Imprensa européia: Putin não recuará
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 09.08.2014
Daniel Bilyk
Comentaristas da mídia européia são unânimes em afirmar que o governo russo não pretende fazer concessões em confronto com o Ocidente, tendo em vista a crise ukrainiana.
A publicação holandesa De Telegraaf, comentando sobre a proibição da Rússia à importação de produtos europeus, escreve: "Estas medidas defensivas mais uma vez demonstram, que o esperado curso de mudança da Rússia não vale enquanto Putin e seu bando mandam no Kremlin. No entanto, Putin pode não pode agir de outro modo. Ele é vítima de sua própria retórica nacionalista, que atualmente ainda é bem recebida por muitos russos.
Se ele ceder agora à pressão das sanções ocidentais agora, isto pode levar a uma grande perda de sua personalidade e queda do regime de Putin. O fato de grande importância é que a Europa não deixou se abater do curso escolhido, devido a primeira contra medida do lado russo. Não importa o quão doloroso é, a importância econômica das relações comerciais com a Rússia deve ser subordinada à proteção do nosso estilo de vida ocidental livre. Acontece que a liberdade e a democracia não são gratuitas".
A edição alemã Westfalen-Blat também comenta as contra medidas da Rússia em resposta a sanções da UE: "Com seu decreto o presidente da Rússia Vladimir Putin é improvável que tenha surpreendido alguém. A proibição da importação de certos bens tem como meta punir os maus países do Ocidente por suas sanções contra Rússia. O fato, que o todo poderoso senhor de Kremlin reagiria à "agressão" do exterior, era compreensível, como o dia claro: Putin precisa demonstrar sua força.
E o que significa a proibição da importação? Para o Ocidente, na verdade, é menos significativa, como parece à primeira vista. Em muitos ramos da economia, haverá alteração. Rússia, anteriormente, já afastou seu mercado do mundo exterior nos últimos meses. Proibição para importação de carne, leite e outros produtos da Alemanha já foi imposta no ano passado. A base para isto tornou-se, oficialmente, "deficiência sanitária". No entanto o motivo verdadeiro era a proteção dos produtores nacionais. Os peritos financeiros e econômicos russos temem um aumento nos preços ao consumidor e à recessão como consequência das sanções de ambos os lados. Então, talvez, Rússia dará reversão às suas contra medidas".
A francesa Les Dernières Nouvelles d'Alsace (DNA) em seu comentário chama a atenção para o leste da Ukraina: "Concentrando nos últimos dias dezenas de milhares de soldados na fronteira com Ukraina, Putin deliberadamente aumenta o espectro de uma intervenção militar maciça, em resultado da qual o mundo pode encontrar-se à beira do abismo. Observar como o presidente russo acrescenta combustível ao fogo, não surpreende.
Convencido da fraqueza do Ocidente, acima de tudo do presidente americano Obama, e também do seu próprio poder de intimidação, ele não mais recuará".
O alemão Stuttgarter Zeitung também olha com bastante pessimismo para o futuro da crise ukrainiana: É claro, a melhor opção seria se os detentores do poder em Kyiv e Moscou chegassem a acordo sobre como será o futuro do leste da Ukraina.
É claro, seria desejável, que a comunidade internacional se reunisse e coloca-se Putin e Poroshenko a uma mesa. Mas isto não acontecerá. Provavelmente, no leste da Ukraina brevemente serão ouvidos ainda mais disparos. E o mundo assistirá a isso, porque, em última instância, ele é importante".
Berlim Tagesspiegel escreve: "A operação militar no leste da Ukraina desde início foi uma estratégia muito perigosa. Ukraina, é claro, tem o direito de defender o seu território contra os separatistas. No entanto, ela arisca, cedo ou tarde, receber resposta de Putin. Rússia é mais forte. Se Putin quiser devolver a derrota dos separatistas a qualquer preço, ele é capaz de fazê-lo. O momento decisivo aproxima-se mais rápido, como talvez, quisesse Europa. "Aterrissará" Putin seu exército na Ukraina - ele sabe o preço que precisará pagar por isso. O Ocidente não se reconciliará com isso.
Ele não interferirá no conflito militar, como no caso da Hungria em 1956, ou em Praga em 1968. A resposta será a política consecutiva de contenção, algo como uma nova Guera Fria econômica.
