domingo, 18 de maio de 2014

Deportação dos tártaros da Criméia em 1944
Istorychna Pravda (Verdade histórica), 15.05.2014
Ayse Yunusov, Jornalista da Criméia

Em 1941 meu sogro Midatov Yunusov tinha 12 anos. Ele vivia na aldeia Biiúk - Muskomia (hoje Shuroke) região Balaklava - Criméia. Eu anotei suas memórias da guerra.

"... Guerra à minha vida veio em agosto de 1941. Marinheiros soviéticos - todos altos, sujos e maltrapilhos - acamparam em nossa aldeia. Somente depois de muitos anos eu soube que eles eram soldados da 7ª Brigada Marítima, que mal conseguiram escapar do cerco alemão próximo a Bakhchysarai.

Todas as manhãs, mal clareava, nós e outros meninos corríamos para o acampamento militar. Os soldados deixavam segurar seus fuzis e metralhadoras, e nós, aos gritos "fuzilávamos" o inimigo imaginário. Depois de uma semana, como nos dias anteriores, corri ao acampamento dos marinheiros, mas o prado estava vazio - à noite eles receberam ordem para retirar-se ao Supun - montanha, e deixaram a aldeia. No escuro, os militares esqueceram a pistola, munição e granadas. E quando as ovelhas pastavam na periferia da aldeia, uma delas voou no ar por causa de uma explosão.

Parece, que todos os caminhos para nossa aldeia, os soldados soviéticos minaram, mas aos moradores não avisaram.

.. À noite choveu, as minas apareceram entre a grama. Eu e mais alguns adolescentes resolvemos recolher as minas de toda aldeia".

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Aos tártaros da Criméia proibiram realizar a ação-réquiem "Acenda o fogo em seu coração". A Praça Lenin foi cercada pelos militares. "Para evitar provocações, a ação foi cancelada", - escreveu no Facebook o organizador Eskender Bariev. Durante a ação os jovens acenderiam velas numa silhueta simbólica com palavras "No genocide".
A todos que planejavam participar, Bariev convidou à aldeia Akhmechet, onde esperam poder realizar a ação e o Te-Deum. 

Kerry: "EUA apoiam os tártaros da Criméia. Diante deles - uma nova ameaça. A 70 anos o poder soviético deportou mais de 230 mil crimeanos. É quase impossível colocar em palavras o sofrimento das pessoas que foram deportadas. Os que sobreviveram à terrível travessia à Ásia Central, aos Urais e à Sibéria encontraram fome, doenças e repressões", - disse Kerry.

Kerry também destacou o apoio dos EUA à soberania e à integridade territorial da Ukraina.

Como foi divulgado, o auto-proclamado governo da Criméia proibiu aos tártaros crimeanos realizar cerimônias de luto marcados para 70º aniversário da deportação.

Segundo Jemilev, líder da nação crimeano-tártara, deputado do Parlamento Ukrainiano, os tártaros virão ao centro de Simferopol, apesar da proibição porque a maioria deles assim planeja. Mas não haverá eventos de luto porque o Majlis (Parlamento crimeano) não pode garantir a segurança das pessoas. E, das provocações ninguém está protegido.

Jemilev não poderá comparecer já que sua entrada na península foi proibida. Mas ele informará todas as instituições internacionais e organizações de direitos humanos sobre esta questão. "Esta grave violação dos direitos dos tártaros contraria o decreto do presidente Putin, no qual ele prometeu medidas quanto a garantia de todos os direitos da nação crimeano-tártara," - disse Jemilev. 

Por sua vez o Majlis (Parlamento crimeano) declarou que não consegue imaginar o que pode impedir as pessoas não participarem em 18 de maio, das cerimônias de luto em Simferopol, porque nenhuma proibição não pode impedir o direito às realizações das homenagens à memória das vítimas da deportação dos tártaros da Criméia por Stalin.

Criméia, 18.05.2014

À Criméia veio a polícia e OMON (destacamento de polícia especial) de Krasnodar. Os policiais agiam contra a chegada dos tártaros a Simferopol para ações referentes a 70º aniversário da deportação: aos motoristas de carros com tártaros preenchiam protocolos, foram vistas tentativas de apreensão de pessoas sob falsos pretextos. Nas rodovias próximo à cidade foram colocados postos de controle reforçados.

Segundo dados do Sistema de Informação, em ações pacíficas, em várias cidades participaram perto de 60 mil tártaros crimeanos. A maior manifestação foi em Simferopol com aproximadamente 20 mil pessoas que vieram de cidades como Kerch, Dzankoi, Bakhchysarai, Alushta, outras.

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Na Ukraina, as lutas com os separatistas continuam. Em Kramatorsk, próximo de Slaviansk, durante a Ação Antiterrorista danificaram o gasoduto. Grande número de moradores ficou sem gás. Em alguns locais também falta água. Ouvem-se muitos tiros, felizmente não há notícias de feridos.

Kramatorsk
E próximo a Slaviansk, devido ao combate, foram danificadas 22 sub-estações. Em resultado dos danos nos transformadores mais de duas mil pessoas estão sem eletricidade. As equipes de reparos não comparecem por causa dos constantes tiroteios no local.

Já os separatistas da auto-proclamada República Popular de Donetsk não excluem a nacionalização das propriedades de certos oligarcas, segundo declarou o designado "primeiro-ministro da nova República" Oleksandr Borodai. Ele disse que esta questão está em discussão. Ele não é contra propriedade privada, muito pelo contrário, porém alguns oligarcas jogam em benefício da junta de Kyiv.

E, em Luhansk os terroristas dispararam contra a fábrica de Kolomoiskyi. (Esta fábrica produz ligas de ferro - Kolomoiskyi é governador de Dnipropetrovsk e, ao que parece, é o único que mantem ordem em sua província, até agora - OK). Os atacantes dispararam de autômatos, em dois transformadores, em consequência do que houve incêndio. Os funcionários não foram feridos.

Tradução: O. Kowaltschuk



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