quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

É inútil pedir ao inimigo: saia da casa! Ele deve ser destruído."
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.01.2015
Ivan Farion

O olhar de cada ukrainiano está direcionado ao Donbass, para onde os eventos de importância geopolítica ocorrem. A situação desta região é difícil estimar apenas pelas linhas escassas de relatórios oficiais, quadros de temas televisivos ou notas dos blogueiros na internet - os problemas no leste são consideravelmente volumosos, sua magnitude e tragédia com duas cores não se transmitirão.

Desta vez, aos acontecimentos no Donbass, nós decidimos olhar através dos olhos de uma pessoa relacionada com a região de Luhansk a bastante tempo, conhece bem o seu povo, particularmente a vida da elite política local, foi um dos fundadores locais do Partido das Regiões, duas vezes participou da facção parlamentar, foi adversário de seu líder Oleksandr Efremov. Nosso interlocutor - Volodymyr Landik, 66 anos de idade, irmão de um conhecido empresário, fabricante de geladeiras "Nord", e até recentemente, proprietário da emissora de liderança na região de Luhansk "Irta".

- Em sua pequena pátria (local de nascimento) agora há guerra. Então, a primeira pergunta: onde você está agora e como vive?
- Vivo em duas casas: um pouco em Kyiv, onde em 2006, durante o mandato de deputado, por meu dinheiro, e não com fundos do governo, comprei um apartamento de dois quartos, e também em Severodonetsk, para onde, obrigatoriamente me mudei, de Luhansk. Em Severodonetsk, que permanece sob o controle do governo ukrainiano, eu tenho emprego. Trabalho hoje como chefe da estatal, de consumo da região, que mudou para cá, de Luhansk. Devido a sua ocupação Severodonetsk tornou-se uma espécie de centro, para lá se mudou a Administração Estatal Regional, SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), milícia, correios e outros órgãos estatais.

No entanto, falar sobre uma vida tranquila não se pode. Próximo de nós Lysychansk, que os militantes bombardeiam , e também Popasna que, a poucos dias foi submetida a um poderoso fogo de artilharia. Portanto, a situação - quase na linha de frente.

Em Luhansk eu tinha um negócio relacionado à televisão, que foi capturado, assolado, saqueado, parte do equipamento levaram para Rússia, e parte transferiram para o antigo telecentro estatal regional, que agora serve a chamada "FSC". Nossa "Irta" em Severodonetsk, segundo decisão do Conselho Nacional de Rádio e Televisão, levou para uso temporário as tele-frequências, que anteriormente aproveitava a Companhia Estatal de rádio e televisão. Esta tele-companhia estatal "no tempo da Ukraina" encabeçava o odioso Rodion Miroshnyk, hoje vice-líder da "FSC" Igor Plotnitskyi em questões de ideologia.

Os nossos transmissores agora cobrem toda a área libertada dos terroristas. Mostramos às pessoas novidades objetivas de onde há guerra, e onde não há. Fornecemos informações de Luhansk que foi capturado por aqueles ingênuos idiotas. Com produtos de informação muito ajuda o "24 canal", que pertence ao prefeito de Lviv, Andrii Sadovyi.

- Você não tinha o desejo de continuar vivendo em Luhansk?
- Penso, para lá não voltarei nunca mais. Esta cidade, ninguém preocupa-se em libertar dos ocupantes. Em geral, com tristeza posso dizer, que a atitude em relação a nós, aqueles que saíram de Luhansk, - nenhuma. Nós não estamos lá, e parece que não estamos aqui. Mas, saíram de Luhansk os patriotas da Ukraina... E o que temos? Mesmo nos territórios libertados controlam os negócios, empregos, funções todos estes Efremov, Holenko (Oleksandr Efremov - o ex-chefe do Partido das Regiões no Parlamento, Valery Holenko - ex-chefe do Conselho Regional de Luhansk - I.R.). Mas aqueles que defendiam Ukraina independente, que antes das eleições apoiavam o atual presidente, que lutaram com os separatistas, tornaram-se desnecessários. Trazem para nós toda inutilidade para os cargos de promotores. 

