Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 26.04.2015
Maxim Mishchenko
Em 26 de abril de 1896, no quarto bloco da central nuclear de Chernobyl não ocorreu apenas uma explosão. Chocou o mundo todo...
A tragédia começou bem antes da explosão, quando, nos anos de 1960 aprovaram a construção de uma usina nuclear próximo a Chernobyl. Separaram para isto e para construção da cidade de Pripyat enormes áreas, evacuando várias aldeias e quintas. Só recentemente tornaram-se conhecidos os documentos que falam sobre o andamento da UNC (Usina Nuclear de Chernobyl).
São resoluções do Comitê Central do Partido Comunista da Ukraina, Conselho de Ministros, decisões, cartas. Particularmente, com assinaturas dos mais altos dirigentes ukrainianos, endereçados aos dirigentes ainda maiores do Kremlin. Neles consta que a construção da estação realizou-se com graves violações, interrupções ou rompimentos do equipamento necessário e gráficos de sua instalação. Um terço do pessoal de engenharia técnica não tinha estudos especiais... Contrariamente às decisões partidárias e governamentais (incluindo directivas do XXIV Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), que estabeleciam os prazos de lançamento, o primeiro bloco de energia lançaram três anos mais tarde - 26 de setembro de 1.977. Em 21 de dezembro lançaram a 4ª unidade - aquela mesma.
Horrorizam os testemunhos do então presidente da Academia de Ciências da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e diretor do Instituto de Física Nuclear Kurchatov - acadêmico Anatoly Alexandrov. Revela-se, que o experimento, que foi a causa direta da catástrofe elaborava a organização de Rostov-on-Don (cidade na Rússia, próxima a Ukraina - OK), a qual não tinha nenhuma relação com energia nuclear. Sobre o próprio experimento nada sabiam no Instituto de Energia Nuclear, nem no Ministério Federal. Sem entrar nos detalhes técnicos, observemos: o regulamento deste experimento 12 (doze) vezes violou as instruções de exploração de usinas nucleares. Divulgaram o sistema de resfriamento emergencial do reator. Onze horas o quarto bloco trabalhou sem o sistema de resfriamento, e assim o monstro atômico escapou para liberdade.
Das 192 toneladas de combustível nuclear, que localizavam-se no quarto reator, cerca de 10 por cento foram liberados nos próximos dez dias. A radioatividade encontraram não apenas em grandes áreas, mas também em todos os reservatórios do rio Dnieper (Dnipró). E esta água usavam 30 milhões de habitantes da Ukraina.
Os 50 mil habitantes de Pripyat retiraram da cidade com mais de mil ônibus. Era final de semana e demorou bastante até encontrarem todos. Até longe da cidade, onde muitos desfrutavam a exuberância de flores primaveris - inundando-se - diretamente de radiação direta... Diziam para alguns dias, então as pessoas levavam consigo poucas coisas, o que estava à mão. A longuíssima caravana passou por Kyiv, e a quantidade de poeira radioativa que ela trouxe nas rodas e pára-lamas à capital, é incalculável.
Verdade às pessoas não disseram, acreditando que isto geraria pânico. Em vez disso, com velocidade vertiginosa espalhavam-se rumores, que pânico realmente causaram. Quando as comemorações de 1º de maio passaram pela rua Khryshchatek (principal rua de Kyiv) os caixas da Estrada de Ferro de Kyiv assaltavam milhares de pessoas, que queriam viajar para qualquer lugar distante, até nos degraus dos vagões e até mesmo nos telhados...
Reviro minhas anotações sobre Chernobyl, e fulguram miraculosas e ao mesmo tempo dolorosas, e reais visões aparecem na memória. Aqueles dias, na zona de 30 quilômetros, logo após a explosão, pessoas, nomes, encontros, impressões, detalhes...
Então na quente primavera e verão, quando ainda não havia nenhum sarcófago, o arruinado, regularmente e mortalmente "cuspia", - apesar de toneladas de chumbo, areia e argila, jogados em sua boca pelos helicópteros. Muito jovem a médica laboratorista assistente do laboratório de Kharkiv Suzanna Sokolova de Bila Tserkva faz exames de sangue, daqueles que trabalham na área - dosimetristas (especialistas na verificação da dose de contaminação - OK), pilotos, engenheiros, mineiros. Os mineiros em condições infernais abrem um túnel sob a unidade e bombeavam concreto - fundação para o futuro sarcófago. As dimensões 70 x 70 metros. Espessura - 6 metros, acima - mais um, de 30 x 30 metros. - 3 metros de espessura. As rochas escavam com martelos perfuradores. Para retirada do material usam carrinhos manuais. Quanto mais próximo do reator, maior é o calor: 40, 50, 70 graus.
Os mineiros são levados de Chornobyl à estação (são 14 quilômetros) de ônibus com placas anti-radiação nas janelas. O oficial da polícia Victor Konopolskyi, de Boryspol, Mykhailo Loza de Ternopil, estão de plantão no posto de controle na zona de 30 quilômetros. Ambos delicados. Plantaram, próximo da cancela, flores...
Calor e poeira. Parece que todas as casas de Chernobyl transformaram-se em sedes - do Ministério de defesa, assuntos internos, pesquisa científica, institutos de projetos, instalações, trustes. Na entrada - bacia do água. O sargento - guarda pára educadamente na entrada o general - major de aviação em uniforme de campo (são de seus comandos os helicópteros que jogam chumbo, areia e argila na garganta do reator, magistralmente pairando sobre ele). Precisa lavar as botas na bacia, limpar da poeira e toda abominação radioativa, para não levar ao interior.
Na própria Pripyat - bela cidade de pedra branca, entre pinheiros já ninguém reside. Morta Pripyat, mortas aldeias. As janelas das casas foram fechadas com tábuas. Nos jardins e pomares cresceram espessas e altas ervas daninhas. Numa aldeia o proprietário começou colocar a cerca ao redor da casa. Não terminou. Próximo a outra casa - montanha de lenha. Nas ruas de Pripyat - soldados do regimento de proteção química. Fumam, conversam. Aproxima-se uma cisterna. Os rapazes aproximam-se da urna, na rua, e jogam nela as pontas de cigarro. Cidade vazia, mas os hábitos das pessoas são como sempre...
Colocam as máscaras e arrastam as mangueiras de incêndio, conectando-a com o dispositivo no 7º andar. Ligam. O soldado do 7º andar grita ao motorista para chegar mais perto, para fortalecer o jato. Depois da lavagem a radiação é reduzida pela metade.
Num apartamento encontraram um cão pastor. Aparentemente, os proprietários deixaram o cão de raça pura, deixando-lhe comida e água, - pensaram que voltariam em 2 - 3 dias. Os soldados soltaram o cão, deram de comer e continuam dando. De algum lugar veio um gatinho. Esfrega-se nas pernas, acaricia-se, mia. Lavaram a laje de concreto, colocaram comida. Agacharam-se ao redor, olhavam como o gatinho come - olhavam com tal interesse, como se nada mais emocionante, em sua vida, não tivessem visto.
Então, todos na área - a partir do acadêmico e general ao trabalhador e soldado - sinceramente acreditavam, que todas as consequências da catástrofe eliminariam, que a Pripyat, Chernobyl, aldeias vizinhas voltarão os seus residentes. Ao menos queriam acreditar nisto...
De acordo com dados oficiais, apenas com o radioativo césio - 137 contaminaram cerca de 3.500 km²
do território da Ukraina. Ainda existem dados sobre césio-134, rutênio-106, plutônio-239, estrôncio-90. Na região de Kyiv e Zhytomyr tem grandes territórios, dos quais as pessoas deveriam ter sido, obrigatoriamente levadas a muito tempo... Em geral, na Ukraina, foram contaminados mais de 50 mil quilômetros quadrados, em 74 regiões, 12 províncias, 2294 assentamentos. Do desastre de Chernobyl, diretamente sofreram 3,2 milhões de pessoas, entre elas - aproximadamente um milhão de crianças.
A era pós-Chernobyl tem apenas um ponto de referência - 26 de abril de 1986.
A nenhum lugar, de Chornobyl nós não iremos. Nós estamos destinados a viver com ele. Ele, simplesmente, a 29 anos atrás entrou em nosso destino como negra dor... É preciso conscientizar-se: Chornobyl - é para sempre.
1. O autor mudou a grafia da palavra: Chornobyl é o nome histórico da localidade. "Chornyi" significa "negro" e "bilh" significa "dor".
Tradução: O. Kowaltschuk
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