terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Exército ou morte!
Tyzhden.ua (Semana ukrainiana), 04.01.2015
Roman Malko

Um dos principais desafios deste ano - modernização e reforma do exército. 
Com próprias forças, aqui e agora, nas condições de combate.


"Eu estou certo, que 2015 será o ano de uma reforma radical de toda esfera de segurança e defesa, - disse Dmytro Tymchuk, coordenador do grupo "resistência informativa", - diferente não pode ser. Em 2014, com o início da agressão russa, a sociedade ukrainiana e o estado, viram que o exército é necessário, apesar de que por 23 anos o país acreditava o contrário. De sua existência depende nossa soberania e a integridade territorial. Desde abril acontecem ações de combate, e não tirar conclusões seria crime. Na sociedade, entre os especialistas e no governo já existe o entendimento de que a situação deve ser mudada".

O fato de que as mudanças acontecerão, não há dúvida - a vida empurra. A questão é apenas nos passos corretos, presença de vontade política e compreensão adequada da questão. No entanto, não é só a vontade que é necessária, também precisa-se de certa correção ideológica do governo. Para o presidente, como Comandante Supremo, o vetor estratégico para resolver o conflito no Leste hoje, é um processo político e diplomático. Ele, realmente, tem algum sucesso, mas devido a excessiva atenção e lentidão no reforço das capacidades militares e organização de resistência à agressão surgem sérias lacunas, que ameaçam com derrota.

Por um lado, nós pedimos ajuda ao Ocidente, que pressiona Rússia, mas recomenda para Ukraina não conduzir a situação à guerra. Por outro lado - o governo ukrainiano ainda ingenuamente espera negociar com o Kremlin, embora já foi provado que isto é impossível. "Do Ocidente não haverá auxílio, - diz Valentim Badrak, diretor do Centro de Investigação do Exército, Conversão e Desarmamento, - inclusive armas letais. Pode-se comprar algo, mas nada assim não darão a Ukraina. O Ocidente foi pelo caminho de distanciamento da Ukraina e se prepara para repelir a agressão nas fronteiras da OTAN. 
O fato de que Putin se prepara para isso, não apresenta dúvida. Se a Aliança reagir, conforme especificado em seu estatuto, isto, de fato, significará o início da Terceira Guerra Mundial. Portanto, 100% não haverá proteção para o Estado ukrainiano, bem como, 100% não é possível entrar em acordo com Putin.  Com tais dados iniciais não há outra escolha, que preparar-se ao enfrentamento sozinhos, e a liderança político-militar deve colocar em prioridade o imediato preparo das forças de defesa para a guerra e toda população ao confronto com a Rússia.

A pergunta, o que deve ser levado em conta rapidamente, frequentemente vai além da esfera militar mas, sem a sua decisão não se pode esperar pelo sucesso da reforma do sistema de segurança. Primeiramente é preciso preparar a população para guerra, começando pela conscientização, que nós poderemos resistir à agressão de Putin. É necessário alterar imediatamente a legislação para permitir a introdução da lei marcial. O Estado ainda é obrigado a lutar contra a corrupção em grande escala, porque destruí-la apenas nas Forças Armadas é irreal. Esta é a questão da capacidade de combate e viabilidade do país. Nas forças armadas ainda ocupam posições elevadas pessoas, que simplesmente não têm habilidades profissionais, sem iniciativa política e incapazes de tomar decisões com independência. Isto, em resultado, leva à derrota e perdas de vida.

Ukraina terá que criar um novo exército, e quanto mais cedo, melhor. Se o governo realmente mantiver a palavra dada pelo presidente, e destinar, anualmente, 3% do PIB, mais um bilhão de dólares anualmente, durante três anos, para o rearmamento, então tudo se organizará. Com condições, claro, com o nítido sentimento do dever sobre o que é preciso fazer. A obrigação militar geral  e nacional e formação do exército segundo modelo soviético - é dia passado, estão convencidos os especialistas. Hoje é necessário 100 - 120 mil militares profissionais permanentemente. Propõem-se diversos modelos, mas a visão geral coincide: a experiência sangrenta da ATO, combinada com os avançados aprimoramentos mundiais, acumulados nos padrões da OTAN. Trata-se, primeiramente das normas previstas na legislação, garantia financeira, estrutura organizacional, procedimentos do estado-maior. Mesmo quando eles não são perfeitos, e passam por constantes aperfeiçoamentos nas condições de combate, no mundo é pouco provável que há algo mais efetivo. O exército, geralmente é preparado não às mais prováveis, mas às maiores ameaças. Aqui elas coincidem. A mais provável e a maior ameaça é Rússia. Sua agressão exige uma preparação clara para o confronto. Assim é necessário mudar a doutrina militar, a estratégia da defesa e segurança nacional. Se estivermos prontos para enfrentar a Rússia - daremos conta de qualquer outra ameaça militar.

Necessitam regulação as atividades dos batalhões voluntários, que mostraram eficácia. Os métodos são diversos - de transferência à composição da Guarda Nacional que deveria ser retirada do Ministério do Interior, até a subordinação presidencial ou a introdução à composição da defesa territorial, que também deve ser melhorada. Aqui, novamente servirá a experiência da Suiça ou Lituânia, mas com a consideração da realidade ukrainiana.

Não se deve esquecer, que o setor de segurança deve considerar tanto os meios de força de resistência e influência, como os não violentos. Os primeiros passos foram feitos, criou-se o Comitê de Inteligência, um posto avançado de confronto não coercitivo. Mas na vez ainda está a construção de poderosos meios de dissuasão, como as forças de mísseis com suporte operacional-tático ou com reforço de tropas especiais que atualmente são utilizadas de forma aleatória.

Mais um momento importante - proteção social dos soldados e oficiais, que se comprometeram em defender o país. Aqui há alguns progressos, mas o potencial ainda não foi esgotado. Os especialistas citam até 20 itens, sobre os quais o governo pode agir, - desde a criação rápida, implementação de programa  especial de habitação e programas de seguro, até a revisão do abastecimento da pensão. 

Para que tudo isto seja possível, é necessário rapidamente, e de forma realista formar uma ordem de defesa do Estado para 2015. "A questão da defesa do Estado, sua distribuição, prioridade,  como a possibilidade de aproveitamento da tecnologia ocidental e criação de empresas comuns e projetos precisa apresentar ao nível de vice-primeiro-ministro, - diz Valentim Badrak, - criando uma estrutura adequada - agência estatal de indústria de defesa, que ficará acima dos complexos militares industriais e será capaz uma parceria público-privada.

A reforma da defesa não será limitada com poderes do Ministro da Defesa. Ele poderá, cada vez menos influir nela. É necessário usar todos os recursos do Estado, começando pelo presidente como principal comandante das Forças Armadas. O país deve, finalmente, mudar para um momento especial, aproximando-nos de um possível confronto militar com o agressor. "Se nós demonstrarmos prontidão para luta, seriamente, por muito tempo, e até o final, - diz Badrak, - Putin recuará. Não porque terá medo, mas porque hoje já podemos ver uma mudança significativa nas atitudes da sociedade russa. Nossa resistência forte pode causar séria oposição na Rússia. Portanto, esse fator torna-se mais significativo, que a resistência diplomático-política do Ocidente.

Tradução: O. Kowaltschuk

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