Putin e Akhmetov coincidem completamente.

Os acontecimentos em Mariupol demonstraram claramente a situação real.
Quando, nas cidades de Donbass, a milícia colocava-se em formação diante dos coronéis russos - Akhmetov observava. Quando os "prefeitos do povo" e "governadores do povo" mandavam no Donbass - Akhmetov observava. E deste modo não conseguiram afastá-lo nem as tórturas e assassinatos dos separatistas contra cidadãos pacíficos.

Mas quando em Mariupol apareceu um destacamento de forças de segurança de Dnipropetrovsk - com  Akhmetov aconteceu um fabuloso milagre: Em vez de observar e esperar todos viram uma ação imediata, decisiva e eficaz! Aquilo, que Akhmetov "não pôde" fazer em Donetsk e outras cidades de Donbass - ele realizou imediatamente em Mariupol.

Em poucas horas a cidade passou para o controle completo de Akhmetov.

Goste ou não, mas a conclusão é: as tropas de diversionistas russos e "prefeitos do povo" Akhmetov não considerava ameaça para si. O estado de terror e medo não o incomodava. Mas o destacamento de forças de segurança o assustou completamente. Por que Akhmetov tranquilamente observava as "artes dos tenentes-coronéis russos" e dos "prefeitos do povo"? Já que, formalmente eles tomaram-lhe o poder real no Donbass. Não seria porque tanto os "tenentes-coronéis russos", quanto os "prefeitos do povo" jogam com Akhmetov na mesma equipe?

Possivelmente, nem desconfiam sobre isso.

Mas sobre isso sabe Putin. E sabe Akhmetov.
E Akhmetov sabe, que todos estes novos líderes removerão rapidamente "da praia" assim que eles desempenharem sua "missão histórica".

Mas os destacamentos de Dnipropetrovsk Putin não controla. E isto traz uma ameaça real a Akhmetov no Donbass.

Dnipropetrovsk, ao que parece, é o osso na garganta de Putin e Akhmetov.

Primeiramente, este fato demonstra, que lá onde há elite influente local que não quer divergência - não há nenhum desencadeamento de diversionistas russos e "prefeitos do povo". Segundo, Kolomoiskyi (governador de Dnipropetrovsk - OK)), ao contrário de Turchenov (presidente interino - OK)) e companhia age com mais criatividade e eficiência.
Exatamente Dnipropetrovsk, de fato, estragou o principal jogo de Akhmetov-Putin. - "voz de Donbass".

Afinal, a principal tarefa do "referendo nacional" não era a criação real das repúblicas de Donetsk e Luhansk - mas a imitação da "voz de Donbass" na necessária interpretação de Akhmetov e Putin.

Imediatamente após o "referendo" seus organizadores declararam que não querem sair da composição da Ukraina. Surpreendentemente e simultaneamente, de Viena veio a voz de Firtash (oligarca ukrainiano também poderoso - OK) - ele por único país, Ukraina, mas federalizado. Putin deu a entender, que se, constitucionalmente for consagrado o status do idioma russo e federalização, ele reconhecerá os resultados das eleições presidenciais. 

Mas, com os esforços do "contrareferendo de Kolomoiskyi, a "voz de Donbass" soou não tão unilateral como necessitam Putin e Akhmetov. Agora eles precisarão explicar, porque numa situação os desejos dos moradores de Donbass Akhmetov ouve bem e considera acima de tudo, e noutra situação - não percebe.
... Claro, se as autoridades de Kyiv não "esquecerem" de usar este trunfo.

Teste de traição. Teste de magnitude.

As atitudes às questões do idioma e federalização imediatamente mostrarão a verdadeira face e a verdadeira escala dos políticos ukrainianos. Akhmetov que, claramente não cona com o nome na história, mas na riqueza e poder, pode-se permitir "não entender" as condições básicas: que o verdadeiro respeito somente pode ser mútuo.
Daí o slogan "Ukraina deve ouvir a voz de Donbass" sempre deve estar acompanhado da resposta - "E Donbass deve ouvir Ukraina".

Que o homem deve ter direito ao idioma natal "necessariamente deve referir-se não apenas aos russos, mas também ukrainianos.
Portanto, o problema da linguagem absolutamente não pode ser decidido unilateralmente. O estatuto da língua russa pode ser resolvido apenas em paralelo com a prestação do mesmo status da língua ukrainiana na Rússia.

Aquilo que os russos querem obter na Ukraina - devem fornecer aos ukrainianos  na Rússia.

As relações entre dois povos irmãos absolutamente não podem ser construídas sobre a base do famoso malandro Ostap Bender "Uma metade - é minha, a segunda metade - é nossa".
Porque já em curto prazo isto levará a muito trágicas consequências, quando a economia russa "deitar" sob desmedido peso da ideologia de Putin, e o ditado de força tornar-se impossível.
Mas os políticos que ocupam posições-chave na Ukraina ou pretendem a eles, "não entender" essas coisas básicas não têm direito.

A "decisão" da questão no famoso estilo do modelo de acordos de gás em 2009, quando todas as condições, na verdade, ditava apenas uma das partes, não elimina o problema. Deste modo o problema apenas afunda-se, onde se torna desenfreado, e leva a tristes consequências.
Portanto, aliviar a tensão hoje, pelo método que triplica a tensão amanhã - não é a verdadeira saída da situação. Muito em breve, os líderes políticos ukrainianos terão que mostrar sua verdadeira face e seu verdadeiro escopo.

... Certa vez no jornal "Espelho da Semana" foi contada uma história, quando um oligarca ukrainiano falou a outro oligarca: vida - um grande supermercado, pegue o que quiser. Mas por tudo é preciso pagar.

Todo - poderoso Viktor Yanukovych não acreditou...

Tradução: O. Kowaltschuk
                                                                                             

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