quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Donbas e Criméia - cenários de retorno
Jornal do Parlamento ukrainiano, 08.12.2015


É possível recuperar para Ukraina Donbas e Criméia? Vale a pena lutar pelos territórios ukrainianos anexados e ocupados? O próprio título da monografia "Donbas e Criméia: preço do retorno" convence, que a alternativa "retorno" não há. Em seguida surgem questionamentos: quando? segundo que cenário? a que preço? Responder a eles tentou o coletivo de estudo, cuja apresentação ocorreu ontem no Ukrinform (Agência Ukrainiana de Informação Nacional).

Editor chefe, diretor do Instituto de Estudos Estratégicos, acadêmico do NAS ( Academia Nacional de Ciências da Ukraina) Volodymyr Horbulin, em seu discurso de abertura breve e claramente definiu o conteúdo do trabalho. Ele citou a escala de perdas da Ukraina: Em geral, da guerra não declarada Ukraina perdeu cerca de 20% do seu potencial econômico. A produção industrial de Donetsk e Luhansk diminuiu em 20 - 25%, em comparação com 2013. Apenas o complexo energético da Ukraina, tradicionalmente ligado ao carvão de Donbas, perdeu metade das minas. 
Nos territórios controlados da Ukraina, de 150 minas, trabalham apenas 24. Prejudicada a infra-estrutura de transportes, e isto não são apenas os aeroportos de Donetsk e Luhansk, é ruptura de ligamentos logísticos de 1.700 quilômetros, destruição de rodovias e ferrovias. Perdas aproximadas - quase 5 bilhões de UAH".

A agressão armada da FR contra Ukraina também causou consequências sociais sem precedentes, cujo fardo caiu, completamente nos ombros do povo ukrainiano. Também perdeu-se o controle sobre mais de 400 quilômetros de fronteira com a Rússia, através da qual, enfatiza o acadêmico, "aos territórios ocupados, da Rússia cada dia e cada noite, vem os principais fluxos de exportação de militantes e armas".

Volodymyr Horbulin analisou três possíveis cenários de retorno da região de Donbas, os quais, condicionalmente, pode-se chamar de "croata", "moldávio" e "alemão".

Primeiro cenário - "croata".

"Este é - cenário duro, que prevê ausência de quaisquer compromissos com o ocupante. A libertação acontece como resultado de operação de força", - constata o diretor do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos. 
As vantagens deste cenário é a vitória militar real sobre o agressor, a possibilidade de trazer à justiça os culpados, capacidade de definir suas próprias regras nos territórios libertados. Desvantagens - enormes custos de reconstrução, acentuada deterioração das relações com a Rússia, possível perda de apoio dos aliados da Ukraina.

Segundo cenário - "moldávio".

"Este é - o resultado de um compromisso com o regime fantoche, quando acontece sua legalização parcial, estabelecem-se regras de conveniência e começa um processo interminável de aproximação das partes e inúmeros formatos de negociações", - explica o acadêmico.
Pontos positivos de tal cenário - cessação das hostilidades militares e assistência financeira para a restauração de Donbas. "Tal decisão será aprovada pela União Européia, Estados Unidos e Rússia. E até pode-se esperar ajuda financeira para a restauração de Donbas. Em relação a este cenário, ultimamente, uma série de declarações da França e Alemanha", - disse Volodymyr Horbulin.


No entanto ele advertiu, que em resultado o conflito "se transformará em interno-ukrainiano, o que ele nunca foi e não é: "DNR" e "FSC" de fato serão legalizados, e seus métodos de luta obterão certa justificação".

Terceiro cenário - "alemão".

"País dividido unifica-se com a vontade do povo em resultado de repensar as causas da separação e aquisição de valores comuns, restauração da unidade política e cultural, - diz o articulador.  - Ukraina, assim, obtém satisfação moral porquanto a integridade territorial determinada como precioso unificador. Também é importante a reação positiva para tal passo. Surgem sérias premissas para o processo de negociação da Crimeia. Mas isto não será vitória de um lado do conflito: a unificação é possível somente como resultado de compromisso ideológico e político". Com isto, Ukraina será forçada "aceitar reivindicações de autonomia da região, dar garantias ao establishment local".
Ele lembrou, que na Alemanha este caminho conseguiram vencer durante quase meio século, mas na Ukraina "ele pode ser concluído mais rapidamente".

Em nossa realidade, de acordo com Volodymyr Horbulin, deve ser pego algo construtivo de cada um dos cenários.

Da apresentação participaram os membros do conselho editorial e revisores: diretor do Instituto de Demografia e Estudos Sociais da Ukraina Ella Libanova, vice-diretor do Instituto de Legislação do Parlamento Yevhen Bersheda, Extraordinário e Plenipotenciário Embaixador da Ukraina, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ukraina (1992-1996) Volodymyr Ohryzko, diretor do Instituto de Política e Estudos Étnicos da Academia Nacional de Ciências da Ukraina Oleg Rafalski, Secretário Adjunto de Segurança e Defesa Nacional da Ukraina Oleksandr Lytvynenko, bem como analistas, acadêmicos, especialistas em Segurança Nacional, jornalistas.
De acordo com os participantes, a monografia tornou-se a base para o desenvolvimento da estratégia de estado para retorno da Criméia e Donbas.

Fotos: Nicholas Bilokopetov
Autor: Oleksandr Maliyenko

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 As gangues pró-Rússia violam todos os acordos anteriores sobre o cessar fogo.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 25.12.2015


As gangues pró-russas violam todos os acordos anteriores sobre o cessar fogo. Eles dispararam duas vezes, de morteiros de 82 e 120 milímetros, sobre a aldeia Vodiane, da "Zona cinzenta", próximo de Mariupol. Os moradores precisaram esconder-se nos porões, algumas residências foram totalmente destruídas.
Segundo informações, durante 24 horas, os militantes efetuaram mais de 40 provocações armadas contra as forças ATO, na zona limítrofe. Eles usam metralhadoras pesadas, lança-granadas de diversos sistemas e armas pequenas. Visaram as oposições ukrainianas nas regiões de Novgorod, Zaitsev, Mayorsk, Luhansk, Pisky, Opetne, Mariinka, outros.
Sobre Sherokyne e Zaitsev usaram morteiros 82 mm. Em Luhansk usaram mísseis anti-tanque. Trabalharam ativamente também os franco atiradores.
Depois da partida dos observadores da OSCE os terroristas russos trouxeram de volta o equipamento e armas pesadas. Eles não permitem a presença dos funcionários da OSCE, alertando sobre o perigo ou, simplesmente, não declarando motivos.
O centro de imprensa da ATO diz que a ativização dos militantes coincidiu com a chegada do tal "comboio humanitário", do território da FR, com carga que em sua maioria não é de alimentos e necessidades diárias para os residentes locais, mas de armas e munição para bandidos.

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Ao Donbas vem mercenários do Cáucaso
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 18.12.2015

De acordo com informações atuais, ao Donbas, como antes vem mercenários russos - provenientes do Cáucaso do Norte. Para eles esta é oportunidade de ganhar um bom salário e Rússia, deste modo, tenta lutar com recrutadores da 

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Não melhora a situação na Ukraina - Frank-Walter Steinmeier
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 29.12.2015

A situação com o cessar fogo no leste da Ukraina está se tornando cada vez mais frágil, diz o comunicado do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, publicado no site do Ministério das Relações Exteriores.

"O número de violações da trégua no leste da Ukraina no Natal, em vez de diminuir aumentou, o que é desenvolvimento desagradável no final do ano", disse ele.
"Muitas questões importantes permanecem sem solução: o cessar fogo está se tornando cada vez mais frágil. Não existe um acordo sobre eleições locais nas partes controladas. A situação humanitária piorou acentuadamente nos últimos meses causando cada vez mais sofrimento aos moradores locais" - disse Steinmeier.

Segundo ele, isso significa que é preciso continuar na realização dos Acordos de Minsk, incluindo a restauração, pela Ukraina, dos controles de suas fronteiras.

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Mais notícias preocupantes
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 31.12.2015

Combatentes bêbados, armados, roubam a população civil nos territórios ocupados de Donetsk e Luhansk. 
A tendência tende a uma maior destruição.  Grande parte de infrações como apropriação indevida de transporte motorizado e uso de armas realiza-se com o uso de álcool  e leva à morte e ferimentos a população civil. 
Os crimes são praticados até mesmo pelos comandantes do inimigo. Então, adotam-se medidas para sua ocultação.
Também acontecem roubos em empresas da região.

Tradução: O. Kowaltschuk 

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Irina Gerashchenko: Os militantes e a Federação russa não cumpriram nenhum item do Acordo de Minsk".
Tyzhden.ua. (Ukrainskyi Tyzhden), 24.12.2015
Bogdan Butkevych

Autorizada pelo presidente na regulação pacífica da situação no Donbas, membro da equipe humanitária no sub grupo de negociação sobre troca de reféns, anistia para militantes e prisioneiros ukrainianos na FR.


Qual é a situação dos prisioneiros? Existe a chance de sua volta para o Ano Novo? Porque parece que os militantes há muito tempo os transformaram em produto.

- Esta é uma pergunta muito difícil, que não tem resposta simples. Eu não posso dar uma resposta leviana, porque são destinos humanos. Meu telefone está cheio de mensagens de esposas, mães e irmãs de nossos soldados. Chances de libertação há - garanto que nós fazemos tudo o que podemos. Em breve apresentaremos o relatório da equipe de negociação de Minsk. Nós usamos a lista controlada pelo Centro Interdepartamental junto ao SBU (Serviço de Segurança da Ukraina). Segundo esta lista, atualmente há 140 prisioneiros, incluindo mais de 50 civis. Os militantes tentam nos chantagear e, constantemente diminuem o número de reféns. Recentemente enviamos 21 consultas sobre o destino de pessoas concretas, especificando as circunstâncias em que foram capturadas. Sobre nenhuma delas recebemos resposta, que é a melhor prova de qualidades morais e humanas das pessoas que, daquele lado ocupam-se com estas questões. É claro, que esse tipo de comportamento, nem é a posição dos militantes, mas de seus líderes de Kremlin, que é o verdadeiro terrorista, que chantageia com reféns. Aos nossos prisioneiros nem sequer permitem a missão da Cruz Vermelha, a qual permitem nas prisões da Síria e Iraque, e outros países que guerreiam muitos anos.

E, quanto aos ukrainianos, presos na Rússia?

- Apenas oficialmente, na própria FR há, pelo menos, nove ukrainianos. Estes são presos políticos, reféns, que foram capturados pelo estado terrorista. Trabalhamos na frente diplomática, para que as pessoas, que foram capturadas com sacos na cabeça e retiradas de Donbas ou Crimeia, e o mundo todo entendam o que acontece. Quando às pessoas, à força, dão passaportes russos para julgá-los pelas leis russas, como a Sentsov. Nós devemos provar, que estes procedimentos não podem ser tomados como norma, porque então, a FR começará raptar pessoas de outros países para torturá las. Por isso, nossos presos políticos na Rússia - é um desafio para o mundo todo. Para sua libertação tentamos usar métodos diferentes. Por exemplo, todos já estão cientes sobre a troca do nosso herói cyborg Andrew Rahman Hrechanova pelo major do Exército da FR, capturado pelas Forças Armadas da Ukraina. Mas, para que a troca ocorra, o presidente perdoou este major, o qual foi condenado a 14 anos de prisão (Infelizmente, não há outro peixe graúdo russo preso na Ukraina - OK). Compreendem o conflito? Segundo Acordos de Minsk devem ser libertados todos os detidos ilegalmente (E, por acaso Rússia respeita os Acordos de Minsk ? OK).

OS MILITANTES TENTAM CHANTAGEAR A QUESTÃO DA ANISTIA E CONSTANTEMENTE DIMINUEM O NÚMERO DE REFÉNS.

Assim, todos os militares e civis que foram capturados e são torturados na parte ocupada de Donbas, estão detidos ilegalmente. No território ukrainiano, em princípio, não há detidos ilegalmente - há criminosos, que cometeram delitos e contra os quais há processos penais. Quanto à escravidão, eu não tenho informações e, não posso me permitir a operar com rumores. No entanto nós temos duas listas: reféns e desaparecidos. Ukraina, como um Estado, tem a obrigação de encontrar os corpos ou, ao menos, estabelecer as circunstâncias da morte dos incluídos na segunda lista. Hoje, nesta lista constam 762 pessoas, das quais aproximadamente 400 civis, restante militares. Na última reunião do subgrupo humanitário da equipe de negociação de Minsk, finalmente participaram os representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, aos quais, anteriormente, nós passamos estas listas. E depois disso, pela primeira vez, os representantes da ORDILO (Ou ORDiLO são as regiões individuais de Donetsk e Lugansk, dominadas pelos separatistas - OK) declararam, que começaram trabalhar com as listas de desaparecidos e estabeleceram o destino de 63 pessoas. Esperamos pelos nomes e cuidadosamente verificaremos as informações sobre cada fato, e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha esperamos que atue como mediador apolítico e imparcial, o qual poderá trabalhar no território ocupado. Os militantes, supostamente, concordaram. Também cooperamos constantemente com os voluntários nas questões de procura de informações sobre os presos. Porque frequentemente eles têm acesso ao território ocupado. Se podemos negociar, independente de Minsk, sobre a libertação de prisioneiros, naturalmente, entramos em tais negociações.

Já houve casos em sua prática, quanto a pessoa, que é considerada desaparecida, na verdade é um desertor ou mesmo, voluntariamente, passou ao lado inimigo?

Isto  é guerra, e nela acontece tudo. Claro, deseja-se falar apenas sobre heróis. Repito, nós usamos em nossas conversações apenas aquela informação, que semanalmente atualiza SBU (Serviço de Segurança da Ukraina). Particularmente, sobre quem foi encontrado ou libertado. Assim, de acordo com os últimos dados isto são 2.900 pessoas. Entre elas há os mortos, e há aqueles, digamos, que foram encontrados em circunstâncias diversas. Penso, você entende o que eu quero dizer.

Ukraina está pronta para trocar "todos por todos"?

Quando se trata de alteração da medida de prisão preventiva, então fazemos. Mas entenda, que o outro lado frequentemente faz perguntas paradoxais. Por exemplo, recentemente nos propuseram libertar uma pessoa que foi condenada ainda em 2003 (!) por assassinato, e já havia cumprido 11, de 15 anos de prisão. Isto é, frequentemente, inserem na lista de troca, pessoas, que não têm nenhuma relação com a situação atual, mas são amigos dos atuais bandidos. Claro, aceitaremos quaisquer opções, para libertar nossas pessoas. No entanto, nem sempre conseguimos. Por exemplo, já por dois meses, lutamos pela libertação de uma pessoa ferida gravemente: com as duas pernas amputadas, olho e abdômen ferido. Nós preparamos tudo para cirurgia, reanimobile e já esperávamos com a esposa, para levá-lo. Os militantes recusam e dizem, que esta pessoa eles não tem.

Depois, quando citamos suas declarações, argumentam que a Cruz Vermelha não visitou todos os detidos na Ukraina e que, no início, querem ver todos os militantes detidos, para depois nos mostrar o ferido. Conto este fato, para que vocês compreendam, com que tipo de bandidos nós precisamos lidar. Frequentemente eles concordam em entregar-nos o prisioneiro quando ele já está próximo da morte. Recentemente morreu um dos libertados ainda em julho, não se recuperando dos ferimentos a faca: ele foi severamente torturado. Os militantes, quando nos entregam pessoas semi mortas, esperam isentar-se da responsabilidade pelas torturas e morte. Eu, realmente temo pelos habitantes das partes ocupadas de Donbas, que caíram reféns de tais pessoas. Deve ser entendido, que segundo Acordo de Minsk Moscou deve usar todas as alavancas de influência sobre os militantes, para sua implantação.

Se julgar os Acordos de Minsk, em geral, executaram os militantes e a Rússia pelo menos alguma coisa?

- Eles não executaram nenhum item dos Acordos de Minsk. Repito: nenhum. Único, que conseguiu-se alcançar, é certo progresso em relação ao cessar-fogo. Apesar de tudo os "Grad" (lançador de foguetes múltiplos de fabricação soviética - OK) quase não trabalham, e anteriormente, quando constantemente utilizava-se artilharia pesada, nós perdíamos de 40 a 60 de nossos melhores rapazes Agora morrem principalmente por causa das minas e ações de grupos de sabotagem e de reconhecimento. Isto é, as lutas abertas agora acalmaram-se um pouco. Foi possível implementar alguns projetos humanitários de ajuda aos habitantes do território ocupado. É importante o nosso trabalho com a desminagem. Mas o acordo, em geral, os militantes não cumprem. Embora deve ser entendido, que Minsk funciona, porque ao seu desempenho estão vinculadas as sanções contra a Rússia. Nós claramente, com fatos, provamos ao mundo que Rússia nada cumpriu e, por isso é indispensável continuar com as sanções. Putin precisa ser barrado pelo mundo todo, e os acordos de Minsk, justamente ajudam nisto. Pois quem será o próximo; Belarus, Cazaquistão, Polônia, Estados Bálticos? Ninguém no mundo pode se sentir seguro ao lado do país, que cinicamente viola todas as normas do direito internacional.

Qual é a situação com amnistia, exigida pelos militantes?

- Hoje, nós estudamos ativamente a experiência semelhante de outros países, como Croácia, Indonésia. Embora é preciso compreender, que nos países citados, o conflito era interno, no nosso trata-se de guerra provocada pelo lado de fora. Nós, do mesmo jeito, estaremos forçados à execução deste ponto dos Acordos de Minsk, porque queremos paz. Mas o debate fundamental sobre a lei de anistia terá lugar no Parlamento, que decidirá este assunto. Posso, com responsabilidade absoluta, declarar, que nenhum documento em relação a anistia, nos subgrupos de Minsk, políticos ou humanitários não se comentou, nem se desenvolveu. Minhas palavras podem confirmar Roman Bezsmertnyi e Vladimir Horbulin do subgrupo político. Em geral, a posição da Ukraina permanece inalterada: anistia só é possível após a estabilização da situação, desarmamento das gangues, regime estável, cessar-fogo. Além disso, exclusivamente para aqueles que não cometeram crimes graves e crimes contra a humanidade.

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Deputada polonesa, Malgorzata Hosyevska publicou em 18,12,2015, um relatório sobre os crimes de russos e insurgentes no Donbas, no ano de 2014.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 19.12.2015


Hosyevska baseou-se na realização de mais de 60 entrevistas realizadas por pessoas especializadas, com pessoas libertadas do cativeiro. Trata-se de pessoas que sofreram prisões, torturas físicas e mentais, roubo ou assassinato.
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"Eu acredito que a publicação de nosso relatório vai estimular outros. Esses crimes não podem ficar impunes. Crimes de guerra não tem estatuto de antiguidade. E, o maior terrorista do mundo não deve ser recebido nos compromissos políticos", - escreveu Hosyevska.
Ela também lembra os acontecimentos na Criméia e na Rússia, para onde levavam os presos.
São 153 páginas e os principais relatórios serão entregues ao Tribunal Penal Internacional, em Haia.

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Rússia, definitivamente, cancelou o acordo de livre comércio com Ukraina.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 25.12. 2015


O conselho da FR aprovou a lei, proposta por Vladimir Putin, de suspensão, a partir de 01.01.1916, da zona de livre comércio com Ukraina.
Segundo o presidente da Câmara de Assuntos Internacionais Konstantin Kosachev, esta decisão não trará perdas para o orçamento russo, pelo contrário, sem esta decisão, o orçamento russo sofreria uma perda de cerca de 3,5 bilhões de dólares. E, segundo o vice-presidente da Defesa e Segurança Franz Klyntsevych "esta é uma reação natural ao acordo de livre comércio entre Ukraina e União Européia, que entra em vigor em 01.01.2016. O governo ukrainiano considera a decisão da Rússia como sanção e fala em tomar medidas.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 26 de dezembro de 2015

Através do inferno. Reféns civis no ocupado Donbas
Ukrainska Pravda Jettia (Verdade Ukrainiana Vida), 25.12.2015
Oleksandra Matviychuk, defensor de direitos, coordenador do "Euromaidan SOS", especialmente para Verdade Ukrainiana Vida. 
Para TV Pública


Mais de um ano e meio nossos cidadãos vivem no território da "zona cinzenta", onde o direito como instituição - simplesmente não existe.

Na ausência de qualquer proteção legal contra roubo, espancamento, estupro, sequestro e assassinato, eles tentam se adaptar a esta nova realidade nas partes ocupadas das regiões de Luhansk e Donetsk.

Pela primeira vez na história da Ukraina independente tal enorme variedade de crimes graves caiu nos não formados órgãos de investigação nacional. O Estado não consegue lidar com este trabalho nem nos territórios libertados.

Portanto, a documentação das violações dos direitos humanos, como de muitos outros assuntos em nosso país, assumiu sobre seus ombros a sociedade civil.

"Euromaidan SOS" começou enviar equipes móveis para rastrear a situação na Crimeia e no Donbas no início de março de 2014. Então, nós tínhamos certas ilusões sobre a possibilidade de interferência legal na situação.

Mas, rapidamente tornou-se claro, que a "operação anti-terrorista" (ATO) é nada mais que a luta contra a guerra de ocupação russa pelo desejo da Ukraina sair da órbita do "Mundo Russo" (Russian World).

Terror como método de guerra.

Na primavera de 2014 bandidos armados começaram sequestrar e torturar pessoas para estabelecer controle sobre região. Pessoas comuns de Donbas.

A minoria ativa era necessário liquidar fisicamente ou obrigar a sair da região, para intimidar a maioria passiva.

Os primeiros sinais tornaram-se a matança do ativista de Donetsk, de 22 anos, Dmitry Cherniavsky, numa manifestação pacífica, que os pró-russos "titushky" transformaram num espancamento sangrento, e sequestro na Quinta-feira santa anterior à Páscoa, e a tortura até a morte do deputado local (vereador) de Gorlivka, Vladimir Rybak, pela tentativa de restaurar a bandeira ukrainiana sobre o edifício.

Embriagados pela impunidade e passividade da milícia local, os militantes rapidamente criaram um sistema organizado de "esquadrões da morte". Hoje, nos territórios ocupados das chamadas "repúblicas" agem órgãos especiais, denominados em honra dos antecessores stalinistas - NKVD, SMERSH, MGB.

Os funcionários desses órgãos trabalham incansavelmente, para identificar e eliminar pessoas, que possuem pontos de vista "errados", apesar de que à repressão todos estão sujeitos. Pois nas caves e porões estão empresários, médicos e transgressores das desconhecidas "leis da guerra", bem como vítimas de denúncias de vizinhos invejosos.

Quando uma pessoa, com uma arma, recebe credencial para decidir questões de propriedade, liberdade e vida de outrem, - a única limitação é a distância de desempenho de sua arma.

Apenas segundo dados oficiais, pelo cativeiro passaram 1.333 pessoas civis, 27 jornalistas, 38 voluntários. ainda nas masmorras encontram-se 131 pessoas, incluindo civis.

As iniciativas voluntárias, que estão em contato com os familiares de presos, afirmam, que os números são exponencialmente maiores.

O trabalho de "esquadrões da morte".

"Euromaidan SOS" e outros membros da Coalizão "Pela Paz e Justiça no Donbas" há muito não tem acesso aos territórios ocupados. Mas uma pesquisa da Coalizão, entre uma centena e meia de pessoas libertadas do cativeiro, dá a possibilidade para imaginar, o que acontece nos locais conhecidos como "caves".

Foram estabelecidos 79 tais locais, onde há pessoas detidas. São edifícios administrativos, militares, de escritórios, residenciais, hotéis e albergues, depósitos de alimentos, empresas industriais, fábricas, porões, garagens, poços de canalização, gaiolas para cães, outros. Na maior parte dos casos, eles não são adequados nem para permanência de curta duração das pessoas.

Na verdade, qualquer pessoa que vive nos territórios ocupados, pode ser levada aos porões.


Fotos feitas pela coalizão "Pela Paz e Justiça no Donbas" durante a visita ao "Porão" depois da libertação do território.

Os motivos são diversos mas, o pior, imprevisíveis: posição pró ukrainiana; pertencente a outro patriarcado, não de Moscou; inocentes fotos com celular de "objetos estratégicos", como "Donbas Arena", ou de um café; suspeita de espionagem ou ajuda às Forças Armadas ukrainianas; denúncias de brigas familiares; passividade na ajuda às chamadas "repúblicas".

São comuns os sequestros com a finalidade de obter resgate - um típico negócio de sangue. No sentido literal da palavra.

Renascimento da inquisição medieval.

A escala das torturas e crueldade no trato às pessoas detidas ilegalmente impressiona. Cada segundo entrevistado era submetido aos maus tratos e torturas. Mulheres 12%.

Para 71% de pessoas as dores físicas e morais eram causadas durante todo o tempo de sua permanência. Cerca de 46% das pessoas que escaparam das torturas, foram testemunhas diretas de como torturavam os outros. Cerca de 16% dos entrevistados falaram sobre execuções extrajudiciais e abatidos até a morte durante as torturas.

A violência sexual continua a ser um problema oculto. Sobre estupro de mulheres no cativeiro e casos de abusos sexuais, como uso de estupro com legumes, falam apenas os homens. As mulheres silenciam.

Lysychank
Na verdade, estes testemunhos são muito difíceis. Com estes conhecimentos e experiências as pessoas precisam, de alguma forma, aprender a viver.

"... Eu ouvi como torturavam outros. Um foi preso com algemas, com venda com olhos. Eu tinha pouca abertura na venda, eu não o via bem. Ele tinha uma caçarola na cabeça. Davam pancadas na caçarola. Ele gritava. "Matem, apenas não batam mais".

"... Dele abusavam severamente. No peito, com uma faca escreveram a palavra "bender" e abateram. Ele morreu. Ele permaneceu assim deitado, por duas semanas, não no necrotério. Foi trocado como "200", "entregue" ao Aydar". ("bender" alusão a Stepan Bandera, dirigente de exército insurgente contra o domínio russo; Aydar, um destacamento das forças ATO-OK).

"... À noite, às nove horas, os trouxeram, e até às quatro eu não consegui dormir devido aos seus gritos. De seus gritos o cabelo ficava em pé. Depois ouvi, que eles os arrastavam à entrada da nossa garagem. Ouvi quando conversavam, aonde colocá-los. Disseram, que na separação. Eu entendi que eles estavam sendo arrastados e ouvi seus corpos caindo".

Aproximadamente 63% de pessoas civis passavam por procedimentos, que podem ser considerados "interrogatórios".
Resumidamente a essência destes procedimentos os ex-prisioneiros assim caracterizam: "Sim, contatos havia. sua essência consistia em espancar-nos".
Isto dizem 67% das pessoas interrogadas durante a manutenção no cativeiro.
Os métodos de tais "interrogatórios" eram variados: as pessoas são açoitadas; colocam máscaras contra gases e bloqueiam o oxigênio; perfuram (atirando) partes do corpo; cortam (separando) orelhas, dedos; amarram fios desencapados aos órgãos genitais e ligam na corrente elétrica. 
Eles contam como seus companheiros de cela eram fechados nas caixas de madeira, estuprados, castrados, privados de alimento e água.

Poucos respeitam a idade, sexo, saúde, outros:
Eu não pedia para não me baterem, disse que estava grávida. Eles disseram: "é muito bom a criança "ukropivska" morrerá.  
Nos espancavam com qualquer objeto: com coronhas, com pés e com armaduras que tínhamos. Batiam em todas as partes do corpo.
"A mim, porque eu olhava e gritava, quando batiam nos outros, colocaram venda nos olhos. Na época eu estava no terceiro mês de gravidez e em resultado das surras comecei a sangrar..."

A liderança militar das repúblicas do Kremlin de bom grado usa trabalho escravo de civis detidos ilegalmente. Trabalho forçado realizaram 58% dos entrevistados. Eles cavam trincheiras, restauram edifícios, limpam ruas, transportam cargas, descarregam os "comboios" russos"(Já vieram mais de 50 - OK) que carregam armas.
Alguns prisioneiros são obrigados a desativar as minas, fazer exumações, lavar o sangue dos corpos, dos veículos, desenterrar e enterrar os mortos. É escusado dizer que tal "trabalho" causa forte sofrimento moral às pessoas.

Severodonesk
Responsabilidade da Rússia

Testemunhos de pessoas detidas dão muitas evidências, de que Rússia (Apesar de Putin negar -OK) exerce um controle efetivo sobre os grupos armados ilegais. Não é por acaso, que em 44% que a função dirigente na realização de interrogatórios e organizações dos "porões" realizavam militares profissionais e os "voluntários" da FR.

Para apoio do fundo patriótico adequado na própria Rússia, os prisioneiros eram obrigados a caluniar a si mesmos e dar falsos testemunhos a jornalistas russos:
"... Eu tive que dar uma entrevista. Como eles disseram, este é o meu bilhete para liberdade. Eles sentaram comigo, para eu memorizar, o que eu deveria dizer. Eles me escreveriam tudo no papel: "Vamos escrever tudo para você, nós lhe mostraremos. Você entende, como é importante, que as pessoas saibam a verdade, como Ukraina é ruím, e quão excelente é a Rússia, que maravilha é a "DNR".

Vários interrogados testemunharam que foram levados ao interrogatório no território da FR.

Conta o sacerdote que foi prisioneiro: "Quando fomos trazidos para o DK  Perevalsk de Kozitsyn, em 23.07.2014, eles me reconheceram - me viram na TV russa, quando eu participei do Maidan, em Kyiv. Colocaram um saco na minha cabeça, amarraram a boca, as mãos e as pernas, espancaram nas costelas...
Bateram com tanta força, que eu não consegui segurar a urina. E eles, depois, afastaram-se devido ao cheiro. E isto me ajudou. Com acendedor queimavam meus pés, aplicavam eletrochoque, espremiam os olhos, rasgavam a boca, empurravam a cruz para dentro do ânus... eu fiquei jogado num canto por um dia. Depois nos levaram para Rússia".

Será Motorola presidente da Administração Regional do Estado de Donetsk

Atualmente a troca de prisioneiros cessou: há rumores que os militantes exigem anistia total.

Os aliados (da Ukraina) também insistem no cumprimento dos Acordos de Minsk. Prosseguem difíceis negociações, avança a concessão de imunidade a todos os candidatos às eleições no ocupado Donbas, e depois anistia. Com tal cenário podem receber anistia também aqueles, que cometeram crimes de guerra.

"Melhor a paz, que a guerra", - esquivam-se os dirigentes europeus de uma resposta direta, se deve Ukraina conceder anistia a criminosos de guerra. Dizem que, a questão de anistia é sempre um dilema difícil.

E que a paz é melhor que a guerra, é difícil não concordar.

Mas, até agora os governos dos países democráticos, com razão, exigiam da Ukraina uma efetiva investigação e punição de culpados pelos crimes do Euromaidan para o estabelecimento da justiça. Agora é a nossa vez de retornar esta mensagem para a União Européia e convocá-los para segui-lo segundo valores declarados.

Não pode haver paz sem justiça. Aqueles que cometeram crimes de guerra, devem ser punidos. E não há aqui qualquer dilema. Este é um princípio básico do direito penal internacional.

