segunda-feira, 12 de maio de 2014

Notícias pós "referendo" de 11 de maio.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)

Em Mariupol não votaram mais de 4% da população.
Houve grandes filas porque havia apenas 4 seções eleitorais. Normalmente, na cidade de meio milhão de habitantes funcionam 216 seções. O número de eleitores é de 345 mil pessoas aproximadamente. Se a maior seção consegue receber 2,5 mil pessoas, então, como trabalharam apenas 4 seções, o número máximo é de 15 mil pessoas, segundo comunica o portal local 0629.com.ua. Este portal observa:
1. Os boletins não eram protegidos por assinaturas e selos, foram impressos em uma impressora.
2. Não houve lista de eleitores.
3. Não havia cabines (sem observância ao voto secreto).
4. Na Administração Distrital de Primorsky os boletins eram recolhidos numa caixa de manteiga.
5. Houve casos em que uma pessoa votou pela família toda (voto não pessoal).
6.Em outros casos, as pessoas votaram sem documentos.

Estas teriam sido as principais falhas durante as eleições em Mariupol.

Um dos líderes dos separatistas de Donetsk, Roman Liaguin, responsável pela contagem, disse que o comparecimento em Donetsk foi de 74,87% e 899,07% votaram pelo reconhecimento da auto-proclamada República Nacional de Donetsk. De acordo com o presidente interino Oleksandr Turchynov aproximadamente 24% dos cidadãos participaram da votação em Luhansk e não mais de 32% em Donetsk.

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Os separatistas de Donetsk anunciaram-se como Estado soberano, com base em seu "referendo" e se convidaram à composição da FR segundo declarações de seu líder Denis Pushilin, escreve RIA "Novosti".

Ele leu o apelo da República Nacional de Donetsk, com base no "referendo".
"Partindo da vontade expressa do povo da República Nacional de Donetsk e para restauração da justiça histórica pedimos à FR considerar a questão da entrada da República Nacional de Donetsk à composição da Federação Russa", - leu Pushilin.
Também consta que a autoridade suprema dos separatistas será o Conselho Supremo formado pelo governo da República Nacional de Donetsk.

Putin já expressou a esperança de que a aplicação prática dos resultados dos referendos será realizada de forma civilizada, sem recorrência da violência  e através do diálogo entre representantes de Kyiv, Donetsk e Luhansk.

Na Europa, nos EUA e na Ukraina já declararam que a pesquisa separatista não tem força legal e não é nada mais do que uma provocação.


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O colaborador da Equipe de Inteligência do governo russo Ihor Hirkin, conhecido como "Strelkov" proclamou-se comandante-em-chefe e dirigiu-se à Rússia pela ajuda militar. O texto de seu "primeiro decreto", na forma de um panfleto, distribuem em Slaviansk e Kramatorsk.

"Levando em conta o caráter extraordinário da situação na Ukraina, desencadeado pela junta de Kyiv, o genocídio da população de Donetsk e ameaças de intervenção por parte da OTAN, dirijo-me à FR com pedido para fornecer assistência militar a República Nacional de Donetsk", - diz o decreto.

Strelkov também decidiu subordinar a si todas as unidades militares estacionadas na "República Nacional de Donetsk": segurança, milícia, alfândega, guardas de fronteira, promotoria, etc. "De agora em diante, os comandantes devem executar apenas minhas ordens" - ordenou.

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O Chefe do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) Valentin Nalyvaichenko, declarou que os policiais 
atualmente estão envolvidos na depuração do dinheiro do ex-presidente Viktor Yanukovych e sua comitiva.
De acordo com Nalyvaichenko, os "comparsas de Yanukovych continuam financiar os separatistas e guerrear conosco, independendo de onde vivemos - em Donetsk, Luhansk ou Mariupol.

"Esta é guerra com o próprio povo, esses centros de conversão, esses bancos, esses cartões de todos os tipos, de diversos bancos, que nós suspendemos agora, aprisionamos as contas, significam sobre bilhões de dinheiro roubado, que agora lutam contra todos nós", - declarou o chefe do SBU.

