quinta-feira, 31 de março de 2016


Fiasco da "Auto-Suficiência" (Samopomich) em Kryvei Rih.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 28.03.2016
Ivan Farion

O partido de Sadovyi (prefeito de Lviv), apresentou para prefeito uma "pessoa sem biografia, sem experiência, sem estudo, sem profissão, falso oficial e aventureiro.

Os representantes de partidos políticos que se identificam como democratas, sofreram uma derrota devastadora no domingo passado, nas eleições extraordinárias para prefeito de Kryvei Rih. (Lembramos, nas eleições do ano passado, o povo não aceitou o resultado devido a problemas de falsificação - OK). Segundo dados preliminares, Yuri Vilkul (Ex-regional) obteve 73% dos votos. Seu principal concorrente concorrente, do partido "Auto-Suficiência", deputado Semen Semenchenko conseguiu apenas 10%. Vários outros candidatos conseguiram poucos votos. Foi uma grande derrota dos políticos do Maidan.

A saga para prefeito arrasta-se desde outubro do ano passado. Nas eleições passadas, o desafio ao prefiro Vilkul, que já era prefeito anterior, lançou o professor da Universidade local Yuri Myloboh que, segundo dados oficiai obteve apenas 752 votos menos que seu oponente. Vários partidos e ONGs expressaram fraudes generalizadas, suborno dos eleitores a favor do ex-regional. Após longos protestos do povo conseguiu-se cancelar a eleição, e nova escolha ficou marcada para 27 de março.

Esperava-se que os democratas deveriam ser capazes de analisar  a campanha anterior, unir forças, evitar os erros anteriores e escolher uma tática vencedora. No entanto, procederam como fazem políticos míopes - espalharam as forças. Seria coerente, como candidato opositor,  o mesmo Myloboh. Mas... substituíram o favorito, segundo proposta da "Auto-Suficiência", por uma pessoa de Kyiv - deputado Semen Semenchenko. Calculavam uma vitória fácil, que lhe ajudarão seus antigos "serviços da linha de frente". Mas os habitantes de Kryvei Rih não o aceitaram. Provavelmente porque, ouviram sobre ele, muitas estórias de duvidosas realizações. A liderança política e militar da Ukraina, Procuradoria Geral da Ukraina, Procuradoria Militar, membros do Parlamento, jornalistas, repetidamente relatavam sobre biografia fictícia de Semen Semenchenko (Seu nome verdadeiro é Konstantin - Hrishin), seu passado criminal, abuso financeiro, maquinações com documentos, conhecimentos militares, a si atribuídas façanhas. Os participantes da ATO declaravam sobre participação direta de Semenchenko - Hrishin nas derrotas das tropas ukrainianas em Ilovaisk, às anulações do caráter secreto da operação militar em Debaltseve, à anulação do caráter secreto da operação militar em Debaltseve, etc. Surge uma pergunta: por que, sabendo de tal comprometimento, a "Auto-Suficiência, com seus tecnólogos experientes, ainda assim decidiu propor ao odioso Semenchenko a prefeitura? Por que este partido recusou Myloboh, que merecia representar o partido nesta corrida? Em todo caso o fato permanece: com suas imprudentes ações os partidos pós-Maidan ajudaram os de "ontem",  entregaram-lhes esta cidade.
(Sinceramente, eu também não compreendi o procedimento do partido "Auto-Suficiência".O prefeito de Lviv, Sr. Sadovyi é muito respeitado em sua cidade, conforme "Vyssokyi Zamok, que é publicado na cidade de Lviv. Os habitantes não reclamam de sua administração. Nas suas declarações/testemunhos há sempre equilíbrio, bom senso, patriotismo. Sadovyi é prefeito de Lviv desde 2.006 - OK).

Andriy Sadovyi diz que a cidade de Kryvei Rih não tem desenvolvimento, que a campanha eleitoral sofreu grandes perturbações (Logo após as eleições, em outubro do ano passado, os eleitores reuniam-se aos domingos e manifestavam-se contra Vilkul e a favor de Myloboh. Com o passar do tempo não saíram mais notícias nos jornais - OK) Um fato: cem mil moradores  receberam apoio do orçamento local (Vilkul continuou na prefeitura, já que tinha este cargo anteriormente - OK). De fato, isto foi suborno direto dos eleitores, falou-se em 500 UAH. Também houve uso de diferentes meios de transporte no dia das eleições. "Eu não consigo imaginar algo assim em Lviv. A democracia e honestidade em Kryvei Riz, está num nível muito baixo. Portanto precisa trabalhar..." disse Sadovyi. (Também não ocorreu nenhuma mudança no Tribunal Regional Eleitoral. Lembro, após as eleições de outubro, havia acusações nos jornais contra a chefia deste órgão. Não vi nenhuma notícia nos jornais sobre providências do governo ukrainiano. - OK).

