Divisão da Ukraina

Divisão da Ukraina

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 14.04.2014

Pavel Sheremet

Surpreendente, mas até agora muitos pensam, o que quer Putin em relação a Ukraina. Questionam-se com perguntas estranhas: por que Putin quer o pobre Donbass? Criméia, entende-se, mas Donbass - por quê? O objetivo de Putin é claro e ele, coerentemente o persegue. Realmente existiu o plano de desmembramento da Ukraina seguindo o rio Dnieper, com um desvio no sul. Kremlin, já percebeu que controlar Ukraina não é possível, mesmo com presidente pró-russo. Portanto, Moscou começou a se preparar para uma agitação política maciça nos anos 2016-2017.

Maidan apenas embaralhou as cartas e acelerou o processo. Já está claro, que a meta de Putin e do atual governo russo - divisão da Ukraina. E quanto antes Ukraina apresentar a si ameaças em grande escala, menores serão as perdas.

Até o último momento era possível acreditar em bom senso e pensar, que Rússia não se envolverá nesta aventura e não introduzirá tropas na Ukraina mas, se limitará apenas à pressão política e a formação de forças políticas leais.

Há pessoas na Rússia que acreditam, que a "campanha ukrainiana" é contrária aos interesses russos e levará o país a uma grave crise e, possivelmente, a um novo colapso. Mas, sé isso acontecer, por exemplo em 5 - 10 anos, o estado Ukraina pode desaparecer do mapa da Europa. No quadro atual é exatamente isto.

E que os russos sozinhos esgaravatem seus entupimentos, os ukrainianos devem concentrar-se na ameaça surgida.

O vermelho marca as regiões que podem anexar-se à Rússia. Por exemplo, como República Sudeste ou como novas províncias russas que aderiram à Rússia através de um referendo específico.

Há uma opção mais modesta

Esta foto mostra uma Ukraina dividida, mas algumas províncias e a capital Kyiv não caíram na zona russa.

Imagine que V. Putin olha, todos os dias, para esses mapas. Ele é convencido, que esta operação resolverá inúmeros problemas na Europa Oriental. A Putin não são necessárias apenas três províncias no leste da Ukraina, ele tentará levar toda a zona leste-sul com saída para Moldávia e Transnistria. Isto é realmente uma repetição da marcha da Catarina, a Grande com alguns ajustes.

Tomando Ukraina com foice por baixo, Rússia cravar-se-á no corpo da Europa Central e Oriental. Controlará completamente o Mar Negro, Moldávia, parte da Bulgária. Ukraina perde sua consistência, de todos os lados podas e amputações, estado sem qualquer potencial econômico.

Você pensa, Putin será barrado pelas sanções da Europa e USA? Nefasta autoconfiança!

Depois da Criméia, que Moscou conseguiu com a maior facilidade, Rússia simplesmente realizou reagrupamento das forças. E atacará a qualquer momento.

Primeiro passo - desestabilização nas regiões orientais da Ukraina. E agora todos nós assistimos a ela, em completo crescimento.

Segundo passo - não se exclui a introdução de um contingente limitado para proteger a população civil da fúria "Bandeirivtsi". Por exemplo, em 10 - 11 de maio, quando em diversas cidades da Ukraina os nacionalistas "organizarem ataques" aos veteranos da Segunda Guerra Mundial.

"Nossos avós nos protegeram do fascismo, agora nos devemos proteger!" - Que slogan maravilhoso para operações de grande escala.

Por isso em todas as media russos é tão comentada quaisquer novidade sobre um monumento vandalizado ou bandeira vermelha danificada. Com isto colaboram os moradores do sudeste ukrainiano pró-russos.

Em notícias do Canal 7, o jornalista comentando sobre uma pequena escaramuça, em que ultrajaram "a bandeira da Vitória". Não a bandeira vermelha comunista, mas "exatamente" a bandeira da Vitória!

Qualquer um que tenta nos convencer sobre não seriedade desses planos, ou é estúpido, ou agente.

Os analistas assustam a Rússia com colapso econômico, sanções européias, China e guerrilhas nos arredores de Kyiv. Anteriormente assustavam com guerra nos acessos a Donetsk. Folhear as cartas aos russos, amigos dos ukrainianos já é impossível. Não precisa escrever estas cartas, lá ninguém lê. A sociedade russa encontra-se em êxtase militarista, portanto uma carta da Ukraina é vista como sinal de fraqueza, e carta com ameaças apenas anima.

Putin e Rússia deter-se-ão exatamente lá, onde permitirão os ukrainianos. Por enquanto, a Moscou parece que poderão deter-se em Kyiv.

Tem nosso atual governo um plano? Político, econômico,militar, ideológico, enfim.

São capazes os novos governantes reverter a situação? Agir na dianteira em vez de reação impotente à ofensiva russa?

Além do mais, é necessário agir simultaneamente em vários planos, e com igual fervor em diferentes direções. Apagar a crise política militarmente é quase impossível.

Rússia passou por duas guerras na Chechênia mas precisou, para acalmar Chechênia, enormes concessões e subornos de elites locais.

O leste da Ukraina vive agora a fase de sublimação emocional, mais ou menos, como Maidan no início de dezembro do ano passado. Então Yanukovych ainda podia fazer concessões e conservar seu poder, mas ele perdeu tempo, subestimou o perigo e perdeu tudo em poucos meses.

A questão  já não é somente Yanukovych e Akhmetov. Eles são apenas instrumentos no grande jogo russo. É indispensável responder a si mesmo com honestidade - se estamos prontos para lutar pelo leste e sul da Ukraina? Pelo sul, parece que estamos, e pelo leste?

Quantas vezes se ouviu em Kyiv, de pessoas posicionadas , dito com ofensa sobre Donbass: "Sim, que anexem à Rússia, se é isso que querem, que não nos atrapalhem viver como vivem os europeus!"

Bem, que Luhansk vá, mas Donbass - é ukrainiano.

Estão prontos os ukrainianos a lutar pelo leste? Em primeiro lugar é preciso responder com honestidade, em primeiro lugar para si. Acontecia ouvir esta versão - que no leste talvez não lutem, mas Kyiv não entregarão. Mas ninguém vai perguntar depois de arrebatar o leste. Entregando apenas um palmo de sua terra, o risco é perder tudo ou quase tudo.

Vejam como Rússia se agarra à Kuriles (Ilhas russas próximas a Kamchatka, ao sul delas passa a divisa entre a FR e Japão - OK). Parece que na Ukraina estão prontos para distribuir regiões inteiras. Talvez isto seja resultado de que a nação ukrainiana ainda não se formou. Há ukrainianos do ocidente, centro e leste, mas juntos eles não são uma nação, e sim - comunidades ou de cossacos, ou de cossacos. Não há ainda nação ukrainiana ou ela ainda não está percebida dentro dos existentes limites, grande demais este espaço, espaço da atual Ukraina.

Talvez, desta guerra os ukrainianos saiam  como nação. Se tiverem sorte, talvez mantenham as fronteiras atuais. Mas para isso é preciso dar um pulo acima da cabeça, retesar todas as forças intelectuais e físicas do povo.

O  leste quer garantias e direitos adicionais. Então falem com as pessoas, que propriamente não saem de Donetsk, Luhansk, Kharkiv, Odessa, Kherson. Ouçam, convençam. Finalmente realizem o referendo. Duas perguntas:

Você é pela federalização e divisão da Ukraina em regiões?

Você é por um único país com fortes direitos nas regiões?

Não querem referendo, realizem reformas, constitucional e dos governos locais, mas cada dia, durante horas, expliquem o que querem fazer e como, para que eles não se assustem e não corram para todos os lados.

Sintam o seu poder, brinquem de política, não intriguem um com o outro. Não importa agora, quem será o presidente da Ukraina, o principal é - haverá Ukraina?

Ukraina em todas as frentes perde a guerra de informações. A propaganda russa domina não apenas no leste ukrainiano, mas também na Europa. Recentemente, em Varsóvia, ouvi de amigos a história de atiradores do Maidan, os quais atiravam para todos os lados. Em Varsóvia!

Aqueles que estiveram no Maidan, são bem conscientes que os atiradores eram de Yanukovych e obedeciam ordens do ministro Zakharchenko.

Acrescentem à investigação especialistas internacionais da OTAN ou Interpol. Eles são necessários, não porque os especialistas ukrainianos são fracos, mas para legitimação dos resultados da investigação, para que o mundo acredite neles.

Na Ukraina agora tudo é muito complicado. Cai a taxa de câmbio, pessoas sofrem e se enervam. Mas a economia ukrainiana estava à beira do desastre ainda antes do Maidan. Ainda no outono passado todos esperavam aumento de inflação. Bem, contem às pessoas a o que levou o país a "Família de ouro"! Contem às pessoas que  reformas vocês realizam e quando esperar resultados. 

Chega de negociar com cargos e designar idiotas apenas porque eles são "verdadeiros idiotas".  Faltam recursos intelectuais? Envolvam os jovens. Especialmente na questão militar. É visível que os gordos generais e barrigudos coronéis não dão conta. Envolvam jovens ousados, deem-lhes espaço para realizações.

Faltam recursos intelectuais. Acrescentem para análise diária jornalistas, ativistas... Agora não é tempo para caprichos e descanso. O país não tem mais que um mês, um mês e meio. E, se Ukraina é única, ela juntará as mãos, encontrara um ao outro no oeste ou leste, telefonem aos amigos, façam-lhes uma visita. Pois houve esta tentativa antes da anexação da Criméia, mas esqueceram-se dela, provavelmente decidiram que o pior já passou. Mas está apenas começando. 

Tradução: O. Kowaltschuk