Nós, por enquanto neutralizamos o dinheiro de Yanukovych e seus amigos, neutralizamos seus relacionamentos. Falta que a população local de Slaviansk  e Kramatorsk nos permita cercar e aprisionar ou neutralizar os grupos subversivos, terroristas", - acrescentou ele.
Nalyvaichenko também afirmou que, através dos meios diplomáticos Ukraina pressiona Rússia para obter a extradição de Yanukovych. Ele confia que o ex-presidente será preso e levado perante o tribunal. Contra Yanukovych há seis investigações.

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Em Moscou, com respeito colocam-se diante da expressão da vontade dos habitantes de Donetsk e Luhansk, e esperam que a implementação prática dos referendos realizar-se-á de forma civilizada, sem quaisquer recorrências, através de diálogo entre os representantes de Kyiv, Donetsk e Luhansk", -  cita o Kremlin RIA "Novosti".

"No interesse de estabelecer tal diálogo são bem-vindos quaisquer esforços de mediação, inclusive OSCE", - acrescenta a edição.

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Na região de Odessa espancaram o jornalista Oleksandr Yaroshenko, conhecido como Serhii Levytanenko, e queimaram seu apartamento.

Na noite de 12 de maio, desconhecidos em camuflagem, invadiram seu apartamento. Eles, ao espancar e tentar estrangulá-lo diziam: "Você não gosta de Putin!"

Yaroshenko conseguiu pular a janela e fugiu. Depois de algum tempo, ao voltar para casa, encontrou seu apartamento queimado. Foi destruído o computador, telefone celular, vídeo-câmera e todos os seus documentos.

 

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Durante os protestos, desde 13 de março, em Donetsk morreram 49 pessoas. Aos hospitais compareceram 245 feridos a bala , 150 foram hospitalizados, dos quais 65 ainda permanecem.
Esta estatística refere-se apenas às unidades de saúde pública.

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Em relação a Turchynov ( presidente interino), Yatseniuk (primeiro ministro) e Yarema (vice-primeiro-ministro) SBU recebeu informação sobre preparação de ataques a membros do governo. Em entrevista ao jornal "Hoje" , sobre isto declarou o chefe da Guarda de Estado Valery Geletei (Гелетей). Ele explicou que a proteção a candidatos presidenciais realiza-se àqueles para os quais há informações sobre ameaça real. E, recentemente também receberam informações sobre ameaças aos líderes do governo (Turchenov, Yatseniuk, Yarema). Essas pessoas já têm  proteção de Estado. Dadas as informações recentes a proteção será reforçada.
Ao todo, atualmente, estão protegidos pela Guarda de Estado, 7 candidatos à presidência da Ukraina.

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The Washington Post: Putin propõe ao Ocidente dividir Ukraina, escreve a comentarista Mary Hesse, que analisou as recentes declarações do presidente russo.

Segundo Hesse, Putin considera a FR como sucessora do Império Russo.  Ela lembra que Putin criticou a transferência da Criméia a Ukraina em 1954 "mas não mencionou o fato de que, terras que foram transferidas pela Ukraina à República Soviética da Rússia, continuam fazer parte da Rússia hoje.

Mais que isso, em discurso de 18 de março Putin acusou os bolcheviques na determinação ilegal das fronteiras da Ukraina após 1917. E depois de um mês Putin lembrou que diversas regiões da Ukraina antigamente pertenceram (a palavra correta não é pertenceram é, foram "dominadas", "usurpadas" - OK) a Polônia, Áustria-Hungria e Tcheco Eslováquia.

Eis o que ele quis dizer: fronteiras podem, e devem ser mudadas. "Europa, venha, juntos dividiremos Ukraina", considera Hesse. Ela está convencida, que um país como Ukraina Putin não reconhece. Quando ele chamou os extremistas no leste da Ukraina para adiar o referendo, ela considera que ele convidou Europa para chegar a um acordo sobre divisão da Ukraina. "E, se Europa não quiser participar do desmembramento, Rússia agirá sozinha", - escreveu a autora, observando que à Ukraina oriental no caso de desconexão, aguarda o destino da Transnístria, Ossétia do Sul ou Criméia. "Rússia tem um repertório completo de anexações", disse a autora.

E o que acontecerá depois da Ukraina? Há outros países, que já foram conquistados pelos czares, e depois perdidos. Afinal de contas, quem disse que Finlândia tem o direito de existir?" - escreve Hesse.

Tradução: O. Kowaltschuk

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