Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 20.06.2014
Inna Honcharuk
Para acomodar mais de uma centena de migrantes de Donbass e Criméia o sacerdote fez um empréstimo de 1,5 milhão de hrevnias(moeda local).
Para as crianças dos migrantes padre Mykola tornou-se como um parente. Enquanto o governo esquenta a cabeça sobre o que fazer com os migrantes da Criméia e do leste, o padre da aldeia Kotsubenskyi, na região de Kyiv começou a trabalhar. Padre Mykola Ilnytskyi abrigou 103 pessoas, 50 delas crianças. O Centro Cristão localiza-se numa zona pitoresca da vila - floresta em torno, lago próximo. No pátio trabalham construtores. Ainda não transcorreu um mês, mas o padre já tem o propósito de receber mais 150 vítimas do conflito. Os migrantes vivem nos quartos lotados de camas beliche. No primeiro andar - cozinha e refeitório, no segundo - sala de esportes. Com alimentos e roupas ajudam os voluntários e pessoas não indiferentes.
"Rezei, para que o governo não atrapalhasse..."
No pátio adultos com crianças classificam as caixas com produtos, que trouxeram os benfeitores. Aproxima-se mais um carro. O empresário Oleksandr pede ajuda - retirar os sacos do bagageiro. "A pouco soube que aqui há migrantes, imediatamente decidi ajudar, - diz o homem. - Trouxe um saco de farinha, de açúcar, de arroz, de trigo mourisco. Posso ainda trazer carne de porco. Eu tenho um amigo - dono de restaurante. Penso, que não recusará ajuda".
... Até os anos noventa aqui havia um jardim de infância, mas após dez anos tornou-se ruína. Em 2003 o padre Mykola, juntamente com a comunidade, criou um centro de reabilitação para famílias de baixa renda. O padre é originário de Sambor, na região de Lviv, aqui já está no ofício divino 14 anos. "Em 2003 nós iniciamos a transferência do antigo prédio, destruído, do jardim de infância à comunidade religiosa - conta o padre Mykola. - Consertamos o prédio. Celebramos para pessoas carentes. Posteriormente começamos trazer doentes graves para reabilitação".
A situação no país trouxe ajustes para atividades do centro cristão. Em março, o presidente da aldeia pediu ao padre Mykola receber nove famílias de militares da Criméia. Desde abril começaram povoar-se, maciçamente, os refugiados da anexada península e do leste. Para pôr ordem no prédio o padre Mykola precisou tomar um empréstimo no banco - 1,5 milhão de hrevnias. Com esse dinheiro colocou em ordem a parte central do prédio e comprou novos equipamentos. Agora toda a esperança nos benfeitores - suspira o padre. - Em duas semanas planejamos reconstruir mais 200m² do prédio. Mais um prédio necessita de grandes reparos. Se fizermos isto, receberemos mais 150 pessoas. No governo não podemos esperar: dizem não há dinheiro. Rezei, para que, pelo menos, não atrapalhassem".
"Voltar para Donbass não quero"
Aqui há 4 separatistas, que ficavam nos postos de controle em Donetsk, - sussurram os hóspedes.
Uma trouxeram ferida. Elas não se comunicam conosco, permanecem reservadas. Mas nós não sentimos hostilidade para com elas, sobre política falamos pouco.
O casal Malovych, veio a Kotsubenskyi três semanas atrás. Deixaram a casa depois do referendo, quando entenderam que nada de bom em sua cidade natal acontecerá. Consigo trouxeram apenas o indispensável, que coube em três mochilas. "Em Kyiv, oito dias vivemos no albergue, - conta o chefe da família senhor Yevhen. - Já compramos bilhetes para Lviv. Mas, de repente telefonaram voluntários do fundo de caridade, onde a esposa preencheu o formulário, e aconselharam este abrigo". No centro à família deram um quarto. "Ontem fui à Câmara Municipal de Irpinsk, para me informar sobre o estatuto de refugiados. Tropecei em grosseria. Um me disse diretamente: "Por que vocês vieram para cá?" Eles aqui silenciosamente compartilham a própria terra, e aqui vieram em grande número e pedem algo".
Em Donetsk o senhor Yevhen trabalhava como chefe do departamento de controle técnico na indústria de cerâmica, senhora Olga realizava pequenos negócios. Agora o homem está à procura de algum trabalho.
Senhor Yuri com esposa e três filhos menores deixou sua terra natal, Makiivka, em 23 de maio. "Muito hesitei, conta o homem - Dava pena deixar a casa. Finalmente, o medo pelas crianças venceu. Temíamos acordar certa manhã na Rússia. No leste tudo caminha segundo o cenário da Criméia. Decidimos, que precisamos fugir antes que seja tarde".
Em Makiivka o senhor Yuri tinha seu negócio - ocupava-se com transporte de móveis estofados. Agora aceita qualquer trabalho. A ida para o Centro Ocupacional não ajudou. "Disseram que num mês aceitam apenas 50 pedidos, e nós viemos de uma só vez em 25 pessoas. Telefonei aos anúncios - pouco resultado. Ajudamos os construtores na reparação do centro".
Apesar de todos os males, o Sr. Yuri não perde o entusiasmo. Diz que, com a família, buscará felicidade na Ukraina Ocidental. "Eu estou feliz que saí de Donbass, e voltar para lá não quero. A atmosfera no leste é pesada, as pessoas pensam como escravos. O coração sangra pela Ukraina, por nossos soldados. Fui testemunha, como aos soldados do batalhão territorial de Irpin separaram oito cartuchos e capacetes do ano de l.943".
Marina, 35 anos com filhos - Eldar de 10 anos e Elias dois anos mais novo, vieram de Horlivka. Em casa ficou a mãe, que recusou-se deixar a cidade natal. "Eu devo salvar as crianças", - suspira a mulher.
Eldar e Elias já encontraram novos amigos. Com a mãe irão ao lago para nadar. "Aqui está bom, - dizem animados, - já passearam no mato, no lago. Para casa não queremos - lá há guerra".
Mas o pequeno Danylko, de quatro anos, não se acostuma, Frequentemente lembra sua avó, que ficou em Donetsk e constantemente repete "Quero ir para casa".
Tradução: O. Kowaltschuk
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