domingo, 6 de março de 2016

"Ninguém desejaria." Avida na linha de frente.
Ukrainska Pravda Jyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 26.02.2016.
Patrick Nicholson, Caritas Internacional, para UPVida.

Como é a vida daqueles que permanecem na zona tampão ao lado da linha de frente no leste da Ukraina.
E, como estão, aqueles que ainda vivem nos territórios ocupados?
Nem todos podem sair, mas eles devem ter a possibilidade de sobreviver lá.

Ao lado  do fogo, mas é frio
.
A aldeia Chermalyk fica próximo de Mariupol, na zona da guerra. Ela está localizada na planície por isso, com próprios olhos avista-se a milícia do outro lado do rio. Seus atiradores também nos vêem.
Os soldados ukrainianos patrulham as ruas desertas. Sacos de areia cobrem as janelas de quase todas as casas. A guerra aqui começou na primavera de 2014 - e tornou-se parte da vida dos moradores locais.

- Único objeto que sobreviveu - é um ícone, - conta a vovozinha de 79 anos de idade, Valentina Djuhhim. Ela está entre as paredes de sua casa destruída, segurando nas mãos um ícone da Mãe de Deus, relíquia da família do século 19.

Senhora Valentina continua:

- Nós construímos esta casa com próprias mãos. Em fevereiro um projétil atingiu o telhado da nossa casa e destruiu tudo. Nós já estamos velhos e ficamos sem casa, na qual investimos toda a nossa vida. Tudo, o que temos agora, - são nossas lágrimas. Nós somos boas pessoas, pais e vizinhos. Nós não merecemos isso.

Valentina e seu marido na casa danificada. Foto A. Mathiev/Caritas Internationalis
Valentina e seu marido Valentim - pensionistas. Anteriormente, sua vida era bem organizada, agora eles enfrentam um futuro de pobreza.
- Nossa pensão não é suficiente para reconstruir. Mas nós não queremos deixar este lugar.  Queremos viver próximo. Esta é a nossa casa.

Em Chermalyk viveu toda a sua vida Lyudmila Chelmaka, 67 anos. 45 anos viveu com seu marido Volodymyr. Ambos trabalhavam na quinta, criaram dois filhos e tem quatro netos. Viveram uma vida simples. Fragmentos de projéteis deixaram buracos no portão de metal e parte da casa.
- O projétil atingiu aqui em abril. Mau marido ficou sob fogo. Meia hora depois ele morreu,- conta Lyudmila. Seu filho, com esposa e dois filhos vivem num apartamento de um quarto, em Mariupol. Morar como filho - não é opção.
- As condições de vida aqui são bastante ruins. Às vezes falta gás. As reservas de carvão não são suficientes para sobreviver ao inverno, - diz Lyudmila. - Eu vivo com uma sensação de medo. Ninguém gostaria viver em tais condições.

Vivem aqui não somente pensionistas. Maria Boiko, mãe de quatro crianças, com idades de 14, 7, 6 e um ano diz: - Eu sei o que é congelar. No ano passado houve aquecimento somente durante 15 dias. Nossos animais domésticos morreram de frio. Seu marido, agora, está preso em Moscou. Antes do nascimento do último filho Maria trabalhava na fábrica.

Maria Boiko - mãe de quatro filhos. Foto A. Mathiev / Caritas Internationalis.
Mensalmente recebemos benefício sociais no valor de 1.200 UAH, conta Maria.- Esta é a nossa única fonte de renda. No mínimo 900 UAH é necessário pagar pela eletricidade. Restam 300 UAH para outras despesas. Meu filho menor seguidamente fica doente por causa do frio, e nós não podemos comprar os remédios.

Todas estas pessoas recebem ajuda financeira e produtos alimentícios do Fundo Internacional de Caridade: "Caritas Ukraina". 
 - As pessoas perderam seus empregos, elas não têm dinheiro para remédios, alimentação e combustível para aquecimento - diz o padre  Rosteslav  Sprytnyuk, diretor da Caritas local em Mariupol.

- Aquecimento no inverno é problema. As pessoas não têm meios para comprar carão, e as canalizações de gás estão parcialmente destruídas. Alguns ainda vivem nas casas  também destruídas parcialmente pelos projéteis de artilharia. Há pessoas que ficaram sem o fornecimento de água, por isso precisam ir buscá-la nos poços.

Do outro lado

Se a vida na zona de amortecimento é sombria e estrita, então é difícil até imaginar como vivem aqueles, que permaneceram no território ocupado.

Elena Fomina permaneceu em Luhansk durante os piores ataques, o tanto quanto conseguiu aguentar.
Ela sentia responsabilidade para com os estudantes e continuava dando aulas na universidade, embora pelo seu trabalho ninguém pagava.
- Nós não tínhamos eletricidade nem aquecimento, produtos no comércio faltava. Fui obrigada dormir em roupas de inverno e ligar os queimadores de gás para aquecer-me,- diz Elena. Pessoas nas ruas não se via.Depois das seis horas a cidade ficava na escuridão, e nela, não havia vida.
Agora ela vive em Kharkiv, onde trabalha como assistente social em Caritas e ajuda outros migrantes. 

Na zona tampão (Mariinka, Krasnogorivka, Kurakhovo) trouxeram aquecedores e briquetes (Massa ou tijolo de carvão, é um aglutinante. Combustível).
Ocasionalmente ela retorna ao território não controlado pelo governo da Ukraina.
- O alimento é insuficiente, de produtos apenas "kasha" (quirera de milho, de trigo, de cevada,papas,grão gretado - OK) Os preços de todos os produtos são muito elevados,- acrescenta ela.
- Médicos e professores emigraram. Na cidade impuseram o toque de recolher a partir das 20:00 horas. Você não pode obter passaporte, registrar o nascimento de uma criança. Domina atmosfera depressiva. Caritas Ukraina - uma das poucas organizações que conseguiu cruzar a linha de separação como território controlado pelo governo ukrainiano.

- Nossos comboios humanitários trouxeram ajuda alimentar para quase 2.000 pessoas que vivem nos territórios ocupados - disse o padre Basil Pantelyuk, que mudou o centro Caritas de Donetsk para Dnipropetrovsk.

Ajuda alimentar. Foto Caritas Ukraine.
Em julho, a milicia proibiu às organizações de ajuda humanitária cruzar a linha de demarcação. A ajuda nos territórios ocupados cessou.  Ninguém sabe, qual é a verdadeira situação na região, todos temem o pior.

Meio milhão de pessoas ainda vive em Donetsk, - diz o padre Basil. - Eles não recebem benefícios sociais, a economia da região está em declínio, os bancos vivem nos seus porões.
Os funcionários da "Caritas Ucrânia" consideram que a concessão, às organizações humanitárias de acesso aos territórios ocupados é muito importante. Mas, por enquanto, eles e outras organizações continuam ajudando àqueles que podem. 

- Isto é guerra, - diz o padre Rosteslav Sprytnyuk  de Mariupol. - Em minha casa vivem três famílias,  que transformaram em migrantes por causa das hostilidades. Alguns dos meus amigos foram mortos. Para mim isto é uma perda pessoal.

- Nós devemos continuar a prestar assistência. As pessoas recebem possibilidade de sobrevivência.


Vyssokyi Zamok (Castelo Alto): 05.03.2016

Na Rússia, devido às hostilidades no Donbas morreram 2.081 russos. (Estarão incluídos os desocupados de outros países, que vieram em busca de salários? - OK) A correspondente lista nominal foi publicada na Comunidade "Carga - 200 da Ukraina para Rússia (200 significa morto, 300 -ferido - OK). De acordo com a Comunidade, dos mais de 2.000 mortos, foram enterrados apenas 649. (No início do conflito Rússia escondia os mortos, simplesmente os destruía.- OK.) Na Comunidade pedem aos russos que multipliquem as cópias e distribuam em suas localidades, porque as pessoas devem saber a verdade.