A polonesa Rzeczpospolita acredita, que o Ocidente deve reagir com mais dureza à ameaça da Rússia. "A ordem ainda não houve. Contudo, prontidão para guerra confirma a concentração de soldados russos e armas pesadas na fronteira com Ukraina. Estas também são as declarações de políticos e diplomatas russos. Eles, cinicamente explicam, que não podem ver o quanto sofre a população civil no Donbass, embora eles próprios provocaram o conflito.
Ninguém sabe o que acontece na cabeça de Putin. Nela, antes de tudo, esconde-se a ordem de iniciar a guerra, embora isto ainda não é visível no exterior. O Ocidente deve esperar. E, no caso - reagir tão duramente ao Kremlin, o quanto for possível".
A alemã Westdeutshe Allgemeine Zeitung escreve: "É difícil imaginar, que Putin assistirá os separatistas no leste da Ukraina encontrar-se no cerco em Donetsk e serem derrotados. Quando a luta passar para a fase decisiva, pode acontecer tudo, inclusive intervenção militar. Que o presidente russo não vai recuar apressadamente, evidencia-se pela forma como ele responde a sanções - proibição da importação de bens ocidentais.
O pessimismo nos resultados de uma recente pesquisa entre cidadãos alemães é justificado. Exagerado é o medo de um confronto militar da Rússia e OTAN. A Aliança não vai participar da guerra a favor da Ukraina. Apenas uma mesa redonda com russos, inclusive separatistas, poderá ser a solução. Isto compete apenas à força da Rússia e EUA. Mas eles não conseguirão lidar com isso".
Invasão da Ukraina é a única opção para Putin - McFaul
Voz da America, 06.08.2014
Invasão da Ukraina é uma possível consequência a partir da lógica das ações de Putin. Sobre isso escreve o ex-embaixador dos EUA Michael McFaul, no artigo publicado por "Político".
De acordo com McFaul, os colossais esforços de Putin direcionados na organização da rebelião no Leste de Ukraina falharam.
Após a anexação da Criméia, Putin tentou implementar um cenário semelhante no leste da Ukraina. Ele lembrou ao mundo que a área que ele agora denomina de Novarossia, antigamente fez parte do Império Russo (Fez parte porque Rússia apoderou-se desta região ainda em 1654 - OK)
e criticou os bolcheviques pela transferência desse território. A mídia subordinada a ele, começou chamar a campanha, por ele iniciada de "Primavera Russa", afirmando que isto é, praticamente eco da Primavera Árabe e Rússia se sobressai como libertadora dos russos reprimidos no leste ukrainiano.
No Twitter foram mobilizadas dezenas de milhares de pessoas, para inflar apoio à idéia de Independência da Novorossia, - escreve o ex-embaixador dos EUA na Rússia.
Tudo isto deu em nada. Os rebeldes no leste da Ukraina não conseguiram mobilizar grandes grupos da população para apoiar o separatismo. Afinal, o exército ukrainiano resistiu, renovou o controle em muitas cidades e vilas, capturadas pelos rebeldes. Putin já não menciona Novarossia. Ele compreende, "libertação" da região é agora meta inatingível", - escreve o diplomata americano.
Sob estas condições, Putin tentará manter o mínimo - criação de uma situação de instabilidade permanente no leste da Ukraina.
Deste modo, esta região tornar-se-á semelhante a outros chamados "conflitos congelados" na Geórgia, Moldávia e Azerbaidjão, que não são resolvidos desde o colapso da União Soviética", - diz o diplomata.
Parece que na Rússia consideram que, se a rebelião pode perdurar por anos ou mesmo décadas - o novo regime em Kyiv, é improvável que poderá consolidar o país e o Ocidente não insistirá na adesão da Ukraina à UE e OTAN".
McFaul espera, que Putin não enviará as tropas para Ukraina. No caso da invasão da Ukraina, Rússia, a longo prazo, sofrerá enormes perdas miliares, econômicas e diplomáticas. Em seu artigo McFaul cita inúmeros exemplos de como Putin age contrariamente aos interesses, aparentemente óbvios, aos interesses da Rússia.
Mitos comentaristas observam que McFaul, que foi autor da redefinição política nas relações com a Rússia, após a cessação do trabalho diplomático e seu regresso ao ensino mudou a atitude em relação à Rússia. "McFaul pertence à geração de especialistas sobre questionamentos russos, que estiveram nas posições pró-russas e tinham esperanças", - escreve sobre o ex-embaixador na Rússia, o professor da Escola de Guerra Naval (Naval War College) Tom Nichols.
Tradução: O. Kowaltschuk
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