sábado, 4 de agosto de 2018

Орбан укотре дав антиукраїнський пас Путіну

Tomos para Ucrânia e reação de Moscou. A questão da autocefalia veio em linha reta.
Rádio Svoboda (Rádio \liberdade), 2307.2018
Petro Kraliuk
(Desculpem a falta de notícias nas últimas semanas. Problemas de saúde - OK)




Patriarca Ecumênico Bartolomeu I ouve a performance do coro infantil ucraniano durante seu encontro no aeroporto "Boryspil", em 25 de julho de 2008. Ele, então veio à terra ucraniana para participar de eventos por ocasião de 1020 aniversário do Batismo da Ucrânia-Rus.

Talvez, alguns adeptos da Igreja Ortodoxa na Ukraina tenham ficado desapontados com a recente declaração do Presidente Poroshenko durante sua participação na peregrinação ucraniana em Zarvanytsia. Segundo suas palavras, apesar dos sinais positivos do Patriarca de Constantinopla, não se pode dizer que o status autocéfalo, a igreja nacional ucraniana poderá receber no futuro próximo. Sobre a complexidade da situação com o tomos, pouco antes disso também dizia o patriarca Filaret. Ou seja, a esperança de que o tomos seja dado antes de 1030º aniversário de Batismo da Rus-Ukraina de Kyiv, provavelmente não se materializa. 



      Procissão religiosa da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Kyiv, por ocasião do                                                     Batismo da Ucrânia. Kyiv, 28 de julho de 2017. 

Constantinopla e Moscou: diferentes visões sobre autocefalia ucraniana.
Mas, antes de mais nada, precisamos nos afastar das "boas tradições soviéticas" quando um ou outro evento importante coincidiam com aniversários importantes. O Patriarcado Ecumênico vive de acordo com outras tradições.

Segundo, ficou claro desde o início, que Rússia iria conduzir uma luta feroz pelo "território religioso da Ucrânia". Terceiro, como mostra a história, o procedimento de outorga do tomos à autocefalia é complicado. Geralmente ela estende-se no tempo. Por exemplo, o processo de assinatura do tomos para a Igreja Ortodoxa na Polônia estendeu-se no período  de 1922 a 1924. E acompanhavam-no quatro Patriarcas de Constantinopla. Dois deles foram afastados do altar, um morreu de repente (?). Apenas o quarto levou a questão ao final. A complexidade de outorga do tomos da Igreja Ortodoxa na Polônia deveu-se ao fato de que Rússia reagiu furiosamente a este processo. Algo semelhante acontece agora. As autoridades russas, por meio de canais diplomáticos, estruturas eclesiásticas e seus agentes na Ucrânia, pressionam o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, bem como outras igrejas ortodoxas. Chega até a ameaças. Um representante oficial do Patriarcado de Moscou, o metropolita Ilarion Alfeev, declarou sobre possível derramamento de sangue em caso de fornecimento do tomos. Claro, ele não deu explicações concretas. Mas é possível adivinhar...

Mas, apesar disso, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu demonstra o desejo de outorgar tomos à Ucrânia. Em 1 de julho ele declarou, por ocasião de 40 dias do descanso do metropolita Pergue Evanguela, que Constantinopla nunca deu permissão de transferir os territórios da Ucrânia a quaisquer um, além do direito de consagração do Metropolita de Kyiv em Moscou, sob a condição de sua eleição na Catedral de Kyiv e com a menção incondicional do Patriarca Ecumênico. Curiosamente, tal declaração foi feita uma semana depois que uma delegação de quatro bispos da Igreja Ortodoxa ( Patriarcado  de Moscou), foi trazida a Istambul pelo notável deputado Vadim Novinsky, e que se destinava a convencer Bartolomeu a não fornecer o tomos. (Novinsky, de ascendência russa. Oficialmente, toda sua atividade comercial está na Ucrânia).

Logo depois apareceu uma entrevista do Metropolita da Prússia, Elpidophor, um membro do Sínodo do Patriarcado Ecumênico. Este hierarca afirmou claramente que somente o Patriarcado de Constantinopla tem o direito de fornecer autocéfalas às igrejas. E que a mãe da igreja ucraniana é a Igreja de Constantinopla. Mais que isto, ele disse, que a igreja de Moscou é filha da igreja ucraniana. Portanto, direitos de igreja Moscou não tem Ucrânia e na divisão da ortodoxia na Ucrânia a culpa é de Moscou.

Президент України Петро Порошенко і Вселенський патріарх Варфоломій I під час зустрічі в Стамбулі (Туреччина), 10 березня 2016 року

Presidente da Ucrânia Petro Poroshenko e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I durante uma reunião                                              em Istambul (Turquia), 10 de março de 2016.

Em suma, o Patriarca Ecumênico e Moscou têm opiniões diferentes sobre a autocefalia da Igreja Ortodoxa na Ucrânia. Afinal, em muitas outras questões. Esses dois centros de ortodoxia estão há muito tempo em um estado de confronto. E, o "problema ucraniano" agravou-o fortemente.

Em 9 de julho, o Patriarca de Moscou, Kiril, reuniu-se com a delegação oficial do Patriarcado Ecumênico, metropolita Gal'skim Emmanuel e de Smirsky Bartholomew, em Moscou. Durante a reunião, a questão da autocefalia foi levantada. Mas, parece, que não houve um diálogo valioso. As partes, simplesmente, expressaram sua posição. A inaceitabilidade da Autocefalia Ucraniana (e isto não é surpreendente) conversou-se também no Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, que aconteceu em Yekaterinburgo em 14 de julho.

Президент Росії Володимир Путін (із мікрофоном), а праворуч від нього Московський патріарх Кирило, 11 липня 2016 року

Presidente da Rússia, Vladimir Putin (com microfone), e à direita dele o patriarca de Moscou Kiril,                                                                    11 de julho de 2016.

Por que houve atraso na assinatura do tomos?
Agora Moscou está chantageando o Patriarcado Ecumênico com uma divisão em grande escala na Ortodoxia. Ela ameaça que não vai contar com ele, se afastará dele. E, com ela se solidarizam algumas igrejas ortodoxas.

O quanto essa divisão pode tornar-se real? De fato, o Patriarcado de Moscou tem várias igrejas no mundo ortodoxas, que podem ser consideradas suas aliadas. São, principalmente, Antioquia, Georgia, Sérvia e Bulgária. Algumas próximas a Moscou são as igrejas ortodoxas na Polônia, República Tcheca e Eslováquia. No entanto, apesar de certas simpatias pró-russas, é duvidoso, que elas se atrevam a se dividir. Nesta situação, Moscou encontrar-se-á isolada, ao invés do Patriarcado Ecumênico. Isso é entendido em Moscou. Mas a chantagem continua.

Atualmente, as relações no mundo ortodoxo não são simples. E com isso precisa contar o Patriarca Ecumênico. Ele e seus associados, alegando a necessidade de superar as divisões na Igreja Ortodoxa, devem fornecer Autocefalia não apenas aos ortodoxos da Ucrânia, a qual tem agora o nome de Norte da Macedônia. Isto também cria certos problemas. Pelo menos com atitude neutra da maioria das igrejas ortodoxas. Assim, consultas e negociações estão sendo conduzidas sobre este assunto. E, isso requer esforço e tempo. Por isso, o Sínodo do Patriarca Ecumênico não se apressa para analisar a questão das igrejas na Ucrânia e no norte da Macedônia. Essas questões, possivelmente, serão consideradas em conjunto.


Вселенський патріарх Варфоломій I під час візиту до Києва з нагоди 1020-річчя Хрещення України-Руси, 26 липня 2008 року

Patriarca Ecumênico Bartolomeu I durante sua visita a Kyiv, por ocasião do 1020º aniversário do                                                       Batismo da Ucrânia - Rus, 26.07.2008.

Parece que o processo de consulta e negociações só poderá ser concluído no outono. Então vale esperar a consideração destas questões no Sínodo do Patriarcado Ecumênico.
Mas, enquanto este processo caminha, as estruturas da igreja ucraniana, que competem pela autocefalia, e as autoridades não devem "descansar sobre louros". Medidas apropriadas devem ser tomadas tanto dentro do país, demonstrando apoio à idéia de autocefalia, como também no campo diplomático. Mas, eu penso, que vale a pena fazer mais. Assim, o Parlamento deveria aprovar o projeto de lei Nº 5309 ("quanto aos nomes de organizações religiosas") e Nº 4128 ("quanto mudanças de subordinação de comunidades religiosas") que se tornariam apoio legislativo significativo para a Igreja ortodoxa Ucraniana. Também seria útil desenvolver um amplo trabalho explicativo sobre autocefalia ucraniana, tanto na Ucrânia quanto na arena internacional. O motivo para isto pode ser o 1030º aniversário de Batismo de Kyiv Rus-Ucrânia, existe um amplo campo de atividades.

Пам'ятний знак у Києві. Місце хрещення України-Русі. Панно з кераміки, що зображує хрест на водах Дніпра (символ хрещення) і напис: «Тут в 988 році на злитті Дніпра і Почайни хрестилася Русь»

Sinal memorável em Kyiv. Lugar do batismo da Ucrânia-Rus. Um painel de cerâmica representando uma cruz sobre as águas do Dnieper (símbolo do batismo) e a inscrição: "Aqui em 988, na                                                          confluência do Dnieper e Pochaina, foi batizada Rus".

Se e como será resolvido o problema com tomos neste outono, não vamos adivinhar. Mas o fato, de que ele está sendo abordado, já é importante para Ucrânia. Pelo menos a questão da autocefalia da Igreja Ortodoxa na Ucrânia "saiu para o caminho direto."

Petro Kraluk - vice-reitor da Ostrozka Academia. 
As opiniões expressas no "Ponto de vista" transmitem as opiniões dos próprios autores e 
não refletem, necessariamente, a posição da Rádio Liberdade.

Tradução: Oksana Kowaltschuk