domingo, 29 de abril de 2018

O guarda de fronteira de Chernivtsi voltou da zona ATO e contou o que as pessoas querem no Donbas.
Visão (Погляд), 29.04.2018
Sergei Perevoznyuk

Em 04 de outubro, de Donetsk, voltou para casa um grupo regular de guardas de fronteira. Retornaram não sem perdas. Três receberam ferimentos e agora estão em tratamento num hospital em Kyiv. Eles viajavam junto a coluna de forças armadas, que foi atacada. Eles conseguiram sair do carro avariado, e assim se salvaram. Isto aconteceu perto de Volnovaha no final de setembro.

                                                              Sergei Perevoznyuk                                                             
Sobre o que passaram falam com contenção, tentam não dizer supérfluo. E não porque eles não tem o que dizer. Dizem, em primeiro lugar, que realmente não querem lembrar o que houve, e em segundo lugar, para transmitir tudo o que viram, não tem palavras.

Habituar-se a constantes bombardeios não demorou. Lembram Donetsk , com uma salva de granizo, que durou quatro horas - assim a milícia parabenizava os nossos com o Dia da Bandeira.

- Apenas conseguimos cavar as trincheiras, quando o bombardeio começou. As forças armadas nos alertaram, para estarmos preparados a isto, que na noite de 23 de agosto, os que estão do outro lado das barricadas, nos receberão com comemoração. Transmitir seus sentimentos, quando você está blindado e do outro lado continuamente disparam, e na sua cabeça, ininterruptamente, derrama-se terra, com as palavras é impossível, - diz o chefe do grupo de segurança da informação de Chernovtsi, do destacamento de fronteira  major Sergey Povorozniuk. Sem dúvida, era assustador. Afinal, como queima o céu, nunca antes, em minha vida, eu vi assim.

O homem diz, que da experiência vivida ele ainda não recuperou-se. Lembra, quando foram retirados da Zona ATO, pararam para passar a noite na Academia Khmelnitsky. Próximo há uma ferrovia. E quando enganchavam os vagões, todos acordaram, porque o som parecia com os tiros.

Da grande base das Forças Armadas ficou um campo com restos de incêndio. 

Para proteção da área da fronteira oriental, em 14 de julho foi formada uma fronteira de combate operacional do destacamento fronteiriço de Chernivtsi. Primeiro, eles foram treinados em Chernivtsi, depois em Grandes Pontes e na região de Lviv e Cherkasy. No geral, durante dois meses lembravam as habilidades de tiro com armas que há nos depósitos dos guardas de fronteira. Em meados de agosto passaram à subordinação de Berdyansk, à subordinação do grupo tático "Kordon" (Fronteira).

As tarefas que eles deveriam organizar lá, não eram de todo diferentes daquelas que realizavam em casa. Além de proteger a fronteira estadual, protegiam vários objetos. Também revezando-se nos pontos de verificação.

Alternavam-se no posto de controle em Telmanov, justamente quando ele estava sendo atacado.

Volnovakha, Mirne, Granitnoe, Velha Crimeia - exatamente nesses pontos habitados, cujos nomes agora ja conheciam todos os ukrainianos, desempenham seu serviço militar os guardas de fronteira de Chernivtsi. Sergei diz, as cidades, enquanto eles lá estiveram, as milícias sobre elas não disparavam, eles apontavam apenas à posição de nossas forças de segurança fora de suas fronteiras.

Enquanto o local de nossa implantação foi Grantine, ele não era baleado. Mas, assim que nós saímos de lá, eles o cobriram com "grady". Isto porque bem próximo havia uma grande base de nossas forças armadas. Ela foi completamente destruída. Agora esse lugar lembra um grande incêndio e cemitério de equipamentos militares, - diz o homem.

Faltava água, os suprimentos  eram compartilhados com os locais.

Embora viver foi necessário, literalmente, sob o céu, porque acomodar-se à noite sob quaisquer cobertura - era o mesmo que assinar seu veredicto, tínhamos o indispensável. Claro, não podia haver conversa sobre condições de vida mais confortáveis. Não houve problema com a provisão, porque nós trouxemos produtos e cozinha de campo. Também pudemos ajudar, na alimentação, os locais, quando eles precisavam. Mas a água não era suficiente, precisávamos economizar. Esperávamos conseguir o suficiente.

Como já mencionado, além das tarefas, ficávamos de plantão nos postos de controle. Sergei Povoroznyuk diz que
não houve casos especiais, lá passavam apenas os locais e disciplinados, apresentavam os documentos e carros para verificação.

Durante o referendo, nas seções, primeiro ofereciam bebida. Em geral, diz ele, a população local era bastante amigável e não demonstrava nenhuma agressão. Pelo contrário, muitos até agradeciam pela proteção. Pediam para avisá-los em caso de possível bombardeio, para que pudessem esconder-se em lugar seguro.

Nós estávamos localizados além do local habitado, mas o visitávamos. Comparando com nossas cidades, claro, lá tudo é mais triste.

Quanto ao humor entre a população, as pessoas são pela paz. Pela paz em que país - Ukraina, DNR ou Rússia - são indiferentes. Apesar de que há muitos que desejam outro país, querem o nosso.

O quadro da fronteira... "Nós conversávamos com os locais. Eles nos contavam sobre como realizaram o referendo , no qual, supostamente, as pessoas votaram pela separação da Ukraina e criação da DNR e LNR. Eles lembram que a agitação era poderosa. Claro, ninguém era obrigado. E não houve muitos participantes. A votação era interessante. Na mesa havia vodka e lanches. Às pessoas propunham servir-se. Quem e como votou, não se sabe. Os locais vinham conversar e carregar o telefone. As milícias esforçavam-se para não atirar nas regiões povoadas, apesar de que algumas cidades sofreram destruições, a vida nelas continua. Claro, a população pacífica procura adaptar-se às novas condições.

O assentamento mais antigo, em que nossos guardas de fronteira foram realocados, era "Antiga Crimeia". Lá, diz Sergey, havia muitos imigrantes de Donetsk. As pessoas fugiram da guerra.

