segunda-feira, 16 de junho de 2014


Leiam a sentença: "Pela traição de Donbass."
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 13.06.2014
Suana Bobkova

Mineiros de Novohrodivka Oleksandr Gurov e Oleksandr Vovk estiveram na prisão dos terroristas.


Donetsk hoje lembra o país africano Somália, que se transformou num ninho de piratas do mar. Separatistas e terroristas mantém no medo as Províncias de Donetsk e vizinha Luhansk. Ouvem-se explosões e tiros de metralhadoras. Morrem pessoas. Conquistada por militantes armados a Administração Estatal Regional de Donetsk transformou-se em Gestapo... No inferno do terror estiveram os mineiros de Novohrodivka (Donetsk) Oleksandr Gurov e Oleksandr Vovk. O jornalista conversou com os aprisionados, que milagrosamente sobreviveram. Os dois homens restabelecem a saúde em Truskavetz, no sanatório "Gênova".

"Os terroristas bateram para ferir..."

Alexandre Gurov - não funciona o braço esquerdo (tendão rasgado)). O homem espera longo processo de recuperação e reabilitação.  Oleksandr Vovk tem a mandíbula quebrada e problemas com as vértebras cervicais. Os médicos suspeitaram fratura na base do crânio o que sinalizavam enormes manchas sob os olhos. Este diagnóstico, graças a Deus, não foi confirmado.

Oleksandr Gurov veio a Lviv com sua esposa Larissa e filho de onze anos. Junto com seis amigos - patriotas ukrainianos - Oleksandr foi capturado por enlouquecidos combatentes. Na casa onde eles estavam, e ponderavam, como lutar com os separatistas e com a República Popular de Donetsk, adentraram dez terroristas armados. Atiraram nos cachorros e nas paredes das casas vizinhas. Os reféns carregaram para o carro de um dos aprisionados - deputado local Konstantin Museiyka - e levaram para capturada Administração Estatal de Donetsk.

Os militantes usavam uniformes de forças especiais "Gryffon" e balaclavas, - diz Gurov. - Três deles - de nacionalidade chechena (o rosto não tapavam). O checheno Murza tirou de mim todo ouro. Arrebentou minha corrente com uma cruz, do pescoço. Pegou minha aliança. O selo não pôde remover, cortou parte de meu dedo. A ele se chegaram mais dois - um tal Spartak e Kerch. Os chechenos tiraram meu pulôver, meus sapatos - experimentavam para ver a quem serviam melhor. O Sr. Oleksandr tem certeza, entre os combatentes havia "berkutivtsi" - batiam profissionalmente. (Berkut era o nome de uma parte da polícia do tempo do ex-presidente Yanukovych. E, já naquela época eles provocavam e batiam nas pessoas durante as manifestações - OK).

Os terroristas com reféns contornaram facilmente três postos de controle da milícia. Na frente e atrás vinham carros de apoio. Próximo de residências particulares Oleksandr conseguiu abrir ligeiramente a porta e escapar. 
 O homem pulou duas cercas, a terceira  não conseguiu porque era muito alta. Os terroristas atiravam para ferir... Caiu com o rosto na terra... "Quando me levaram para Administração Estatal, na cabeça amarraram a bandeira da Ukraina. Disseram que eu era do "Setor Direito" e que iria passar pelo corredor da vergonha. Eu apenas ouvia vozes enlouquecidas: "Matar! Arrebentar! " Da mandíbula quebrada jorrava sangue..."

Na Administração Estatal me levaram ao quarto ou quinto andar, - recorda este horror o ativista de Donetsk. - Quando retiraram a bandeira, choveram golpes. No braço esquerdo Murza viu a tatuagem - a bandeira do exército insurgente ukrainiano e a inscrição: "Glória a Ukraina! Glória aos heróis!", mandou desenroscar a lâmpada, fez uma "roseta", e com ela, por uns 15 minutos tirava o couro...  Torturando suas vítimas, os terroristas perguntavam aos mineiros,  se estiveram no Maidan? Se aprovavam a Associação da Ukraina com a União Européia? Quanto lhes pagavam? As respostas de que eram mineiros comuns, não influenciavam os verdugos.

No cativeiro Oleksandr permaneceu dois dias. Três presos soltaram antes. Em todos os canais transmitia-se a informação sobre mineiros desaparecidos (ajudava procurar as pessoas o presidente do Sindicato Independente dos Mineiros Mykhailo Volynets). Ao "Spartak" ligou um certo Mongol e disse que os planos mudaram, que não vão nos libertar. Nos vedaram os olhos, colocaram no carro e levaram ao telecentro onde localizava-se o "Baluarte" de Kharkiv. Lá eu vi este Mongol, - diz o Sr. Oleksandr. Ele tem aparência oriental, a pronúncia não era local. No telecentro nós viemos às 18 horas - nem água nos deram. Ameaçavam atirar. Liam a sentença: "Pela traição de Donbass".

Pela cabeça de um ativista - 25 mil dólares

Quando, finalmente, libertaram os mineiros cativos, eles foram levados pela "rápida". Os médicos de Donetsk não deram aos ativistas tratamento adequado (o Sr Oleksandr tinha duas costelas quebradas, e não disseram uma palavra sobre isto). A esposa do aprisionado marido levou-o para casa (ela esteve o tempo todo sob as paredes da Administração Estatal). "Telefonou Mykhailo Volynets e falou que à  minha vida havia ameaças. Para, de algum modo eu saísse de Donetsk". A esposa do Sr. Oleksandr nada sabia sobre as façanhas de seu marido (ela trabalha como vendedora), que dizia a ela que ficava em casa, mas defendia o  Conselho da cidade, arrancava das agências governamentais as bandeiras tricolores inimigas...

Os auto-proclamados líderes da República Popular de Donetsk, pela cabeça de Oleksandr Gurov estabeleceram prêmio  - 25.000 dólares.

Pergunto ao mineiro, por que exatamente as regiões de Donetsk e Luhansk encontram-se no centro dos atuais acontecimentos. "Porque estas são as regiões mais deprimidas, - diz ele. - As mais corrompidas. Para conseguir um emprego na mina, era necessário dar 8 - 10 mil hryvnias (Hoje, o dólar está valendo cerca de 13 hryvnias. E aonde conseguirá dinheiro para "pagar" pela vaga de emprego uma pessoa que não trabalha? - OK)

Os separatistas tentaram persuadir os mineiros para o seu lado. Muitos deles têm atitudes pró-russas - lhes enfiaram na cabeça que as pensões dos mineiros na Rússia, são mais altas... A família Gurov espera poder voltar para casa. Confiam em ATO (Ação Antiterrorista).

"Bateram no rosto com botas militares, como numa bola de futebol..."

Oleksandr Vovk - mineiro com 30 anos de experiência. Até hoje não se recuperou bem do choque experimentado. Em casa ficou sua idosa mãe. "O tempo todo eu dizia que era mineiro, pensionista. Batiam com botas militares no rosto, como numa bola de futebol. Quando tentei pegar minha japona, ouvi: "Ela não lhe será mais necessária." Os terroristas levaram do bolso de Oleksandr... 60 hryvnias e o certificado de pensionista. De várias salas da Administração Estatal de Donetsk vinham os gritos dos prisioneiros.

-" Quem está envolvido em seu sequestro?". "Atrás disso está o prefeito -concussionário de Novohrodivka e sua auxiliar Natália Ivanova.
O Sr. Oleksandr assegura que em Donbass há patriotas. Nós resistimos até quando, contra nos colocaram os pistoleiros - do batalhão "Vostok", que inclui os ex-"berkutivtsi , "alfivtsi"(do batalhão Alfa, também do tempo do ex-presidente Yanukovych, que controlavam as manifestações com o uso da força - OK) e chechenos. Estes combatentes invadiram a casa de meu vizinho Museik, porque lhes disseram que lá escondia-se o "Setor Direito" e havia esconderijo de armas... ("Setor Direito"  é uma organização considerada mais radical. Foi a participação do "Setor Direito" que contribui decisivamente na vitória das manifestações contra o governo corrupto do Yanukovych, no Maidan - OK).

***

Rússia cortou o fornecimento de gás para Ukraina.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana) 16.06.2014

Sobre isto avisou o Ministro da Energia e Indústria do Carvão Yuri Prodan.
"No dia de hoje nós recebemos aviso sobre redução a zero do fornecimento do gás para Ukraina", - disse Prodan.
Segundo suas palavras, deixaram apenas a quantidade de trânsito do gás que vai aos países europeus. (O gás russo vai aos países europeus pelo território ukrainiano).
Como se sabe, "Gazprom" (Rússia) entrou com ação de arbitragem à Câmara de Comércio de Estocolmo para recuperar de "Naftogaz da Ukraina" 4,5 bilhões de dólares em relação ao não cumprimento de contrato.
Por sua vez "Naftogaz" processa "Gazprom" junto à arbitragem de Estocolmo com a exigência de recuperação de pagamento indevido pelo gás fornecido pelo monopolista russo desde 2.010.
De acordo com o "Naftogaz", tal pagamento indevido é de 6 (seis) bilhões de dólares. "Naftogaz" também exige um preço justo de mercado. 
Já o "Gazprom" exige da Ukraina pagamento antecipado pelo gás. 
Alexey Miller, presidente do "Gazprom" admitiu que sem Ukraina " Gazprom" não será capaz de cumprir as suas obrigações para com as consumidores europeus.
"O que se refere aos gasodutos Yamal - Europa, Nord Stream o gás é subterrâneo no território da UE, que será bombeado - é claro, totalmente, em 100%. Neste caso, se houverem problemas com trânsito através do território da Ukraina com esses volumes, estas perdas não poderão ser compensadas.

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário