sábado, 4 de fevereiro de 2017

Histórias de heróis ATO, que vivem com próteses.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 03.02.2017
Daria Bavzalek

Histórias de heróis ATO, que vivem com próteses.

Perdeu as pernas, mas não perdeu a força de espírito.


​Eles não perderam a força de espírito e seu exemplo inspira milhares de ukrainianos. É sobre estas pessoas que se trata no projeto "Vencedores" do TSN (Serviço Televisivo de Notícias) e jornal Viva - são fatos da história de soldados ukrainianos e voluntários, feridos no leste da Ukraina. O objetivo do projeto cujo curador é a apresentadora do programa TSN, no canal "1 + 1" Solomia Vitvitska. Fala sobre veteranos após graves lesões e 
presta atenção ao desenvolvimento de próteses modernas na Ukraina. Projeto do fotógrafo Alexander Morderer.
A jornalista apresenta três indômitos combatentes da ATO.

Viktor Kardash



"Com a prótese aprendi dançar o tango argentino."

33 anos, de Mykolaivshchyna. Fuzileiro naval voluntário.
- Pela formação eu sou contador, trabalhei no conselho da aldeia. Meu hobby é coreografia, ensinava-a na escola. Na ATO fui por vontade própria, foi minha escolha. Quando fui me alistar, a ninguém contei, num dia passei pelos exames médicos. 
- Fomos para treinamento na aldeia Urzuf. Meu amigo, durante o treinamento, me disse, que eu perderei a perna direita. Assim aconteceu. Os médicos conseguiram salvar a perna esquerda, mas a direita foi amputada. Minha prótese fizeram na empresa "Sem limitação". Eu disse aos médicos que planejo encontrar um trabalho. Propuseram trabalhar na empresa: contar aos rapazes da ATO como eu, minha história. Eu fiquei.

N início foi muito difícil pisar na prótese, doía. Mas, na primeira meia hora eu aprendi andar sem muletas. Difícil foi aprender a manter o equilíbrio. Mas, com o tempo tudo deu certo. Voltei às danças. Fui a escola de tango argentino que, alás, fundou um veterano da ATO.

O que aconteceu comigo, não me desanimou, mas acelerou. Abriu novos horizontes. Planejo receber o ensino superior. Quero ser psicólogo, porque compreendo que aos rapazes, que voltaram da ATO, é necessária ajuda. Quero apoiá-los profissionalmente, inclusive com meu exemplo.

No centro de pesquisas de próteses, órteses e reabilitação de pessoa com deficiência "No limits" comecei a trabalhar como instrutor. Hoje eu sou protético. Estudei um ano. Na empresa atuo na fabricação da base.
Recentemente nós apresentamos três componentes protéticos. Detalhes que anteriormente precisávamos comprar no exterior agora faz a nossa fábrica. Eu planejo continuar meu aperfeiçoamento profissional. No projeto "Vencedores" recebi certificado de um curso de uma semana em Toronto.

Alexander Shvetsov.



"Minha prótese ficou mais de um ano, em pé, no banheiro".

31 anos. Zhytomyr. 30ª brigada mecanizada.
Tudo começou porque decidi vender o apartamento, para construir uma extensão na casa da mãe. Queria viver a céu aberto. Ter um cachorro.

Para fazer a venda era necessário ir ao comissariado militar e pegar o certificado. Lá observaram a minha certidão militar e disseram que minha profissão militar era muito necessária. Depois do serviço militar fui comandante de exploração. Concordei. Assim encontrei-me na composição da 30ª brigada mecanizada.

Nos levaram a Novgorod-Volyn, depois ao campo de treinamento em Mykolaiv. Depois enviaram à zona ATO. Acabei na região de Lugansk. No início ficamos na aldeia Golubivka, depois Rubizhne, Severodonetsk, Shchastia. 
Em Shchastia, na noite de 3 para 4 de julho de 2014, contra nós atiravam com "Grad". Era necessário mudar daquele posto. O comando enviou-nos para frente, justo naquela hora nós cercamos Lugansk. Eu encontrei-me na aldeia Vessela Gora (Monte Alegre), próximo de Lugansk.

Antes de conseguirmos providenciar as trincheiras, veio sobre nós a técnica inimiga. Depois de duas horas de combate, próximo de mim algo arrebentou-se. Meu irmão de guerra me puxou para trás. Lá me ajudou um médico. Depois, com helicóptero fui enviado para Kharkiv.

No hospital me trouxeram ainda consciente. O médico pegou um objeto afiado em suas mãos, e começou me picar na perna esquerda e perguntar se sentia algo. Eu compreendi que ele planeja a a amputação, e comecei mentir. Dizia que sim, até dizia  em que lugar. Mas o médico percebeu, que eu não dizia a verdade, disse para eu me virar. Na rua estava escuro e no reflexo eu vi o que ele fazia. A perna foi amputada. 

Voltei à consciência após três dias. Naquele dia, sob as janelas do hospital as pessoas repetiam "Agradecemos".
Foi agradável à alma, embora ciente do irreparável.

Quando vi a prótese pela primeira vez - incompreensível para mim a estrutura metálica, - foi... nojento. Ela, por mais de um ano ficou parada no banheiro. Psicologicamente não a aceitava, usava o carrinho ou o walker (passeador de cães).

Depois me telefonaram os voluntários e propuseram ir para escola na Áustria. Comigo iria um membro do projeto "Vencedores" Andrew Zabigailo, no hospital ficamos na mesma enfermaria. Telefonei para ele, para perguntar, como melhor responder às perguntas do questionário "Como você vai locomover-se?" Telefono e digo: Diga-me, honestamente, você usa a prótese?" Responde: "Sim, mais ou menos, mas nos questionários dissemos, que usamos as próteses." "Então, pela primeira vez usei a prótese. Chegamos à Áustria, vi um grupo de pessoas, de todas as idades, andando sobre próteses, e pensei, por que eu não posso. Comecei andar. E tudo deu certo.

- Agora dedico muito tempo para apoiar os rapazes que retornam da ATO. Tento ajuda´-los. A guerra mudou muitas pessoas. Anteriormente pensava, que a bondade - é fraqueza. Agora tenho certeza, que a bondade - é uma grande força que tudo pode. Juntamente com outros membros do projeto "Vencedores" em setembro do ano passado nós nos encontramos com o legendário Nick Vuychuchem. Ele nasceu sem membros, viveu muitos momentos difíceis. Fiquei surpreso o quanto ele é boa e simpática pessoa, como faz muito pelos outros.

Ocupo-me com esporte.Registrei-me nos games Invictus (Competições internacionais para veteranos) para participar de competições no tiro com arco (realizar-se-á em setembro no Canadá).


Alexander Chalapshiv



"Vi minha perna deitada ao lado".

30 anos, Kirovograd, 34 º batalhão de defesa de Kirovograd.
Eu participei dos eventos no Maidan. Em seguida voltei para casa. Começaram os acontecimentos na Criméia, entraram as tropas russas. Peguei o meu certificado militar e fui ao comissariado militar. Voltei para casa com a intimação, disse que fui mobilizado.

Em 28 de setembro de 2014, caí sob ataque de morteiro, próximo da mina (de carvão) "Iuzna" (região Donetsk). Lembro cada segundo daquele combate. Esta era mina anti-tanque, 120 kg. Deitado na terra, no início não compreendi, o que aconteceu comigo, tentei me apoiar no automático, para ficar de joelhos - então eu ainda os tinha. Mas caí. Vi meu pé deitado ao lado. O outro ainda se mantinha nas calças. O principal - estava vivo. Para mim o importante, que minha família - esposa e duas filhas, estivessem felizes.

Me prometeram, que quando usar as próteses, começarei correr. Mas correr, eu não poderei, porque me faltam os dois joelhos.
Quando, pela primeira vez me colocaram as próteses - eu fui jogado na brasa. Era difícil manter o equilíbrio, havia furioso desconforto. Isto me abateu moralmente. Naquele momento não tinha a quem perguntar, o que é isto e como. Então tudo aprendia sozinho. No hospital me ensinaram os primeiros passos. Depois treinava-me em casa com a esposa. Em fevereiro me mandaram para Áustria. à escola de andar. Agora oriento outros rapazes com a mesma amputação, partilho experiências.

Tal é a vida, tal destino... Gostaria de mudar apenas uma coisa, que esta guerra não existisse. Quando concordei em participar no projeto "Vencedores", disse, estou indo para mostrar o que aconteceu, - não é sentença. É outro modo de ver a vida. Perdi as pernas mas não perdi a força de espírito.

Comecei meu negócio, e isto e a maior motivação. É preciso, os rapazes com amputações envolver no trabalho. Quando a pessoa não ocupa-se, fica sentada em casa 0 ela, a prótese, geralmente não usa.

Quando comecei meu negócio, todo o dinheiro investi lá. Eu não tinha outra escolha, a m]ao ser o trabalho todos os dias. Então todos os dias eu coloco a prótese e vou para o trabalho.

Tradução: O. Kowaltschuk

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