segunda-feira, 13 de abril de 2015


O Mundo sobre Ukraina
Putin se realizará, se em Kyiv gerenciarem os oligarcas. Durante a última semana peritos ocidentais discutiram a importância da Ukraina para a segurança européia e, como a corrupção e o governo dos oligarcas impede a reforma do país.

Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 06.04.2015


The Guardian
Em seu artigo para o jornal britânico The Guardian o famoso historiador e publicista Timothy Garton Ash escreve que, além da guerra no Donbas o maior problema da Ukraina continua sendo o governo dos oligarcas e economia paralela.

Segundo suas palavras, o conflito no leste fortalece os ukrainianos como nação, mas para que Ukraina se torne soberana e atual país europeu, é necessário esforços hercúleos.

"Mesmo se não houvesse guerra, isto seria uma tarefa difícil por causa da corrupção em larga escala e gestão oligárquica, que deformavam o país desde a sua independência, a quase um quarto de século", - diz Ash.
O autor observa, que a atual "legalização" e "deo oligarquização", sobre as quais tão frequentemente falam as autoridades ukrainianas, não parecem processos efetivos.

"O presidente da Ukraina Petro Poroshenko durante uma reunião com nossa equipe de pesquisa do Conselho Europeu de Relações Internacionais disse, que o custo da agressão russa constitui a Ukraina aproximadamente 25% da produção industrial. Mesmo que o país receba o prometido pacote de apoio financeiro de 40 bilhões durante cinco anos, Kyiv, com dificuldade conseguirá pagar suas contas - incluindo  despesas militares de $ 5 - 10 milhões por dia - e pagamentos de dívidas. Concomitantemente, a maioria dos funcionários, com seus baixos salários, será mais propensa ao recebimento de subornos, que à arrecadação de impostos", - afirma Ash.

Ele salienta, que o afastamento do oligarca ukrainiano Igor Kolomoisky do cargo de governador de Dnipropetrovsk não se assemelha à luta eficaz com a gestão do sistema de clã, pois o presidente Poroshenko - "também é oligarca".

Também ressalta, o autor, que a guerra na Ukraina mobilizou recursos públicos. Especialmente, um grande número de voluntários ajuda ao exército e apoia os migrantes internos, que agora já passam de um milhão.
No entanto, o custo humano, econômico e político desta guerra paralisa, e a situação pode piorar. Nós devemos entender, que é improvável Putin contentar-se apenas com "conflito congelado" no Leste da Ukraina - o qual, muitos aqui em Kyiv, em conversas particulares, descrevem como a melhor das piores opções no momento. Ele quer um conflito agudo, através do qual toda Ukraina permaneça fraca, instável, estado disfuncional. Nossa tarefa, como europeus, consiste em impedi-lo a atingir este objetivo. No entanto, na melhor das hipóteses, nós podemos criar condições, nas quais, os próprios ukrainianos poderão aproveitar esta oportunidade criada pela crise e construir uma nova Ukraina. O restante depende deles", - resume Ash.

Atlantic Council.
Pesquisador da política externa dos EUA Stephen Blank, em seu artigo para o Conselho Atlântico diz que o objetivo de Putin na Ukraina não é a conquista de Donbas, mas a construção de um novo império.

Em particular, o autor da publicação cita a declaração do presidente russo de que, russos e ukrainianos, supostamente, são "único povo".

Através deste conceito russo a concepção de um Estado ukrainiano, independente da Rússia, na melhor das hipóteses, é lenda ou fantasia. Na pior das hipóteses, ela é percebida como uma ameaça à própria existência do Estado russo. E, é claro, Moscou responderá, com violência, a esta ameaça", - escreve Blank, acrescentando que, na opinião de Putin, a própria Rússia só poderá sobreviver na forma de império.

"Nós devemos ter uma concepção clara sobre este ponto de vista e o que ele significa, porque império, dizendo claramente, exige guerra ou conflito constante. A concepção imperial significa, essencialmente, a dominação de um povo sobre outro e submissão de um estado mais fraco ao mais forte, sem qualquer possibilidade de expressão político democrática na colônia", - acrescentou o autor, sublinhando, que mesmo após a queda da União Soviética, Rússia continuamente travou guerras no Cáucaso.

"É isto que está em jogo na Ukraina. Isto não é um simples debate quanto ao futuro da Ukraina. Isto é uma guerra pelo futuro da Rússia, e a longo prazo - pelo futuro da segurança europeia e euro-asiática" - disse Blank, acrescentando que a inação européia só aumenta a ameaça de grande crise continental, que pode surgir diante das futuras gerações.

"Esta crise, mesmo se nós a ignorarmos agora, inevitavelmente surgirá quando a irascibilidade desta aventura imperial tornar-se compreensível não para os analistas no Ocidente, mas também para o povo russo e seu governo. Este regime, ao contrário de Gorbachev não escolherá o caminho da paz. País que se arma até os dentes, e que possui arma nuclear, é uma ameaça enorme. Deste nodo, a inação de hoje apenas acelerá o nascimento de um conflito muito maior, ao qual, as ações de Putin, inevitavelmente conduzirão", - concluiu o autor.

Não houve paz na Ukraina nem na Páscoa.
"Observadores da OSCE testemunharam batalhas ferozes entre "DNR" e as forças ukrainianas que operam em áreas adjacentes à cidade de Donetsk" - diz o relatório. Nas lutas estavam envolvidos tanques, artilharia pesada, lançadores de granadas automáticas, morteiros, metralhadoras pesadas e armas ligeiras. 
Às 15 horas foram registrados 1.166 bombardeios de artilharia e morteiros. Tiroteio foi ouvido em Mariupol até às 20 horas.
A OSCE também observou que no dia 12 de abril os observadores tiveram negado o acesso a Shyrokyno.

Em Luhansk, na noite de 13 de abril, houveram confrontos militares em Trohizbenk,  e no checkpoint em Popasna. Os militares usaram armas automáticas, morteiros e tanques. Não houve mortes ou feridos do lado ukrainiano.

Os militantes dispararam de morteiros em Dzerzhinsk - dois adolescentes receberam ferimentos.

Tradução: O. Kowaltschuk

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