 O procurador regional tornou-se um oficial, que está sujeito a lustração - por duas vezes foi apadrinhado por Pshonka (fugitivo como Yanukovych). Mesma situação nos órgãos fiscais. Até no serviço veterinário! Nós sugerimos um bom moço de Antratset, que tem posição pró-ukrainiana. Mas, não! Não nos ouviram. Colocaram no cargo um protegido de Efremov. Pessoas odiosas, comprometidas penetraram até na liderança da TV estatal de Luhansk, que está de mudança para Sysychansk. Na sua chefia colocaram o já lembrado Miroshnyk - um tal de Harkush. Ainda recentemente ele, numa transmissão, de sua autoria, praticamente a cada palavra, usava o termo "fascistas" em relação às autoridades ukrainianas...

- Mas, em Luhansk trabalha como presidente da administração estatal, uma tal autoridade de princípios como Gennadi Moscal!...
- Moskal, pediu para sua equipe certas pessoas, mas lhe enviaram outras. Moskal ninguém ouve em Kyiv! E dinheiro não lhe dão para que possa construir algo nos territórios libertados (Bem, dinheiro no governo da Ukraina é o que mais falta...OK). Veja um exemplo. Os militantes explodiram duas pontes, ainda no verão. Neste período precisava fazer algo. As pessoas servem-se de estradas danificadas e reclamam das autoridades ukrainianas.

- Quem em Kyiv coloca travas na roda?
- E quem em Kyiv permaneceu no cargo? Os mesmos que trabalhavam antes! Meus ex-companheiros de partido. Eles indicam para Luhansk aqueles que são próximos de Efremov. Penso, que ele influi nas designações com seus recursos, inclusive financeiros.

- E como vivem as pessoas comuns em Luhansk? Elas querem ser libertadas?
- Os inteligentes sim. E os tolos, anteriormente não queriam viver sob o governo ukrainiano, e agora não se inflamam com este desejo. Refiro-me àqueles que nunca foram bem sucedidos, que nada faziam, além de beber aguardente caseira. Eram sufocados pela inveja quando alguém conseguia algo com próprias forças. Agora, eles vão remexer nas lixeiras, mas ficarão muito felizes que a alguns levarão a casa e o carro, que espantaram as pessoas pensantes, aqueles, que até pouco tempo atrás lhes davam trabalho. E, por isto, vão louvar Putin.
Para aqueles que permaneceram em Luhansk, a vida é dura. Mas esta foi a sua escolha. Se uma vida assim lhes agrada - então deixa que vivam...

- Há em Luhansk gás, água, luz e alimentos?
- Agora já tem. Tudo vem da Ukraina. No entanto, até aonde eu sei, ninguém paga por isto...
- E como se colocam os moradores perante as autoridades de ocupação, ao líder Plotnytskyi?
- Há atitudes diferentes. Os normais desejam mandar os Plotnytskyi embora, para unir-se a Ukraina. E, há aqueles que sonham ir para Rússia, para pessoas empreendedoras tornarem-se mendigas, nuas e descalças. A proporção é aproximadamente 50 por 50...

- Qual o papel das pessoas de Yanukovych com relação a o que aconteceu em Luhansk no ano passado?
- Seu papel - principal. São eles que trouxeram o inimigo para nossa casa. No tempo de Yanukovych Efremov era "todo poderoso" em Luhansk, e assim ele continua agora. Em todas as posições de gestão na "FSC" - suas pessoas. Elas recebem colocação até nos territórios libertados. Isto se faz com grandes valores. Ao pobre Gennady Moskal, como dizem, não invejarás...

- Como você vê a solução mais adequada para a crise no Donbass? Será possível devolver Luhansk e Donetsk para Ukraina? O que é preciso fazer para isto?
- A saída é apenas uma - precisa expulsar o invasor. Não há paz sem vitória. Paz sem vitória - é rendição. Nem Stalin lutou contra o fascismo pela paz, ele lutou pela vitória. Nós devemos vencer com ações ativas. Se alguém continuar dizendo: "Vamos negociar" - nada mudará. A situação parece assim: o inimigo armado está em sua casa, e você vem em chinelos e pede: "Saia da casa!" Nada virá disto! Eles são quadrilheiros! E devem ser destruídos.
(Esta pessoa pertenceu ao Partido das Regiões. O Partido das Regiões era fiel ao presidente Yanukovych - não sei se todas as acusações são verdadeiras - OK).

Os militantes da "DNR" fizeram sair na rua os militares ukrainianos aprisionados. São os militares que defendiam o aeroporto.




O líder dos terroristas Oleksandr Zakharchenko lamentou que, infelizmente, não conseguiu fuzilar todos.

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário