sábado, 27 de dezembro de 2014

Neve negra em Donetsk
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)19.12.2014
Natália Hymeniuk

Não acender uma lâmpada apesar da escuridão, desligar a geladeira para economizar eletricidade. Ou não ter oito UAH (Hrevnia) para merenda escolar. Cessar tratamento de doenças crônicas, porque terminou o dinheiro para remédios... Trata-se não dos mais desprotegidos. Estes são os dias de vida na parte bloqueada.
Nos últimos meses, a maioria das mensagens dos não controlados pela Ukraina territórios no leste referem-se a locomoção dos exércitos russos, perseguição aos dissidentes, mortos por bombardeios, pseudo-eleições e comandantes de campo.
Quanto mais informações, sobre como vive a maioria silenciosa.
Jornalista da TV cidadã Natália Humeniuk passou uma semana em Donetsk, para entender por que as conversas sobre a catástrofe humanitária no Donbass são infundadas, quem e como vive em abrigos antiaéreos. Por que a maioria das pessoas não se atreve a sair de suas casas, e a decisão sobre a suspensão do pagamento das pensões e benefícios é frequentemente percebido como entrega de pessoas e território.

- Por que você deixa furar a fila?! - grosseiramente dia o motorista na entrada do posto de controle ao combatente da "DNR".

- O homem camuflado resmunga algo em resposta, mas não verifica os passaportes.

Perto disparam uma metralhadora. 
Os locais já não prestam atenção a isto - estão acostumados. Isto é ninharia comparando com "grad" (foguetes múltiplos) , obuses (arma para atirar pedras) ou morteiros que, em Donetsk ouvem-se constantemente, especialmente à noite.
Já não se importam com os sons.
Retirar as crianças, visitar os pais, trazer medicamentos, encontrar dinheiro, retirar o dinheiro, encontrar uma forma para pagar os impostos. Afinal, sobreviver e não enlouquecer também da incerteza. Tal é o cotidiano de pessoas comuns no território que proclamou-se como DNR (República Nacional de Donetsk).

Às vezes Donetsk parece um lugar completamente pacífico
Mas há casos, que com sua aparência mostram os horrores da guerra

Na cidade - de setecentos a oitocentos mil pessoas. Contaram pela amostra de consumo de pão: durante os principais ataques em agosto compravam o pão seiscentas pessoas.
No outono pessoas voltavam - aos migrantes em outras cidades é difícil encontrar trabalho e alugar habitação. Quando não há dinheiro, e a residência não está na principal linha de frente, este é o único lugar, onde, no inverno, pode sentir-e seguro. Isto não se aplica aos arredores do bairro de Donetsk, Kyiv, próximo do qual localiza-se o aeroporto. Lá, em algum lugar, constantemente, ouvem-se tiros de artilharia.

Vida nos porões

Na entrada do porão há a inscrição: "Refúgio cidadão. Não entrar com armas". 

Aos abrigos não entrar com armas. É proibido.
- Meninas, por que vocês estão tão pálidas. Precisa permanecer mais no ar fresco," dirige-se a avó às crianças. Desde julho ela vive no porão.
Dentro  - forte cheiro de remédios, umidade, sem ventilação, facilmente espalham-se epidemias.

Gente! Fechem a porta!!!
No cartaz: Gente! Fechem a porta!!!
O porão não foi concebido para longa permanência de muitas pessoas. Mas, aqueles que perderam a habitação, vivem aqui permanentemente. Há aqueles que vêm aqui apenas para dormir. E aqueles que correm para casa para banhar-se, porque, por exemplo, viver lá é impossível,  - estilhaçaram todos os vidros das janelas.
Uma vovozinha ainda usa os mesmos chinelos, com os quais no verão fugia da aldeia, onde havia confrontos. Seu filho dorme no porão, mas de dia trabalha na padaria.

Aqui dormem pessoas. Ao fundo - aquela vovozinha que, em chinelos, no verão fugia da aldeia, onde havia confrontos.
Ter um emprego no ocupado Donbass - é luxo. Quase todas as reservas em dinheiro as pessoas já gastaram. Até agora sobreviviam com vegetais das hortas, mas estes também já consumiram.

- Com o que vivemos? Gastamos, o que juntamos para nossa morte, - diz a mulher idosa que mudou-se ao porão com sua mãe.

Donetsk. Cinco meses no porão


Pessoas, com as quais me comunico, pela última vez receberam a pensão em julho, quando surgiram problemas com o tesouro.
Velhos, doentes, mães sozinhas com filhos pequenos - nem todos tem a possibilidade de deixar a zona da ATO para retirar o dinheiro. Para alguns - o dinheiro na conta não veio.
Aqueles que aqui ficaram não têm parentes em outras cidades. Então, para sair, não cogitam. A questão principal "Com que meios" e "Para onde?"
Na não controlada parte de Donetsk - Ukraina residem 700 mil pensionistas. De acordo com o jornal "Espelho da Semana", próximo a metade deles já legalizaram seus pagamentos para cidades próximas da fronteira, do lado ukrainiano. Sem meios para seu sustento, exceto os que já saíram, permanecem sem sustento 400 mil pessoas.
Água, produtos, roupas, cobertores, medicamentos aos moradores dos porões trazem os voluntários do grupo "Cidadãos responsáveis de Donbass", que, desde o verão, ajudam a população pacífica de Donetsk.
Eles recolhem dinheiro e levam à região a ajuda, fornecida pelas organizações internacionais - "Cruz Vermelha", "Pessoas em Pobreza" ("People in Need") da República Checa, Fundação Akhmetov cujos funcionários não podem chegar a áreas remotas das cidades da região. Também transferem dinheiro, o qual transferem aos cartões. Depois do bloqueio do sistema bancário e fechamento dos terminais isto também complicou-se.
Mesmo se reinscrever-se, para receber em dinheiro, precisa passar pelos postos de controle, pagar a gasolina.
Até a declaração do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, em Donetsk ainda trabalhou o "Oshchadbank" (Banco Econômico) e era possível pagar com cartão pelos produtos e medicamentos. A interrupção do trabalho nos terminais afetou os que ficaram para cuidar de seus pais inválidos, e a quem enviavam dinheiro os parentes e amigos.
Ao lado de dois hospitais sem funcionamento, vemos dois tanques com estrelas vermelhas. Ao lado dos moradores pacíficos, no porão vizinho estabeleceram-se militantes da "DNR": enquanto no mesmo prédio houver pessoas com armas, comida não trarão. A única razão segundo a qual "cidadãos responsáveis" podem ajudar Donetsk - é sua imparcialidade e decisão de não ajudar às pessoas com armas - nem aos militantes da "DNR", nem ao exército ukrainiano. Os carros de voluntários - anteriormente jornalistas, economistas, administradores, empresários eles não detém porque lembram, como eles retiravam os feridos nos dias mais sangrentos. Afinal de contas, quem mais pode fazer isto.


- E em Petrovsk já tem guarda nacional, não sabe? Mariinka é deles ? - pergunta o taxista.
As minas "Trudivski" na região de Petrovsk - periferia remota de Donetsk. Além Makiivka - vila entre as posições do exército ukrainiano e militantes da "DNR". Os bombardeios lá acontecem nos últimos cinco meses.

Abrigo próximo às minas "Trudovski" em Petrovsk na região afastada de Donetsk.
Construção destruída. Isto também são minas Trudovski.
Os micro-ônibus trafegam aqui apenas até o almoço.
A residente do abrigo antiaéreo explica que não consegue um emprego em outra região da cidade porque o retorno seria a pé. O mercado, em que trabalhou, sofreu durante o bombardeio. No outono vendia nozes, agora não há nada para negociar. - Isto - é um abrigo real no caso de uma guerra nuclear
entre União Soviética e OTAN. Nas paredes ainda estão imagens de ogivas nucleares americanas e francesas. No abrigo moram 70 pessoas. Muitos de Mariivka. A maior parte do tempo eles passam no sub-solo. Quando desligam a luz precisam cozinhar junto a fogueira, do lado de fora.