Ukraina luta não apenas pelos territórios, mas também pelas pessoas, que vivem neles. Então, quando falamos sobre a libertação de reféns, nós temos em mente, não apenas os torturados civis nos porões. E não apenas os mais de sete centenas de desaparecidos militares e familiares que estão à espera de seu retorno para casa.

Slovyansk
Nós falamos de quase três milhões de pessoas nos territórios ocupados, cuja principal tarefa agora - sobreviver. Sobre mais de dois milhões de pessoas, que não podem voltar para casa. Sobre moradores de aproximadamente 200 pontos habitados, que localizam-se na linha de fronteira de 350 km, e, periodicamente encontram-se sob fogo.

"... em cada parada de transporte público, nos postes, havia repetidores, que durante o tempo todo transmitiam canções soviéticas patrióticas, e nos sábados - canções infantis. Tudo isso impactava negativamente sobre a psique; dava impressão, que nós nos perdemos e estamos na União Soviética".

Quando os territórios ocupados voltarem para controle da Ukraina, então, além da renovação da estrutura, renovação de laços familiares, destinos humanos mutilados, destruição de creches e jardins de infância - será necessário restaurar a fé das pessoas na justiça.

Para que todos, que cometeram estes crimes graves, sejam punidos.

Os crimes de guerra, como sabemos, não tem estatuto de antiguidade.








Oleksandra Matviychuk - defensor de direitos, coordenador do "Euromaidan SOS", especialmente para Verdade Ukrainiana Vida.



Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015


Fome na URSS. Trecho do livro de Timothy Snyder

"Terras Sangrentas"(Blood of the Earth) - Parte - 4

Ukrainska Pravda (Verdade Histórica 02.12.2015 
Timothy Snyder, Ph.D., professor da Universidade de Yale (EUA)

Coletivização era política geral do governo da União Soviética, um país enorme e com instável situação na fronteira, era necessário considerar à luz dos cenários gerais da guerra.

Stalin e a liderança soviética consideravam Polônia um posto avançado do mundo capitalista na fronteira ocidental da URSS, assim como o Japão, a leste. Relações polono-japonesas desenvolviam-se muito bem; e na primavera de 1930 Stalin  estava muito preocupado com a ameaça de invasão polono-japonesa na União Soviética. Tinha o maior território do mundo, da Europa ao oceano Pacífico, e precisava prestar atenção não só aos países europeus, mas também às ambições asiáticas do Japão.

Assim como o caos trazido pela coletivização, nas regiões ocidentais da União Soviética provocou temores quanto a invasão polonesa, a desordem na parte oriental do país jogava em favor do Japão. Na Ásia Central soviética, especialmente no predominante Cazaquistão a coletivização pariu um caos ainda maior que na URSS (República Socialista Soviética da Ukraina). Ela precisava de transformação social mais radical.

As pessoas da República Soviética de Cazaquistão levavam uma vida nômade, e o primeiro passo para modernização soviética consistia numa residência forçada. Antes do início da coletivização, os nômades deviam tornar-se agricultores. A política de "Estabelecimento" privava os pastores do gado e, portanto, dos meios de subsistência. As pessoas conduziam seus camelos e cavalos através da fronteira, à província muçulmana chinesa Xinjiang (Turquestão Oriental), o que causou desconfiança de Stalin que suspeitava que eles fossem agentes dos japoneses, os quais desempenhavam o papel externo principal nos conflitos internos chineses.

Nem tudo corria conforme o planejado. A coletivização que deveria fortalecer o sistema soviético, desestabilizava a situação na fronteira. O plano quinquenal, que deveria trazer o socialismo para as regiões européias e asiáticas da União Soviética, trouxe enorme sofrimento, e o Estado, que deveria personificar a justiça, reagiu à situação com meios comuns de coerção e violência.

Os poloneses soviéticos foram deportados das áreas fronteiriças ocidentais, reforçaram toda a fronteira. A revolução mundial deveria realizar-se atrás da fronteira fechada e Stalin precisou defender o "socialismo num só país".

Stalin teve de suspender a expansão externa e repensar a política interna. Ele encarregou os diplomatas soviéticos ao preparo de não agressão a Polônia e Japão. Ele ordenou ao Exército Vermelho passar à prontidão, ao combate total, nas regiões ocidentais da União Soviética.

Uma questão ainda mais significativa: Stalin suspendeu a coletivização. O artigo de 02 de março de 1930, sob o título revelador: "Estupeficamento desde sucesso" Stalin escreveu, que o problema da coletivização consistia no fato de que era introduzida com excessivo entusiasmo. E forçar os aldeões a entrar nas fazendas coletivas, afirmava ele agora, foi um erro.

As fazendas coletivas começaram desintegrar-se instantaneamente, como foram criadas. Na primavera de 1930 os aldeões na Ukraina colhiam culturas de inverno e semeavam culturas anuais, como se a terra pertence-se a eles. E poderiam ser perdoados, porque eles pensavam que venceram.

O recuo de Stalin tinha caráter tático.

Dispondo de tempo para reunir seus pensamentos, Stalin e o Politburo (Órgão político do Partido Comunista da antiga U.R.S.S., entre 1917 - 1920) encontraram medidas eficazes para subordinar os camponeses ao estado. No ano seguinte, a política soviética na zona rural começou a ser implementada mais ativamente. Em 1931 a coletivização passou em ritmo acelerado - os aldeões, simplesmente, não tiveram alternativa. 

O nível inferior do partido comunista ukrainiano tropeçou em expurgos, que deveriam garantir que aqueles, que trabalhavam na aldeia, iriam, escrupulosamente, realizar as tarefas e compreenderiam, o que os espera em caso de fracasso. Aos camponeses independentes impuseram impostos, deixando-lhes a fazenda coletiva como única alternativa.

À medida que as fazendas cresciam, elas recebiam um poder indireto sobre os camponeses independentes. Por exemplo, confiscar todas as sementes dos produtores independentes.

Sementes - restante da safra anterior para o plantio da nova - assunto muito importante na economia eficaz. Seleção e conservação de sementes- base da agricultura. Durante toda história da humanidade comer as sementes era sinal de desespero. Pessoa, da qual a fazenda tirava o direito de dispor de sementes, perdia a oportunidade de viver de seu próprio trabalho.

Novamente começaram as deportações, a coletivização caminhava com seus passos. No final de 1930 e no início de 1931, da URSS foram deportadas 32.127 famílias, aproximadamente tantas pessoas foram deportadas durante a onda anterior, um ano antes. Os aldeões preferiam morrer de fome em casa, em vez da exaustão no Gulag.

Às vezes, apesar da censura, recebiam alguma carta de amigos e parentes exilados; uma dessas cartas aconselhava: "Por qualquer preço - não venham para cá. Aqui nós morremos. Melhor esconder-se, melhor morrer lá, mas a qualquer preço - não venham para cá". Os aldeões ukrainianos, que se submetiam a coletivização, escolhiam, segundo palavras de um ativista do partido,"fome em casa, mas não o desconhecido no exílio".

A coletivização em 1931 era mais lenta, família por família, não toda aldeia de uma vez, por isso resistir era mais difícil. Não houve nenhum ataque súbito que provocaria resistência desesperada.

No final do ano a nova abordagem justificou-se completamente. Na Ukraina Soviética foram coletivizadas cerca de 70% das propriedades dos aldeões. O nível de março de 1930 foi plenamente repetido.

Depois da falsa vitória de 1930 Stalin recebeu vitória política em 1931. Mas a vitória política não significava vitória econômica. Com os estoques de grãos havia algo errado.

1930  trouxe uma colheita maravilhosa. Camponeses deportados no início de 1930 conseguiram semear suas culturas de inverno, mas colher a safra já deviam outros. Em janeiro-fevereiro - no papel, a maior parte das aldeias, naquele momento, já foi coletivizada em 1930 - aldeões descansavam. Depois de março de 1930, quando as fazendas foram dissolvidas, os aldeões tiveram tempo para colher a safra da primavera, como pessoas livres.

