segunda-feira, 3 de março de 2014

O mundo está chocado com ações da Rússia e promete não deixar Kyiv sozinho
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 02.03.2014
Ihor Tymots


Світ шокований діями Росії
Anders Fogh Rasmussen

 No noite de sábado para domingo o Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência sobre a situação da Ukraina. Conversaram sobre a integridade da Ukraina e da necessidade de cumprimento da Federação Russa quanto ao cumprimento do Memorando de Budapeste, de 1994 - garantias dadas pela Rússia, EUA e Reino Unido quanto a integridade e independência da Ukraina em troca de suas armas nucleares. Propuseram mediação na resolução da crise na Ukraina e envio de observadores a Criméia. O representante permanente da Rússia na ONU Vitali Churkin apelou para voltar a situação dentro do quadro constitucional e estabelecer um governo de unidade nacional, isto é, retorno ao poder de Viktor Yanukovych.

 O presidente Obama, em conversa telefônica com Volodymyr Putin disse que as ações da Rússia na Ukraina constituíram-se em violação da soberania e da integridade territorial ukrainiana. Obama condenou a invasão militar e explicou que isto pode levar ao isolamento político e econômico internacional. EUA já deixaram de participar nas reuniões preparatórias à programada em junho cúpula em Sochi dos países do G8. Também a Grã Bretanha, Canadá e França.

 A conversa de Obama e Putin durou 1,5 horas. Foi realizada no sábado, quando em Moscou a câmara alta do Parlamento apoiou o pedido de Putin sobre o "uso das forças armadas no território da Ukraina para normalização da situação sócio-política neste país". Segundo Putin, a invasão é necessária "devido a situação sem precedentes na Ukraina, ameaça à vida de cidadãos russos, tropas das Forças Armadas da FR estacionadas na Criméia". O apelo de Putin relacionava-se não apenas com a introdução de exércitos na Criméia, mas em toda Ukraina.

 EUA realizam consultas urgentes com parceiros no Conselho de Segurança da ONU, OTAN e OSCE.

 EUA prometem consultas com aliados e parceiros, com o governo Ukrainiano e FMI para prestar assistência financeira, a fim de apoiar a estabilidade financeira e reformas necessárias.

 "Eu não esperaria que o governo dos EUA, da administração Obama fará o que esperam os ukrainianos. Obama considera que os Estados Unidos tem, com a Rússia, interesses compartilhados portanto, não fará nada.

 Putin entende isso. Quando Rússia introduziu tropas na Geórgia em 2008, o candidato à presidência Obama exortou os lados para mostrar moderação. Eu penso que Kremlin vendo isto, decidiu, será igual no caso da Ukraina. Ele diz, os ukrainianos devem sozinhos resolver seus problemas. Estas declarações Putin percebe como fato, de que EUA não vão interferir na situação da Ukraina, para depois agir como mediador - pretensamente ajudar restaurar a estabilidade na Ukraina. Através dos exércitos russos na Criméia Putin alega aos ukrainianos, que desejam aproximação com o Ocidente, que isto será um grande erro. Situação perigosa. Importante não dar à Rússia motivos para ação. Temo, Washington e Bruxelas não poderão, efetivamente, proteger Ukraina. Apenas OTAN pode dar segurança a Ukraina. Kyiv pode contar apenas com ajuda financeira da América", - diz o ex-embaixador dos EUA na ONU, John Bolton.

 Europa, no momento, apenas condena a agressão russa.

 O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague anunciou as ações da Rússia "uma grave ameaça potencial" para independência e integridade da Ukraina. O embaixador russo foi convocado ao Ministério do Exterior da Grã Bretanha para esclarecimentos. O ministro britânico aconselhou aos concidadãos deixar imediatamente a península.

 Preocupação com a decisão da entrada das tropas russas na Ukraina expressou também a chanceler Angela Merkel. Ela afirmou a importância de preservar a integridade territorial da Ukraina.

