Discurso do deputado Onofre Santo Agostini (PSD – Estado de Santa Catarina)
Brasília, Câmara dos Deputados,
19 de maio de 2014, programa “A Voz do Brasil”, rede nacional.
19 de maio de 2014, programa “A Voz do Brasil”, rede nacional.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados
O que está em jogo na queda de braço ucraniana?
Desejo manifestar minha solidariedade com a causa da liberdade da Ucrânia, tão distante geograficamente, mas tão próxima no coração de inúmeros brasileiros.
A Ucrânia, seu povo e suas autoridades, incluindo nossos colegas do Parlamento ucraniano, merecem essa solidariedade, não apenas por uma questão de justiça, mas também pelos estreitos laços de sangue que nos unem a esse sofrido país: um milhão de ucranianos e de descendentes deles vivem no Brasil.
Desejo apresentar algumas considerações sobre a situação da Ucrânia.
Questão de sobrevivência
A crise ucraniana é o mais recente capítulo de uma queda de braço político de consideráveis dimensões entre as correntes minoritárias pró-russas, que pavimentam o caminho ao neo-imperialismo do presidente Vladimir Putin, e as correntes majoritárias pró-ocidentais, que assumem essa disputa como uma questão de sobrevivência desse estratégico país. Análogos dilemas vivem nações limítrofes como Polônia, Bielorússia, Rumânia, Hungria e Eslováquia.
Putin: perfil ditatorial
A queda de braço ucraniana coincide com um momento particularmente delicado da vida política da Rússia, onde o governo de Putin, além de ir adquirindo um perfil cada vez mais ditatorial, evocativo dos fantasmas do comunismo, não esconde a intenção de reconstruir o antigo império russo às custas da independência de seus vizinhos.
É por isso que os ucranianos, assim como importantes setores da opinião pública russa e dos povos da Europa do Leste, que sofreram em sua própria carne as perseguições comunistas movidas por Moscou, vêem com apreensão a investida russa na Ucrânia.
Ucrânia, símbolo de resistência
Pelo heroísmo de seu povo, a Ucrânia se transformou no século XX em símbolo da resistência ao comunismo em nome da Fé, destacando-se a figura do Cardeal Slipyj. Em 1932, o ditador comunista Josef Stalin invadiu a Ucrânia, arrasando com o país e provocando uma fome generalizada. Calcula-se que sete milhões de ucranianos foram então massacrados pelos russos por meio do sangue, do fogo e da fome, mas apesar de fisicamente cativos, jamais se deixaram espiritualmente dobrar.
Dívida moral dos países ocidentais
Os países ocidentais têm uma enorme dívida com a Ucrânia, pois muitos de seus governos fizeram vista grossa diante da agressão soviética àquela nação no século passado. Um modo de pagar essa dívida moral seria manifestar firmeza diplomática em face das pretensões imperialistas do presidente Putin na Ucrânia e nos países do ex-império soviético.
“Balcanização”
Tampouco devem ser subestimadas as articulações de líderes pró-russos ucranianos com vistas a obter “autonomia” para as províncias limítrofes com a Rússia, o que poderia conduzir a um desmembramento ou “balcanização” da Ucrânia. A política de “desmembrar para debilitar” não é nova para a Rússia, que a aplicou no passado em relação à Polônia e a outros países do Leste, com a lamentável anuência de potências ocidentais.
Povo ucraniano: mansidão e astúcia
Como herdeiros legítimos de um passado heroico, é nos ombros do povo ucraniano e de suas autoridades que recai a responsabilidade pela defesa da Ucrânia nesta hora histórica, atuando invariavelmente dentro da legalidade, com a mansidão da pomba e a astúcia da serpente, como recomenda o Evangelho. Sr. Presidente, de acordo com o Informe de Conjuntura da agência Destaque Internacional, no qual me baseei para apresentar estas considerações, os olhos do mundo estão postos na Ucrânia. A queda de braço ucraniana é decisiva, não só para essa nação com seu passado glorioso de resistência e de martírio, mas também para os países vizinhos, bem como para a Europa e a causa da liberdade no mundo inteiro.
Tenho dito.
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