quinta-feira, 15 de maio de 2014



Europa sem Ukraina não tem futuro - historiador
Istorychna Pravda (Verdade Histórica), 14.05.2014

O fascismo retorna a Europa - ao continente - uma vez destruído pelo fascismo.

Sobre isso escreve o historiador americano Timothy Snyder em seu artigo para o New Republic, relata Mediaprosvita (Média instrução).

"Nós esquecemos rapidamente, de que maneira age o fascismo - escreve Snyder. - Como clara e forte alternativa para tarefas ordinárias, glorificação plena e clara da irracionalidade em vez do senso comum e experiência. O exército fascista não aparenta ser como exército. Às leis de guerra os fascistas são impassíveis, mas às pessoas tratam como de segunda classe. Após mal arrebatadas terras glorificam império". 

Além dessas características, o historiador cita outras: glorificação das formas nuas masculinas, arroubo pelo homossexualismo com sua simultânea criminalização e imitação; rejeição ao liberalismo e democracia como forma enganosa do individualismo; elevação da vontade coletiva sobre a escolha individual; fetichismo a causas famosas (porque "causas - são tudo, mas as palavras - nada").

"As palavras existem apenas para realizar negócios e, em seguida - tomá-las como mitos. A verdade não pode existir, a história - nada mais que recurso político", - continua a descrição do fascismo Snyder, lembrando, que em outros tempos estas idéias eram muito atraentes aos europeus e realmente apenas a derrota na guerra as desacreditou.

De acordo com o historiador, hoje estas idéias surgem na Rússia, país que organiza sua política em torno da vitória soviética naquela guerra. Ao mesmo tempo, ele observa, que a canção russa tem apelo estranho na Alemanha, o país derrotado.

Timothy Snyder chama atenção para o fato que Moscou estava chocado com a revolução pluralista na Ukraina. Putin tenta apresentar a Europa uma outra visão dos acontecimentos e convencer todos que Ukraina e ukrainianos nunca existiram historicamente, que havia apenas pequenos russos.

"Mas, se Ukraina e ukrainianos não existem, então Europa e europeus também não, - escreve o historiador. - Se os ukrainianos desaparecem da história, então também desaparecem os maiores crimes do regime nazista e stalinista. Se Ukraina não tem passado, então Hitler nunca tentou criar um império, Stalin nunca praticou terror pela fome".

Timothy Snyder lembra, que a história ukrainiana começou a um milhar de anos e ocupou um lugar de destaque no passado europeu. Ele também observa, que a anexação das terras ukrainianas à União Soviética aconteceu apenas quando os bolcheviques reconheceram, que Ukraina deve ser tratada como uma entidade política definida.

O historiador escreve sobre a política de Stalin quanto aos ukrainianos e omissão do "Holodomor", política fascista e antifascista (lembrando que 1939 o governo soviético também assinou acordo com nazistas).

O autor também refuta a retórica sobre Bandera-fascista e colaboração dos nacionalistas ukrainianos com Hitler. Ele explica, que a colaboração política dos ukrainianos com os alemães desapareceu em junho de 1941, quando eles não puderam declarar sua independência. Hitler esteve desinteressado em tal perspectiva, muitos líderes nacionalistas ukrainianos foram mortos ou aprisionados. O próprio Stepan Bandera até quase o final da guerra permaneceu detido no campo de Sachsenhausen.

Brevemente, o historiador descreve atitudes do governo soviético aos ukrainianos nos anos pós-guerra, no período de Brezhnev, e também no período da conquista da independência, em 1991 e a chegada de Yanukovych ao poder.

Em relação aos eventos de 2013 Timothy Snyder explica: "A hesitação entre a Rússia e o Ocidente tornou-se impossível. "Rússia tentou introduzir Ukraina na União Euro-asiática - e recebeu uma resposta inesperada. A tentativa de criar uma pró-ditadura na Ukraina levou à restauração de leis parlamentares, anúncio de eleições presidenciais e retorno a política internacional para Europa, escreve o historiador.

"Isto tornou a revolução ukrainiana não apenas catastrófica para política internacional russa, mas também um teste para o regime de Putin em sua casa, - escreve Snyder. - A franqueza da política de Putin e que ela não pôde levar em conta as ações de pessoas livres, que sozinhas se organizam em resposta aos acontecimentos históricos imprevisíveis".

A propaganda russa apresenta a revolução ukrainiana como um golpe nazista, porque esta versão é mais confortável para Putin, observa o historiador.

Ele diz que a invasão da Rússia à Criméia, Donetsk e Luhansk é um desafio para o sistema de segurança européia e para o Estado ukrainiano.

Nenhuma organização européia decente foi ao "referendo" da Criméia, mas isto fez uma delegação populista alemã. Quatro de seus membros representaram o partido da esquerda, e um - da direita. "Combinação significativa", - diz o autor.

Ele concorda que podem haver algumas preocupações quanto aos da direita na Ukraina. No entanto, ele observa, que o índice do partido "Liberdade" é menor de 2%, e do candidato do "Setor Direito" à presidência - menos de 1%. O autor conclui que o apoio da direita na Ukraina é menor que na maioria dos países da UE.

Concluindo o artigo, Timothy Snyder escreve: "Ukraina não tem história sem Europa, mas Europa também não tem história sem Ukraina. Ukraina não tem futuro sem Europa, mas Europa também não tem futuro sem Ukraina. Ao longo dos séculos a história da Ukraina continua sendo o ponto de viragem da história da Europa. Parece que até agora é assim. Claro, como se desenrolarão os acontecimentos - depende, e pelo menos por algum tempo - dos europeus".

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário