sexta-feira, 24 de abril de 2015

DNA. É o que a família de militares não quer saber.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 20.04.2015
Alexandra Gaivoron

Sobre a morte de Vadim disseram na TV. Um apresentador avisou:
Três militares morreram durante uma operação especial em Ilovaisk, corpo de um outro, de sobrenome Antonov, não encontraram.
O calendário indicava 13 de agosto. Olga entrou na internet e abriu o Google. Ela fazia isto todos os dias, desde que a ligação com o marido interrompeu-se. Vários sites deram a mesma informação - o corpo ninguém viu.

No dia seguinte, nas notícias disseram, que Vadim Antonov foi condecorado, postumamente, "Pela coragem". Oficialmente, sobre a morte, aos parentes, então nada disseram.

Vadim foi sepultado em 7 de fevereiro. Despedir-se dele na praça central de Zhytomyr vieram algumas centenas de pessoas. Entre eles, havia aqueles que mesmo tendo visto o caixão, estavam convencidos - o militar ainda está vivo. Eles viram sonhos e sinais. Olga também queria acreditar neles. Mas dois exames de DNA - indicavam que o pior aconteceu.

O corpo procuravam quase seis meses. No início apareceram dois separatistas - pai e filho. Os homens disseram, que tinham o distintivo do morto. Depois telefonaram a "hotline" do batalhão "Donbas, no qual serviu como voluntário Vadim, e teriam pedido dinheiro para mostrar onde enterraram o militar. Posteriormente, para auxílio, vieram os voluntários da "Tulipa Negra". (Esses voluntários ukrainianos resolvem inúmeros e diversos problemas. Gente dedicadíssima - OK).

Combatente Vadim Antonov
Os parentes de Vadim souberam de tudo aos poucos, a partir dos relatos. O processo corria sem o seu conhecimento. Naquele momento eles já haviam enviado à milícia a declaração dobre DNA, mas passar pelo processo ainda não ousavam.

Enterrar o seu.
Famílias de militares, que desapareceram na zona da ATO, geralmente não fornecem amostras de material genético imediatamente. Fazer isto - para muitos, significa, por um momento, supor que o filho ou o marido faleceu. "Há pessoas que não acreditam que o parente morreu. Há aqueles, que têm informações que o soldado está no cativeiro. Eles continuam a busca sozinhos", - diz a médica deputada Olga Bohomolets, que se ocupa com a procura e reconhecimento de militares.

"Nós tivemos um caso, há alguns meses atrás, quando uma mulher enterrou duas vezes seu filho, a mulher recusou-se do teste. Assinando a documentação necessária, ela levou o corpo para região de Vinnytsia e enterrou. Depois de alguns meses, o DNA deste rapaz coincidiu com o código de outra mulher. Quando à mãe da Vinnytsia pediram para fazer o teste, verificou-se que o filho dela ainda estava no necrotério.

Agora os corpos entregam às famílias somente após a confirmação do DNA" - diz Olga Bohomolets - "Não apenas isto. Depois de revelar coincidência com um parente, o teste deve passar pelo outro, para que a certeza seja de 99%.

Para os cidadãos ukrainianos o teste é gratuito. Para os estrangeiros custa cerca de 2,5 mil UAH. A análise recebem os parentes, que fizeram depoimento à polícia sobre o desaparecimento do militar na Zona da ATO.

O material genético pegam do corpo do soldado. Os grupos que recolhem os corpos, levam os mortos para os necrotérios próximos às zonas de combate. Lá, com base no material ósseo, fazem análise. Para identificar o DNA deve haver proteína. Sob a ação de temperaturas muito altas, como após o bombardeio com "Grad" (descarga simultânea), acontece a destruição da proteína. Por isso os nomes de alguns combatentes não serão conhecidos.

Sequência de ações. Como procuram soldado desaparecido.
Os dados dos parentes e militares trazem para única base, que encontra-se em Dnipropetrovsk. Em 17 de abril ali havia 1.082 amostras de DNA de famílias que estão à procura de soldados, e 707 amostras - de mortos. 311 pessoas conseguiram reconhecer.

Após detecção de coincidências, telefonam às famílias da polícia e propõem levar o corpo. Desde o momento do recolhimento da amostragem, até a chamada da polícia pode passar um mês.

Quando não há correspondência, o corpo é enterrado sob um determinado número em um cemitério militar. A cerimônia acontece com honras, com a participação de sacerdotes. Apenas pranteiam os mortos pessoas estranhas. Se, posteriormente, os parentes encontram-se, o corpo podem enterrar novamente.

Quanto dinheiro já foi gasto para o DNA, não é conhecido. Nem o Ministério da Defesa, nem o Ministério dos Assuntos do Interior, e outros departamentos, citam números. No entanto, de acordo com Olga Bohomolets, para realização de exames já faltam alguns milhões de UAH. O Gabinete Ministerial deve encontrar o dinheiro necessário.

"Quando retornavam atrás dos corpos, ele não encontraram. Havia apenas um rastro de sangue no muro."
Vadim Antonov não disse logo que iria à guerra. Com Olga já divorciaram-se há 5 anos, mas mantinham estreita relação graças a filha Sonia, que o pai carinhosamente chamava "minhas trancinhas".

Ele era engenheiro-mecânico. Nunca havia segurado uma arma em suas mãos. Não tinha medo e queria mudar o mundo para melhor. Participou de dois Maidan, e um pouco ocupou-se com serviço voluntário. Em abril não aguentou - foi para treinamento militar em Nova Petrivtsi. Em junho jurou fidelidade à Pátria. Ele tinha 38 anos e lhe doía muito ver como enviavam jovens de 19 anos para morte..

Vadim, segundo amigos, não morreu em Ilovaisk. Em 10 de agosto eles foram para reconhecimento - supostamente deveriam cobrir um franco-atirador. Ouviram tiros. Vadim caiu. Quando regressavam, procuraram corpos, Vadim não encontraram. 

Havia apenas um rastro de sangue no muro.
A mãe do militar concordou com o teste de DNA em dezembro. Tornou-se claro que havia uma sobreposição parcial de dois organismos. Na véspera de Ano Novo colheram material genético da filhinha Sonia. Após um mês telefonaram da milícia. Vadim foi encontrado, seu corpo podiam levar para sepultamento. 

Vadim Antonov queria mudar o mundo para melhor em prol da filha Sonia.
"A todos, que morreram naquele período, na região de Ilovaisk, na certidão de óbito os médicos sugerem  29 de agosto. Exceto nos casos em que parentes tem certeza de outra data"., disse Olga Bohomolets. Vadim desapareceu no dia 10 de agosto, mas pode ter sido ferido e ainda vivido por alguns dias, e não é fato, que o separatista que o enterrou, lembra o dia exato". (Em Ilovaisk, o exército ukrainiano sofreu grande derrota - OK).

Agora Olga tenta aceitar e suportar o que aconteceu. Sonia entrou para a primeira série. Quando elas veem um ônibus com militares - obrigatoriamente lhes acenam. Dizem, que com isto as expressões duras dos homens começam iluminar-se. Eles sorriem.

Tradução: O. Kowaltschuk

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