sexta-feira, 1 de maio de 2015

Protestos de mineiros: vida a espera de rebelião.
Tyzhden ua. (Semana ukrainiana), 28.04.2015
Denis Kazanskyi

As ações de protestos de mineiros, já bastante esquecidas em Kyiv, na semana passada se tornaram o principal tema de notícias metropolitanas.


Os usuários do Facebook dividiram-se em dois grupos - aqueles que com esnobismo torciam o nariz da visão de massas trabalhadoras e aqueles, que riam dos cidadãos de Kyiv. Como quem diz: isto é a verdadeira Ukraina, e vocês, lá na capital estão completamente divorciados da realidade. Os mineiros, por sua vez, faziam de tudo, para reforçar os estereótipos imaginários dos existentes nos esnobes da capital sobre trabalhadores provinciais. Batiam com capacetes, exigiam dinheiro, embriagavam-se com as belezas da capital e de bebidas fortes compradas nos quiosques próximos. Em suma, combinavam o agradável com os negócios.

Discutindo o aspecto visual do protesto laboral, no início perderam-se completamente outros - os dos bastidores. Mas, logo falaram sobre eles.
O protesto mineiro, desde início, parecia estranho. Primeiro, na ação estavam presentes alguns milhares de mineiros de "Paulograd Carvão", que, atualmente, é dirigido pelo DITEK do oligarca de Donetsk Rinat Akhmetov. Estes mineiros não tinham atrasos de salários, e se houvesse, eles deveriam exigi-los, necessariamente, não dos parlamentares e ministros, mas do seu empregador. Em segundo lugar, os mineiros estatais também não tinham motivo para uma insatisfação tão radical. As dívidas salariais existentes, o governo, paulatinamente reembolsa. O decreto sobre a parcela de 400 milhões de hryvnia para pagamento aos mineiros, o presidente assinou ainda em 14 de abril, isto é, na véspera da ação de protesto em Kyiv. Notícia sobre isto saiu no site NPHU.

Parecia não haver sentido para protestar, se o governo cumpre todas as exigências dos trabalhadores, e tudo é perfeito nas minas de Akhmetov? A resposta apareceu rapidamente na arena política. As fontes contaram nos sindicatos de mineração, que o protesto foi totalmente pago e dirigido por políticos do "bloco de oposição", e seu principal objetivo era pressionar o ministro Demchyshen, exigindo sua demissão.

Deste modo Rinat Akhmetov quer voltar para o Ministério pessoas de sua confiança, que foram desalojadas de lá, nos últimos meses, e conseguir do estado um melhor preço para seu carvão.
Um pouco depois, o deputado  (Jornalista profissional)  Mustafa Nayem publicou um plano chamado "Fortaleza", que anteriormente chegou às suas mãos.  "Eu tenho bases para afirmar, que os recentes acontecimentos em Kyiv - a saber, a greve dos mineiros para afastamento do Ministro da Energia, e ataques contra o governo e presidente, alegadamente pela indústria - é parte de um único plano para proteger os interesses da Companhia de Rinat Akhmetov no mercado energético de Akhmetov. Ou mais precisamente, tentativas do empresário, suspender quaisquer ações de reformar o mercado da energia elétrica e conservação do status quo do monopolista" - escreveu em seu blog Mustafa Nayem

Nos documentos recebidos pelo deputado, indica-se que, para alcançar os seus interesses, o oligarca Akhmetov planeja manter um alto grau crítico das reformas e contratos internacionais de fornecimento de carvão celebrados pelo governo, fortalecimento da crítica contra o presidente Poroshenko na mídia ocidental, ajeitar o medo e hostilidades ao ministro Demchyshen no ambiente da mineração, como também organizar uma série de "rebeliões sociais" - direcionar ações de protesto", que, supostamente, mostrarão o lastimável estado de questões no ramo.
Especialmente notável o último item deste plano.
A nação ukrainiana, ao contrário da maioria dos países vizinhos pós-soviéticos, efetivamente é sujeito de relações políticas e apresenta-se como força ameaçadora, que por várias vezes já provou, que pode influenciar diretamente os eventos no país. Portanto, para qualquer política é importante ter, ao menos aparência de suporte das massas

Obviamente, que o cerco de Akhmetov está, seriamente, predisposto para abalar a situação no país, com auxílio de slogans e apelos populistas, e uso das massas de trabalhadores insatisfeitos para pressionar o governo. Dinheiro para isto o oligarca não lamentará. Na saída, analisando tudo, contam obter algum tipo de Maidan (ou antimaidan?), direcionado contra o governo e o presidente.

