sábado, 14 de fevereiro de 2015

Poroshenko sobre negociações: retirada dos exércitos, controle de fronteiras, nenhuma autonomia.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 12.02.2015


Durante as conversações em Minsk, ontem, 11 de fevereiro, os líderes europeus, Merkel -  da Alemanha e Hollande - da França, - Petro Poroshenko - da Ukraina e Vladimir Putin - da Rússia chegaram a um acordo sobre a retirada de todas as tropas estrangeiras da Ukraina.

No documento há um compromisso claro sobre a retirada de todas as tropas estrangeiras do território da Ukraina. Todos os mercenários devem ser retirados da Ukraina, brevemente - declarou Poroshenko.
Além disso, segundo suas palavras, os guardas fronteiriços ukrainianos, até o final de 2015 devem recuperar, completamente, o controle sobre a fronteira com a Rússia.
 "Claramente sublinhado, que após o término da regulação política do primeiro dias após as eleições locais deve ser transferido o controle (sobre a fronteira do estado) sob a proteção conjunta dos representantes da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e fronteiriços ukrainianos e, na segunda etapa, até o final deste ano, os guardas de fronteira ukrainianos devem recuperar totalmente a soberania ukrainiana, o controle da fronteira do Estado ukrainiano" - disse Poroshenko.
 Ele também esclareceu, que não houve nenhuma resolução sobre autonomia ou federalização. E, acrescentou que nas negociações foram apresentadas condições inaceitáveis e ultimatos a Ukraina, mas ela não cedeu.

"Isto foi complicado e, na verdade, nos foram expostos todos os tipos de condições inaceitáveis, recuos, rendições. Mas nós não aceitamos nenhum ultimato e claramente expressamos nossa posição, que o cessar-fogo deve ocorrer sem pré-condições", - declarou Poroshenko."A partir de 15 de fevereiro deve ocorrer o cessar-fogo, e no prazo de 19 dias devem ser liberados todos os reféns e, ainda, são dados 14 dias para retirada da artilharia pesada e 5 dias - para a retirada definitiva de todos os reféns", - acrescentou o presidente.

Anteriormente, sobre os acordos alcançados também falou Vladimir Putin. Segundo ele, também foi alcançado acordo sobre realização da Constituição da Ukraina, "no qual devem ser considerados os legítimos direitos das pessoas que vivem no território de Donbass".

Savchenko será libertada
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 12.02.2015

O presidente da Ukraina anunciou o acordo sobre a libertação de Nadia Savchenko.
No entanto, o serviço de imprensa do presidente disse apenas que Poroshenko, em Minsk, levantou a questão da libertação da Savchenko.
"Eu fui informado, que isto deverá ser feito em breve, após a perícia médica e investigação preliminar. Eu pedi para que isto fosse feito rapidamente, e isto foi apoiado pela chanceler alemã Angela Merkel e o presidente da França François Hollande", disse Poroshenko.
Como sabemos, Nadia Savchenko, que está na prisão de Moskovo, está em greve de fome já por 62 dias, em protesto contra as autoridades russas.

Os resultados de Minsk - no acordo perigos para Ukraina
Europeiska Pravda (Verdade Européia), 12.02.2015
Sergei Sydorenko

Em primeiro lugar permanece sem resposta, se Ukraina venceu em Minsk?
Mas, o fato de que os russos e seus satélites, até o final esforçavam-se frustrar a assinatura - é muito eloquente: para Federação Russa este documento não era desejável. Para os europeus, o único culpado pela não assinatura seria Putin, segundo lhe foi explicado.

Então, agora todas as partes, incluindo a ukrainiana, publicamente afirmaram, que estão satisfeitas com os arranjos. Afinal, eles incluem um cessar-fogo completo, retirada das armas pesadas (16 dias), troca de reféns (3 semanas), restauração do controle ukrainiano sobre a fronteira ukrainiana com a Rússia.
Nós tentaremos explicar, onde se escondem os maiores problemas do "novo documento de Minsk".
Mas, primeiro, é necessário enfatizar, que os acordos assinados em 12 de fevereiro não alteram o acordo de setembro em Minsk. Os Acordos velhos - ainda são válidos.
O fato de que o lado ukrainiano sustentou este acordo - é uma vitória incondicional. Pois várias fontes da "Verdade Européia" ainda desde janeiro afirmavam, que o lado russo (incluindo os seus satélites "DNR" e "FSC") insistia na substituição do documento de setembro. Isto destruiria, completamente, a linha internacional de defesa de Kyiv, porque todas as decisões dos países da UE e USA - que exigiam da Rússia o cumprimento das obrigações de Minsk - seriam automaticamente anuladas.

