No cativeiro da Criméia
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 24.03.2014
Os invasores russos na Criméia severamente torturavam os prisioneiros. Davam choques e a um deles atiraram nas duas pernas e cortaram um pedaço da orelha.
Os prisioneiros foram soltos em 20 de março. Sobre isto, depois de conversar, no hospital de Kherson, com os dois presos - Andrii Shchekun e Yurii Shevchenko - escreveu o jornalista bielorusso na publicação "Novo tempo".
Shchekun - ukrainiano consciente, natural de Lviv, filólogo. Nos últimos 23 anos viveu em Bakhchysarai com a esposa e três filhos. A esposa é da localidade. Os filhos nasceram e cresceram na Criméia. Ele encabeçava a organização "Casa Ukrainiana", lutou pela escola ukrainiana, nos últimos meses era ativista do Euromaidan da Criméia. Na véspera do aniversário de 200 anos do aniversário de Taras Shevchenko (poeta ukrainiano) ele foi à estação de Simferopol para pegar 50 bandeiras ukrainianas, que lhe enviaram da Ukraina. Isso lhe rendeu quase duas semanas de cativeiro.
Um outro cativo Yurii Shevchenko - um rapaz de Dnipropetrovsk, sem grandes interesses pela política, foi a Criméia visitar um amigo, acreditando que a situação estava "normal". Trazia consigo apenas uma sacola, com objetos da estação. Foi detido na estação de Simferopol e considerado "ativista de certa organização radical".
"Eram especialmente agressivos. Ao perguntar-lhes quem eram, torceram minhas mãos atrás das costas, algemaram e me atiraram no carro, no chão entre os assentos".
"Gritavam, que eu era "cabrito, degenerado, que vim para estragar suas framboesas". Depois, o que estava sentado na frente apontou uma faca e disse que me cortariam em pedaços. E cortou um pedaço de minha orelha..."
Yurii Shevchenko com a orelha cortada
Num determinado local Yurii Shevchenko foi jogado diretamente no asfalto e fortemente espancado. Em seguida foi entregue a um outro grupo. O primeiro grupo, de acordo com a descrição, seria a "auto-defesa da Criméia", já o grupo seguinte vestia o uniforme da "Bétula russa", pessoas mascaradas, com aparelhos de radiotelegrafia, armados com metralhadoras.
Um deles disse: "Atirem em suas pernas". E atiraram nas duas. As balas foram retiradas somente em Kherson (cidade na Ukraina), depois de mais de uma semana.
Joelhos feridos pelos tiros
Yurii Shevchenko foi arrastado para uma sala e jogado com o rosto no chão, onde ficou deitado em seu próprio sangue. Depois despiram deixando-o apenas de cueca e amarraram a um banco com fita adesiva para não se mover.
Ao perguntar onde estava e por que o prenderam, lhe responderam com insolência: "E você pense, por que veio, o que você planejou, será que você não compreende, aonde veio parar?"
Seguidamente vinha um homem com automático, silenciosamente apontava a arma e fingia que iria atirar. Quando Yurii conseguiu livrar-se da fita, foi algemado a um radiador.
Já medicado em Kherson
Interrogatórios, interrogatórios, interrogatórios... Eu não tinha nada para esconder, mas minha história simples não os satisfazia. Eles queriam notícias sobre os combatentes do "Setor Direito", aonde suas tropas se escondem nas montanhas... De onde eu poderia saber?!... contou Shevchenko.
Depois Yuri foi transferido a um grupo de outros reféns. Lá, todos permaneciam com olhos vendados, durante alguns dias não os levavam nem ao banheiro...
Yurii considera, que "teve sorte". Devido aos ferimentos graves já não era incomodado, até permitiram dormir num colchão - outros ficavam no chão, ou nos bancos.
Sobre um rapaz que esteve no Maidan em Kyiv, abusavam constantemente. Além das torturas físicas, obrigavam-no cantar os hinos russo e soviético e gritar: "Glória à Rússia". Seguidamente vinham diferentes pessoas para judiá-lo.
Apesar de não conhecer este rapaz, me arrancavam a alma tais zombarias, ... e quão terrivelmente ele gritava! Me parecia que eu caí no inferno, para eternidade", - com voz trêmula lembra Yurii.
Andrii Shchekun contou que ele, e seu amigo de 64 anos, Anatoli Kovalskyi, professor da Universidade Agrícola em Simferopol, foram apreendidos na estação de Simferopol por "militares" voluntários, que usavam braçadeiras vermelhas de modelo soviético, e fitas de St. George, e os levaram à milícia. De lá foram levados a ativistas, a um certo porão. Eles foram levados no carro de Anatoli Kovalskyi, do qual depois se apropriaram.
Os homens foram espancados, torceram suas mãos, vendaram os olhos e despiram. Inclusive aplicaram choques. Exigiam nomear as bases, senhas e nomes dos combatentes do "Setor Direito."
Os verdugos da Criméia atiraram nos ossos das mãos
Shchekun foi baleado nas mãos, o que foi confirmado pelo médico, no cativeiro exacerbaram-se suas doenças crônicas. Dias antes da ocupação ele levou a família para o continente, mas em Bakhchysarai ficou o apartamento. Anatoli Kovalskyi tem casa em Simferopol.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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