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Devido às tentativas de saída mal sucedida para libertar parte do grupo de sabotagem, morreu o tenente Andrey Voinov, mais três foram feridos. O comandante do regimento, coronel das Forças Armadas da FR Dmitry Bondarenko tenta esconder a verdadeira causa da morte e ferimentos dos subordinados.

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Terroristas, no dia 5 de março, abriram fogo pesado sobre as posições das tropas ukrainianas, na região de Avdiivka, com morteiros e canhões, avisou um voluntário. O bombardeio começou por volta de 14:30. Os terroristas dispararam, no minimo, 30 obuses, e também de morteiros.
"Nós já temos um morto, OSCE não reage", - acrescenta o voluntário.

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No dia anterior morreram dois soldados ukrainianos e cinco foram feridos, na região Starohnativka. No dia anterior, 04 de março, os militantes dispararam 121 minas nas regiões Chermaluk e Zaitsev.

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Em 05 de março os terroristas dispararam, ao longo do dia, sobre Avdiivka, de morteiros e artilhara de grande calibre. As testemunhas disseram que eles estavam preparando-se para reconquistar a zona industrializada da cidade, que os militares ukrainianos reconquistaram uma semana antes. Pela manhã de hoje disparavam de morteiros na periferia sul de Avdiivka. Também poderia ser para provocar os ukrainianos para uma batalha aberta o que seria violação dos Acordos de Minsk.   

Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana), 06.03.2016:

Terroristas, ao longo do último dia, disparavam frequentemente sobre as posições ukrainianas em Donetsk (Donetsk é região, também a maior cidade da região tem este nome - OK), Mariupol e Luhansk. Só na região de Donetsk os disparos aconteceram 37 vezes, no leste de Mariupol, 7 vezes.

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Os militantes promoveram provocações em Audiivka disparando sobre posições e sobre veículos da população. Para documentar o fogo e culpar as Forças Armadas da Ukraina, à posição dos terroristas vieram equipes de fotógrafos da mídia russa.
Já é segundo dia que os terroristas flagrantemente violam os acordos de Minsk, - diz o centro de imprensa da ATO.

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"É evidente que os terroristas não querem parar, completamente, o fogo e, especialmente, artilharia pesada além da linha de confronto. Eles compreendem que, com a chegada de paz ao Donbas, qualquer sentido de ocupação russa no Donbas vai desaparecer, e eles permanecerão sem trabalho. E, pelo seu sangrento trabalho, estão prontos para lutar, matando civis e soldados defensores da Ukraina", - acrescentaram no estado-maior (Eles são mercenários, lutam por dinheiro. Provavelmente não têm nenhuma profissão - OK). 

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Do necrotério de Donetsk levaram para Rússia 15 corpos de militares das Forças Armadas russas. (O governo russo, por muito tempo negou a participação russa no conflito, inclusive para a população russa. Ainda nega que os militares russos participam da guerra por ordem sua.-OK) .
No dia 05 de março dois soldados russos deixaram o local de conflito e as armas. Voltaram para Rússia.

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Na noite de 06 de março, ativistas pela liberdade de Nadia Savchenko atacaram a embaixada da Rússia em Kyiv. A julgar pelo vídeo, os eventos ocorreram na parte dos fundos da embaixada. Lançaram fogos de artifício e danificaram automóveis de uso. Houve um pequeno tiroteio.

https://www.youtube.com/watch?v=USkH5zV0w44

No dia 06 começou a ação de apoio à Nadia Savchenko, que ilegalmente julgam na Rússia. (Lembramos ela foi pega na Ukraina e levada para Rússia à força. Lá, ela foi acusada de assassinato de dois jornalistas russos e travessia ilegal da fronteira. Em 02 de março o tribunal russo condenou-a a 23 anos de prisão, mas a sessão do tribunal será concluída no dia 09, quarta-feira - OK).
Participam alguns deputados e representantes do Ministério do Interior. Savchenko, no dia 04 anunciou greve de fome seca até seu retorno a Ukraina, viva ou morta.


Tradução O. Kowaltschuk 

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