- Eles vinham até nós para conversar. Frequentemente vinham as crianças, porque queriam nos ver. Além disso, nos assentamentos vizinhos não havia eletricidade, mas nós tínhamos um gerador. então todos vinham também para carregar os telefones. Diziam, que sobre a vida, lá, já não pode haver conversa. Eles fugiram de lá, levando consigo apenas o mais valoroso. As pessoas, afinal, aceitaram o fato de que não haverá retorno para elas, porque mesmo se sua moradia ficar intacta, os saqueadores retirarão de lá, tudo o que puderem carregar. além disso, todas as pessoas de lá se opões, categoricamente, à criação de uma zona intermediária. eles temem, que terão que vier numa segunda Transnistria.


Foto de fronteira de combate operativo da 3ª divisão do destacamento fronteiriço de Chernivtsi. Foto de s. Porovozniuk.

Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Portal. Lviv. ua, 15.02.2018
Aos ukrainianos que querem viver na Polônia, começaram verificar seu apego ao UPA (Exército Insurreto da Ukraina).
Omelyan Shevchuk

Os cidadãos da Ukraina, que têm raízes polonesas e querem obter permissão de residência na Polônia são questionados sobre sua atitude em relação a Stepan Bandera e UPA (Exército insurreto ukrainiano). Isto é relatado por R P pl (Não encontrei explicação desta sigla - OK) com referência ao canal de TV polonês Superstacja.

Como se sabe, o direito de obter uma autorização de residência dá, entre outras coisas, sem cartão polonês - documento que certifica as raízes polonesas do solicitante. E, justamente para aqueles, que solicitam o recebimento do certificado, segundo descendência polonesa, agem novas regras.


Se o requerente hesita, ou não se expressa claramente sobre essas questões, a permissão é negada. É relatado que esta informação foi confirmada pelo líder da organização "EuroMaidan Varsóvia" Natália Panchenko. Segundo Panchenko, deste modo, criam-se oportunidades para manipulação e abuso por parte dos funcionários que analisam a resposta do solicitante.

"As pessoas têm documentos que provam suas origens, no entanto, se elas não são suficientemente decididas em suas respostas quanto a Bandera - então até a vista Polônia", disse ela.

É relatado que um cidadão foi recusado, embora seus avós e o pai tivessem cidadania polonesa.

Respondendo à pergunta sobre sua atitude em relação a OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos) e UPA, ele respondeu: " Mas será que eu sei, nunca estive nesses relacionamentos, então eu não sei. Cada um tem sua verdade. Dizem que eles estiveram na Polônia e na Ukraina. Nunca me interessei por estes assuntos."
Outra pergunta referia-se a Volyn. "Eu ouvi que recentemente passou esse filme. Mas, lá haviam também os moscovitas, então, realmente, não sei o que cada um fez... Muitas pessoas morreram, só isto é conhecido."

Na administração Mazowiecke explicaram, que tal resposta significa, que o cidadão da Ukraina sabe sobre a atividade da OUN/UPA, mas ele não quer dizer nada ruim sobre a organização que é considerada heroica na Ukraina, e que resultou em tragédia da história polonesa.

Lembramos, que o Centro de Pesquisas do Movimento de Libertação trabalhou durante cinco anos para reformar o acesso aos arquivos dos serviços especiais comunistas. O projeto de lei desenvolvido por especialistas foi finalmente aprovado pelo governo e pelo Parlamento em abril de 2015. O Centro de pesquisas do Movimento de Libertação também criou e desenvolve serviço on-line, para cópias em texto integral, de materiais de arquivo de mais de 24 mil  documentos.

Como é sabido, em 26 de janeiro, o Sejm da Polônia aprovou a proposta do movimento Kukiz 15, projeto de lei sobre a proibição da propaganda da chamada "ideologia de Bandera", pela qual foi imposta multa, inclusive prisão.

Os especialistas estão indignados, porque no projeto de lei polonês apareceu o termo "Malopolska" (significa Pequena Polônia) afinal, com este termo, os poloneses interpretam a Galícia (Galícia é região da Ukraina) - e o interpretam como um indício de reivindicação territorial).

O Ministério das Relações Exteriores da Ukraina também expressou seu protesto, porque Polônia não usa, corretamente, os nomes de parte do território da atual Ukraina.

Na noite de 1 de fevereiro, o Senado polonês aprovou a lei sobre proibição da "ideologia de Bandera".

"Será que nós precisamos lembrar sobre o campo de concentração no polonês Yavozhno? É necessário a nós, ukrainianos, lembrar aos polacos sobre a operação Wisla ou o Tratado de riga? Ou, quando Varsóvia, juntamente com Moscou, dividiu Ukraina e, como resultado, sozinha perdia sua condição de país ou tornava-se vítima da divisão?" - reagiu a parlamentar ukrainiana Anna Hopko.

A lei também prevê multas e penas de prisão para declarações públicas sobre o envolvimento dos poloneses no Holocausto.

O parlamento da Ukraina respondeu à escandalosa lei polonesa: os lutadores pela independência não são criminosos.

O presidente da Polônia não ouviu Ukraina e assinou uma lei escandalosa.

Israel também se opôs, categoricamente, contra a aprovação do projeto de lei pelo senado polonês, sobre o Instituto de Memória Nacional

Com a assinatura da escandalosa lei também se decepcionaram nos Estados Unidos

                                                                                  xxxxx


Notícias: 24.04.2018 - Jornal: Ukraina Jovem

Na Khortytsia  (Хортиця) os familiares dos heróis da "Centena do Céu plantaram carvalhos.

















                  Familiares dos heróis da "Centena do Céu" plantam um bosque de carvalhos.

Nestes dias, a Khortetsia vieram mães, esposas e filhos dos mortos da "Centena do Céu" de toda Ukraina e plantaram carvalhos para um futuro bosque.

Assim, eles honraram a memória de seus parentes e defensores, que morreram, pelo melhor destino de seu país natal, na guerra russo-ukrainiana.
Como disseram à "Ukraina Jovem", na administração pública regional do Zaporizhzhya, o evento ocorreu na região do barranco Shantseva, próximo ao carvalho de 100 anos, na base do futuro complexo memorial  "Sagrado Khortytskiy carvalho".

Os carvalhos jovens para Khortytsya, havia mais de dois mil, trouxeram os militares e silvicultores lituanos, onde o carvalho é considerado sagrado e é um símbolo do poder.

De acordo com o comandante da companhia dos fuzileiros da Lituânia Hedyminasa Amanavichyusa, trazer para Ukraina e plantar estas arvorezinhas foi decidido durante  a comemoração na Lituânia, juntamente com os veteranos da Unidade Ukrainiana "Azov", em memória das  unidades dos irmãos da floresta, "Azov" que defendiam a liberdade de seu 
país, da Moscóvia.

Para que ninguém se esqueça, quantas pessoas caíram", - acrescenta Tamara Shvets, esposa do falecido herói da Centena do Céu Viktor Nikolayevich Shvets.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 21 de abril de 2018

Terrorista em pele de ovelha.
O que está por trás do chefe do centro de troca de prisioneiros,
Volodymyr Ruban-Garbuzyuk
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 13.03.2018
Ivan Farion


Arsenal de armas  com as quais pretendiam cometer ataques terroristas contra a suprema liderança  da Ukraina. Foto SBU.

No dia 8 de março, quando muitos homens ukrainianos erguiam brindes pelas suas lindas mulheres, o tema das conversa à mesa mudou uma "quente" notícia da TV. O dirigente do Serviço de Segurança Vasily Hrytsak anunciou a detenção, na linha de limite na zona ATO, do sabotador com grande arsenal de armas e munições que retiraram do território ocupado. Segundo o chefe do serviço de segurança, a carga perigosa era trazida escondida entre os móveis, pelo dirigente da uma organização pública, "Corpo de Oficiais, Volodymyr Ruban (conhecido pela mediação de intercâmbio de prisioneiros de guerra), e planejava-se o seu aproveitamento para preparação de assassinato dos líderes do nosso país.

De acordo com SBU, deviam sofrer atentados o presidente Poroshenko, o secretário de RNBOU (Conselho de Segurança e Proteção da Ukraina) Oleksandr Turchenov, o ex-primeiro-ministro, líder da Frente Popular, A. Yatsenyuk, o Ministro da Administração Interna Arsen Avakov, deputados e outros  representantes da elite política. O acerto com eles deveria ocorrer durante o ataque às instalações do governo. Segundo informação, os terroristas armados pretendiam assaltar o Parlamento, quando o  chefe de Estado lá comparece-se. As vítimas deviam se contar em milhares. De acordo com o plano dos rebeldes, à Kyiv, com certeza viriam os militares do ATO. Em Kyiv prevaleceria caos e muito sangue seria derramado. E isto daria bases ao Kremlin para anunciar ao mundo sobre "guerra civil na Ukraina", e sobre a necessidade de controle externo sobre o "país descontrolado"...

                              
                               Volodymyr Ruban-Garbuzyuk.

No salão do micro-ônibus, em cuja direção parecia estar um tiozinho inteligente, com barbicha de docente, no controle de "Majorsk", nossos serviços especiais encontraram carga mortal que até  guardas treinados se assustaram. Dentro de móveis estavam escondidos 46.120 minas milimétricas com chamas torcidas (Prezados, se minha tradução não lhes parecer correta, peço compreensão, não sei nada sobre as armas - OK) e cargas em pó, adicionais, seis minas de 82º  calibre,  duas granadas, nove rifles Kalashnikov de várias modificações, duas metralhadoras manuais, pistolas Makarov, dispositivos de tiro silenciosos, milhares de cartuchos de bombas de diferentes calibres. Isto seria suficiente para organizar um verdadeiro abate com muitas vítimas.

As armas e munições tinham comprovante de origem da Federação russa...

A liderança ukrainiana informou que uma operação especial, para detectar o terrorista e seus cúmplices realizavam 9 meses. "Provas mais que  convincentes" de suas atividades ilegais foram documentadas - há​ vídeos relevantes, conversas telefônicas de Ruban com os líderes separatistas, testemunhos oculares. Isso refuta a declaração do detido no tribunal sobre "base organizada" e que ele não sabia nada sobre a natureza da carga. A parte da base de evidência fornecida pelo acusado constituiu a base para que o Tribunal aceitasse  a demanda do Ministério Público Militar - para Ruban uma medida preventiva sob a forma de prisão por dois meses sem penhor. Se a culpa for reconhecida pelo tribunal, a Ruban ameaça prisão perpétua.

A notícia da detenção desta pessoa odiosa causou reação insatisfatória entre os inimigos da Ukraina. a liderança das falsas repúblicas no Donbas disse que Ruban era "talvez o único oficial adequado da Ukraina", com o qual poderia haver diálogo. O pesar que se percebe nestas palavras, pode-se compreender - perderam o companheiro. Curiosamente, uma certa simpatia à pessoa e o ceticismo às ações das autoridades, é percebida nos comentários de alguns blogueiros domésticos. Elogiam Ruban por resgatar muitos prisioneiros de guerra ukrainianos, esquecendo quantas mortes preparava com seus "pacotes" no micro-ônibus... é possível, que os ex-cativos, induzidos ao engano, e parentes de outros reféns, que permanecem nas câmaras de torturas dos terroristas no Donbas, também estarão incluídos à campanha de proteção a Ruban. 

Desde o nascimento este homem, proveniente da família militar, usava outro, mais suculento sobrenome - Garbuzyuk (O autor diz que o sobrenome anterior era mais suculento porque lembra, em ukrainiano, a palavra abóbora - OK). Em 1989, quando se formou na Escola de Aviação de Chernihiv, ele mudou seus dados no passaporte para "mais prestigiosos. Durante o serviço militar voava dois anos com MIG-21 e MIG-25. Ao exercício entrou em Kolomyia, próximo à Independência. Posteriormente trabalhou no comércio, 
em organizações públicas, com fundos de Moscou envolvia-se com publicações. No último trabalho começou observar-se sua posição pró-russa. Publicava revistas, livros e manuais didáticos para crianças de Donbas. Provavelmente, não foi coincidência que seu sócio de negócios fosse um ex-oficial de inteligência estrangeira da KGB URSS Alexander Drozdov...Ruban-Garbuzyuk era simpatizante da "Escolha Ukrainiana" de Viktor Medvedchuk (Só para lembrar: a tal "Escolha Ukrainiana" não tem, e nunca teve algo de ukrainiano. E Viktor Medvedchuk é tão simpatizante da Rússia que até o padrinho de sua filha única é Putin - OK), nos tempos de Yanukovych (A propósito, está sendo realizado o julgamento de Yanukovych, em ausência - muitos testemunhos, o final parece estar longe - OK), foi criado por Ruban o "Corpo de oficiais" que condenava o curso  da Ukraina à integração européia. Mas, depois de algum tempo Ruban mudou radicalmente as visões políticas, juntou-se à "Autodefesa de Maidan" (evidentemente como agente enviado). Com o início da agressão russa contra Ukraina, Ruban assumiu o papel de negociador na libertação de prisioneiros militares ukrainianos. Estranhamente negociava com os militantes. Há fotos, que fazia isto por muito dinheiro.