Mas, infelizmente, muitos outros pontos importantes não são vitórias de Kyiv. Antes, aqui pode-se falar sobre problemas ou até mesmo perdidas, para Kyiv, soluções. Entre eles - fixada ou potencial perda de territórios, controlados pelo governo central, garantias de imunidade aos terroristas e, até mesmo seu reconhecimento oficial como um poder legítimo no território de Donbas controlado por eles.
Infelizmente, em alguns desses pontoso Kyiv não recebeu o apoio desejado dos negociadores europeus.

"Inadiável, mas apenas em três dias".
No entanto, esta vitória deu-se pelo caminho de complicadas concessões de Kyiv. As surpresas estão já no primeiro parágrafo do documento, sob o nome "Conjunto de medidas quanto a implementação dos acordos de Minsk".
Partes (Ukraina, Rússia, "DNR" e "FSC") concordaram em "cessar-fogo imediato e completo em regiões de Donetsk e Luhansk e de sua aplicação rigorosa de 00 horas 00 minutos (Horário de Kyiv), em 15 de fevereiro de 2015".
Uma estranha combinação de palavras - "imediato" e "15 de fevereiro", certo?
As fontes da "Verdade Européia" mostram, que desde o início, no projeto havia outra data - a trégua deveria começar à meia-noite do dia 14 de fevereiro. Mas Rússia e seus satélites insistiam para empurrar essa data - digamos, as negociações, que iniciaram em 11 de fevereiro, também passaram para o dia seguinte. Parecia, por que protelar a trégua, se ela já foi acordada? Mas aos terroristas pró-russos são extremamente necessários mais dois dias e meio.

A razão é simples, e seu nome - Debaltseve.
Vladimir Putin, durante a conferência de imprensa, particularmente concentrou-se na questão da caldeira de Debaltseve, garantindo que ele sabe melhor sobre a situação que o governo ukrainiano.
"Lá (os representantes dos separatistas) cercaram um considerável agrupamento do exército ukrainiano, de 6 a 8 mil pessoas, e eles supõem que este agrupamento vai depor as armas. A direção na Ukraina considera, que não há cerco. Mas eu, desde o início tive dúvidas sobre isto", disse Putin, expressando a certeza que os ukrainianos, agora, precisarão romper o cerco. "Nós esperamos, que agora os ataques se intensificarão. Os russos farão qualquer coisa, para em dois dias e meio conquistar Debaltseve", - compartilhou um dos interlocutores.
Já após algumas horas após o encontro em Minsk a declaração à imprensa ATO confirmou estes pressupostos.

Caminho para a perda de Debaltseve?
Debaltseve realmente é muito necessário aos separatistas. 
Para compreender isto, basta olhar para os mapas de transporte da região.
Debaltseve - centro de transporte chace de Donbas. Por Debaltseve passam todos os ramos eletrificados da ferrovia, que unem Donetsk e Luhansk. O principal corredor rodoviário entre os centros regionais - estrada M04 - também passa por Debaltseve.
Em condições reais, quando a FR sistematicamente fornece suprimentos militares a Donetsk e Luhansk, para ela é indispensável ter sob controle um rápido corredor da transporte entre eles.
Alem disso, Debaltseve é necessário aos militantes do comércio de carvão das minas, que agora encontram-se nos controlados territórios por eles. Atualmente, o carvão da "DNR" e "FSC" transportam com caminhões. Se os militantes obtiverem o controle do entroncamento ferroviário, eles terão alavancagem adicional, para ditar suas condições de fornecimento de carvão das minas controladas, por exemplo, do DITEK de Rinat Akhmetov (maior ricaço da Ukraina - OK).