 Mundo - à beira de um conflito com consequências imprevisíveis, é um momento dramático da verdade. Assim à decisão da Rússia em ocupar Kyiv reagiu Donald Tusk, premier da Polônia.Em Varsóvia aconteceu uma reunião de emergência dos chefes do governo e todos partidos políticos. Tusk pediu a todos os países ocidentais apresentar-se em frente única contra ocupação da Ukraina. Ele prometeu que Varsóvia não deixará Kyiv sozinho.

 Thorbjorn Jagland, secretário-geral do Conselho Europeu declarou sobre a necessidade de respeitar a integridade territorial da Ukraina e cumprir as obrigações internacionais.

 Ministro da Defesa da Estônia Urmas Reynsale exige da UE e Otan impor "sérias penalidades pessoais" aos políticos e funcionários russos, responsáveis pela introdução do exército na Ukraina.
 
 Secretário Geral da OTAN:
 "Rússia deve parar com ações militares"."Nós nos reunimos em sessão extraordinária por causa de operações militares na Ukraina e ameaças do Presidente Putin contra um estado soberano. Rússia deve parar as ações militares e ameaças", - disse o secretário-geral da OTAN, na véspera de uma reunião de emergência da Aliança do Atlântico Norte. "Rússia viola a Carta das Nações Unidas", declarou Anders Fogh Rasmussen.

 Papa pede rezar pela Ukraina.

 Embaixadores dos EUA, Canadá e Grã-Bretanha deixaram Moscou.

 "EUA e Canadá cessaram a cooperação com a Rússia no âmbito do G8. Seus embaixadores abandonaram Moscou. Obama iniciou consultas a OTAN. O auto-isolamento da FR começou", - declarou ele.

 Putin copia o regime de Hitler mais que o de Stalin. 
 O regime de Stalin foi mais sangrento aos próprios cidadãos. Já o nazista, como hitlerista destacou-se com demonstração de cinismo para com outros países.

 Ações de Putin - uma psicologia bandida. Os opressores sempre exploram o medo das pessoas perante a violência. A guerra muitas vezes é ganha não por quem tem o exército mais forte, mas aquele que é moralmente mais forte em relação a ela. Determinação - metade da vitória. Putin a tem, o novo governo da Ukraina não. Muitos dizem, que esta é a tática certa na Criméia - não sucumbir às provocações e não resistir à expansão russa. Que ao Kremlin é necessário um motivo para tiroteio e introdução de "contingente limitado". Se tal motivo não houver, a ocupação acontecerá do mesmo modo. Simplesmente será "aveludada", sem sangue, mas com consequências.  Talvez, a "ocupação de veludo", para Putin é até melhor, que a sangrenta. Os agressores às vezes gostam de mostrar as armas, não usando-as às ações.

 Ukraina pode ir pelo caminho da Checoslováquia e pacificamente entregar a Criméia a Putin, como em 1938 os tchecos entregaram os Sudetos a Hitler. Ou pode ir pelo caminho da Polônia - ficar no caminho do agressor. Infelizmente, contar com a comunidade internacional não vale a pena.Ela, até o último momento vai esticar a borracha, mastigará a habitual pastilha de boas intenções e busca de uma solução pacífica, entregará uma posição após outra "para não haver guerra". Não há melhor maneira de aproximar a catástrofe do que pacificar o agressor. Os ukrainianos quase todo o século XX conviveram com a Rússia na União Soviética portanto devem compreender isto melhor que nós. Seu apelo à Rússia com a proposta de realizar consultas e abster-se da precarização das relações esbarram na recusa arrogante do Kremlin. Para que negociações para Moscou quando suas forças, com êxito aproximam-se da fronteira da Ukraina, e a Criméia já está capturada pelas tropas russas? O agressor está disposto negociar somente quando nocauteado.

 Infelizmente, a questão já não é Criméia. Assimilada por Putin a estilística do regime nazista - palavras hipócritas sobre a paz e simultânea política de agressão, deveriam alertar o mundo. Pois na primeira metade do século XX ninguém disse tantas palavras sobre amor e paz e não deu tantos passos à guerra, como Hitler. Se a situação da Criméia decidir-se com algum Acordo de Munique parecido, os eventos subsequentes não vão demorar a chegar. O mundo civilizado que não se atreveu a parar o agressor insolente com pequenas perdas, presenciará muito sangue.

 The Times, Reino Unido: "Um fantasma ronda Europa. O espectro de uma guerra sangrenta."

 Putin decidiu "recortar" Ukraina, para preservá-la como para-choque, não permitindo sua entrada à OTAN. Captura da Criméia tem todos os sinais da operação das forças especiais russas.
 
 Na Criméia existe o perigo de grande conflito étnico, o qual pode ser comparado com o massacre após o colapso da Iugoslávia. Na península vivem muitas nações. Em particular, os tártaros da Criméia, que temem ascensão do nacionalismo e chauvinismo russo e procuram proteção sob a asa de um estado unificado ukrainiano. Se Rússia tentar separar Criméia da Ukraina, iniciar-se-á uma guerra de grupos étnicos contra outros.

 Dois assuntos podem impedir a escalada desnecessária. Primeiro - o poder do dinheiro. Os bancos russos investiram na Ukraina 30 bilhões de dólares. Segundo - a competência do novo governo ukrainiano. Qualquer sinal de fraqueza, e Putin provavelmente esticará a autoritária "mão amiga".

 The Guardian, Reino Unido: "Ukraina-Rússia: fomento de incêndio". 

 Rússia demonstra força e influência na Ukraina. Kyiv deve agir com muita cautela. Ele deve assegurar a Moscou, que seus interesses, e interesses das minorias da língua russa serão assegurados. Eles devem ter um comportamento muito esmerado com pessoas armadas na Criméia, caso contrário eles correm o risco de receber resposta da Rússia.

 Na guerra georgiana de 2008 há várias lições para Kyiv. Após as tropas georgianas entrarem em Ossétia do Sul, Rússia reagiu. Centenas de pessoas foram mortas durante a guerra de cinco dias, fato que levou à ocupação russa de 20% do território da Georgia. Se algo parecido acontecer com consideravelmente maior e mais armada Ukraina as consequências podem ser catastróficas.

 The Washington Post, EUA: "imprensar Ukraina".

 Putin percebe, que uma invasão da Ukraina em grande escala não é necessária. Ele tem um arsenal de táticas não -militares que são capazes de minar a posição do novo governo ukrainiano. O FSB, anteriormente conhecido como KGB, tem experiência em desestabilização de outros países, especialmente através de provocações.

 Putin vê sua missão global na restauração do Império Russo. Ele usou a guerra com Geórgia em 2008, para desligar duas de suas províncias. Forçou Ukraina recusar o Acordo de Associação com UE. No entanto, descobriu-se que os ukrainianos tinham outro ponto de vista sobre o assunto. Eles derrubaram o fantoche de Moscou Viktor Yanukovych e apelaram ao Ocidente. O Ocidente, UE e EUA, não sabiam o que fazer. Henry Kissinger disse uma vez: "A paz pode ser alcançada através da hegemonia ou por conta do equilíbrio das forças." Os ukrainianos detém-se sob a hegemonia russa, ou o Ocidente se equilibra com a força russa. Pode-se começar com declaração intransigente de apoio dos EUA à revolução ukrainiana. Depois disso - um pacote substancial de assistência financeira. O secretário de Estado John Kerry declarou, que a invasão russa - é um erro. Infelizmente, qualquer declaração desta administração não pesa mais do que uma pluma. Mas é melhor que nada. Melhor seria reforçar estas palavras com a marinha dos EUA no Mar Negro. 15 bilhões de dólares, que são necessários a Ukraina - é muito. Mas é menos de 0,05% do PIB da UE e USA juntos. Esse dinheiro pode evitar grande derramamento de sangue. O investimento vale a pena se levar em conta a aposta estratégica: Sem Ukraina não há Império Russo. Putin sabe disso. Então, ele continua intensificar a pressão. A questão é, se poderá  a administração Obama responder à pressão, ou dar à Ukraina uma chance para viver?

 Tradução: Oksana Kowaltschuk

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