Prédio principal das minas "Trudovski" praticamente salvo do bombardeio
(Os quatro presidentes ukrainianos, desde a independência, nada fizeram para desenvolver na população a conscientização de nacionalidade e patriotismo após União Soviética. Nem sequer renomearam  as vilas e aldeias; preservaram os símbolos soviéticos e inscrições como esta: "Ordem da Revolução de Outubro. Mina Trudovskaia (Mina do Trabalho).  Não criaram estímulos para que as novas gerações aprofundassem e usassem o idioma ukrainiano, conhecessem a verdadeira história do povo ukrainiano, seus costumes, etc. Não houve obrigatoriedade ao uso do idioma ukrainiano nem no uso comercial. As TVs transmitiam no idioma russo (salvo alguma iniciativa própria) introduzindo costumes e preferências alheias. Os bons costumes antigos, em grande parte foram trocados por outros sem base moral. Tudo isto, consequência da sovietização,  facilitou o enriquecimento ilícito dos maiores vilões, e também o enriquecimento ilícito dos "amigos do rei", que se acostumaram a exploração do povo ignaro. Que Deus ajude e ilumine o atual presidente Petro Poroshenko, a conseguir melhorar, pelo menos um pouco, a situação na Ukraina. Por enquanto ele está tentando. A tarefa é gigantesca.- O.K.).
Num abrigo, no território da mina "Trudivska" os trabalhadores passam a noite. São trabalhadores que não aceitaram licenciar-se e, por vontade própria, continuam trabalhando. Todos os dias eles descem para bombear a água e o metano. Pagamentos não recebem desde agosto, então contaram apenas 20%.
Uma das mulheres prepara-se para ir a casa de penhores levar brincos de ouro. Pergunto por que não foi embora, e a resposta é a mesma - Para onde? Sua amiga não consegue retirar do território ocupado seu marido, inválido, deficiente.
No porão do prédio da mina, anteriormente praticavam ensaios. Agora aqui vivem, principalmente, mulheres idosas.

Vovozinha Valia e tia Olhia vivem da ajuda humanitária. Aqui elas dormem e realizam aniversários.
- Oh, que horror, quando bombardeiam: agosto, setembro, outubro... Enquanto voltávamos, começaram maiores bombardeios, precisamos correr, - diz a vovozinha Valha.
Sua vizinha Olhia explica, que não faltam motivos para sentir medo ao caminhar pela rua: certa vez a onda da explosão trouxe-a junto da cerca. "Ainda bem que só a roupa rasgou", - diz ela.
As mulheres alegram-se com a ajuda, mas envergonham-se por viver assim. À vovozinha Valha até julho trazia o dinheiro a funcionária do correio. Ela tem cartão do banco, mas ela não sabe como retirar o dinheiro.
Ou faço mingau, ou compro pão, e mais nada não vejo. Preparo uma sopa rala para não morrer de fome, - diz a avó Valha. Olhia continua. Ontem celebramos meu aniversário. Cozemos batata, cortamos cebola, misturamos massa de tomate e comemoramos. Em compensação vivemos com amizade, como uma família. Compartilhamos tudo o que temos. 
A mulher nos leva até a varanda e observa o parque coberto de neve, junto à Casa da Cultura, onde trabalha , e agora vive.

- Como é bonito, apenas olhe. Nós temos esta beleza também no verão e outono. Esperamos que a paz retornará. 

A espessa camada de neve próximo ao prédio cobriu máquinas e crateras.


Próximo ao hospital psiquiátrico na Petrovska - neve negra e cinzas após bombardeio.
Novamente estouraram janelas, nas quais penduram cobertores e travesseiros os maridos das colaboradoras. Aquecimento não há. No andar acima fumaça espessa. No lado dos homens instalaram o fogareiro.




No lado das mulheres as pacientes - maioria vovozinhas - mudaram para arrendada. 
Comida para os doentes os funcionários trazem de casa.
No verão, temporariamente, transferiram o hospital para outra região de Donetsk, mas lá não há condições para os doentes mentais. O chefe do departamento masculino diz que os amigos, há muito o chamam para Kyiv, mas ele não consegue deixar os pacientes. Na verdade, muitos de seus colegas deixaram seus departamentos. Esta é decisão pessoal de cada um.

- Nós estamos trabalhando, apesar de não recebermos pagamento - explica o psiquiatra. - Esta é também uma forma de não enlouquecer. Pessoas com stress, terrivelmente confusas. O trabalho lembra que nem tudo está perdido, e a vida normal é possível.

Makiivka 

"E o que eu preciso? Apenas luz na janela. E o que eu sonho? Que a guerra terminou," toca o rádio no carro. De vez em quando a música é interrompida pelas notícias em ukrainiano. FM Trabalha, mas mensagens direcionadas para residentes fora da área de controle não tem.
Entre centenas de cartazes "em nome da República" e imagens do principal comandante Zakharchenko, acontece a publicidade dos jornalistas do "Novo Tempo".

Entre centenas de imagens do principal comandante Zakharchenko avistam-se cartazes antigos.
Postos na cidade trabalham, apenas estão cercados por sacos de areia
.

Se não fossem as pessoas de uniforme, parece tudo como de costume. Em Makiivka onde antes da guerra viviam 350 mil, relativamente calmo, não há destruição, bombardeio longe da cidade. Voluntários visitam famílias com necessidades especiais: mães sozinhas, idosos ou doentes.

Batatas, repolho, beterraba, trigo mourisco, óleo e arroz - tal pacote de alimentos durará três semanas. Ainda tem fraldas e remédios. Pela ajuda humanitária, que traz Fundação Akhmetov, precisa ir a Donetsk. Isto custa 30 UAH, que não se tem, e ainda precisa entrar na fila de madrugada. (Akhmetov, empresário, é a pessoa mais rica da Ukraina, multimilionário).
Moradora de Makiivka, Natália, no escuro preenche os documentos que comprovam o recebimento da ajuda humanitária (Tal declaração exige UNICEF, que enviou o kit higiênico). A lâmpada ela não liga para economizar energia. Comida da geladeira desligada próximo a janela. A mãe da Natália é deficiente - esquizofrenia. Do hospital recebeu alta no verão, sem concluir o tratamento. Os remédios são caros - 500 UAH por 10 ampolas.
Svetlana tem três filhos, dois bem pequenos.

Filho da Svetlana
 Disseram-me que eu não tenho direito ao pedido, há pessoas em situação muito pior. Mas, trabalhar como antes não posso - turno da noite. De repente o bombardeio, as crianças estão sozinhas. No verão ainda era fácil descer ao porão, agora até agasalhá-los... Então sento e penso: ir embora com a esperança que pagarão algo? E se não pagarem? Ficar em suas paredes, sob bombardeio? sem dinheiro? Se, pelo menos , não houvesse bombardeio, - diz ela. Até agora a família alimentava-se da horta de seu pai, mas os produtos estão acabando.

Vídeo: História de três famílias:  https://www.youtube.com/watch?v=lGVPTkTH0gI

Outra Natália em licença de maternidade. A filha tem apenas 10 meses e o filho está na primeira série. Cria os filhos como mãe pensionista. Fundos às crianças não recebe desde o verão. Parentes em cidades pacíficas não tem.
Sua mãe, há um mês foi a Dobropilia, para transferir as pensões: pagou 200 UAH pelo trajeto, mas resposta ainda não veio. O filho continua na escola, as escolas funcionam. Lá continuam ensinando o idioma ukrainiano. Por inércia.

As escolas em Donetsk funcionam. Aqui continuam ensinando o idioma ukrainiano.
Os militantes, que declararam aqui o poder, controlam os edifícios governamentais e o território, mas em geral não tem nenhuma relação com a administração.
Pergunto se veio ajuda humanitária da Rússia. As pessoas não a viram. Os voluntários dizem que os comboios russos destinam-se apenas a "milícia" e suas famílias (Isto é, aos bandidos que vieram para apoderar-se do território ukrainiano - OK).
Às vezes, os da "DNR" distribuem pão, mas isto é feito ao acaso. No hospital de Makiivka afirmam, que às enfermeiras pagam 500 UAH (Se for por mês é quase nada - OK), aos médicos mais. Os médicos na guerra são necessários a todos.
Transferir a responsabilidade para o pagamento de fundos públicos para pessoas que com armas conquistaram o poder, na verdade é reconhecê-los. Como reconhecer que estas pessoas alguém escolheu, apesar de que nós sabemos, que a maioria das pessoas não compareceu às tais eleições, - diz um dos professores da Universidade de Donetsk. Sua universidade transferi-se a uma das cidades libertadas de Donetsk. Ele, por sua própria conta, viaja para ministrar aulas no território controlado pela Ukraina. Seu filho está preso na cama, então não é possível sair de Donetsk. O nome nos não citamos - esta pessoa tem apoiado, sistematicamente, a unidade da Ukraina e faz o possível por isto, dentro de suas forças.
Seu colega conta que, quando telefonava para o Fundo de Pensões em Mariupol, para saber, aonde deve chegar uma pessoa idosa, que decidiu viajar e re-registrar a pensão, (No território ocupado não recebem mais as pensões. Os pensionistas devem sair, mudar-se ou viajar todos os meses ao território sob o governo ukrainiano para receber a pensão - OK), pelo telefone a enviaram a Yatseniuk (primeiro-ministro), e os inválidos à Cruz Vermelha (Esta informação somente pode ter sido dada por pessoa simpática aos ocupantes ou um mau funcionário. Este tipo de gente não trabalha pelo bem da Ukraina, nem pelo bem do cidadão necessitado-OK).
Sim, existem viagens de ônibus para pensionistas, mas nem todos os pensionistas podem permitir-se a elas. Durante o re-registro exigem documentos adicionais, como a confirmação de residência. Os re-registros devem ser rápidos porque os ônibus precisam voltar antes do início da hora de recolher.

Pessoas leais a Kyiv, com as quais me comunico, explicam que a decisão do Conselho de Segurança, e também a cessação do sistema bancário foi percebida como renúncia a seus próprios cidadãos. As conversas sobre o não pagamento de impostos são revoltantes. (A situação é, realmente, complexa. Kyiv alegou que não poderia, simplesmente, financiar a guerra contra si próprio. Não podemos esquecer que grande parte da população de Donbass sempre foi simpatizante da Rússia. Por outro lado, o país está esgotando os últimos recursos com esta guerra no Donbass, que ainda possui apoiadores entre os próprios moradores de Donbass - OK)

Pela estatística, os impostos de pessoas físicas diminuíram em 18,6% em relação ao período 2013. Então, apesar de menos, a população continua pagar. No período julho-novembro para os orçamentos locais detidos pelos separatistas, entrou 608 mil UAH. Do contrário os negócios cessariam. 
A economia do Donbass é inseparável do restante do país, mas na a região, já a muito trabalham com pagamento antecipado. Comprando bens ukrainianos, as pessoas também pagam imposto sobre o valor agregado.

O dia-a-dia da guerra

Em um dos supermercados - longas filas. É preciso esperar três a quatro horas. Até a pouco tempo aqui havia terminais, então era possível pagar com cartão.

Fila no Supermercado - às vezes esperam 3 horas.
- Qual o valor da UAH? - pergunta alguém dos compradores assustado, quando vê carrinhos com pão, água e cereais, comprados pelos voluntários.

- E como é na sua casa? Ouvem-se muito as explosões? - fala no telefone a vendedora enquanto pesa o repolho e beterraba.

- E como eles se estabeleceram? E quanto pagam pelo apartamento? - pergunta alguém atrás das costas.

Um homem, em camuflagem, no carrinho de produtos leva uma criança. 

No hotel, onde se hospedam os jornalistas, convidam para a festa do "Beaujolais Noweau" (É a comemoração do novo vinho, quando é feita a degustação. Normalmente dura alguns dias. Originou-se em Borgonha).

Há restaurantes em Donetsk, onde está tudo bem com Beaujolais
"No restaurante - novos pratos com codornas por 140 UAH". Este local apreciam os senhores da guerra, que fumam marguilé. À noite sentam-se com eles lindas meninas. Na entrada podem ser vistos Jeeps com números de placas: "Magnata", "Kharon" (Significa imagem com aparência de idoso que atravessa as almas dos mortos através do rio após a morte. - OK) e "Bomj" (pessoa que não tem local certo de moradia - OK).
Aqui negocia Volodymyr Ruban (dirigente do Centro de libertação de prisioneiros ukrainianos). Neste local, de longe, não são os mesmos "denerivtsi" (de "DNR") que estão nos postos de controle ou viajam nos ônibus "Khartzyzk - Donetsk". Pela cidade transitam comboios de caminhões sem placa. (Os novos-ricos já se estabeleceram para sugar o povo - OK).
A fase primitiva da ocupação, parece que já passou - é mais ou menos claro o que, quem ocupa. Falam sobre aprimoramento, mas isto não é visível. Faz sentido tomar de aqueles que possuem algo significativo. À maioria das pessoas isto já não é aplicável. Aos voluntários aproxima-se um dos comandantes da unidade "Oplot" com algumas mulheres. Procuram cinco combatentes, que desapareceram após interrogatório com Zakharchenko. Os voluntários explicam que não são como os homens em camuflagem.

A auto- proclamação da "DNR" formalmente existe. Ao invés da ODA (Administração Estatal Regional) , o assim chamado governo "república". Em vez de departamentos - "ministérios". Mas é difícil dizer o que eles tem a ver com a vida das pessoas e, pelo menos, com algumas ações administrativas? Eles - pessoas com inventadas posições e armas nas mãos. 

Na estação sul tem filas. Daqui pode-se ir a Konstantynivka, onde dá para mudar ao rápido trem para Kyiv ou Kharkiv. Saída para território pacífico.
A ligação para Kyiv pela estrada de ferro direta, de Donetsk a Kyiv, está interrompida, portanto, toda a carga é para os ônibus e micro-ônibus ou táxis. Apesar das conversas sobre enormes filas, não se espera mais de uma hora. A estrada segue pelo desvio para não passar próximo do aeroporto, onde as lutas continuam.
Para controle entra um representante da "DNR" e não olha os passaportes. Após alguns quilômetros os fronteiriços ukrainianos verificam cuidadosamente os documentos dos homens e perguntam sobre a finalidade da viagem.

Mais algumas dezenas de pessoas deixaram o território ocupado.

(Fotos da autora.)

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 23 de dezembro de 2014


    Feliz Natal!



   Aos leitores deste blog desejo um Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

  Que 2015 transforme suas esperanças em realidade e que o menino Jesus abençoe a todos.

   O. Kowaltschuk

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Migrante de Donetsk Stanislav Fedorchuk. Constantemente luto com o sentimento de inutilidade.
Ukrainska Pravda Zhyttia, (Verdade Ukrainiana Vida) 03.12.2014
Mariana P'yetsukh

Desde 01.12.2014 Ukraina suspendeu os pagamentos da previdência social nos territórios ocupados de Donbass. Aquele que pretende continuar o recebimento da ajuda estatal deverá deixar o território da "DNR" (República Popular de Donetsk).

No entanto, condições adequadas aos imigrantes, em seus meses de guerra no Donbass, o Estado não criou. Moradores de baixa renda no Donbass têm medo de ir a lugar nenhum, permanecendo sós com riscos mortais, e agora sem fundos. E aqueles que fugiram de suas casas, não tem garantias, que receberão pelo que contribuíram durante anos devido a burocracia de pagamentos.

A grande família do ativista, cidadão de Donetsk, Stanislav Fedorchuk, 33 anos, já por vários meses luta com o sentimento de desesperança e inutilidade.

Embora até o forçado escapamento, a maioria dos anos de vida, esta família dedicou à luta por um Donbass ukrainiano. Apesar do assédio constante do ambiente político de Donetsk, Stanislav, com seu pai, professor de história da Ukraina, conduziu e coordenou inúmeras ações pró-ukrainianas.

Uma das velhas frases favoritas de Stanislav: "Ser um patriota em Lviv é fácil, mas tente em Donetsk".

Apesar da constante sensação de "ovelha negra", mudar-se para algum lugar Stanislav não queria - até 22 de janeiro, quando durante um comício, no centro de Donetsk, ele e seu pai foram brutalmente espancados.

Para escapar das constantes ameaças, com sua esposa e filha recém-nascida, temporariamente escondia-se na Geórgia. Na primavera voltou para Ukraina, devido a um problema diferente - doença grave de sua esposa. Para tratamento pediam ajuda ao mundo todo.

Ainda mais - a família Fedorchuk perdeu sua própria casa. Pois retornar a Donetsk já não podia. Stanislav encontrou seu nome na "lista de queima" dos terroristas, como "maligno banderivets" (banderivets - seguidor de Bandera, pessoa que organizou um movimento para libertar Ukraina do domínio russo anteriormente a Segunda Grande Guerra Mundial e erroneamente esperava ajuda alemã para isto. Foi preso e enviado à Alemanha, pelos alemães, onde foi assassinado por um ukrainiano a mando da Rússia - OK).

No inicio ficou em Kyiv, onde sua esposa foi tratada. No meio do verão mudaram-se para Lviv. A capital da Galícia - quase nativa. Ao longo dos anos foi frequentemente bem vindo visitante. Participava de muitas conferências, mesas-redondas sobre a unidade do leste e oeste.
E foi em Lviv, que no ano passado apresentou o seu próprio livro "Desmontagem da hipocrisia", sobre diversas particularidades de Donbass e desdouro dos estereótipos sobre o país dos mineiros (Donbass - região de muitas minas _OK).

Também há um ano iniciou a pós-graduação no Instituto da Academia Nacional de Ciências da Ukraina, onde continua até agora.

Por alguns meses os Fedorchuk, enquanto procuravam uma casa, moravam com seus amigos. Mas não encontraram moradia. Nos últimos meses, o antigo caloroso e acolhedor Lviv tornou-se estranho e frio. A maioria dos arrendatários de imóveis não quer nem ouvir sobre inquilinos de Donetsk. Em dois meses Stanislav procurou trinta corretores, todos sem resultado.

"Tentando encontrar algo fora da cidade, foram a 25 km , à cidadezinha Biberka. Lá, ele e a esposa espalharam anúncios pessoalmente e postaram anúncio no jornal local. Telefonou apenas uma pessoa. Propôs uma casa inacabada, com cozinha e dois quartos. A nós, infelizmente, não serviu, porque eu trouxe meus idosos pais e a primeira esposa com nossa filha comum", - diz Stanislav.

Atualmente os Fedorchuk vivem além de Lviv, num motel, cedido gratuitamente pelo proprietário aos migrantes. Mas até o final do ano todos devem sair: o estado não compensou ao proprietário, nem as despesas dos custos comunais, então, financeiramente, a ele é difícil manter todos.

Apesar de que os velhos amigos permanecem leais e apoiam os Fedorchuk, pela primeira vez em toda sua vida Stanislav sentiu-se estranho não apenas em Lviv, relutantemente vivendo além de seus limites, mas também na Ukraina.

Na Georgia havia um plano claro de ações... aqui o diabo quebrará a cabeça.

O governo suspendeu os pagamentos, mas deu tempo para deixar o território ocupado, aos que queiram continuar o recebimento dos fundos públicos. O que mais poderia fazer, de seu lado, para um processo indolor deste processo? Afinal, todos entendem, que enviar dinheiro aos territórios ocupados - é realmente a lugar nenhum.

- Para o início precisava criar condições para que as pessoas não tivessem medo de vir para cá. E mais, para que essas pessoas, nas condições de guerra, se tornassem sustentáculo do poder, não seu fardo, como se dissessem, eis aqui sua ajuda mínima e deixem em paz.

Por exemplo, localizar famílias exemplares, disponibilizar-lhes moradia e ajudá-las a encontrar emprego. E mostrar a toda Ukraina - não temam a mudança, aqui terão casa e alimento, mas abandonem os territórios ocupados, não sejam escudo vivo para os terroristas.
Isto é, precisa estabelecer um precedente, quando sair - não significa tornar-se um suplicante com saco nas costas, é apenas uma mudança de residência para redução de riscos.

Não precisa esquecer, que apenas em Donetsk vive 30 mil pessoas com deficiência, que não são capazes de deixar a cidade independentemente. Precisa obrigar o Ministério de Emergência da Ukraina distribuir folhetos indicando contatos para evacuação de inválidos. Para que eles saibam que não morrerão de fome e frio. Tudo é possível, afinal os voluntários, de alguma forma os retiram. 
(Parece que toda ajuda à população caiu "nas costas" somente de voluntários - OK)

E o principal. Sobre que tipo de bloqueio econômico nos falamos, e qual, realmente é forma eficaz de combate ao terrorismo, se do território da Ukraina livremente entram ao território da "DNR" combustível e lubrificantes?
Eu publiquei documentos do assim chamado Ministério Energético da "DNR" onde se tratava da entrega, em setembro, de 24 tanques de quarenta toneladas a Makiivka. Ou seja, estes tanques entraram pelos pontos de controle ukrainianos. E como é a atividade do reabastecimento no território da "DNR"? Isto não é apenas apoio às máquinas de combate aos terroristas, mas também o pagamento de impostos ao governo terrorista.

Mas, será que é real nas condições de guerra, e crise econômica realizar as necessidades de todos, incluindo os migrantes. Os potenciais migrantes tornaram-se reféns da situação, ou aqui, realmente há sérios erros do governo?

Se seguir a experiência da Geórgia, lá foi criado um ministério central com dois departamentos, que se ocupava exclusivamente com migrantes. Na Ukraina, quem responde por eles, o diabo quebrará a cabeça.
Além disso, na Geórgia havia um plano de ação claro, no qual determinaram aproximadamente 40 direções de ajuda para pessoas deslocadas, iniciando com a construção da habitação, criação de emprego, nova qualificação profissional, mini-bolsas para seus negócios, e assim por diante.

Sim, lá houve um considerável apoio internacional - mas ele houve porque lá havia um claro orçamento para programas concretos. E aqui, como aqui - "deem para nós alguns bilhões para os migrantes". 


Agora nem sequer temos um representante político nos territórios ocupados de Donbass, como tem os crimeanos, cujos interesses representa Mustafa Jemilev.

Por alguma razão aqui pensam que eu deveria vir nu e descalço, ficar de joelhos e constantemente agradecer por tudo..

No início da guerra houve um grande apoio por parte dos ukrainianos comuns, mas em certo momento o apoio transformou-se em rejeição pura e simples às pessoas de Donetsk. Quais são as razões em sua opinião?
- Para que os demais ukrainianos não tenham medo dos de Donetsk, é necessário controle no seu deslocamento. Segundo dados consolidados mais recentes, de 460 mil migrantes da Criméia e Donbass apenas 224 mil estão registrados, o restante deslocou-se na Ukraina de forma incontrolável, mas numa guerra isto é inaceitável. Eu tenho a informação, que os terroristas, para suas guarnições, compram livremente gêneros alimentícios no território de nossas províncias.
Portanto o registro e recebimento do status de temporário deve ser obrigatório, incluindo encontro na estação com verificação de documentos. Em resultado os locais não sentirão tanto medo em apoiar os migrantes.
- Mas o motivo da pouca simpatia não é apenas o medo, mas também a experiência negativa com eles. Pessoas de Donetsk frequentemente são chamadas insolentes, preguiçosas, aproveitadoras. Como muitos dizem, eles não querem trabalhar, mas ficam sentados bebendo cachaça, enquanto os locais vão lutar e morrer pela terra deles.
- Um dos motivos - é a guerra de informação nas redes sociais e uma imagem negativa dos migrantes na mídia tradicional. 
Um exemplo banal. Depois de uma história de horror sobre os migrantes, eu contactei com a autora na rede. Apresentei-me e pedi os detalhes. No início ela não respondeu, depois me bloqueou. É claro que esta história foi uma provocação encomendada.
Por que esta onda é apoiada pela mídia convencional? Provavelmente porque há demanda, como em qualquer escândalo. Em Lviv um dos canais da TV popular teimosamente persiste formar a imagem dos migrantes como pessoa desfavorecida, perigosa e propensa a um comportamento anti-social.

Em resposta eu propus aos jornalistas de Lviv uma relação de aproximadamente 40 migrantes, que vivem aqui, com os quais seria interessante comunicar-se, os quais poderiam mostrar o outro lado de Donbass. Mas, por alguma razão não houve reação.


Além da recusa de alugar uma casa, como você ou sua família experimentam as consequências de hostilidade?
Regularmente tenho questões com funcionários, e ouço deles certas estórias sobre elementos anti-sociais, baseadas em sua experiência negativa com certos grupos de migrantes. Mas, é claro, que em cada família há seus problemas. Nas comunidades de Donetsk, como nas comunidades de Halychyna (Galícia) tem famílias que bebem ou comportam-se com arrogância.

A história mais extraordinária, com certeza - é o programa da TV, em que os funcionários do nosso motel ressentiam-se, eles diziam, aqui vivem pessoas ricas, porque eles tem laptop, mas eles ainda querem viver de graça e pedir ajuda ao governo. 
Que você tem duas crianças, dois idosos e todos dependem de você, não é levado em conta. Como também que o laptop - é uma única possibilidade de alimentar a família, porque eu escrevo artigos analíticos para mídia. Mas, por algum motivo aqui pensam que eu deveria vir nu  e descalço, ficar de joelhos e constantemente agradecer por tudo.


Fiquei surpreso ao ver nas cidades galegas pessoas bêbadas.
- Ainda assim, em sua opinião, há uma diferença mental ou diferente visão de mundo entre os de Donetsk e o restante dos ukrainianos, ou, no seu caso entre Donetsk e Galícia? Será que a tese da falta de cultura dos moradores de Donetsk originou-se apenas da mídia, e não a partir da experiência das pessoas, que constantemente recontam histórias diversas?
 Os "Donetski" não é que têm "menos cultura" - eles tem a sua própria idéia sobre cultura de comunicação, descanso, e muitas coisas diferentes. Mas eu direi, que na Galícia eles se encontraram em um ambiente totalmente novo. Eu fiquei surpreso, por exemplo, ao ver nas ruas de muitas cidadezinhas, à noite, pessoas bêbadas. Para mim isto foi uma descoberta desagradável. E isto não era em "Donetsk"
Há uma semelhança interessante entre habitantes de Donetsk e Galícia. Ambos são muito apegados à sua pequena pátria, acreditando, que de alguma forma o lugar da residência caracteriza as pessoas. E uns e outros consideram-se, principalmente, galegos, ou "donetski", possivelmente jactam-se com isso. E uns e outros votam nas eleições não pelos programas políticos, mas pelos partidos e candidatos "seus".

Se falar sobre a diferença, então, primeiramente, é a influência religiosa. Na Galícia as várias denominações cristãs têm um maior impacto na vida diária das pessoas. Segundo, Galícia faz fronteira com Europa, portanto, o estilo de vida europeu aqui adotaram primeiro. Também na Galícia a grande indústria começou morrer primeiro. Considerando o fator do grande território rural temos resultados de altos níveis de auto-emprego. O próprio negócio - é a auto-suficiência e não a espera de esmolas do Estado. É uma outra filosofia de vida.

Em sua opinião, essas diferenças são globais, por isto, elas poderão ser um obstáculo para muitos anos?
- Deve haver um certo trabalho informativo com a população. Não apenas através dos meios de comunicação, mas deve realizar-se um trabalho de integração de pessoas nas comunidades locais. A integração começa apenas quando as pessoas estão mais ou menos protegidas no plano material, não recém-chegados. Por que a sensação que constantemente tentam sufocar - é a sensação de coisas superficiais. Eu não quero me acostumar com o papel de suplicante, eu mesmo costumava ser responsável pela minha família e sua abundância. Mas assistência não há nenhuma.

O exemplo é o meu pai. Ele trabalhou toda sua vida nas instituições de ensino, seus alunos ocupavam altos lugares nas competições regionais e nas olimpíadas nacionais. Para aposentadoria lhe faltam seis meses. Mas ele tem direito a uma pensão já agora pelos anos trabalhados. No entanto, no fundo de pensões em Lviv, negaram. Disseram para voltar daqui a seis meses, como se ele tivesse tempo e oportunidades financeiras esperar por estes seis meses.
Ele, também, tentou arrumar um emprego. No centro de ocupação em Lviv lhe propuseram uma vaga que já estava fechada. Candidatar-se oficialmente a uma "bolsa de trabalho" para receber durante seis meses o salário mínimo legal, também não pode. Apesar de que, ele regularmente pagava a mensalidade do seguro para financiar o desemprego. Para o país ele não é desempregado. Seu contrato de trabalho está na ex-primeira escola de Donetsk Nº 65. Para o país ele é "buscador de trabalho".
Todas as recomendações reduzem-se a papai ir a Donetsk, escrever um pedido de demissão, obter a ordem laboral. Mas o fato de que os parentes dos indicados para fuzilamento, frequentemente matam no primeiro checkpoint, a ninguém importa.
Portanto, nós precisamos pedir para receber o auxílio estatal para pessoas deslocadas, no valor de 400 "hryvnias" por mês ( Um dólar vale cerca de 15 - 16 "hryvnias" - com muita economia talvez dê para 15 dias - OK) para uma pessoa apta ao trabalho. Embora o pai não precisaria recebê-lo, poderia trabalhar ou se aposentar.
No entanto, o governo, segundo meu entendimento, aceitou a decisão de não considerar estas pessoas desempregadas. Desta forma economiza dinheiro, isto é, não o dará do orçamento protegido, mas inventou este pagamento de 400 "hrevnias" para todos, sem discriminação.

Por enquanto há uma possibilidade de servir ao Estado ukrainiano - ignominiosamente ou gloriosamente morrer na frente.

- Você falou sobre o sentimento de "inutilidade". Não procurou possibilidade de emigração?

- Tais pensamentos às vezes me perseguem. Francamente direi, estou um pouco cansado da Pátria. Apesar de todo patriotismo e devoção eu não quero estar na situação de solicitante.
Todos compreendem, que com aquelas 400 "hryvnias" a questão não se decide, como também compreendem que a guerra continua e dinheiro não há. Iniciar um negócio próprio nas condições da economia não formada, também é irreal. Então agora minha tarefa - defender minha tese, e em seguida decidirei algo. Talvez ajude Ukraina do exterior.

- Você tem ressentimentos a Lviv e Ukraina em geral. Ainda assim, você faz muito pela luta da democratização da Ukraina.

- Ressentimentos não há. Há esperanças desperdiçadas. Eu espero que haja um pouco mais de paciência.

E tolerância?

- A palavra tolerância aqui é inadequada. Toleram algo ruím, que ultrapassou os limites. Aqui é outro caso. Se mais uma vez citar o exemplo da Geórgia, onde 6% da população tornou-se forçada emigrar, não houve tais conflitos, que alguém censurasse outrem: Como você pôde deixar sua terra, e não morreu por ela? Tais discussões, em geral, não houve.

- Você muitas vezes é criticado por não lutar por Donetsk, mas você frequenta as aulas, enquanto outros homens lutam na guerra? Como você explica sua não participação nas hostilidades pelo torrão natal?

- No Facebook várias vezes me escreveram e me xingavam, diziam onde devo ir e o que fazer. 
Sim, provavelmente eu tenho mais razão de lutar, que os outros, porque já sou reconhecido como inimigo da "DNR". E sete gerações de meus antepassados estão agora na terra dos territórios ocupados. Eu não fugi da frente - mas eu quero entender, quem vai responder por meus filhos, por meus velhos pais, enquanto eu estiver lá? E, se o país vai alimentá-los, se eu não voltar desta guerra?
Lembro de uma história recente sobre meu amigo e próximo, Yurii, ele também era ativista pró-ukrainiano de Donetsk. Antes de ir para frente, ele dirigiu-se ao vice-prefeito de Kolomeia, com quem tinha amizade, para que este o ajudasse com alojamento temporário de sua irmã, com marido e filhos. O funcionário disse que ajudaria a irmã com as crianças mas o marido que fosse a guerra. Yurii explicou que de sua família ele vai guerrear, e alguém deve ficar e cuidar da mulher e das crianças, O vice-prefeito recusou.
Essa conversa foi no início de agosto. O amigo foi para a frente, e depois de uma semana de treino foi para "caldeira de Ilovaisk". Agora é considerado desaparecido, embora já lhe atribuíram o prêmio  "Pela coragem" de III Grau, postumamente.
Eu lembro da dor que ele sentia quando me contava esta história. Porque apenas queria proteger sua família da guerra...
Interessante, como agora dorme este funcionário, e que direito moral ele tinha para dizer a pessoa o que ela deve fazer, a qual já sacrificava sua vida pela Ukraina e nação ukrainiana?

No momento, aqui há uma oportunidade de servir ao Estado ukrainiano - ingloriosamente ou morrer gloriosamente na frente, sem nenhum remorso por parte dos generais.

Entrevistado por Mariana P'yetsukh especificamente para Verdade Ukrainiana Vida.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 21 de dezembro de 2014

Trabalhadores ukrainianos serão expulsos da Rússia?
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 15.12.2014
Omar Uzarashvili

Vingar-se pela derrota militar e política os russos decidiram sobre os trabalhadores comuns.
"A partir de 01 de janeiro de 2015 os trabalhadores ukrainianos, que constituem o principal número de estrangeiros, trabalho sem patente não obterão. Além disso, nós vamos observar o prazo de permanência em nosso país - 90 dias durante seis meses - mais rigoroso", - ameaçou os trabalhadores ukrainianos em sua entrevista à Gazeta Independente o primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev.

O primeiro-ministro advertiu, que aos cidadãos da Ukraina os guardas de fronteira, de agora em diante, vão colocar-se "com maior atenção". Ele também observou que a muitos ukrainianos o trabalho na Rússia é - "a única fonte de sustento". De acordo com dados oficiais do Serviço de Migração da Rússia, oficialmente, com patentes de trabalho, na Rússia, atualmente trabalham quase 400 mil ukrainianos mas, no transcorrer deste ano à Rússia vieram para trabalhar mais de quatro milhões de trabalhadores comuns da Ukraina.

O quanto estes números correspondem à realidade, é impossível verificar. No entanto, não é segredo, que muitas equipes de construção da Ukraina Ocidental (especialmente do Transcarpathia e Bukovyna) trabalham em canteiros de obras na Rússia. Em tempo, na Ukraina até apareceram "brigadas" criminosas que exploravam os trabalhadores. Exigiam "tributo" nos trens que traziam os trabalhadores ukrainianos de volta para suas casas na Ukraina. Muito dinheiro dos migrantes foi deixado nos bolsos dos corrompidos guardas de fronteira e aduaneiros ukrainianos.

As ameaças de Medvedev não devem ser consideradas apenas como ameaças. Na véspera da guerra russo-georgiana de 2008, quando na Rússia iniciou-se a histeria anti-georgiana, dos territórios deste
país, começaram deportar à Geórgia não apenas pessoas com passaportes georgianos, mas também cidadãos russos de origem georgiana. Os georgianos, então, eram pegos diretamente nas ruas, pelos policiais russos, colocados nos aviões de carga e enviados para Geórgia (Este é o procedimento do país que se diz irmão? - OK).

Muitos empresários russos, envolvidos com negócios de construção, consideram que os trabalhadores ukrainianos são indispensáveis. Os próprios russos não aceitam os mal pagos, como eles consideram, trabalhos, e os "ostarbaiteres" (Definição adotada pelo Terceiro Reich ao referir-se à pessoas traficadas da Europa Oriental, ou de países que se tornaram soviéticos até setembro de 1939 e que eram utilizadas como mão de obra gratuita ou de baixo pagamento (1942 - 1944).  
Os trabalhadores da Ásia Central não têm qualificação necessária.

Abster-se da perseguição em massa, de ukrainianos, pela Rússia, deve forçar a decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, aprovado em julho deste ano, segundo demanda da Geórgia. Analisando esta demanda o Tribunal de Estrasburgo estabeleceu, que Rússia, durante a campanha anti-georgiana de 2006 - 2007 violou uma série de artigos da Convenção Européia de Direitos Humanos, e obrigou Rússia ao pagamento de compensação monetária aos cidadãos da Geórgia, que então, foram forçosamente deportados da Rússia.

Sobre reação de Berlim às ameaças de Lavrov.
Den (Dia - ua), 12.12.2014
Mykola Siryk

Muito poucos alemães põem em dúvida a sinceridade de Putin e suas aspirações imperialistas. 

Recentemente o chanceler russo, Sergei Lavrov, acusou Berlim de ausência construtiva com Moscou, e alertou para as possíveis consequências disto para Europa. "Dia" dirigiu-se ao especialista alemão André Hartelya, do Instituto de Ciências Políticas  da Universidade de Gena - Friedrich Schiller, pedindo para dizer-lhe como na Alemanha receberam as ameaças do ministro russo e como os alemães pensam parar a agressão de Putin a Ukraina. 

- O Kremlin está muito preocupado que, num dado momento, a opinião pública e os pontos de vista da elite alemã, em relação a Rússia, ganhem outras tendências, diferentes das anteriores. A principal força aqui é Angela Merkel, que foi muito firme em sua abordagem a Putin e uniu consigo os estados ocidentais. Anteriormente, isto não encontrava apoio entre as principais elites políticas e comunidade alemã, os quais defendiam uma abordagem mais moderada, baseada no diálogo, no relacionamento com Moscou e recusa de sanções. Aquelas vozes também tinham de seu lado o argumento econômico - perdas de exportadores alemães. No entanto, isso começa a mudar, visto que o rumo sólido de Merkel influencia a opinião pública - ela é muito bem vista na qualidade de líder, e por isto as pessoas não consideram que ela não tenha razão nesta questão. Além disso, a entrevista de Putin no ARD (Primeiro Canal da TV alemã) a algumas semanas, quanto ao papel da Rússia na Ukraina tornou-se cada vez mais disperso - muitos alemães acreditam que Putin os engana e tem aspirações imperialistas.

- No entanto, para Kremlin a Alemanha é estado chave para dividir a aliança ocidental. Os russos sabem que os cidadãos alemães, o espectro político da esquerda e abertamente da direita, estão amigavelmente sintonizados com a Rússia, e que isto limita o espaço para a chanceler manobrar e reforçar as sanções.