Naquele verão, o tempo era excepcionalmente bom. A colheita de 1930 era tal, que seria impossível repeti-la em 1931, mesmo se a agricultura coletiva se igualasse à agricultura individual, da qual estava longe. A colheita generosa de 1930 tornou-se base para previsão de 1931 - Moscou esperava da Ukraina mais do que esta podia lhe dar.

No outono de 1931 o fracasso no início da colheita tornou-se evidente. Para isto havia muitos motivos: mau tempo; más sementes; falta de animais de tração pois os camponeses vendiam ou abatiam o gado; produção de tratores aquém do número desejado; deportação de camponeses fisicamente fortes; interrupções da coletivização durante a semeadura e colheita; camponeses perderam suas terras e não viam nenhuma razão para entregar sua força de trabalho. 

Líder do Partido Comunista da Ukraina, Stanislav Kosior, informava em agosto de 1931, que os planos de aquisição de grãos, dada a fraca colheita, eram irreais. Lazar Kaganovich respondeu, que o problema realmente estava no roubo e ocultação dos grãos. Kosior, mesmo conhecendo a situação, adotou aos seus subordinados uma linha dura.

Mais da metade de cerais em 1931 exportaram. Em 05 de dezembro Stalin ordenou, que as fazendas coletivas que não cumpriram as suas taxas anuais, deviam entregar os grãos destinados à semeadura. Possivelmente Stalin acreditava, que os aldeões escondiam os cereais, e a ameça de perder as sementes obrigaria à entrega dos grãos escondidos. Mas, naquele momento, muitos aldeões realmente não tinham nada. 

No final de 1931 muitos camponeses já não tinham comida. Não possuindo  terras, não tinham como resistir à requisição, eles, simplesmente, não viam nenhuma possibilidade de obter alimento. E, no início de 1932 nada para semear. Em março de 1932 a liderança do partido ukrainiano pedia sementes para plantio, mas naquele momento a época do plantio já estava findando, o que significava fraca colheita.

No início de 1932 as pessoas clamavam por ajuda. Ao comunistas ukrainianos locais pediam, que a direção do partido republicano pedisse a Stalin para dirigir-se à Cruz Vermelha.

Os trabalhadores das fazendas escreviam cartas à direção estatal e partidária. Uma destas cartas, depois de alguns parágrafos à chancelaria, terminava melancolicamente: "Deem-nos pão! Deem-nos pão! Deem-nos pão!". Os membros do partido, sem intercedência de Kosior, em tom bastante acentuado, escreviam diretamente a Stalin: "Como podemos construir uma economia socialista, se todos nós estamos condenados a morrer de fome?"

A liderança ukrainiana via claramente a ameaça de fome em massa, assim como Stalin. Ativistas partidários e oficiais de segurança enviavam relatórios intermináveis sobre as mortes famintas. Em junho de 1932 o cabeça regional do partido, Kosior, escreveu, que a fome foi registrada em todos os distritos. Kosior havia recebido uma carta, datada em 18 de junho de 1932, de um "komsomolets", com descrição vívida que, naquele momento soou, provavelmente, com familiaridade: 
Os trabalhadores vão ao campo e desaparecem. Depois de alguns dias, encontram seus corpos e completamente sem emoções, como se isso fosse normal, colocam no túmulo. E, no dia seguinte, já é possível encontrar o corpo daquela pessoa, que tinha acabado de cavar a sepultura para outros".

Naquele mesmo dia, 18 de junho de 1932, Stalin, em uma conversa privada, reconheceu que havia "fome" na Ukraina. Na véspera a liderança do partido ukrainiano pediu para ajudar com comida. Mas Stalin recusou. Ele respondeu que o armazenamento de grãos na Ukraina, deve ir de acordo com o plano. Stalin e Kaganovych consideravam que "é imperativo, que exportação seja imediata e obrigatoriamente em ordem".

Cartazes da industrialização da SSR. Para isto ia o dinheiro proveniente da exportação de grãos.





Stalin, a partir de suas próprias observações sabia em, o que viria a seguir. Ele sabia que a fome no governo soviético era possível. A fome assolava na Rússia e Ukraina durante a guerra cidadã, nos primeiros anos e depois dela. A fraca colheita juntamente com as requisições trouxe à beira da fome centenas de milhares de camponeses ukrainianos em 1921.

A falta de alimentos obrigou Lenin colocar em primeiro lugar o compromisso com o campesinato. Stalin conhecia bem esta história, dela também participou. Que a política stalinista poderia levar à fome em massa - também era claro.

Stalin sabia, que até o verão de 1932 mais de um milhão de pessoas morreu de fome no Cazaquistão. O líder sentenciou o chefe do partido local Philip Goloshchekin, mas tinha que entender questões fundamentais.

Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

No passivo energético. Como Poroshenko concordou com a privatização do período Yanukovych.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 10.12.2.015
Andrey Samofalov

(Prezados: peço escusas por possíveis erros na tradução, porque a fiz de um texto em idioma russo, ao qual me falta conhecimento. Infelizmente, os jornais ukrainianos usam o idioma russo, em parte ou totalmente. Acredito, que ainda assim, há conteúdo suficiente para ficarmos abismados com os fatos.
Estou convencida que este texto ilustra muito bem, a situação na Ukraina, onde continua prevalecendo o direito do mais forte, e a submissão do mais fraco. 
Vejam o filme que por acaso encontrei, nestes dias, na Internet. O filme mostra todos os acontecimentos do Maidan (Revolução ukrainiana) - luta do povo ukrainiano contra a submissão russa. O filme é dublado no idioma português. Procurar pelo nome "Winter On Fire" da Netflix.- OK)

Akhmetov é favorável à legalização da posse de todas as empresas, que ele comprou pelo preço reduzido durante o governo anterior (UNIAN) - agência Ukrainiana de Informação Independente).
A tentativa de reconhecer a privatização ilegal da energia ukrainiana, do período de Viktor Yanukovych fracassa com estalidos.
Rinat Akhmtov, Alexander Yanukovych (filho do ex-presidente), Serhiy Lyovochkin e Kosntantin Grigorishin, Dmytro Firtash e Alexander Babakov - todos eles participaram nas privatizações do período de Viktor Yanukovych. E todos eles fizeram isso em plena conformidade com a lei.
Assim, pelo menos, julgam os tribunais, Conselho de Ministros e o Fundo de Propriedade do Estado.
Graças a eles Rinat Akhmetov está próximo de finalmente legalizar a posse de todas as empresas que adquiriu a preço inferior e sem concorrentes dignos, no governo anterior.

No outono, em torno do modesto instituto "Oboronprom", de estudo-pesquisa, de dispositivos eletromecânicos de Kyiv, explodiu  escândalo. Em 30 de setembro, FDM (Fundo Estatal de Propriedade) vendeu a empresa por 16 (dezesseis) milhões de UAH a empresa "VENTS" e, já após uma semana soou o alarme da procuradoria.

O procurador-geral militar Anatoly Matias declarou, em seu Facebook,que a empresa tem status estratégico, participa de desenvolvimento de sistemas antitanque de complexos "Styna" e pertence a objetos estratégicos, não sujeitos à privatização. Além disso o Fundo Estatal de Propriedade, pretensamente, subestimou o valor, não incluindo na venda as terras sob o instituto. O prejuízo do país Matias estimou em 188 milhões de UAH.

O Tribunal Distrital de Pechersk, no mesmo dia bloqueou a venda de ações. O chefe do Fundo Estatal de Propriedade, em resposta publicou fotos do "estratégico" objeto. Ferrugem, janelas quebradas, oficinas vazias.

Igor Bilous: Junto com o complexo industrial de defesa começamos o inventário e verificação de documentos do PAT (empresa de capital aberto) "NDI" (Instituto de Investigação) de dispositivos eletromecânicos". Se, em resultado da auditoria "Oboronprom" decidir que "NDI" realmente é necessário, ele será entregue ao FDMU (Fundo do Estado da Ukraina). 
No entanto eu tenho sérias razões para duvidar de que a instituição agora pode ser importante para o Estado. Recentemente nós, finalmente, pudemos entrar no território. Uma imagem terrível. Tudo destruído. Em estado mais ou menos normal - uma pequena oficina, na qual...




Mas a máquina estatal com um punho de ferro envolveu-se no processo de retomar o "NDI", no qual colocou o olho o consórcio estatal colocou o olho o consórcio estatal "Oboronprom" (combinado de empresas multidisciplinares em diversos setores da indústria de defesa da Ukraina) agora liderado pelo ex-comerciante de automóveis Roman Romanov - criatura do ex-parceiro de longa data de Oleg Svinarchuk-Hladkovskyi.

Pelas empresas de energia, que foram vendidas no governo Yanukovych, FDM resgatou 6800000000 UAH. Embora, de acordo com analistas de investimento consultados pela "Verdade Ukrainiana" poderia receber praticamente a mesma quantia, mas em moeda forte.

A perdida vantagem conta-se em bilhões. O que impediu o Estado mostrar a mesma ânsia no retorno de ativos energéticos.

Segundo testamentos de Kuchma (ex-presidente da Ukraina).

A história da privatização ukrainiana pode ser dividida em várias fases. A primeira venda de bens do Estado ocorreu na presidência de Leonid Kuchma. Rinat Akhmetov, Viktor Pinchuk, Konstantin Grigorishin, Igor Kolomoisky, Vadim Novinski graças a calorosos acordos e entendimentos de bastidores apropriaram-se da maioria das empresas siderúrgicas, químicas e de mineração.
O pico de vendas ocorreu no final do segundo mandato presidencial, quando Viktor Yanukovych tornou-se primeiro-ministro. O Estado perdeu "Kryvorizhstal", "Ukrrudprom", "Severodonetsk Nitrogênio", metade do "Titan da Crimeia", alugou a então desconhecida empresa RSJ, afiliada com Dmytro Firtash, ativos de titânio Mining Firtash. Ativos "Toxisity" confirmaram o futuro próximo.
As empresas "Ukrrudprom" foram vendidas em resultado de conluio entre os participantes da privatização, contou na reunião da comissão parlamentar sobre a privatização na primavera deste ano Igor Kolomoisky.
Por uma delas - minério de ferro de Kryvyi Rig - entre ele  e Pinchuk há demanda no Tribunal de Londres. Preço da questão - aproximadamente 2 bilhões de dólares. Este montante inclui o total de vendas e lucros de oito anos. Para efeito de comparação - as ações de todas as 11 fábricas, que faziam parte do "Ukrrudprom" em 2004 foram vendidas por apenas US$ 300 milhões.

Igor Kolomoisky dizia que as empresas "UKrrudprom" foram vendidas em resultado de conluio entre os participantes da privatização.
Outro papelzinho decisivo que mostra a "limpeza" de toda privatização ukrainiana sob a presidência de Kuchma, foi a "Kryvorizhstal", a qual, ainda candidato à presidência Viktor Yushchenko fez como um símbolo de sua campanha eleitoral.

Após vitória nas eleições Yushchenko provou sua inocência - "Kryvorizhstal" foi vendida bem mais barato do que custou. Verificou-se o recorde para Ukraina $ 800 milhões, pagos por Akhmetov e Pinchuk em 2004 - estão longe do preço objetivo da empresa. Depois de um ano e meio da escandalosa venda Laksmi Mittal pagou pela perla do aço ukrainiano $ 4.200.000.000 - cinco vezes mais que Akhmetov e Pinchuk (Pinchuk é genro do ex-presidente Kuchma - OK).
Verdade, em seguida nem Yushchenko, nem sua equipe, por algum motivo, não foram embora. (A expressão "não foram embora", muito usada pelos ukrainianos, significa que não foram afastados do cargo - OK). Mais que isso - o Estado não implementou o veredicto do Supremo Tribunal sobre a ilegalidade do processo da privatização da fábrica de ligas de ferro de Nikopol, comprado por Pinchuk. A decisão sobre a privatização da empresa em 2005 acusou Igor Kolomoisky.

Petro Poroshenko não tem nada para se gabar. Tudo o que foi vendido no governo Yanukovych, até agora permanece em segurança com os proprietários. A prometida deoligarquização permaneceu nas palavras. Graças aos tribunais, Akhmetov e Cia apenas legalizam o comprado durante o "governo criminoso".

Além da competição
Durante quatro anos no poder, Yanukovych conseguiu vender para mãos privadas uma série de empresas de energia.
Como sob Kuchma, os compradores eram "pessoas próximas ao imperador." Recordista - Rinat Akhmetov. Seu DTEK formalizou controle sobre três principais - "Ocidente", "Dnipro" e "Kyivenergo" e três de distribuição - "Crimeia", "Donetsk" e "Dniprooblenergo".
Com isto o apetite de Akhmetov não acabou.
Com Yanukovych DTEK tinha monopólio na exportação da eletricidade ukrainiana para países da Europa e fechou integração vertical, concluindo acordos de arrendamento e concessão com empresas estatais "Sverdlovantratsit",
"Rovenkiantratsit" e "Dobropillyavuhillya". (Os nomes das duas primeiras, são nomes compostos de localidades mais a palavra carvão e antracito, o terceiro é composto de nome da localidade mais a palavra carvão - OK), que fornecem à ukrainiana TEC (principal estação elétrica).

Assim o grupo de Rinat Akhmetov tornou-se monopolista absoluto em energia térmica, concentrando em suas mãos 76% do mercado.
Tarifas excessivas, estabelecidas pela NKRE (Comissão Nacional Regulatória da Energética), permitiram à empresa obter bilhões de lucros durante vários anos.
No CKM (System Capital Management), que integra os ativos de Akhmetov, não viram nada surpreendente em sua vitória.

"Se olharmos para "Dniproenergo" e "Zakhidenergo", parece que o preço que FDM apresentou para esses objetos, foi muito elevado. Nós já tivemos participação de ações: - mais de 25% em "Zakhidenergo" - mais de 40% em "Dniproenergo" e o que, nós não precisávamos participar da competição? Nós destruiríamos, para nos mesmos, o valor dessas empresas. Por isso nós fomos e compramos". - explica a lógica na entrevista aos "Comentários" o diretor geral da companhia Oleg Popov.

Migalhas do bolo energético alcançaram outros grupos.

Grupos VS Energy dos russos Alexander Babakov e Eugenia Hynera comprou do estado "Chernitsiobenergo" para si e Zakarpattyablenergo" - para o grupo de "indústria de gás" - parceiros de Dmitry Firtash. Aqueles "indústria de gás" adquiriram mais 75% de ações de Volynoblenergo" e CHPP de Kharkiv.
A "Associação energética Lugansk de Constantine Grigorishin que apresentava-se como parceiro de treino de DTEK em várias competições da FDM, sem problema comprou "Vinnytsyaoblenergo".
Mais um objeto saboroso - Generating Company  "Donbasenergo".  Como comprador público em agosto de 2013 apresentou-se o antigo parceiro de Rinat Akhmetov, Igor Gumenyuk. Após a Revolução da Dignidade houve evidências suficientes para afirmar que o verdadeiro dono da empresa - o filho mais velho do ex-presidente da Ukraina Oleksandr Yanukovych.
No momento da compra o preço era 1.100.000.000 UAH, paga por 25% das ações, parecia justo. Mas esta tese foi, facilmente, refutada. A questão é, que a tarifa não é regulada com o livre mercado, mas pelo Estado.
Assim, por exemplo, graças a tarifas e componentes de investimento, em apenas um ano, do momento da compra, o lucro líquido de "Donbasenergo" cresceu de 31 a 531 milhões de UAH. E, o pagamento pela empresa de energia de 719 milhões de UAH já não parecia desperdício de dinheiro.

Devido a ausência de uma concorrência real o valor da venda de energia ukrainiana estava próxima da original. Mas a sua justiça lindamente confirma o simples fato, no qual apontava aquela mesma Procuradoria Geral. Em fevereiro de 2012 o Estado recebeu 50% das ações de Zakarpattyaobenergo, 140 milhões de UAH. Em novembro já valiam 255 milhões de UAH. O preço inicial aumentou quatro vezes.