Às perguntas, Sadovyi respondeu que Myloboh sozinho decidiu não participar mais das eleições e que ele não conhece outro político que recebesse tanta crítica suja quanto Semen Semenchenko, que Semenchenko é um homem digno e que ele, honestamente, defendia o nosso país com arma nas mãos. E que, mesmo perdendo as eleições, manterá lá sua recepção. Que os moradores de Kryvei Rih terão apoio e ajuda do partido. (Deus queira que seja verdade porque Sadovyi, segundo falam, seria pretendente ao cargo do presidente da Ukraina no futuro. E, pelas suas ações em Lviv, e pelo respeito que desfruta da maioria dos cidadãos desta cidade, parece que seria um bom candidato. - OK)

Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 29.03.2016.
Savchenko escreveu nova carta: "Eu não serei mercadoria".  A carta é um apelo aos políticos e povo ukrainiano.


A carta da prisioneira publicou o advogado Mark Feigin. Ela diz que não é mercadoria para negociarem, mas que cheguem a uma solução comum.
"Com a minha morte, ninguém vai ganhar, mas será pior... Desejo sabedoria aos "grandes tiozinhos",  - escreveu ela. E, acrescentou que compreende a pressão que a espera, mas vai suportar e renovará a greve de fome seca, no dia 06.04.2016.

O advogado Mykola Polosov, que a visitou, diz que sua saúde piorou. Ela estava tomando apenas água desde o dia que foi sentenciada, o organismo não a está aceitando mais. Agora ela toma apenas água mineral e perde, diariamente, 400 - 500 gramas de peso.

"Ninguém desejaria". A vida na linha da frente.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 26.02.2016.
Patrick Nicholson, Caritas International, para Verdade Ukrainiana Vida.

Como é a vida daqueles que permanecem na zona tampão ao lado da linha de frente no leste da Ukraina. 
E como estão, aqueles que ainda vivem nos territórios ocupados? Nem todos podem sair, mas eles devem ter a possibilidade de sobreviver lá.

Ao lado do fogo, mas é frio.

A aldeia Chermalyk, próximo de Mariupol, na zona da guerra. Ela está localizada na planície por isso, com próprios olhos avista-se milícia do outro lado do rio. Seus atiradores também nos vêem. Os soldados ukrainianos patrulham as ruas desertas. Sacos de areia cobrem as janelas de quase todas as casas. A guerra aqui começou na primavera de 2014 - e tornou-se parte da vida dos moradores locais.

Único objeto que sobreviveu - é um ícone, - conta a avozinha de 79 anos de idade, Valentina Djuhhim. Ela está entre as paredes de sua casa destruída, segurando nas mãos um ícone da Mãe de Deus, relíquia da família do século XIX. Senhora Valentina continua:

- Nós construímos esta casa com próprias mãos. Em fevereiro um projétil atingiu o telhado da nossa casa e destruiu tudo. Nós já estamos velhos e ficamos sem casa, na qual investimos toda a nossa vida. Tudo, o que temos agora - são nossas lágrimas. Nós somos boas pessoas, pais e vizinhos. Nós não merecemos isto.

Valentina e seu marido na casa danificada. Foto A. Mathiev/Caritas Internationalis.
V
Valentina e seu marido Valentim - pensionistas. Anteriormente, sua vida era bem organizada, agora eles enfrentam um futuro de pobreza.
Nossa pensão não é suficiente para reconstruir a casa. Mas nós não queremos deixar este lugar. Queremos viver próximo. Esta é nossa casa.

Em Chermalyk viveu toda a sua vida Lyudmila Chelmaka, 67 anos.  45 anos viveu com seu marido Volodymyr. Ambos trabalhavam na quinta, criaram dois filhos e têm quatro netos. Viveram uma vida simples. Fragmentos de projéteis deixaram buracos no portão de metal e parte da casa. 
- O projétil atingiu aqui em abril. Meu marido ficou sob fogo. Meia hora depois ele morreu, - conta Lyudmila.
Seu filho, com esposa e dois filhos, vivem num apartamento de um quarto, em Mariupol. Morar com o filho - não é opção.
- As condições de vida aqui são bastante ruins. Ás vezes falta gás. As reservas de carvão não são suficientes para sobreviver ao inverno, - diz Lyudmila. - Eu vivo com uma sensação de medo. Ninguém gostaria viver em tais condições.