- Que políticas deveria executar Alemanha, como líder da Europa, para realmente obrigar Putin abandonar a agressão no leste da Ukraina e voltar a ilegalmente ocupada Criméia?

- Eu acho que nós devemos pensar em várias etapas. Na fase atual o Ocidente deve usar medidas vigorosas, inclusive aumentar as sanções para Rússia reagir aos nossos interesses e objetivos. Rússia, até agora não executa o acordo de cessar-fogo e continua os jogos separatistas. O protocolo de Minsk tornou-se primeiro sinal de que a pressão trabalha, mas nós precisamos mais. No entanto, isto deve ser bem calibrado, porque ninguém precisa de situações quando o cachorro grande, inesperadamente, começa morder se ele for, demasiadamente, empurrado para um canto. Por isso, assim que nós tivermos claros sinais de cessar-fogo e renovação de pleno apoio à soberania da Ukraina, somente então poderá iniciar-se o diálogo para levantamento das sanções. No entanto, uma vez que a questão da Criméia continua aberta, Rússia deve sentir a nossa frustração e alguns elementos de pressão (em primeiro lugar, claramente não reconhecer a anexação da Criméia no futuro) devem ser preservados e isso deve ser claramente indicado.

Aparecem cada vez mais sinais de que Rússia se sente isolada e não esperava, que o Ocidente seria tão duro e fiel a sanções.

- Há evidências crescentes de que Rússia se sente isolada e não esperava, que o Ocidente seria tão duro e fiel a sanções. Eu penso Putin esperava, que depois de Minsk as sanções seriam retiradas, mas Merkel insistiu no seu. Isto irrita Putin, ele, no plano estratégico encontrou-se num canto, até os chineses aproveitaram-se com benefícios econômicos nesta situação e politicamente não o apoiaram.  Putin sabe que ele deve acabar com isto antes que isto acabe levando-o a um desastre econômico e colapso do regime. Devido a isso as perspectivas de Moscou quanto ao futuro de Donbass mudaram - pesando os custos e benefícios (e a desorganização que criam esses criminosos no Donbass), parece que Putin vai exigir apenas aumento de autonomia. No entanto, você nunca sabe, o que ele tem na cabeça - isto pode ser uma tática e pressão política, ele é forte para manter o compromisso, em qualquer forma, da Nova Rússia. Eu penso, ele vai esperar um pouco e ganhar tempo para que os separatistas se fortaleçam - então ele poderá declarar que o fato foi consumado e deixar o problema para que o resolva a comunidade internacional. O confronto militar é pouco provável.

Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Retornar os soldados à vida ajudam médicos, leais esposas, voluntários, música...
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 19.12.2014
Galyna Vdovychenko


Na enfermaria  da cirurgia do hospital militar acontece concerto. Esta já é a terceira enfermaria, visitada pelo músico Vadim Voitovych. Os feridos ouvem seu canto acompanhado por um violão. Vadin - professor da "Escola Salomia Krushelnytska", membro do grupo "Rimeik". Os agradecidos ouvintes batem palmas - aqueles que podem fazê-lo, que não tem as mãos acorrentadas ao aparelho de Ilizarov. O mais jovem da enfermaria, Slavik da aldeia Oriavy, do distrito Skoliv, tem no braço este dispositivo, que ajuda após cirurgia e união dos dilacerados ossos. Junto a Slavik - "cyborg" Ivan, que foi ferido, protegendo o aeroporto de Donetsk. Ele reside em Donetsk.


A enfermeira Anna entra novamente e seriamente adverte: terminem o concerto! Mas todos querem ouvir mais. Com especial emoção reage ao som "Tio Sasha", assim é chamado o "aidarivets" (do grupo de combatentes denominado "Aidar" - OK) Oleksandr Kosolapov. Já é seu 5º mês no hospital. Perna em distensão. Vestígios de ferimentos de estilhaços no corpo todo.


A voluntária Helena Pavlos coloca um travesseiro sob as costas do ferido para que se sinta mais confortável.
- Se não fosse Helena, não sei o que aconteceria com o tio Sasha - diz a voluntária Maryna Yakushev. - Em julho, ele sofreu várias lesões nas pernas e estômago, próximo à cidadezinha Lutiguin. Depois da cirurgia necessitou cuidados minuciosos. Pedi a Helena ajudar, ela é professora do Instituto Superior de Gestão, Mestre do Esporte. Agora, aqui passa dias e noites. Depois do trabalho - aqui, nos finais de semana - aqui, desde manhã até a noite, e ainda consegue cozer em casa algo gostoso para os rapazes... Tio Sasha é afegão (significa que lutou na guerra do Afeganistão no tempo da União Soviética - OK), ele tem 50 anos, é da cidade Shchastia. Seu filho é soldado do 24º batalhão da defesa territorial "Aidar". Em Lviv agora estão a filha e nora do tio Sasha com as crianças, refugiadas...


Maryna sozinha vive pela "rotina de voluntária" Trabalha com marketing, tem esposo e filhos, mas em tempo livre corre para o hospital. Sábados e domingos sempre está lá.
- Os rapazes lavamos, fazemos a barba, cortamos as unhas, tratamos as feridas... Se preciso lavamos os banheiros. Houveram feridos com os dois braços quebrados, como poderiam passar sem ajuda de outros? No início eles sentiam-se envergonhados, mas depois aceitavam a ajuda com gratidão. Às vezes, é difícil entender, como um homem, que sozinho não consegue nem beber água, recebe a visita da esposa uma vez a cada dois meses.
- Surpreende, quando os familiares do ferido, aproveitam-se do dinheiro que juntamos para tratamento e próteses dos rapazes - diz a voluntária Svitlana Sydorenko. - Há pessoas assim... Mas as pessoas são diferentes- algumas entregam o último, outros fingem que os problemas não se referem a elas.
Svitlana era ativista do Voluntariado da Centena Médica durante o tempo do Maidan. Quando em julho constatou-se, que no hospital  de Lviv havia muitos feridos e eram necessários voluntários, a Centena Voluntária recebeu permissão ajudar no hospital. Dizem que os médicos-especialistas aqui fazem milagres, mas falta enfermeiras.


A estudante Anastácia Horoshko vem ao hospital todos os dias. Para arranjar tempo para o trabalho voluntário, transferiu-se para o departamento de estudos por correspondência. "Trabalho das 10 horas às 20 horas, diz  ela. - Respondo pelo corpo cirúrgico, para que os rapazes tenham todo o necessário... Maior necessidade - calças esportivas. Há muitas necessidades, toda informação nós colocamos no Facebook, na página da Centena Voluntária".
Sobre um dos dias mais lembrados Anastácia diz o seguinte: "Quando estava difícil com a água... para sete enfermarias eu tinha apenas uma jarra de água, e todos os rapazes pediam água..."
Voluntária de Brody, Tatiana Stasiuk naquele dia trouxe algumas coberturas especiais para extremidades feridas. Costuram-nas segundo moldes as voluntárias da Oksana Polonchuk, de Kyiv, trazem para Lviv e distribuem aos feridos no hospital, anteriormente obtendo medidas.
Slavik Kokot prende o zíper das coberturas com o aparelho Ilizarov. Alegra-se com a novidade: é quente e confortável, e é possível sair na rua. O vizinho de Slavik, Andrii Dmytrienko, recebeu uma semelhante "roupagem" para perna, na vez anterior. O coronel Roman Mamavko, de outra enfermaria sonha por "sua" cobertura para o braço e fica bastante satisfeito.

Distribuímos as guloseimas que trouxemos. Maryna divide as balas, tangerinas, iogurtes, cigarros e coloca nos pratinhos as panquecas caseiras.
As enfermarias recebem representantes de joalherias, que doam aos feridos pingentes - tridentes de prata.


