Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 29.04.2014
Andrii Kuznetsov
Luhansk - na terça-feira pessoas não identificadas, armadas, capturaram os prédios da administração, procuradoria, milícia, tribunal de apelação. Pelas ruas da cidade andavam pessoas armadas.
Tudo começou com uma manifestação em frente ao SBU regional (Serviço de Segurança da Ukraina). Lá anunciaram que findou o prazo do ultimato, apresentado ao governo. Como quem diz, não houve resposta do governo, então é necessário ir à administração regional. Muitos participantes já traziam ferramentas para o ataque: tacos de madeira, cassetetes de borracha, capacetes. A multidão marchou pela rua Soviética, cantando seu slogan costumeiro: "Referendo! Referendo! Rússia! Rússia!".
Quando chegaram à administração regional, os jovens com máscaras e camuflagem começaram bater no vidros, quebrar a porta. Milícia não ofereceu resistência. Os manifestantes rapidamente ocuparam todos os andares. No alto do prédio penduraram uma bandeira russa. Uma bandeira ukrainiana encontrada no interior, estenderam na escada, queriam limpar os sapatos, mas acabaram recolhendo-a. Na fachada arrancaram as placas "Administração Regional da Província" e Conselho Regional
"Em Kyiv podiam capturar todos os edifícios, significa que eles eram heróis. E nós, significa que não somos ninguém, que é necessário nos destruir... Considero, se os rapazes acham necessário tomar este edifício, significa que é necessário", - diz Svetlana, uma das manifestantes.
Próximo do edifício do SBU não havia ninguém, além dos soldados da Guarda Nacional. Os funcionários foram liberados com antecedência. De acordo com informações extra-oficiais, o presidente da Administração Regional estava em Kyiv.
Ameaças aos jornalistas e lesão a advogado.
Os manifestantes pró-russos não procuravam contato com os jornalistas. Alguns até ameaçavam. O jornalista do rádio local "Pulse" Ihor Rets disse que foi cercado por seis pessoas, duas armadas. Eles consideram que nós não esclarecemos bem sua atividade. E ameaçaram atirar na perna se nós não cumprirmos suas ordens. Eles exigiram mostrar documentos. Exigiram reformar os cartões de memória, depois, simplesmente os levaram", - disse Ihor.
O famoso advogado Ihor Chudovskyi, que apoiava o Maidan em Kyiv, foi baleado quando o levavam a TV regional para uma conferência de imprensa com ativistas pró-russos. Agora Chudovskyi está no hospital com ferimento a bala.
Após a captura da Administração de Luhansk, a multidão com bandeiras russas, rumou à promotoria regional. O prédio estava protegido, mas foi conquistado rapidamente. Os funcionários foram retirados sob ameaça dos autômatos. Colocaram a bandeira russa também no prédio do Tribunal de Apelação, que está em frente da promotoria.
Chefe da Milícia
Após a multidão vir sob as paredes do Departamento da Milícia Regional, o chefe Volodymyr Huslavskyi entregou sua renúncia por escrito, em troca da não ocupação do prédio. Mas, as pessoas não se dissiparam. Pelo contrário, seu número aumentou. Combatentes com armas automáticas começaram jogar granadas de luz e som para dentro do prédio e depois o tomaram.
Na praça propunham à milícia entregar as armas para controle dos antigos funcionários do "Berkut" (Os militares que, com muita agressividade serviam ao governo contra a população pacífica - Ok)
Os manifestantes escolheram seu "chefe do povo". É o senhor Anatoli Naumenko, que já chefiou a milícia anteriormente.
Vinham pessoas armadas à TV Regional e rádio. Elas apresentavam-se ao vivo. Apresentou-se em camuflagem Viacheslav Petrov. Na legenda dizia que ele era representante do Estado Maior da "República Livre de Luhansk". Ele conclamou as pessoas para não entrar em pânico e preparar-se para referendo local, que ele acredita terá lugar no dia 11 de maio.
Os moradores de Luhansk perguntam: cadê o governo?
A situação em Luhansk é complicada. Forças pró russas tomaram a Administração Regional, a Câmara Municipal, a Procuradoria e o Tribunal de Apelação. Não está bem definida a situação com o prédio do Ministério do Interior.
As bandeiras da Ukraina foram arrancadas. Foram colocadas as russas tricolores e também as cores das fitas de St. George russas. Nas entradas dos edifícios capturados erguem-se barricadas.
As tricolores russas em outras cidades de Luhansk.
De acordo com a mídia as bandeiras russas já aparecem em Pervomaisk e Krasnyi Luch.
Na véspera os representantes do chamado "Conselho do Povo" exigiam que o Conselho Municipal dos deputados de Stakhanov realizassem a sessão e aprovassem um referendo local para 11 de maio. Compareceram apenas 17 dos 50 deputados. Devido a falta de quorum a reunião não ocorreu.
Em geral, as constantes exigências são: anistia para seus partidários, não reconhecimento do governo de Kyiv, concessão ao idioma russo, estatuto de segundo idioma e referendo sobre o estatuto da região.
Quem controla a milícia?
Os moradores de Luhansk queixam-se da falta de poder e não sabem a quem pedir ajuda, já que o chefe regional da milícia demitiu-se.
Enquanto isso, os representantes das forças pró-russas assaltam e roubam as pessoas nas ruas. De um jornalista local, e seu colega, sob ameaça de revólver, levaram os telefones, alegando que suas fotos não cobriam bem os acontecimentos. A quem encaminhar as queixas? A última notícia no site do Departamento regional do Ministério do Interior datada de ontem, diz que "os membros do principal departamento interno dos assuntos do interior estão em seus postos profissionais e trabalham em regime intensivo".
Ausente da cidade estava o presidente da administração provincial Mykhailo Bolotskykh, não se sabe porque viajou para Kyiv.
Recentemente tentavam igualar a situação os ativistas pró-ukrainianos. Em Luhansk, diariamente realizavam-se manifestações na praça central, pela unidade da Ukraina. Também houve manifestações semelhantes em Stakhanov, Starobilsk e Rubizhne. No entanto as realizações de tais atividades em Luhansk não são seguras. As pessoas são espancadas e intimidadas. Queimam bandeiras ukrainianas.
Tradução: O. Kowaltschuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário