terça-feira, 1 de março de 2016

Rastelo como memória e símbolo.
Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana), 24.02.2016
Igor Losev

Muitos ukrainianos percebem com acerto a história da Ukraina dos últimos anos como eterna andança em círculos. Realmente, o primeiro Maidan - 2.004, vitória, nível sem precedentes de apoio ao novo governo e... nada. 
Precisamente renascimento de forças reacionárias no fundo de mediocridade absoluta e estupidez fenomenal da "classe política democrática". Segundo Maidan, apaixonada coragem do povo, seu impressionante sacrifício, sangue, vitória e... novamente nada. Revanche dos anteriores ainda não há, mas os de hoje acrescentam todos os esforços ao nome do triunfo daqueles que, aparentemente, para sempre ficaram no passado.

- Então, isto é, má sorte na qual, constantemente, tropeçam os ukrainianos?

- Para entender por que, há quase dois anos (se contar a partir da eleição do empresário Poroshenko para chefe de Estado ) na Ukraina, as 
reformas são lentas e sem qualidade (lá, onde elas se realizam), porque não existe uma verdadeira ruptura com o anterior sistema criminal, 
porque, no geral, pouco se muda (e quando muda, nem sempre é para o melhor), precisa lembrar, quem se aproveitou da vitória em 2014. 
O que representa o retrato sócio-ideológico das pessoas que usaram o povo como tirano contra Yanukovych, como instrumento tomaram o poder? Do poder apropriou-se mais um grupo da elite. Petro Poroshenko é seu excelente representante. Realmente ele é um dos fundadores do Partido das Regiões, pessoa que mantinha boas e "construtivas" relações com todos os regimes (comportamento típico de empresário na sociedade pós-comunista,onde a livre iniciativa empresarial é, antes um sonho do que realidade) e nunca teve reputação de oposicionista revolucionário. Além disso, Poroshenko ocupou cargos administrativos sob Kuchma, Yushchenko e Yanukovych. Ele é carne da carne da classe política pós-soviética, que já por 25 anos fornece a Ukraina estagnação e degradação.

Qual era a sua tarefa estratégica, além de negócios pessoais (aumentar sua riqueza)? Conservar o status quo oligárquico, alterar o sistema de conteúdo pessoal deixando o sistema em si inabalável. Aliás, isto é, ainda, uma grande questão, saber se Poroshenko poderia se tornar um bilionário, com outro sistema, verdadeiramente democrático, competitivo e aberto? Portanto, as massas dos pós-Maidan somente podiam contar com um milagre, que Saul se tornasse de repente Paulo, ma o milagre não aconteceu, o oligarca à frente do país permaneceu oligarca.

A diferença entre Yanukovych e o atual tem caráter quantitativo, não qualitativo, e no nível "mais ou menos": o atual é menos pró-Moscou (apesar de que constantemente desejam concordar, entender-se com Putin), mais pró-europeu. (Embora isto não impeça que se comportem com arrogância com o orçamento do Estado, com propostas para os contratos, com a corrupção econômica e política), mais decentemente parecem na esfera da retórica pública (sabem melhor justificar as suas negociatas), etc. Como, espiritualmente pronunciou um analista: Poroshenko - é Yanukovych com uma boa educação, com bom inglês, e sem antecedentes criminais. Mas, além disso especial diferença não se observa.
O que se refere ao comum, semelhanças entre o atual governo e os seus antecessores, então é: desprezo profundo à sociedade civil, falta de compreensão das aspirações sociais, isolamento voluntário dos ukrainianos médios, falta de instintos sociais e saudáveis, total imoralidade, etc.

Não é nenhum segredo que a classe burguesa na Ukraina, numa grande parte é compradora, (parte da nacional burguesia, nos economicamente atrasados países, que trabalha com capital estrangeiro), isto é, aquela que constrói sua prosperidade na venda, muitas vezes adotando "dumping" em relação à riqueza nacional, em primeiro lugar das riquezas nacionais e matérias primas, tornando-o dependente de fatores externos e condiciona a tendências anti-patrióticas, predisposição para resolver seus problemas através da traição de interesses nacionais da Ukraina. Isto é particularmente evidente na atual guerra russo-ukrainiana, quando o comércio dos ukrainianos com o agressor russo não cessa independentemente da situação na frente. Eis aqui o fato mais recente, que envolveu não apenas os comerciantes, mas a mais alta burocracia do Estado: depois que Rússia fechou aos transportadores poloneses as vias de trânsito, Polônia, em resposta fechou o trânsito para Rússia. As autoridades da Ukraina (apesar do fato que Rússia agiu também contra Ukraina, em consequência do que, Ukraina precisou organizar um novo caminho para os bens ukrainianos através da Georgia, Azerbaijão, Cazaquistão e dois mares, o Negro e o Cáspio) imediatamente permitiu a transportadores russos viajar através da Ukraina para Europa, substituindo os poloneses, ajudou o agressor, mostrando que todas as sanções da Ukraina contra FR - são apenas palavras, mas os interesses comerciais dos dirigentes importam mais que tudo. No Transcarpathia os ativistas civis começaram seu apoio  ao bloqueio deste movimento russo, então o presidente da administração da região Gennady Moskal, pessoalmente ocupou-se com a libertação das estradas da região para o transporte russo, entrando em confronto com os ativistas públicos.

A atual classe governamental da Ukraina é o maior problema e principal obstáculo ao desenvolvimento, já que seus múltiplos defeitos, foram formados pelo capitalismo bandido dos anos noventa do século passado, constantemente causam problemas, refletem-se na política e todo o sistema de governo, transferindo assuntos importantes para Ukraina em maquinações de negócios e "acordos de negociatas". Por exemplo, assim desatavam-se os problemas da Criméia durante a agressão russa em fevereiro de 2014. O Procurador Militar Anatoly Matios promete revelar os protocolos secretos e os estenogramas das reuniões do Conselho de Segurança e Defesa Nacional com decisão, se resistir a agressão militar, informativa e política da Rússia na Criméia. Especialmente trata-se sobre a publicação do protocolo secreto do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, de 24.02.2014. Nesta reunião esteve presenta a líder da "Pátria" Yulia Tymoshenko. Dizem, que Tymoshenko, então, convencia os membros do do Conselho de Segurança a não causar resistência armada na Criméia e prometeu, pessoalmente, resolver o conflito em paz. Provavelmente confiou nos seus favoritos e todo poderosos (ela, ingenuamente pensa) "conluios". Mas as questões nacionais cruciais com "conluios não se resolvem, isto não é um negócio criminoso.

Temendo muito a sociedade civil, esta classe, principalmente o presidente Poroshenko e sua comitiva, conduzem uma guerra interior, não declarada, contra os voluntários, que em 2014 salvaram Ukraina e até agora consolidam a frente oriental. Contra eles usam-se táticas desleais: separatistas escrevem queixas e denúncias contra os combatentes voluntários (os que pegaram em armas), militares e ativistas voluntários (os que ajudam com comida, roupa, etc) à procuradoria, acusando seus adversários de quebra da lei, direitos humanos, etc. Os procuradores ukrainianos (ukrainianos ?) determinam sanções aos protetores da Ukraina, aprisionam em diversas regiões, trazem para Luhansk e Donetsk e entregam aos tribunais locais, cuja lealdade ao Estado ukrainiano é altamente questionável. Os tribunais determinam prisões. De acordo com várias fontes, agora em prisões ukrainianas já estão detidos mais de 800 voluntários (combatentes) e ativistas voluntários, significativamente mais que separatistas e traidores. Esta máquina de repressão encabeça o procurador Matios, que não é uma pessoa mais independente do governo superior, que seu colega o Procurador Geral Shokin. O que pode-se dizer sobre a classe política dirigente?
Será que faz sentido em organizar revoluções apenas para transferir o poder a diferentes grupos da mesma espécie de gerenciamento que é profundamente hostil a Ukraina?

Esta pseudo elite deve dar lugar a contra-elite, que se forma hoje no processo da guerra e execução do voluntariado, de funções praticamente paralisadas do aparato governamental.

A tragédia da Revolução da Dignidade reside no fato de que, mesmo depois dela tudo ficou "na família", daquela mesma classe. O poder apenas foi interceptado por outro grupo do clã oligárquico do sistema, que constantemente demonstra uma falta de vontade fundamental em destruir as condições de sua própria existência e prosperidade ilegal. Corretamente dizem os jornalistas ocidentais, que exigir da atual elite dirigente da Ukraina, Moldávia e alguns outros Estados pós-soviéticos, que eles realizem reformas, é o mesmo que, "pedir a uma perua preparar a ceia de Natal". A presença de tais elites pós-soviéticas mostra exatamente, que nenhuma separação nestes espaços com o pós-soviético não aconteceu, o que, realmente, facilita aos lideres chequistas-criminais a reintegração do "império do mal" (de acordo com a formação do presidente dos EUA Ronald Reagan).

Esta é pós-soviética-elite empresarial, incapaz por definição, conduzir a guerra de libertação nacional, mas pode somente negociar nos termos de rendição, de preferência "humanitários" quanto a ela e seu capital. Estes regateios em Minsk, Bruxelas, Normandia, etc. nós constantemente observamos. O senhor Poroshenko, como pode-se julgar, com base em suas ações, até agora não perdeu a esperança de "negociar" com Putin, não exclusivo em separado, e por conta, de grande perda para Ukraina.

Ukraina não tem perspectivas de desenvolvimento e mesmo existência, sem eliminação radical, não de algumas pessoas, mas toda a classe governante, que durante os últimos 25 anos usurpou o destino histórico do país e nação.  O pós-soviético clã oligárquico, aristocracia da corrupção e saque do estado deve, finalmente, libertar o refém - a nação ukrainiana. No entanto, voluntariamente ela não fará isto, de sua própria dominância não desistirá, de ganhos corruptos não desistirá. Então não convém contar com o caminho de reformas parlamentares 
de acordos (na verdade, todos os 25 anos foram perdidos para tais acordos e acertos - resultado claro). Então como diziam os filósofos políticos do século XIX... "A arma da crítica certamente não pode substituir a crítica das armas. A força material pode ser superada apenas com a força material". Mas, o sistema cleptocrático de clãs oligárquicos na Ukraina é um fenômeno completamente material...

Tradução: O. Kowaltschuk

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