domingo, 3 de maio de 2015

Os ukrainianos devem lembrar a II Guerra Mundial para cessar a de hoje - historiadores.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 03.05.2015
Iryna Stelmakh

Rússia esconde cuidadosamente os fatos, produzindo mitos. Silencia-se sobre o fato que mais de um milhão de russos lutou ao lado da Alemanha - Lysenko.


Na foto:  1939 - 1945  - LEMBRAMOS  -  VENCEMOS

Na Ukraina ocorre a sucessão de símbolos e destaques históricos, particularmente também devido a nova atitude a 8 - 9 de maio. Envolto em mitos e cultos o feriado do "Dia da Vitória"gradualmente transforma-se em dia da lembrança e luto, mas, ao invés da "fita de George", os ukrainianos adotaram papoula vermelha - uma alusão ao rastro de sangue da bala. Pelo menos é esta a grande esperança dos historiadores que fizeram apresentações na Universidade de Defesa Nacional da Ukraina durante uma conferência especial na véspera do 70º aniversário da vitória sobre o nazismo na Europa.

Há 70 anos as forças da coalizão anti-Hitler forçaram a capitulação da Alemanha. A comunidade mundial esperava, que no continente europeu prevaleceria imperturbável paz. No entanto, os acontecimentos recentes no leste da Ukraina, atestam que as esperanças não se realizaram e espiras do drama atual da Ukraina, entre outros, é necessário procurar em seu passado de guerra.

"Guerra - é um extraordinário espectro de vicissitudes da vida. Não é apenas o heroísmo. Antes de tudo é sangue, é vítimas, é traição e vilania, e sobre tudo isso devemos conversar. A quem, senão a nós é importante lembrar esta guerra e lembrar, ao menos, para cessar a atual e dizer "nunca mais". Vamos com este lema tentar viver", - exorta o diretor do Instituto de História da Academia Nacional de Ciências (NAN) da Ukraina, doutor em Ciências Históricas Valery Smoliy.

Valery Smoliy, diretor do Instituto de História da Academia Nacional de Ciências.
"Nunca novamente" - slogan, que os historiadores e a sociedade escolheram para comemorar em 8 de maio no ano passado. Mas, muito rapidamente se tornou claro, que "novamente" se tornou possível, porque Rússia não voltou daquela guerra, e a maioria de seus cidadãos está convencida de que a sua "guerra santa" continua, e se os seus "avós lutaram" então eles também lutam. Verdade, não mais com os nazistas, mas com o "fascismo", com "ukrope" (1 - Os militantes assim denominam, com desprezo, os combatentes ukrainianos. 2 - Ukrop, segundo o presidente Poroshenko é "oposição ukrainiana", 3 - Apelido , dado pelos militantes pró-Rússia, aos combatentes ukrainianos. Outros significados:  Ukrop é nome de rio, de funcho). 3. E "gayropa" ( ou gayeuropa para melhor entendimento).
Então, este ano o slogan para 8 de maio mudaram de "Nunca novamente" para: "Lembramos, vencemos."

Estatísticas da II Guerra:

4 milhões de combatentes ukrainianos mortos; mais de 5 milhões de vítimas ukrainianas pacíficas; milhões de pessoas perderam as casas; dezenas de milhares de órfãos.
8 de maio dia da memória e reconciliação; 9 de maio dia da vitória sobre o nazismo na 2ª guerra mundial.

Apoderar-se da vitória sobre o nazismo, Rússia ativamente e teimosamente tenta, há vários anos. Particularmente, no ano passado, Vladimir Putin declarou publicamente, que a vitória era possível sem os ukrainianos (com o que indignou não apenas Ukraina, mas o mundo todo). Então, uma série de historiadores ukrainianos, respondeu ao presidente russo com a linguagem dos fatos, lembrando centenas de chefes militares de origem ukrainiana - entre eles Semyon Timoshenko, Michael Kyrponos, Andrei Yeremenko, Radion Malinovski, Ivan Cherniakósvski,  Kuzma Derevyanko, Pavel Rybalko, Kiril Moskalenko, Dmitry Lelyushenko, Alex Brest, outros. Hoje, com fatos, ao presidente russo, responde o comandante superior da Universidade Nacional de Defesa da Ukraina Ivan Cherniakhovskyi, doutor em Ciências Militares Vasily Telelym.

Chefe da Universidade de Defesa Nacional da Ukraina, Ivan Cherniakovskyi, Doutor em Ciências Militares Vasily Telelym (esquerda) e Diretor Geral do Museu Nacional da História da Grande Guerra Patriótica Ivan Kovalchuk (direita).
A batalha nas terras ukrainianas durou 1.225 dias e noites. No território ukrainiano conduziram 9 operações defensivas e 29 operações ofensivas, e na libertação dos nazistas concentrou-se quase metade das forças do Exército Vermelho. Durante os anos da guerra, aos participantes das ações foram entregues 7 milhões de ordens e medalhas, das quais 2,5 milhões receberam os nativos da Ukraina. 2.072 ukrainianos tornaram-se Heróis da União Soviética, e isto são 18,2% do total", - cita os números.

Rússia esconde cuidadosamente os fatos, produzindo mitos. Especialmente, a propaganda russa fala apenas sobre os anos 1941 - 1945, escondendo entre parêntesis os anos 1939 - 1941, quando a União Soviética era agressor, convence que UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) ficava apenas nas florestas e em sua composição serviam apenas os ukrainianos ocidentais, e também exclui os materiais relacionados ao processo de Nuremberg. Silencia também que mais de um milhão de russos lutou ao lado da Alemanha. O atual patriotismo russo-soviético é um exemplo eloquente de como, artificialmente conservar e explorar a fenomenologia da memória com propósito ideológico, diz Ph.D., chefe de estudos históricos da Ukraina durante a Segunda Guerra Mundial Oleksandr Lysenko.

"A questão é sobre a manipulação da memória, sobre a guerra como meio de legitimar o regime. Em seu tempo isto já aconteceu no regime de Stalin, que do mito da Grande Revolução Socialista de Outubro passou para o mito da Grande Guerra Patriótica. Hoje nós vemos que na Rússia, ao invés de valores a um perspectivo desenvolvimento, novamente explora-se o mito da Grande Guerra Patriótica, e com isso desdobra-se a sociedade ukrainiana, voltando-a para trás, ao invés de dirigi-la à perspectiva histórica", - explica ele.

No entanto, à avaliação polar da guerra não contribuiu apenas a Rússia e sua propaganda, mas também a atual política da Ukraina, acrescenta Lysenko.

Colocando diametralmente os marcadores opostos - de Stepan Bandera e Roman Shukhevych, no período do presidente Yushchenko à álea de heróis da União Soviética em Kyiv, e durante a presidência de Yanukovych, o governo envolvia-se com politicagem, em vez de difundir a aceitável para toda Ukraina memória sobre a guerra", - diz ele. 

Devido a isto a consistência diversa da memória histórica dos ukrainianos das regiões leste e sul da Ukraina revelou-se muito apropriada ao separatismo, pelas idéias do assim chamado "opolchenstva" (Na antiguidade - exército que formava-se durante a guerra, de massas populares - OK), lembram os historiadores. Então eles, os historiadores, apelam para ser mais atenciosos aos acontecimentos de 1939 - 1945. Porque a memória de uma nação forma-se com conhecimento e vivência de ações passadas e - o mais importante - sua apreciação oportuna.

No ano passado, o lema era: "Nunca novamente". Mas "Nunca novamente" tornou-se realidade. Então o lema deste ano é: "Lembramos, vencemos".

Tradução: O. Kowaltschuk

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