Vivem aqui não somente pensionistas. Maria Boiko, mãe de quatro crianças, com idades de 14, 7, 6 e um ano diz: - Eu sei o que é congelar. No ano passado não houve aquecimento durante 15 dias. Nossos animais domésticos morreram de frio. 

Seu marido, agora, está preso em Moscou. Antes do nascimento do último filho Maria trabalhava na fábrica.

Maria Boiko - mãe de quatro filhos. Foto A. Mathiev/Caritas Internationalis.
Mensalmente recebemos benefícios sociais no alor de 1.200 UAH, conta Maria. - Esta é a nossa única fonte de renda. No mínimo 900 UAH é necessário pagar pela eletricidade. Restam 300 UAH para outras despesas. Meu filho menor seguidamente fica doente por causa do frio, e nós não podemos comprar remédios.

Todas essas pessoas recebem ajuda financeira e produtos alimentícios do Fundo Internacional de Caridade: "Caritas Ukraina".

- As pessoas perderam seus empregos, elas não têm dinheiro para remédios, alimentação e combustível para aquecimento - diz o padre Rosteslav Sprytnyuk, diretor da Caritas local em Mariupol.

- Aquecimento no inverno é problema. As pessoas não têm meios para comprar carvão, e as canalizações de gás estão parcialmente destruídas. Alguns ainda vivem em casas parcialmente destruídas pelos projéteis da artilharia. Há pessoas que ficaram sem o fornecimento da água, por isso precisa ir buscá-la nos poços.

Do outro lado

Elena Fomina permaneceu em Luhansk durante os piores ataques, o tanto que conseguiu aguentar. Ela sentia responsabilidade para com os estudantes e continuava dando aulas na universidade, embora pelo seu trabalho ninguém pagava.

- Nós não tínhamos eletricidade nem aquecimento, produtos no comércio faltava.  Fui obrigada dormir em roupas de inverno e ligar queimadores de gás para aquecer-me, - diz Elena. Pessoas nas ruas não se via. Depois das seis horas a cidade ficava na escuridão, e nela não havia vida. 

Agora ela vive em Kharkiv, onde trabalha como assistente social de Caritas e ajuda outros migrantes

Na zona tampão (Mariinka, Krasnogorivka, Kurakhovo) trouxeram aquecedores e briquetes (Massa ou tijolo de carvão e um aglutinante - combustível). Foto Caritas Ukraine.
Ocasionalmente Elena retorna ao território não controlado pelo governo ukrainiano.

- O Alimento é insuficiente, de produtos apenas "Kasha" (quirera de milho, de trigo, de cevada, papas, grão gretado). Os preços de todos os produtos são muito elevados, - acrescenta ela.  
- Médicos e professores emigraram. Na cidade impuseram o toque de recolher a partir das 20 horas. Você não pode obter passaporte, registrar o nascimento de uma criança.Domina atmosfera depressiva.

 Caritas Ukraine - uma das poucas organizações que conseguiu cruzar a linha de separação com o território não controlado pelo governo ukrainiano.

- Nossos comboios humanitários trouxeram ajuda alimentar para quase 2.000 pessoas, que vivem nos territórios ocupados - disse o padre Basil Pantelyuk, que mudou o centro Caritas de Donetsk para Dnipropetrovsk.

Ajuda alimentar. Foto Caritas Ukraine.
Em julho, a milicia proibiu às organizações de ajuda humanitária cruzar a linha de demarcação. A ajuda nos territórios ocupados cessou. Ninguém sabe, qual é a verdadeira situação na região, todos temem o pior.

- Meio milhão de pessoas ainda vivem em Donetsk, - diz o padre Basil. - Eles não recebem benefícios sociais, a economia da região está em declínio, os bancos fecharam, há poucos hospitais em funcionamento. As pessoas vivem nos seus porões. 

Os funcionários da "Caritas Ukraina" consideram que a concessão às organizações humanitárias de acesso aos territórios ocupados é muito importante. Mas, por enquanto, eles e outras organizações continuam ajudando àqueles que podem.

- Isto é guerra, - diz o padre Rosteslav Sprytnyuk de Mariupol. - Em minha casa vivem três famílias, que transformaram-se em migrantes por causa das hostilidades. Alguns dos meus amigos foram mortos. Para mim isto é uma perda pessoal.

Nós devemos continuar a assistência. As pessoas recebem possibilidade de sobrevivência..

Tradução: O. Kowaltschuk

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