O voluntário tártaro-crimeano Heide Rizaeva (agora assistente da deputada Oksana Bilozir) contou sua própria história dramática. Quando Heide, em 2014 foi capturada pelos terroristas, seu pai começou procurá-la. Os homens de Ruban chegaram a ele e propuseram pagar-lhes pela procura da filha, cinco mil dólares. Ele lhes deu este valor. Poucos dias depois os "pesquisadores" trouxeram fotos de uma mulher parecida com Heide e disseram: Desculpe, nossa missão acaba porque sua filha foi baleada", Seu pai sofreu um ataque cardíaco do qual morreu...

Heide Rizaeva apelou ao chefe do SBU para garantir os serviços, verificassem isso e outros fatos de tráfico de pessoas na guerra. "Não pedi para aprisionar ou destruir Ruban", disse ela. - "Solicito instruir a investigação deste caso a trabalhadores responsáveis, não corruptos" nas trocas de prisioneiros.

E não só. Porque trata-se de uma atividade terrorista abertamente anti-estatal, que, especulando na miséria humana, Ruban aproveita-se desta miséria . Um lote de armas Ruban já trouxe do território
ocupado no ano passado (ele foi isolado a tempo). Será avaliada uma entrevista de Ruban a uma edição russa, na qual ele falou o que não deveria sobre o exército ukrainiano, e, ao mesmo tempo, elogiava a "milícia" de Putin. Os serviços especiais devem investigar a conexão desta pessoa com a deputada Nadia Savchenko, com quem, sem problemas, por várias vezes entrou livremente nos territórios ocupados.

E não é só. Trata-se de uma atividade terrorista, que, especulando sobre a miséria humana, Ruban Mascarou sob uma missão humanitária. Um lote de armas Ruban trouxe do território ocupado no ano passado (foi isolado a tempo). Uma avaliação das entrevistas de Ruban à edição russa, na qual ele falou mal do exército ukrainiano e, ao mesmo tempo, elogiava a "milícia", e Putin. Os serviços especiais devem investigar a conexão desta pessoa com a deputada Nadia Savchenko, com a qual ele entrou livremente nos territórios ocupados mais de uma vez. No processo criminal contra Ruban há, um ajudante desta pessoa odiosa.


                        Vitali Portnikov, comentarista político.

Antes da detenção de Volodymyr Ruban, chefe da organização "corpo de Oficiais" e relatos de serviços especiais sobre a preparação de atos terroristas em larga escala na Ukraina, parte do público pode olhar com desconfiança. Mas não estou surpreso com relatos sobre a descoberta da rede terrorista. Há muito espero pelo terror - porque saio não da minha própria lógica, mas da lógica dos que desestabilizam Ukraina.

"Guerra quente" no Donbas já não há por um longo tempo, há apenas confrontos esporádicos na linha de combate (mas os jornais ainda noticiam mortes quase diariamente - OK) e, apesar das vítimas e continuação da ocupação, a sociedade ukrainiana acostumou-se a tal guerra - como se acostumam a quaisquer conflitos, que não se acabam em alguns meses. Alavancas de pressão, sobre a liderança ukrainiana com a finalidade de forçar Kyiv a negociar de acordo com condições russas, Moscou não tem. Sanções contra Rússia ninguém pretende cancelar. Entretanto, sair do conflito é preciso, de alguma forma, sair - mas não fazendo concessões à reputação de Vladimir Putin e ele abandonar as ocupações. Então como?

O melhor caminho para esta saída - uma desestabilização total da Ukraina. A melhor maneira de desestabilização - terror... Se ele vier a Kyiv, Odessa, Kharkiv e Dnipro - intensificarão as posições daqueles que se oferecerão para negociar com Moscou. Claro, proporão "deixar" ou "federalizar" Donbas. Já, agora, muitos na Ukraina não hesitam em dizer, que a guerra é "vantajosa ao poder", do contrário ela já teria terminado há muito tempo. E, o que se refere a "separação" de Donbas e Criméia levou Maidan não o ocupante. Imaginem apenas, o quanto tais sentimentos vão crescer em condições de terror total.

Também é completamente lógica a intenção de destruir o presidente do país, e políticos do assim chamado "partido da guerra" - isto é, aqueles que não desejam abaixar-se diante de Moscou e a muito se consideram principais inimigos do Kremlin. Mas os políticos que podem "negociar", não vão tocar - precisa dar-lhes a possibilidade de chegar ao poder, parar o terror e criar para Vladimir Putin a possibilidade para sair da armadilha ukrainiana.

Não é possível esconder a verdade - tais políticos, mesmo sem terror, podem chegar ao poder na Ukraina já depois das eleições presidenciais e parlamentares de 2.019. A sociedade ukrainiana ainda está desorientada e incapaz de lutar em uma longa distância - o que é um pé-requisito para quaisquer construção de Estado bem sucedida. Mas, mesmo uma sociedade tão desorientada pode não entender o bloqueio de "patriotas" - populistas com as forças do passado - "Bloco de oposição" - "Escolha ukrainiana" do odioso Viktor Medvedchuk.

Mas o terror total e a luta com ele - é uma excelente oportunidade para a criação de um governo de unidade nacional cuja tarefa principal é deter o terror nas ruas, pôr fim à guerra e negociar com Moscou. Em tais condições, paz e sossego a qualquer preço podem se tornar a mesma religião  política de uma sociedade imatura, que  agora se tornou a luta com a corrupção total ou terror total.

Portanto, com a detenção de Ruban o problema não terminará. O terror já pode estar no limiar.

Tradução: O. Kowaltschuk




sexta-feira, 13 de abril de 2018

Reféns da guerra
"Ele corria e me batia com o pé no peito" - no peito" - Irena Dovganh.
"Estupravam-no, e ele gritava. Isto era mais assustador do que quando me batiam.

Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 07.02.2018

Irena Dovganh, cosmetologista de Yasenuvatova, conta como militantes pró-russos saquearam completamente sua casa, fizeram um linchamento na praça de Donetsk, também sobre espancamentos, torturas e estupro.
- Eu sou Irena Dovganh, residente de Yasenuvata perto de Donetsk. Antes da guerra eu tinha um pequeno salão de beleza privado e trabalhava como cosmetologista nele.
- Sob Sloviansk os militares ukrainianos estavam famintos, sem roupas e calçados.
"Eu senti, que isto era perigoso, e eu fiquei em silêncio. Ao redor havia muita agressão e pensamentos opostos. Após a libertação de Sloviansk, todos aqueles homens armados vieram a Donetsk e à minha cidade."
- Então, na primavera de 2.014, em nossa região de Donetsk, os eventos desenvolveram-se muito rápidos e assustadores. No início, parecia que bastava informar às pessoas sobre o fato, que a região de um estado não pode, por alguma decisão, unir-se a outro país. Eu tentava explicar às pessoas, de forma humanitária e em exemplos, que isso era impossível. Em algum momento, senti que era perigoso, e eu fiquei em silêncio. Ao meu redor havia muita agressão e pensamentos opostos. Os eventos desenvolveram-se rapidamente após a libertação de Slov'iansk, todos aqueles homens armados vieram a Donetsk e à minha cidade.
"Eu fui para o lado de Slov'iansk e no ponto de verificação conheci os militares ukrainianos. Eles estavam com fome, sem roupas e sapatos."

Eu senti a necessidade constante de agir de alguma forma nesta situação, porque minha família - marido e filha foram para Mariupol para cuidar do pai do marido, que estava morrendo, mas eu estava em casa e tinha "mãos livres". Eu fui para Sloviansk e no ponto de verificação fiz amizade com os militares ukrainianos. Eles estavam com fome, sem roupas e sapatos.

Viajamos no meu carro, precisamos passar por dois postos de controle da "DNR" com homens armados. Nós dizíamos que íamos para Sloviansk. Mas até lá não chegávamos.

Voltei para casa cheia de emoções e contei às mulheres, com as quais eu conversava no trabalho (eu tinha uma ampla gama de amigos, eu gosto de me comunicar). Nós formamos um "grupo de não-indiferentes", e começamos a colecionar roupas, roupas de cama, travesseiros - tudo que achamos, que poderia ser necessário aos soldados ukrainianos. Nós cozinhávamos borsch (Sopa ukrainiana com carne de porco, beterraba, batata, tomate, repolho, temperos -OK), fritávamos panquecas. Apareceram muitas melancias, que eram muito solicitadas pelos militares, nós comprávamos e levávamos. Várias vezes levávamos roupas e alimentos. Íamos com meu carro, precisávamos passar por por dois postos de controle da "DNR" com homens armados. Nós dizíamos que íamos a Sloviansk, para ajudar as pessoas afetadas. Mas até lá nós não íamos. 
Depois de aldeia Novabakhmativka, depois da ponte explodida, na aldeia Rozovka, nós descarregávamos tudo próximo da estrada, aos militares ukrainianos, e voltávamos.

Isto durou quase um mês, e nas últimas vezes, pessoas que nós apoiávamos, tornavam-se cada vez em maior quantidade. Os homens davam dinheiro, surgiu a possibilidade de contatar os voluntários do território livre. No meu caso, foi Tatiana Rychkova do Dnipro, eu pedi a ela roupas militares, porque os tênis e camisetas que levávamos, - eram necessários, mas os soldados pediam uniformes.

Eu consegui levantar uma quantidade considerável de dinheiro, que transferi para conta de uma organização de voluntários no Dnieper. Em Kramatorsk me deram vários pacotes.

Quando nós voltamos para casa, ficamos sob fogo. Yacenuvata foi muito bombardeada, e eu escondia-me no porão por cerca de uma semana. Compreendendo que a situação piorava e o exército ukrainiano provavelmente não viria, eu decidi enviar ao meu marido, para o território livre, as anotações dos fundos coletados para as forças armadas. Todas as pessoas confiavam em mim, mas depois eu queria mostrar um relatório. Era muito importante para mim. O homem que levou estas anotações foi parado no posto de controle da "DNR", na saída de Donetsk, e foi espancado. Também levaram o seu carro. Eu não sei o que aconteceu lá, mas ele testemunhou e disse, que a bolsa pertencia a uma mulher pró-ukrainiana, cujo endereço ele conhecia. Deu todos os meus dados, inclusive o local do meu trabalho. Atrás de mim vieram em três carros, umas dez pessoas com armas automáticas. Eles cercaram a rua em que eu morava (Rua Dachna, casa 82). É uma rua pequena e silenciosa, setor privado. Eu compreendi, que algo estava acontecendo, porque os carros não circulavam na cidade neste momento, mas aqui vieram.

PRISÃO

Me levaram para dentro da casa, bateram e disseram para indicar todos os lugares aonde eu escondia dinheiro.
- Isto foi em 23 ou 24 de agosto. Eu estava no quintal e ouvi, que os carros pararam. Eles bateram na porta e eu abri. As pessoas entraram, deram-me uma pancada, algemaram e empurraram-me para o carro, colocando algo na minha cabeça. Eu não vi nada, mas ao lado havia um homem com arma. Os demais, neste momento, estavam dentro da minha casa. Depois de uns 20 minutos, me levaram para dentro, deram-me outra pancada e disseram para que eu falasse sobre todos os lugares, nos quais eu escondia o dinheiro. Minha família não era pobre, nós tínhamos uma casa de dois andares, um pátio bem conservado e um pomar.

Diante do meu rosto apontavam um passaporte estrangeiro. Mostravam vistos abertos para Alemanha e Polônia, gritavam que eu viajei muito. O visto para Vietnã foi o que perturbou mais, porque eles concluíram que eu era muito rica, uma vez que me permito tais viagens. Então exigiam todo o dinheiro. Em uma palavra, isto foi violência...

Eu disse o código e onde escondi o dinheiro que as pessoas me deram para ajudar o exército ukrainiano. Muitas coisas já foram coletadas antes de eu entrar. Havia dois binóculos que pertenciam ao meu marido - presentes do meu pai e Eles serviram como prova de que estou ajudando o exército ukrainiano e por isso precisarei responder.

Na garagem de meu marido encontraram uma escadinha que ele pintou, no ano passado, com balõezinhos camuflados, e por alguma razão isto provou nosso envolvimento nas ações do exército ukrainiano. Me batiam e exigiam explicar como usávamos esta escadinha. Após a libertação eu perguntei a meu marido, por que ele pintou a escadinha em camuflagem. Ele respondeu que para poder deixá-la no pomar, entre as árvores, onde colhemos os frutos, para que não fosse roubada.

As provas de minha culpa para os que vieram me prender foram a bandeira ukrainiana do quarto de minha filha, a coroa de flores e brincos engraçados nas cores nacionais, que nós compramos no campeonato do Euro-2012. Eu nem lembrava de sua existência.

Enquanto isso, todas as minhas jóias, todas as câmeras, televisão, levaram para o carro e comigo foram para o meu local de trabalho. Vários homens ficaram e por alguns dias retiravam todos os meus bens de minha casa.

EU OUVIA, COMO NAS CÂMARAS VIZINHAS GEMIAM E GRITAVAM AS PESSOAS.

Trouxeram-me para rua Leningradskaya 11-8, para o apartamento do meu salão. Deixaram-me em frente da entrada - na cabeça colocaram um símbolo ukrainiano, amarraram com bandeira ukrainiana e colocaram-me no meio do pátio. Fui observada pelos vizinhos idosos que ficaram em choque. Eles não compreendiam o que acontecia, minhas mãos foram algemadas, ficou claro que fui espancada. Essas pessoas estavam muito assustadas.

Havia uma mulher que corria até mim e cuspia no meu rosto, embora antes disso, tínhamos maravilhosos diálogos. "Se você pensa, que eu sinto por você, não é verdade.Você merece isto." Eu não aguentei e respondi que não precisava de sua piedade. Ela chutou minha perna com a sua.

Fui levada para uma delegacia de polícia e colocada numa cela solitária. Quando me levavam para lá, havia muitos homens em camuflagem ao redor, que pegavam em mim, em meu corpo e pelos cabelos.

Os militares saíram. No meu salão não acharam nada interessante, apenas uma pequena quantia em dinheiro, que eu juntava para compras após o serviço. Fui levada para uma delegacia de polícia e colocada numa cela solitária. Quando me levavam para lá, ao redor havia muitos homens em camuflagem, que me agarravam - pelo corpo e pelo cabelo.

Não via nada, mas ouvia, como nas células vizinhas gemiam e gritavam as pessoas.

Eu fiquei nesta cela por duas ou três horas, minhas mãos intumesceram e foi muito doloroso, porque os braços estavam algemados atrás das costas. Eu não via nada, mas​ ouvia  como as pessoas gritavam nas células vizinhas. Isto durou algumas horas terríveis. Depois fui levada novamente pelo corredor dos homens, que novamente riam e me tocavam.

Novamente me colocaram um gorro e levaram para Donetsk. O investigador do chamado "batalhão Vostok", que depois me interrogou, não era de Donetsk ou Yasenuvata, porque parava várias vezes e perguntava às pessoas, como chegar a Tchervonogvardiivka - que é uma das estradas atrás da Yasenuvata, e que leva a Donetsk. Então eu percebi que ele não era local.

'POR QUE VOCÊ MORADORA DE DONETSK, APOIA O LADO UKRAINIANO?"

A terceira pessoa presente no interrogatório, - era um russo com sotaque. Levaram-me para o terceiro andar, onde me interrogaram. Havia mais um investigador, um local, chamado Artem. Aquele que me trouxe, Andrew, tinha um distintivo com o nome "Komar". A terceira pessoa presente no interrogatório, - um russo com sotaque. Ele não me batia, colocava as perguntas e não falava muito. Ele tinha o cabelo vermelho, e não posso falar mais nada sobre ele. Seu uniforme era diferente do uniforme dos dois investigadores, constantemente escrevia algo, sentando à mesa. Certa vez, quando ficamos sozinhos, perguntei-lhe: 

"Se você ama o seu Putin, por que eu devo amá-lo?" Ele sorriu e disse: E por que você acha que eu o amo. Eu não gosto dele." Esta foi a única conversa com essa pessoa.

Interrogavam-me dois investigadores, que foram lutadores do batalhão "Vostok", jovens de 30 a 35 anos. Eles me espremiam psicologicamente, ameaçavam, diziam o que aconteceria num futuro próximo. No meu tablet foram encontradas todas as quantias que me foram fornecidas. Os nomes eram patrônicos (pelo pai), sem sobrenomes e endereços. Eles me perguntavam os sobrenomes e endereços, mas eu dizia que não tinha necessidade para tal informação, eu me correspondia com eles através de "e-mails" . Eu lutava com todas as forças para mostrar que não sabia nada. Dizia que apenas procurava ajudar às pessoas, ajudava materialmente à Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Moscou em minha cidade, isto poderiam confirmar com o padre, ajudava às pessoas comuns, não apenas aos militares. Pensava que isto seria uma circunstância atenuante. Eu falava como qualquer pessoa, que quisesse sobreviver e compreendia toda a dificuldade da situação.

Os investigadores viram a quantia de 22 mil hryvnias, que transferi para a conta do voluntariado de Dnipropetrovsk. Você é residente de Donetsk e apoia o lado ukrainiano?"  Eles não compreendiam, especialmente o investigador Artem. Ele era um homem ideológico, que acreditava, que poderia construir um novo território, livre de oligarcas, que poderia criar  boas condições para Donbas. Artem, várias vezes enfatizou, que pessoalmente nada tirou de minha casa. Na verdade, ele não esteve presente durante minha prisão, embora eu não possa dizer, quem esteve presente. O investigador mostrava seus calçados e dizia que, em nenhum lugar e nada de ninguém pegava. Tudo isto pouco me preocupava, agora eu posso lembrar tudo isto.

Os próprios interrogatórios não eram leves, fui pressionada psicologicamente, mas eu pensava, que nesta situação, eu também poderia influenciar. Quando eu levava ajuda ao exército ukrainiano, eu compreendia, que arriscava. Eu li o artigo como a pessoa-prisioneiro devia comportar-se. E, lembrei-me de que devíamos estabelecer contato pessoal com as pessoas que interrogam. Então eu perguntava aos investigadores, perguntava se eles tinham filhos. Dizia que tinha dois filhos, uma netinha, animais com os quais eu me preocupava muito. Penso, que isto desempenhou seu papel: dois investigadores não me batiam. Embora eles dissessem que me estuprariam se eu não cooperasse.

Artem dizia que me injetarão na veia uma substância, que fará com que eu fale tudo. Mas, essa substância será muito prejudicial para minha saúde e minha psique. Então eu devo escolher: ou conto tudo voluntariamente, ou a injeção. Durante dois dias eu não cooperei, nada disse. Então Artem perdeu a paciência e foi embora.

ENTRARAM CINCO OU SEIS HOMENS DE ASPECTO CAUCASIANO.

- Eu fiquei sozinha na sala, e depois de um tempo entraram cinco ou seis homens de aparência caucasiana, entre eles não falavam em russo.
Eles me levantaram grosseiramente, e puxaram pela escada, do terceiro andar. À sala entraram mais alguns homens de nacionalidade oriental, não sei dizer quantos eram.

Alguém entrava. Alguém saía. E nesta sala, em termos de terminologia recebi interrogatórios mais vigorosos. Esses homens me despojaram de roupas, despiram-se na minha frente, disseram que iriam estuprar-me, fizeram perguntas em termos materiais.

Meu tablet estava nas mãos de um homem jovem, que nas costas tinha um suporte. Meu tablet estava dentro dele. Ele tinha fones nos ouvidos, ele mostrava algo e falava com os outros. Também estava com o meu telefone e, ele viu o Sms do "Privatbank" , os juros sobre a nossa contribuição. Exigia os códigos-chave dos cartões, retirados do cofre. Quando eu dizia que não me lembrava ou não sabia, para comigo usavam "métodos especiais", e então eu começava falar, respondi às perguntas, disse todos os códigos. Este jovem rapaz, com fones nos ouvidos, de repente encontrou a página no Facebook de um dos presentes. O post foi sobre a chegada de pessoas de aparência oriental, quando eles chegaram ao aeroporto no início de junho. Eu fiz uma captura da tela, queria mostrar à minha prima, que não acreditava, que em Donetsk vivia não apenas "nosso" povo.

Ele pegou a pistola do bolso, eu estava deitada no chão, começou disparar no assoalho e atirou na minha orelha. A partir deste momento eu ouço muito mal. Recebi assistência médica em Kyiv, depois da minha libertação. Não consigo ouvir com esse ouvido, não posso falar no celular.

Neste interrogatório, eles estavam muito interessados no "lado material". Se durante o interrogatório anterior, estiveram interessados nos nomes e pessoas que me ajudavam com doações ao exército ukrainiano, estes estavam mais interessados no dinheiro.

Eu menti, que eu e meu marido estávamos separados e que eu não tinha nenhuma relação com o depósito bancário. Eles disseram, que comigo farão um vídeo e que meu marido se ajoelhará e entre os dentes trará todo o depósito bancário. Depois me chutavam no cóccix,  fiquei de joelhos e disse o endereço da mulher, que estava comigo na fotografia com os militares ukrainianos. Eu não dei o endereço certo, compreendia que trairia a pessoa. Era assustador. Eles me achincalharam, queriam dados concretos desta pessoa, eu dei um endereço qualquer, eu não sabia em que rua ela morava. Mesmo agora isto não lembro. Eu disse que o telhado de sua casa era de cor verde. Eu disse o seu sobrenome, os fatos pareciam verdadeiros, e eles acreditaram. Disse que nada mais sabia. Mas eu sabia que esta mulher tinha família, filhos.

Começou a histeria: eu gritava, dei o nome de mais uma mulher, sabendo que ela não morava mais na cidade. Parece que dei outros nomes, mas não sabia os endereços. Eu já testemunhava, porque não aguentava mais.

Então eles perceberam que eu não podia dizer mais nada. Disseram: "material processado" e decidiram levar-me ao posto de controle da DNR, dizendo que "seus khokhos" bombardearam bem este lugar e ameaçaram: Nós prenderemos você e seus amigos. Depois eles compreenderam que eu não podia dizer mais nada. Disseram "material processado" e decidiram levar-me para o posto de controle da DNR, dizendo que meus "khokhos bombardearam bem este local, e "nós prenderemos você lá, e seus amigos atirarão em você"

O rapaz com meu tablet trouxe um cartaz que penduraram no meu pescoço, amarraram a bandeira ukrainiana na cabeça e colocaram o símbolo do Euro-2012, da minha casa. E já queriam levar-me para lá, mas um deles falou: "Khokhli" bombardearam este posto de controle muito bem. Quem irá amarrá-la lá? Houve discussão, não me lembro dos detalhes. (Prezados, não sei como. explicar o som da letrinha que é representada com "kh" na palavra repetida aqui várias vezes. Letra com semelhante som não existe no idioma português. A palavra, em si, é depreciativa - OK).

COLOCARAM-ME JUNTO AO POSTE COM O CARTAZ NO PEITO E AS PESSOAS ME BATIAM.

Finalmente fui levada na praça de Donetsk, que estava sobrecarregada com sacos de areia e lajes de concreto. Fui colocada no centro, perto do pilar com a plaquinha no meu peito. Estes militares começaram chamar pessoas que passavam e gritavam, que eu era guerrilheira e oficial corretiva. As pessoas aproximavam-se. No peito eu tinha a plaquinha dizendo que eu era um "punidor" e "fascista", que eu mato crianças - e, principalmente as mulheres, davam-me chutes, com as mãos batiam na cabeça, nas orelhas. Havia uma mulher idosa, que veio com uma bengala, e com ela batia minha cabeça e costas. As pessoas acreditavam que eu "dirijo as balas" para Donetsk.

Fiquei perto deste pilar por um bom tempo. A situação mudava constantemente. Veio um carro com a inscrição "Allah Akbar", nele vieram vários homens em camuflagem e que falavam uma língua diferente.
Eram os chechenos, um deles disse: Afastem-se, eu vou atirar no joelho dela. Todos afastaram-se. Este foi um momento terrível, ele mirava muito bem, eu pulava e gritava de medo. Então ele atirou ao lado e todos riram.

Eu comecei perder a consciência e escorreguei pelo pilar. Eu fui atingida com uma coronha na articulação do quadril, ele me dói até agora. Disseram para eu ficar em pé, em posição correta, mas eu segurava-me no pilar. Um homem, de camisa branca e mangas curtas me fotografou, eu não o vi mais.
As mulheres continuaram a me bater, depois os jovens que passavam, dois rapazes e moças, também fotografavam-se às minhas costas.

As mulheres continuaram a me bater, depois os jovens que passavam ao lado e também fotografavam-se. Uma mulher pegou tomates do bagageiro do carro e os pressionou nos meus olhos - assim ela quis expressar o seu ódio contra mim.

DIZIAM QUE EU SERIA APROVEITADA NO SEXO NÂO TRADICIONAL

​Depois veio "Volga", da qual saíram dois homens altos, de uniforme militar. Este uniforme era diferente, não era camuflagem. O, com o apelido "Georgiano" disse: nós levaremos esta mulher". Pegaram-me pelo cabelo e, abaixando minha cabeça empurraram-me para aquela "Volga". Então, aqueles homens que me trouxeram, começaram a me puxar de volta. Entre eles houve uma disputa verbal. Fiquei 10 ou 15 minutos em pé, e eles falavam ao telefone. Depois, aquelas pessoas que me trouxeram, me levaram de volta. No caminho disseram, que iriam estuprar-me e eu "servirei para proveito".

Ele tocava em meus seios e dizia que eu era de "segunda mão" e "material trabalhado", e que eu seria  aproveitada em sexo não tradicional.

Isto acontecia o tempo todo. Mesmo quando eu estava em pé ao lado do poste, aquele homem, que foi fotografado - com barba e dentes de ouro, - quando erguiam minha camiseta, ele tocava meus seios e dizia, que era de segunda mão, e "material trabalhado", e que eu seria aproveitada em sexo não tradicional. Foi muito assustador.

Quando me traziam de volta, essas pessoas riam e perguntavam, se eu percebi que estava sendo levada no "Lexus"  e se eu anteriormente, já andei em algum momento em um carro tão caro. Perguntavam quais eram minhas "preferências sexuais" e se eu queria ser estuprada.

Trouxeram-me, e fui levada para o primeiro andar. Agora entendo que era instalação do exército. Lá, as pessoas já eram outras, possivelmente de Donetsk, "milícia" em camuflagem. Eles eram muitos.

Permaneceram alguns homens de aparência caucasiana, que me levaram na praça. Levaram-me para uma pequena sala, onde havia dois "tapchany" (Uma espécie de cama). Lá havia um homem idoso que pediu para deixá-lo ir porque precisava tomar remédios, porque sofria com tuberculose.

Por algum tempo deixaram-me com este homem, depois fui puxada e colocada na entrada dessa câmara. Aquele homem, de aparência caucasiana e que me perguntava sobre "Lexus", tinha um divertimento: dava impulso à corrida e me chutava no peito. Ele tinha um bom preparo esportivo, e eu voava e batia na parede oposta da câmara.

Após algum tempo eu não podia respirar, eu derramava saliva pela boca e pelo nariz, e todos riam. Parecia que eu iria morrer neste momento, mas os pulmões respiravam e havia a sensação de eu inspirar fogo. Eu estava com a cartilagem danificada, havia grandes hematomas no meu peito, era doloroso por um longo tempo.

Este homem me fazia perguntas e disse, "esta boba estava guardando sua casa", e que sua sogra em Nagorno-Karabakh também guardava sua casa, esperava algo. Periodicamente me deixavam sozinha, porque traziam outras pessoas, que detiveram por causa de algumas suspeitas, frequentemente por causa das fotos. As pessoas eram espancadas, e elas, imediatamente diziam suas senhas em suas redes sociais, e imediatamente ficava claro, quais eram seus pontos de vista. Se lhes satisfaziam - as pessoas eram dispensadas, e os que não satisfaziam - eram levados. Talvez tenham sido quatro pessoas.

Houve um momento terrível, quando uma mulher telefonou, do telefone público e disse, que seu vizinho olhou as calcinhas da filha de cinco anos. Anotaram o endereço e responderam: "Nós estamos indo."

Ele foi trazido. eu o vi de costas. Ele foi muito espancado, sem as calças. Eles o xingavam, repetidamente. Começaram estuprá-lo. Ele gemia e gritava. Eu não via, mas ouvia. Depois mandaram levá-lo para outra cela, ele gritava, mas foi arrastado.

Sabe, eu não ficava tão assustada quando eles me batiam. Agora eu entendo, que o mais assustador, quando maltratam outra pessoa, quando batiam neste homem, estes momentos foram os mais terríveis para mim.

NÃO REMOVAM AS SANÇÕES. ISSO É PRECISO PARAR.

Eu penso que é meu dever - contar toda esta história não escondendo nada e não tendo vergonha, para que isto, n o mundo, não aconteça mais.

Eu peço muito, àqueles que podem ter influência no caso - não removam as sanções.

Eu não sou político, nem economista, mas penso, que isto é importante, a julgar pelo que está acontecendo no mundo, nos últimos dois anos. Peço muito, àqueles, que estão em posição de influenciar nesta situação - não removam as sanções. Isso deve ser parado.

Esse horror vai acabar para mim quando Donbas for libertado e a guerra em meu país parar, quando as pessoas deixarem de morrer pelas quais eu, conscientemente, arriscava minha vida - militares ukrainianos!

Tradução: O. Kowaltschuk