Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana)m 02.04.2015
Olga Vorozhbit
Semana conversou como cientista político americano, de origem ukrainiana, professor da Universidade de Rutgers Aleksandr Motyl, sobre política de Washington em relação a Kyiv, imagem e atitude à Ukraina pelos políticos dos EUA.
Semana: Do congresso à administração do presidente Obama vêm sérios chamamentos para auxiliar Ukraina, mas sua política ainda é bastante hesitante. Por que?
- Eu não gostaria de defender aqui o presidente Obama, mas porquanto ele, como presidente, não teve nenhuma relação com Ukraina durante os últimos sete anos, isto é, com Maidan e revolução, direi que, de fato, ele fez muito durante o último ano. Obama concordou com as sanções, e é exatamente ele e América que constantemente pressionam UE, para reforça-los lá. Em geral a política dos EUA, em relação a Kyiv, é bastante vigorosa. Dado o fato de que ele, em relação a Ukraina, em geral não se interessava, mas agora está bastante envolvido, então isto é positivo. Naturalmente, o aspecto negativo é que Kyiv aguarda fornecimento de armas, sobre o que já falam positivamente todos: políticos no Senado e na Câmara dos Deputados, e assessores de diversos níveis - dos menores analistas aos maiores. Então a pressão, que fazem, para iniciar este processo é extraordinário, mas o presidente, não se sabe porque, hesita.
Então, especificamente a sua pergunta: por que? Isso pode ter diversas causas. Uma - boas relações com a Rússia no início de sua presidência. Isto foi, em grande parte, sua inovação, porque no tempo de Bush o diálogo piorou, e, certamente, a qualquer pessoa, muito mais a um presidente, é difícil abandonar um curso e passar para outro.
Segundo - pode ser o fato, de que EUA, nos últimos 7 - 8 anos, especialmente no período de Obama, procuravam afastar-se de Iraque e Afeganistão. Este era o objetivo principal. Foram justificadas estas guerras ou não, mas em qualquer caso elas não foram bem sucedidas. Então, aqui, há uma certa contradição: por um lado, você recua, do outro - dizem a você para atacar. Isto é um pouco difícil. Seria mais fácil para Bush: ir em frente no Iraque, no Afeganistão, e na Ukraina.
Terceiro - a Obama justamente acusam, que sua política externa, especialmente de segurança, não é sua especialização. Ele é uma pessoa, que toda sua carreira passou num nível local. Ele é mais um político local, isto é, não é aquele que opera com categorias globais. Apesar de que é capaz de raciocinar como um e já provou isso. Muitas vezes já foi criticado por não gostar de política externa: gostaria de focar na interna, mas aqui lhe interferem constantemente.
Visto que Rússia tornou-se um problema estratégico, ou, pelo menos, desafio, Ukraina, de repente, adquiriu peso para EUA.
Quarto - crise na Síria continua. Um ano atrás, Obama fez ameaças ao Presidente Assad com graves consequências, no caso de uso das armas químicas. Elas foram aproveitadas, mas consequências não houve. Então Obama queimou-se nesta situação, por isso hesita aqui.
Eu penso, que apesar de todas as dúvidas e negativas, a pressão dos políticos americanos já agora é tão forte e, ao mesmo tempo, a audácia da Putin tão óbvia (sua agressão, imperialismo, prontidão para enormes provocações não somente contra Ukraina, mas também contra os Estados Bálticos, Polônia e Belarus), que Obama encontra-se sem saída. Ele já não tem como manobrar, e mais cedo ou mais tarde, penso, ele concordará. Hoje já fornece armas não letais. E este é um passo importante. Além disso retorna o treinamento de militares ukrainianos pelos militares americanos. Isto é, prepara-se o solo. EUA isto não negaram. Assim, Obama, gradualmente, vai na direção, e único passo lógico que resta a ele fazer - é começar o fornecimento das armas.
Semana: Se surgiu, no último ano da Administração Obama política ukrainiana?