O que diferencia este leilão?

Tudo é simples. No segundo caso, decidiu lutar pelos ativos Igor Kolomoisky, que ignorou toda privatização de energia nos anos 2011 e 2013.

"Eu, por principio, não participei de nenhuma privatização sob Yanukovych" , - explicou depois o próprio Kolomoisky em uma entrevista no Canal 5. "Porque eu vi, depois dos primeiros passos, todas estas condições de concorrência, feitas a favor de um comprador, ou mais alguém fictício para fingir concorrência. Eu entendi, que participar disto não há sentido, e algum dia precisara devolver tudo".

Concorrência com conhecidos.

https://www.youtube.com/watch?v=XHMb9TLYIRQ

Com privatização sob Yanukovych, exceto Kolomoisky, ficaram fora mais dois proeminentes em energia - irmãos Igor e Grigory Surkis.
No entanto, ao contrário de Kolomoisky, eles tentaram.
A controlada pelos irmãos Surkis "Lvivobenergo" tentou participar no concurso da compra de empresa de energia de Vinnytsia mas, antes de competição recebeu recusa do FDM.
Após a derrubada de Yanukovych, Kolomoisky e irmãos Surkis tentaram retornar ao status-quo.
No início de 2015 eles apelaram contra a privatização de "Dniproenergo", "Zakhidenergo, "Dniproblenergo" e "Zakarpattyaobenergo". 
Jogar com les, tentou  Procuradoria Geral. Anda durante o período do procurador Vitali Yarema, o escritório apelou contra a privatização de "Donbasenergo". Com Viktor Shokin (substituto de Yarema) surgiram as reivindicações a "Dnipro-" e "Zakarpattyaobenergo."

A posição do procurador foi compreensível. 

Atos do Gabinete de Ministros e FDM, que definiram os termos da privatização, foram aceitos com excesso de autoridade e violavam alguns atos legislativos, para criar artificialmente, as condições para aquisição de ações de entidades pré-definidas.
Falando claramente- cortaram os indesejáveis com condições adicionais, que foram apresentados aos candidatos à compra. Prová-lo foi fácil. Como sob a presidência de Kuchma, todos os concursos sugeriam condições adicionais para admissão de participantes.
O exemplo mais notável - "Dniproenergo", O pretendente à compra, sob os termos do concurso, deveria, durante três anos produzir eletricidade não menos de 30% do empreendimento. No momento do anúncio das condições do concurso a este requisito respondiam as seis empresas de geração ukrainianas - "DTEK Vostokenergo", "Energoatom", "UHE", "Centrenergo", "Donbasenergo" e  "Zakhidenergo".

Distintos energéticos irmãos Igor e Grigory Surkis e Viktor Pinchuk - genro de Leonid Kuchma, em cuja presidência ocorreu a primeira grande venda de bens do Estado  (Sergey Tushinskiy, "FATOS".
Mas, cinco deles, no momento do acordo dos termos do concurso, permaneciam na propriedade estatal. Portanto, não poderiam participar do leilão. Apenas "DTEK Vostokenergo" de Akhmetov era, 100%, companhia privada. Como resultado, o vencedor do concurso, de apenas um participante, torno-se "DTEK Holdings Limited".
O que é isto se não restrições artificiais?
Mas com os argumentos de acusação a "Dniproenergo" concordou apenas o tribunal da primeira instância. DTEK ganhou o recurso.

O outro lado da medalha

Enquanto uma parte do órgão estatal demonstrou as irregularidades na venda dos bens do Estado, outra defendia sua legitimidade.
Respondiam a todas as reivindicações, exceto o comprador, o Gabinete de Ministros e FDM.
Em todos os tribunais, os órgãos estatais eram solidários com empresa-compradora e afirmavam, que não houve violações.
"Os réus e terceiros se opuseram à satisfação do pedido, observando que a venda de ações "Donbasenergo" teve lugar em conformidade com a lei" - a citação semelhante pode ser encontrada em todos os veredictos, publicados nos registros do Tribunal.
"Verdade Ukrainiana" visitou uma dessas audiências no tribunal. Em meados de novembro, o Tribunal Econômico de Kyiv verificava a alegação de "Business-Invest", associado com Kolomoisky, sobre abuso de privatização de "Dniprooblenergo" que foi comprado por Akhmetov. 
No tribunal, a empresa alegava, que a decisão sobre os termos da privatização, que o Gabinete Ministerial aceitou, primeiro pertenciam à competência, segundo, não estavam incluídos na agenda diária na reunião do governo.

Réus: representantes DTEK e FDM - coordenavam informações entre si durante a reunião, apoiavam um ao ao outro com argumentos e respostas corretas às questões do tribunal.
Apesar da determinação inicial, a procuradoria conseguiu apenas duas decisões provisórias em seu favor. O entusiasmo com que a agência lutou para o retorno de propriedade ao Estado, até outono deu em nada. Nos tribunais permaneceu apenas uma ação da Procuradoria Geral. Na próxima semana começará a reunião sobre "Dniproenergo" no supremo Tribunal Econômico da Ukraina.

Se as forças de segurança demonstraram sinais de luta na história de "Donbas" e "Dniproenergo", no caso de "Zakarpattyaenergo" que acabou comprado pelo parceiro de"Dmitry Firtash, o caso nem recurso gerou.

Como explicar tais mudanças e seletividade?

 O interlocutor no grupo "Privat" argumenta, que as demandas sobre a ilegalidade da privatização de "Dniproenergo" e da companhia do Transcarpathia, assinava não Viktor Shokin (procurador geral), mas seu vice, Vitaly Kaskiv. E, depois disso, na Administração Presidencial, entre eles teve uma entrevista.
Shokin disse que é melhor segurar o ímpeto, e referiu-se à decisão do topo - confirmou o interlocutor da procuradoria.
Petro Poroshenko, que na primavera falava com ênfase sobre a de-oligarquização e prometia, que com único Kolomoisky a questão não termina, publicamente manifestou-se contra re-privatização.
"Nós não pretendemos rever a privatização, apesar do pedido da sociedade", - enviando aos juízes mais que um sinal claro.
"Bankova (pessoal do governo) poderia ter usado a recusa da re-privatização para resolução de questões politicas", - reconhece um dos ex-regionais influentes.
Guerras primaveris das fortalezas de Akhmetov com o Ministro da Energia já passaram.
Planos de Akhmetov sobre a desestabilização da situação na energética ukrainiana, no SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) já empurraram sob o tapete.
Poroshenko não lembra mais sobre Akhmetov em seus discursos inflamados, e a palavra "deoligarquização" gradualmente desapareceu de seu vocabulário.
Nas eleições locais neste outono, a Akhmetov ninguém estorvou na tomada estratégica de Mariupol e Zaporizhzhia - o bloco de Petro Poroshenko não colocou candidato forte nestas cidades como alternativa aos dirigentes das emersas de Akhmetov.
"Nenhuma trégua entre eles não existe", afirma o interlocutor do círculo de Poroshenko, descrevendo a relação entre o presidente e o rico oligarca.
Apesar de uma fileira de falhas, Viktor Yushchenko pode incluir em seus ativos a revenda de "Kryvorizhstal", em resultado da qual o Estado foi capaz de ganhar um adicional de alguns bilhões de dólares.
A Petro Poroshenko, por enquanto, resta o orgulho pelo Instituto Militar de Pesquisa. 

***
Vídeo de uma localidade

https://www.youtube.com/watch?v=mcgsbWE1syA&feature=youtu.b

Região Pankivka, entre Lugansk, Shchastia e Stanytsia Luganska, antes da guerra era paraíso de Donets. Agora é controlada pela assim chamada "FSC". Casas destruídas, ou semi-destruídas e roubadas. Agora aqui vivem apenas três idosos.

Tradução: O. Kowaltschuk