Mas, o quanto este plano é verdadeiro?

"O bloco oposicionista" por enquanto é pouco significativo para expressar interesses nacionais. Além disso, a radicalização da sociedade ukrainiana seriamente derribou a classificação dos "regionais", que sempre se posicionaram, como uma força moderada, pró-russa. Belicosos ukrainofobos estão prontos para saquear, com prazer, os edifícios alternativos sob gritos histéricos de Paulo Gubarev, mas manifestar-se a favor de interesses de funcionários desarticulados, repetidamente envolvidos em escândalos de corrupção, sem estímulo financeiro os dispostos são poucos. Mas o problema é, que as ações de protesto, levantadas pelo dinheiro, nunca poderão competir com genuínos protestos espontâneos. Nisto, os ukrainianos já puderam convencer-se, ainda durante os acontecimentos de 2013-2014 em Kyiv, quando contra o auto organizado e ideologicamente "ferrado" Maidan tentaram expor o sem força de vontade e corrupto Antimaidan, que se compunha, principalmente, de elementos anti-sociais e subordinados a orçamentos.

Os acontecimentos na semana passada em Kyiv, onde vários milhares de homens retratavam o descontentamento popular agitando símbolos intrigantes, cujo senso sozinhos não conseguiram explicar. Por enquanto, no "Bloco de Oposição" distingue-se apenas uma imitação grosseira da rebelião social que cheira a quase uma milha de distância. E isto não surpreende, porque Akhmetov, Boyko e Co. hoje perderam popularidade até no Donbas. Crítica em sua direção muitas vezes soa não só do atual governo, mas também dos "heróis populares" da "DNR" e "FSC", que agora frequentemente criticam os oligarcas ukrainianos. O eleitorado de Yanukovych está claramente insatisfeito com a posição comprometedora de seus colegas de ontem, como também está insatisfeito com o próprio Yanukovych, que covardemente fugiu para Rostov. Não há razão para acreditar em quem não apoiou o "antimaidan". E nenhuma motivação para organizar motins de interesse dos clãs dos oligarcas.

Claro, os subordinados mineiros ainda podem ser colocados em um ônibus e levados sob o prédio do Ministério da Energia para protesto, mas obrigá-los a correr riscos, infringir a lei, viver em tendas e se envolver em conflitos com a polícia, como faziam os oposicionistas do regime Yanukovych, não mais é possível. E fazê-lo por relativamente pouco dinheiro, os empregados de Akhmetov é improvável que concordem. Então, renascer Maidan na Capital, é improvável que o "bloco de oposição" consiga.

No entanto, isso não significa que o plano "Fortaleza", desenvolvido nos corredores da Companhia de Energia Donbas, é inofensivo e não traz para Ukraina qualquer perigo. Mas, uma tão grande performance pode causar  danos em sua imagem. Mantendo o grau de negatividade, acumulará na sociedade a raiva, desespero e desconfiança. 
Finalmente, o fundamento posto por Akhmetov podem usar, com sucesso, outras forças destrutivas ukrainianas. Isto já aconteceu no Donbas na primavera passada, quando os "regionais" aquecidos caíram nas mãos dos provocadores russos.

Os oligarcas do "bloco oposicionista" iniciaram um jogo perigoso, que pode acabar muito mal, causando agitação, confrontos de rua e uma nova escalada do conflito militar no leste. A quem interessa este jogo - mais uma vez, não há necessidade de explicar. Parece que os remanescentes da equipe de Yanukovych estão preparados para quaisquer riscos e vítimas, para reaver o poder. Infelizmente os grandes capitalistas do Sudeste não se tornaram verdadeira elite ukrainiana, e como antes, representam uma reacionária e hostil força à Ukraina, com a qual, os cidadãos interessados na preservação e integridade do Estado ukrainiano, involuntariamente precisarão lutar.

Então a escolha dos ukrainianos permanece pequena. Ações de protesto que conscientemente organizam para destruição, em benefício de interesses privados de um governante de altos negócios, apoiar não se pode. E quando for preciso expressar sua insatisfação com ações do governo ou do presidente, então isso deverá ser feito separadamente dos políticos do "Bloco de Oposição". 

Tradução: O. Kowaltschuk

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