Mas, mesmo se hoje os separatistas não obtiverem êxito, nestes três dias eles tem uma boa chance de recapturar Debaltseve logo depois. Isto é afirmado no nº 1 do Acordo de 12 de fevereiro. Segundo o qual, Ukraina obriga-se a retirar as armas pesadas a uma distância de 50 km ou mais, a partir da linha de contato atual. 
Isto quer dizer, que o território que leva a Debaltseve, torna-se presa fácil.
E o fato de que os militantes, a qualquer momento, estarão prontos para quebrar o novo acordo de Minsk, é óbvio, talvez, para todos.
E, encontrar uma razão, para acusar Kyiv em violação do acordo (e o violar "em resposta") para a máquina da propaganda russa será fácil.

"Aos terroristas - a liberdade".
Quantas vezes nós ouvimos declarações do presidente Poroshenko que o perdão, ou anistia, não se aplicará aos terroristas que cometeram crimes graves (mortes, torturas, sequestro)? Eu não consigo contar todas as vezes que falaram sobre isto.
A próxima tal declaração permitirá a "DNR" culpar Kyiv de violar o acordo. Afinal, o número 5 do acordo de 12 de fevereiro não prevê quaisquer exceções a anistia. Segundo este acordo "é proibida perseguição e punição das pessoas em relação aos acontecimentos, que tiveram lugar em partes de Donetsk e Luhansk, províncias da Ukraina.
Sem quaisquer condições adicionais.

Áreas cinzentas
Muitos observaram, que nos acordos de 12 de fevereiro há duas linhas divisórias. A primeira - a chamada "linha de 19 de setembro", isto é, aquela que é fixada na primeira versão do acordo do grupo trilateral de contato. Dela exclui-se a remoção da técnica  dos militantes. Segunda - "linha de colisão real", da qual deve desistir de armas pesadas, o exército ukrainiano. Mas - e isto é importante compreender - a regra aplica-se apenas à remoção de artilharia pesada. Remover a infantaria ninguém, é obrigado. Então, na verdade, os militantes preservarão o controle do território, que eles capturaram.
"Pelo acordo, o controle operacional sobre esta zona, por enquanto fica com eles" - admitiu um dos interlocutores da edição, que está informado sobre detalhes dos acordos de Minsk. E o ponto sobre a trégua proibiu Kyiv devolvê-lo sob seu controle.
Ao mesmo tempo, com o acordo aprovado, estes territórios não se juntam á "DNR" e "FSC", Isto é - clássica "zona" cinzenta", cujo status ainda não foi definido.
O fato é que a cláusula 4 do novo acordo obriga Kyiv aprovar uma lei sobre o estatuto especial apenas sobre o território delimitado pela linha de 19 de setembro. Qual deve ser o status de outros territórios conquistados por militantes, mas não incluídos formalmente no "regime especial" é difícil prever.

E com a fronteira?
A questão do estabelecimento de controle na fronteira durante as conversações da noite, permaneceu um dos mais difíceis. Segundo fontes, o lado russo insistiu que - pelo menos, por algum tempo e, em algumas partes da fronteira - o controle deve continuar com os separatistas.
Ukraina, é claro, insistia em pleno controle de Kyiv pelo controle internacional.
Porque fronteira não controlada - principal causa de fornecimento contínuo no Donbas de armas russas, militares e mercenários.
Infelizmente, o acordo final ficou mais parecido com a proposta russa.
Restauração de controle total de Kyiv na fronteira russo-ukrainiana é possível apenas no final de 2015 (se os acordos alcançados forem realizados ao longo do ano, o que em si é duvidoso) e apenas através de acordos importantes. Para isso Kyiv deve garantir:
- Aprovação da lei sobre estatuto especial de certos territórios.
- Realização de eleições locais nos territórios da "DNR" e "FSC", em conformidade com a referida lei.
- Realizar reforma constitucional, dentro da qual será constitucionalmente atribuído estatuto especial das "repúblicas populares". A nova constituição não deverá ser apenas aprovada - ela também deve entrar em vigor até o final do ano. Admitimos honestamente, cronograma - mais do que apertado. Mas, a sua não observância será mais uma razão, para que os separatistas declarem violação do acordo pela Ukraina.