- Quase. Ukraina, se levar em conta seu tamanho, importância geopolítica, especial significado para América não tem, não desempenha nenhum papel excepcional: econômico, político. É claro, se ela se tornasse forte, a situação mudaria. Mas Ukraina é importante para EUA e Europa (em especial aos EUA) de forma estratégica. Porquanto Rússia se tornou problema estratégico, ou, pelo menos desafio, Ukraina rapidamente adquiriu importância. Este é o liame que pode se observar nos últimos 25 anos. Quando mantinham-se relações normais Washington - Moscou, a atitude dos Estados Unidos era bastante indiferente à Ukraina. Havia algum financiamento da sociedade civil, de pouco interesse.
Mas, quando crescia a confrontação com a Rússia, crescia o interesse por Kyiv. Então Ukraina é importante para EUA como contrapeso à Rússia, como zona tampão.
Como no último ano Moscou, além de tornar-se problemática, e violar todos os acordos, esta pronta para explodir toda a arquitetura de segurança pós-guerra e iniciar uma nova guerra, a atitude americana a ela, e ao mesmo tempo à Ukraina, muda. Penso, que Kyiv permanecerá importante e, deste modo, agirá a política ukrainiana, que será, em maior ou menor grau, independente da Rússia - enquanto Rússia for problemática. Naturalmente, seria melhor, se Rússia se tornasse normal, será isto, ou não, logo.
Semana: Quanto o medo de ataque nuclear afeta a política da Administração Obama? Ou tudo são blefes de Putin?
- Em primeiro lugar, penso que Putin blefa. A partir do momento que os americanos lançaram duas bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, não houve tais casos, apesar de que houveram várias possibilidades. Diversos países "bandidos" têm essas armas. E seus líderes ameaçavam com elas, mas ninguém usou. Portanto, me parece, que Putin simplesmente quer mostrar, o quanto ele é mais forte, e quão poderosa é a Rússia, que os russos nada temem. Segundo, o próprio fato de tais declarações (mesmo se pensar, que ele não usará armas) confirma a suspeita: esta pessoa não é totalmente racional, ela pode decidir-se a qualquer momento. E isto, naturalmente, assusta, porque europeus e americanos, com todas as suas falhas, são racionais.
Semana: Ukraina é representada adequadamente nos EUA? Seus políticos são percebidos seriamente?
- Aqui há alguns aspectos. A atitude a ela mudou radicalmente. Perceba que de 2008 a 2013 havia a chamada fadiga da Ukraina, isto é, nem políticos, nem analistas, nem o público por ela não se interessavam. Sei isto por experiência pessoal. Então, escrever um artigo sobre Ukraina era fácil, mas que o aceitasse um jornal sério - era muito difícil. Agora o oposto. Então, a interpretação da Ukraina era como um país bandido, corrompido, para tudo inservível, mas Maidan mudou muita coisa. É claro, continua haver uma espécie de ceticismo. Pelo menos colocam um ponto de interrogação. Os ukrainianos demonstraram que estão dispostos a lutar por seu país, isto é muito positivo.
Manifesta-se o espírito de patriotismo, ele une os falantes do idioma ukrainiano e russo, ukrainianos étnicos, russos, judeus e outros. Assim, a imagem global da Ukraina mudou radicalmente para melhor.
Claro, existem algumas vozes, aqui e ali, esquerdistas ou muito direitistas, que negam isto. Aproximadamente, como na Europa. Quanto aos próprios políticos, a imagem também mudou, a atitude em relação ao final da Yushchenko era muito negativa, a Yanukovych - ainda pior, mas em relação a Yatseniuk e Poroshenko é relativamente positiva. É claro, surgem indagações, se estes são realmente reformadores, mas pelo menos eles ainda não fizeram nada de errado.
Semana: - É suficiente o que faz Ukraina?
- Não inteiramente. Seus diplomatas na Europa e nos Estados Unidos poderiam agir mais ativamente. E isto em questões elementares. Semanalmente poderiam ter uma reunião informal com os jornalistas. Mensalmente - uma grande coletiva. E, se isto fosse feito em Tel Aviv, e em Nova York e Chicago e Paris e Bruxelas, teria uma enorme influência nos jornalistas, nos analíticos. Isto também seria oportunidade para influenciar no discurso.
Ukraina, além de outros, poderia usar mais da diáspora. Diáspora conta com muitas pessoas em posições sérias, que estão prontas para ajudar, e elas procuram tais possibilidades. Este recurso humano, chamado "human capital", e Kyiv poderia usá-lo de maneiras diversas, incluí-los no trabalho das embaixadas, consulados ou criar relações mais estreitas entre os meios de comunicação na Ukraina e pessoas locais. Tudo isto também melhoraria a política, imagem e discurso, que aqui domina em relação a Ukraina.
Alexandr Motyl - politólogo americano, de origem ukrainiana, literato e artista: pesquisador do imperialismo e nacionalismo. Nasceu em 1953 em Nova York, estudou história, pintura e politica na Universidade de Columbia. Hoje professor de Ciência Política na Rutgers University (USA). Autor de livros: ""Os resultados dos impérios: o declínio, decadência e renascimento", "Revoluções, nações, impérios..., outros.
Nossos rapazes voltaram: a Kyiv chegou 12º batalhão.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 25.04.2015
Fotos de Elena Balatsanova
Neste sábado o sol quase duplicou em Kyiv: os moradores da cidade encontravam os combatentes do 12º Batalhão de Kyiv, que voltou para descanso e renovação da saúde, da zona da ATO.
Bonitos, com barba por fazer, os rapazes abraçavam suas esposas e pais, enquanto os parentes traziam flores, riam e choravam, encantavam-se e orgulhavam-se com nossos soldados, nossos defensores.
Comboio de ônibus e automóveis estendia-se desde a estação do metrô "Vyrbytsia" quase à de "Kharkiv". Era azul-amarelo-vermelho de flores: crisântemos amarelo azuis (cores da bandeira) e tulipas vermelhas.
Rapazes tão graves na aparência, carinhosamente sorriam para seus filhos, beijavam suas esposas, estreitavam em abraços seus pais. A família chorava de alegria e não queria dispensá-los nem para alinhamento.
De acordo com Maryna, seu marido veio em férias para 10 dias, e em seguida haverá rotação.
Seu filho maior tem 2,5 aninhos, o menor 8 meses. Ela diz que eles sentiram muita falta do pai e agora estão muito felizes. "O menor, nem tanto, porque em toda sua vida, viu seu pai, talvez um mês. Cresce sem pai", - diz ela.
Em maio do ano passado foi formado o 12º Batalhão voluntário, e no início de junho, o pai foi à zona ATO na região de Luhansk. Em 2 de agosto, no distrito Zhovten, na região de Luhansk, o batalhão levantou a bandeira ukrainiana.
No batalhão também há lindas moças.
Hoje, da zona ATO voltaram três rotas do batalhão, que estavam em vários setores. Lá ficou apenas um pelotão no setor "B". Todo batalhão agora está em descanso e recuperação da saúde. Atualmente, diante da maioria, surgirá a pergunta, se voltar para vida civil, ou se proteger a independência da Ukraina.
De acordo com o comandante do batalhão, tenente-coronel Mykola Bilosvit, em Luhansk, nos primeiros dias o batalhão demonstrou o seu lado melhor.
"Depois de 2 de agosto, nem sei como dizer, cada um de nós não foi capaz de mover-se um passo à frente. Mas o batalhão, com honra cumpria todas as tarefas impostas pela liderança. E nós procurávamos fazer tudo que dependesse de nós. Gostaríamos que os dirigentes das Forças Armadas colocassem as tarefas mais concretamente. Como dizem "concept" a nós ainda não é compreensível. Eu penso, que falo, pelo batalhão inteiro quando agradeço a todos os moradores de Kyiv, aos voluntários. Todos sabem que o exército, especialmente nos primeiros meses de sua existência e ações de combate, existiu apenas graças ao movimento voluntário. Então eu quero dizer um grande obrigado aos moradores de Kyiv, e não apenas a eles, que nos ajudavam. Também a nossas famílias que nos apoiavam. Um grande obrigado!" - disse o tenente-coronel.
Após o alinhamento, todos juntos executaram o Hino Nacional. Entre a multidão ouviu-se "Já os dispensem para casa!"
Os combatentes hoje dormirão tranquilamente, os familiares os aquecerão com carinho e amor.
Tradução: O. Kowaltschuk
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