Próximo do departamento de reabilitação, na varanda, há um pequeno grupo de rapazes e moças, todos riem. Entre eles - herói - "aidarivets" , cuja história conhece toda Ukraina - Vasyl Pelesh de Starosambirshchyna. A ele, quando prisioneiro, cortaram o braço por causa da tatuagem "Glória á Ukraina"...Todos estão em jaquetas, Vasyl - em camiseta com tridente (símbolo ukrainiano). Ele, de tempo em tempo, vem aqui para reabilitação.

- Eu não sei o que faríamos, se não houvesse voluntários - diz Felix Herasymov (voluntário do batalhão voluntário de defesa "Volyn"). Ele faz tratamento no departamento de reabilitação e apoia a conversa. Com entusiasmo conta como os voluntários lhe traziam todo o necessário para a linha da frente, e como ajudam aqui, no hospital.

No corredor passeia uma família jovem (1ª foto). Contam sua história. Ruslan Rudei servia na 72ª brigada mecanizada. Depois de ferido, por 4 meses tratava-se no hospital de Kyiv, e aqui está em reabilitação. Agora, diz, estar melhorando aos poucos. Sua esposa Ludmila e a pequena filha vieram de Bila Tserkva, elas estão constantemente com Ruslan. Vivem em Lviv, num colégio-internato, mas procuram um apartamento próximo ao hospital...

Na entrada do hospital as pessoas trazem ajuda. Aqui há uma pequena sala, "estado-maior" do voluntário. As moças cortam em pedaços o grande pastel com repolho, ainda quente. "A sogra assou", - diz o homem que trouxe.

O dia termina com Andrii Ussach (foto 3) lutador (aqui eles não usam a palavra "herói"). Sem uma palavra e braço no gesso, ferimento complicado no rosto. Mas ele está melhorando, voltando à vida. Ele foi operado pelo médico Dmytro V. Los, o mesmo que o retirou do local em que foi ferido.

Segue a relação das necessidades no hospital. 


Notícias diversas - dias 18 e 19/12/2014
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)
Vysokyi Zamok (Castelo Alto)

Na Rússia há cerca de 30 ukrainianos, prisioneiros de guerra. Vários deles foram capturados durante a batalha de Ilovaisk. De acordo com Feigin, advogado da piloto Savchenko, eles estão em vários centros de detenção.

Ilovaisk a cidade de dezesseis mil habitantes, na qual morreram centenas de soldados ukrainianos, volta à vida, mas continua controlada por separatistas.
Os moradores contam que as escolas funcionam, talvez um café, trabalha a estação ferroviária. Serviço não há. Os pensionistas já a quatro meses não recebem. Presente apenas a milícia. Uma mulher conta que o neto lutou do lado da milícia, mas foi ferido e não quer mais participar. A mulher tenta convencê-lo, diz que é a única saída. (Essa vive na Ukraina, mas é contra o próprio país - OK).

Sviatoslav Vakarchuk, cantor e líder do Grupo "Okean Elzy": As reformas não começam com as ordens dos governantes, mas com as mudanças em nossas cabeças. Enquanto nós não entendermos isto - seremos como cachorro que corre atrás do próprio rabo".
Ele colaborou com a Kyievo-Mohylianska Academia, realizando um concerto. Parte do dinheiro arrecadado será para remédios aos militares feridos. O restante será para adequação do ensino à distância, tão necessário aos estudantes de Donbass que, frequentemente, não têm possibilidade ao ensino superior. (Ainda mais agora que várias universidades mudaram-se de Donbass devido a guerra, conforme já noticiado neste blog - OK). 


Outro concerto, 19.12.2014, será para arrecadar fundos para reconstrução do hospital militar no Zaporizhzhia. E, já fez vários outros concertos para ajudas diversas.
Moradores de Debaltsevo pediram ao músico, ajuda com materiais de construção. Suas casas foram destruídas na atual guerra. Vakarchuk enviou-lhes dois caminhões (de 20 toneladas cada) de ardósia e aquecedores. Ele contou com a colaboração de outras pessoas e proprietários de lojas de materiais de construção. Disse que ajudará a outros, se 
pedirem. (Aqui lembro de reportagens sobre seu pai, anos atrás, que foi Ministro de Educação e era bastante elogiado - OK).

Em cativeiro dos militantes há 185 militares das Forças Armadas da Ukraina, e 298 considerados desaparecidos.

A ajuda humanitária da Polônia aos moradores de Donbass já chegou na Ukraina. São mais de 50 veículos de carga, 150 toneladas de bens, compreendendo 5 mil pacotes de alimentos, 2 mil pacotes de higiene infantil, 200 leitos para pessoas deslocadas, casacos de inverno, aquecedores, sacos de dormir, etc. no valor de um milhão de dólares. Enviado pela Cruz Vermelha, organizações voluntárias e comunitárias.


Poroshenko: "Não haverá mais oligarcas no governo. Eu farei tudo para não permitir isto. Eles, se seguirem as leis, terão clima favorável para seu desenvolvimento mas, seremos firmes se tentarem aproximar-se do governo para seu próprio enriquecimento, porque isto tem um nome: corrupção", - disse o presidente. 

Polônia está pronta para vender armas a Ukraina, declarou o presidente polonês Bronislav Komorovskyi.

Os migrantes em Kharkiv receberam apoio financeiro da UE (OIM - Organização Interna para as Migrações) A OIM, com apoio da Alemanha expande sua ajuda aos migrantes forçados da Criméia e Donbass para 20 mil pessoas. A UE destinou para isto 6,5 milhões de euros, e Alemanha oferece 680 mil euros. Os pagamentos pontuais serão fornecidos para mais de 5.300 famílias e indivíduos, com necessidades especiais na região de Kharkiv, que faz fronteira com Donbass e recebeu em torno de um quarto de todos os deslocados.

Hollande: "Rússia não receberá os navios "Mistral" por causa da guerra no Donbass".  França construiu o primeiro navio "Mistral" encomendado pela Rússia. Em futuro próximo esta questão não mais será discutida, de modo que os marinheiros russos, que estavam a bordo do navio, já partiram.

Trabalhadores migrantes "ostarbaiteres" (Definição adotada pelo Terceiro Reich para se referir às pessoas traficadas da Europa Oriental, que eram utilizadas como mão de obra gratuita ou de baixo pagamento em 1942 - 1944 - OK) fogem em massa da Rússia por causa do colapso do rublo e da lei que os obriga passar por um teste do idioma russo, história (com certeza alterada em benefício russo - OK) e legislação russa, a partir de 1 de janeiro e que lhes 
custará 30 mil rublos. Depoimento dado por Mohammed Amin, presidente da Federação de migrantes na Rússia. Ele não descartou que o número de migrantes ilegais vai aumentar. Estas informações foram confirmadas pelo presidente da organização cidadã "Trabalhadores Migrantes" de Tajiquistão, Karomat Sharipov.
O enfraquecimento do rublo, a taxa do teste e salário inicial, mais as passagens e a autorização para o trabalho, incluindo as divisas em dólares em casa, obrigará muitos tadjiquines procurar serviço em outros países. Shapirov manifestou a preocupação de que os antigos construtores podem tornar-se mercenários.
"Jovens discutem, eles têm grandes empréstimos em dólares, no Tajiquistão. Não excluo, que eles irão aos "pontos quentes" para ganhar dinheiro e entregá-lo a seus fiadores. Porque haverá cobrança judicial e eles poderão ser presos. Não descarto que eles pegarão em armas e de lá enviarão dinheiro. Bem - se permanecerem vivos", disse Shapirov. (Se isto acontecer deste modo, estarão criando novos Donbass, ou reforçarão o atual - mas a Rússia vai posar de santa - OK)  

Tradução: O. Kowaltschuk