"Respeitados separatistas".
Uma das condições da renovação do controle estrangeiro é a realização de eleições locais no território controlado de Donbas pelos militantes.
E isto - não é pouco.
Infelizmente, nesta questão a posição das forças pró-russas, apoiou nossos parceiros europeus. A Verdade Ukrainiana já mencionou que o elemento-chave das propostas Merkel e Hollande, com o qual eles, na semana passada, visitaram Kyiv e Moscou, foi a realização de eleições em Donetsk e Luhansk. "Como resultado vocês terão governo - daqueles que podem falar em nome da região... Nós poderemos conduzir negociações diretas e, possivelmente, não teremos necessidade do grupo de contato tripartite", - explicava esta necessidade Merkel. As fontes do corpo diplomático francês confirmam estes dados. O interlocutor da Verdade Ukrainiana, alto funcionário francês, recentemente, em conversa particular ativamente exortava os jornalistas na necessidade de tal passo, francamente não entendendo as preocupações que expressavam os seus interlocutores. Portanto, faz sentido esclarecer detalhadamente.  O que garante o novo acordo de Minsk aos "lideres políticos" das "repúblicas"?

1) Após a realização das eleições locais nos territórios especiais Kyiv será obrigado reconhecer a legitimidade de Zakharchenko / Plotnytskyi e outros. Tendo em conta que a equidade de tais eleições e a correta contagem ficará fora da competência central do governo central. O fato de que muitos deles, de fato e de jure são terroristas, Ukraina comprometeu-se a esquecer.
É claro, que no Acordo de Minsk está escrito, que as eleições devem ser honestas e devem ocorrer segundo padrões da OSCE. Mas, olhemos nos olhos da verdade. Será possível garantir uma campanha pré-eleitoral competitiva e concorrência política real nas militarizadas "DNR" e "FSC" ?

2) Nos "destacamentos da DNR" e "destacamentos da FSC" após os resultados das eleições espera a legalização que Kyiv é obrigado reconhecer, Naturalmente, no acordo a redação é diferente, mas a essência é a mesma.
"A criação de unidades da milícia nacional dos conselhos locais, com a finalidade de manter a ordem pública em regiões de Donetsk e Luhansk". Ressaltamos: a participação do governo central neste processo ou controle de seu lado não está previsto.

3) Quaisquer que sejam os resultados de tais ações do "novo governo de Donbass", Kyiv não tem influência em suas atividades. No Donbas são diretamente proibidas as eleições antecipadas pela decisão do governo central - o que é possível em todas as outras regiões do país. "Poderes de deputados dos conselhos locais e funcionários eleitos em eleições antecipadas, designados pelo Parlamento da Ukraina com esta lei, não podem ser cessados antecipadamente", - diz o novo acordo de Minsk

4)Todos estes caprichos de Donbas deverá financiar Kyiv. Ukraina é obrigada encontrar caminho para financiamento de pagamentos sociais..
É claro que o acordo prevê financiamento mútuo - "pleno restabelecimento das relações sócio-econômicas, incluindo as transferências sociais, como pensões e benefícios (receitas e lucros , pagamentos em dia de todas as contas de serviços públicos, de recuperação fiscal, no quadro jurídico da Ukraina)".
Mas, suspeita-se que, pelo menos no período inicial, as receitas fiscais da economia em ruínas de Donbas, que opera fora do controle do governo central - serão pouquíssimas.

Balanço total
O novo acordo de Minsk, de modo algum é vitória de Kyiv. Infelizmente, foi preciso abrir mão de muita coisa, e grande parte da culpa - da dupla franco-alemã.
E, mesmo estes acordos alcançados - não é fato que serão implementados. Talvez, o melhor resultado do "novo Minsk" descreveu o presidente da Lituânia Dalia Grubauskaite:
"A decisão é absolutamente pobre", - disse ela. "A principal parte da solução (conflito - Red.) é controle de fronteiras. Isto não foi aprovado e não foi resolvido", - destacou Grubauskaite.
No entanto, esses acordos não são derrota da Ukraina. O controle operacional pelo Donbas atualmente está mesmo perdido. As lutas ativas cada dia ceifam a vida de nossos soldados e dessangram a economia ukrainiana.
Portanto isto - antes - apenas chance, apenas tentativa de agarrar-se ao mínimo. Se será ela bem sucedida e quão rápido ela será violada - saberemos.

Tradução: O. Kowaltschuk

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