sábado, 28 de fevereiro de 2015

Notícias ukrainianas de 26, 27 e 28 de fevereiro de 2015
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)

Terroristas de Kharkiv receberam 10 mil dólares de GRU (Serviço Principal de Reconhecimento (ou Espionagem) da Rússia - Nalyvaichenko.
Os organizadores dos ataques terroristas em Kharkiv receberam armas e financiamento do Chefe do Estado Maior de Inteligência da Rússia.
Em novembro de 2014, o dirigente do grupo viajou a Belgorod - Rússia (a cerca de 40 km da fronteira com Ukraina), onde recebeu instruções, dinheiro e armas de dois representantes dos serviços especiais da FR, que acreditamos ser do Serviço Principal de Espionagem do Estado-maior da FR. A vida dos habitantes de Kharkiv foi estimada em 10 mil dólares - disse Nalyvaichenko. (Referência aos ataques do último domingo. Numa passeata pacífica, devido aos explosivos, morreram quatro pessoas inocentes -  OK).
Segundo suas palavras, todos os detidos dão depoimentos.
Seu líder era um residente de Kharkiv, nascido em 1978, membro da organização "Oplot" (esteio, baluarte). Organização fundada para dar apoio financeiro, jurídico e social às famílias de policiais e soldados que morreram ou perderam suas eficiência por causa da idade ou circunstâncias. Outra atividade definida é impedir a glorificação da OUN UPA de Stepan Bandera (Organização dos Nacionalistas Ukrainianos - Exército Insurgente Ukrainiano, organização que lutou pela independência da Ukraina anteriormente e durante a Segunda Guerra Mundial - OK).
A organização "Oplot" também financia a escavação dos restos mortais de soldados do Exército Vermelho, cuida de monumentos aos heróis da Grande Guerra Patriótica (é como os russos também denominam a II Guerra Mundial - OK), a glorificação do "povo-vencedor" com base em histórico de realizações.
Aos jornalistas demonstraram uma parte do vídeo-interrogatório do membro maior dos terroristas de Kharkiv, o qual relatou que o explosivo foi colocado de modo a atingir as primeiras fileiras da manifestação - os representantes dos batalhões voluntários e movimentos nacionalistas.
No total foram detidas 11 pessoas, envolvidas em atos terroristas já realizados, como outros em preparação.
Além dos membros do "Oplot" detidos, há um ex-berkut (Berkut era uma guarda especial do ex-presidente Yanukovych. Eram temidos pelo povo porque não poupavam cacetadas - OK) que participou da dispersão dos manifestantes em Kyiv em 2014. Dois co-coordenadores da organização terrorista "guerrilheiros de Kharkiv: Sobchenko e Manastyrov escondem-se em Belgorod, de onde dirigem o grupo criminoso, fornecem armas e explosivos aos ilegais "DNR" e "FSC", - declarou o chefe do SBU (Serviço de Proteção da Ukraina) - V. Nalyvaichenko.

Pensionistas e estudantes piquetearam a prefeitura de Kyiv.
Mais de mil ativistas bloquearam parte da rua Khryshchatek, com a exigência de afastamento do prefeito Vitaliy Klychko.
Mais ou menos 40 carros, com placas cobertas, capô levantado e bandeirinhas com inscrição "Paz - Justiça,  alinhados em frente a administração, bloquearam o tráfego.
Os ativistas seguravam bandeiras da Ukraina, bandeiras com brasão de armas de Kyiv e faixas com os dizeres "Veredicto Popular".
Em frente a Câmara Municipal colocaram faixas onde se lia: "Prefeito - proteja nossas crianças de seus "reformadores", "Klychko - você roubou os pensionistas".
Havia muitos cartazes no idioma alemão (Klycho tem residência na Alemanha - ele viveu lá um bom tempo onde tinha melhores condições para treinamento, ele foi boxeador famoso. Não sei bem o motivo destas reclamações, esta é a primeira queixa contra o prefeito, que encontrei nos jornais. Ou não há motivo - chegaram até Kyiv os russos e pró-russos para desestabilizar a situação - OK).

Hryvnia - moeda ukrainiana
Hryvnia, por um bom tempo estava mais ou menos estabilizada, entre 13 - 15 hryvnias por dólar. Mas, nos últimos dias está havendo forte desvalorização da moeda ukrainiana. No dia 26, um dólar passou a valer 34,5 hryvnia. Se bem que no dia 27 baixou para 27,8 hryvnia.  

Em Moscou mataram Nemtsov.
Em Moscou mataram o oposicionista russo Bóris Nemtsov.
Um desconhecido efetuou quatro disparos no político. Ele morreu no local.

Boris Nemtsov
Como é de conhecimento público, em entrevista de 10 de fevereiro Nemtsov declarou, que teme, que o presidente da Rússia Vladimir Putin o "encomende" pelas declarações oposicionistas.
"Eu nunca escondi minhas opiniões políticas. Considero que foi Putin que desencadeou a guerra na Ukraina. Minha posição em relação a ele não poderia ser pior. Especialmente após os acontecimentos "Nord-Ost" e Beslan", dizia o político. 
O assassinato de Nemtsov ocorreu dois dias antes da programada marcha oposicionista ""Primavera", planejada para 1º de março, que ele deveria liderar para demonstrar que há uma outra Rússia, que gosta da Ukraina, que respeita os direitos das pessoas, a liberdade, e não é uma palavra vazia.

Em tempo: Nemtsov era político russo de oposição, anterior ao problema ukrainiano.
A manifestação em Moscou deverá acontecer como programado, e também já pediram autorização para idêntica manifestação em São Petersburgo.

O presidente ukrainiano Petro Poroshenko declarou que Nemtsov havia prometido revelar as provas da participação das forças armadas russas no conflito do Donbas.
"Algumas semanas atrás eu tive uma conversa com ele, falávamos sobre como construir as relações entre Ukraina e Rússia, do modo que nós gostaríamos de vê-las. Boris declarou, que deveria divulgar provas irrefutáveis sobre a participação das forças armadas russas na Ukraina. Alguém temia muito que isto acontecesse. Boris não temia, verdugos temiam. Eles o mataram", - disse o presidente. (A grande maioria do povo russo ignora a participação do exército russo na guerra do leste ukrainiano. Apenas a protetora social divulga este fato. O governo diz que os militares realizam treinamentos e a maioria das famílias cujo membro morreu na Ukraina geralmente silencia para, no melhor das hipóteses, não perder emprego, aposentadoria, etc. Tal é a liberdade no país que se diz democrático - OK)

Segundo o presidente Poroshenko, Nemtsov era "grande amigo da Ukraina e grande patriota russo. 

Rússia continua fornecer armas e equipamentos.
Rússia continua fornecer, ao território temporariamente controlado pelos separatistas, mercenários, armas e equipamentos militares, segundo A. Lysenko, o porta-voz da ATO.
"O inimigo recupera a capacidade de combate - continua a repor a munição, material combustível e lubrificantes, técnicas militares, bem como força "viva". Ontem, Rússia completou o 16º "comboio humanitário", - disse Lysenko. 


Concomitantemente, no dia anterior, os militantes de Donetsk realizaram vários ataques às posições das forças ATO e assentamentos populacionais, com armas de pequeno porte e artilharia. O ataque aconteceu em Tonenke, Kam'ianka e Avdiivka. Próximo a Opetne as duas forças se encontraram, felizmente não houve feridos do lado ukrainiano. 
Nas últimas 24 horas houve três feridos.
Na direção do Mariupol foram fixados 5 aparelhos letais sem piloto.

Chechetov foi encontrado morto.
Ex-deputado do partido das Regiões (Partido do ex-presidente Yanukovych) foi encontrado morto, ele se jogou do 17º andar.

Chechetov
A informação foi dada pelo assessor do presidente do Ministério do Interior, A. Gerashchenko.
O casal vivia num apartamento de dois andares. A esposa acordou de noite e saiu à procura do marido. No andar superior ela encontrou a janela aberta, os chinelos do marido e um bilhete.
Segundo a esposa e outras pessoas próximas, nos dias anteriores Chechetov estava com profunda depressão após o início do processo penal por suspeita de abuso durante seus trabalhos de orador no Parlamento, especialmente no dia 16.01.2014, pela adoção de leis ditatoriais. 
Ele usava um bracelete eletrônico porque foi dispensado da caução de 5 milhões de hryvnia.
Ele deixou um bilhete: "Não há nenhuma força moral para viver. Eu vou. Penso que será melhor para todos. Obrigado a todos pelo apoio..."
A única dúvida é se ele não foi ameaçado por pessoas contra as quais deveria testemunhar.
Anteriormente, na véspera do dia 27, o Procurador Geral - Shokin, declarou que Chechetov estaria também prestes a receber acusações relacionadas com sua administração do fundo Estatal de Propriedade.

(Apesar de ainda devagarinho, e haja fôlego para administrar o país explorado e empobrecido, e enfrentar uma guerra contra país poderoso, na Ukraina estão tentando apurar os culpados pela situação caótica do país. Os que faziam o que queriam em proveito próprio, sem nenhuma consideração com a nação, podem partir para Rússia ou como este infeliz. Com certeza não farão falta - OK)

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Vida de ukrainianos: crianças da guerra
Ukrainska Pravda Zhytia (Verdade Ukrainiana Vida), 24.02.2015
Tatiana Oharkova

Como vivem hoje os ukrainianos? O que nos une? Quais são os problemas, expectativas e sonhos das pessoas em diversas regiões do país - incluindo aquelas, onde há guerra? Como nos ajudamos aqueles, que mais precisam? Quais são os caminhos possíveis de reconciliação?

Todos estes tópicos nós destacaremos na série "Vida de ukrainianos" preparados por "Internews - Ukraina" com apoio do "Projeto de mídia ukrainiano" e apoio de agência de USA de desenvolvimento internacional. 
O primeiro material é dedicado aos filhos dos migrantes em Kyiv.

***
"Minha Eva - otimista", - sorri Olga (33 anos) de Horlivka. - "No início ela dizia a todos, que o pai foi à loja, depois - que o pai foi trabalhar, e agora diz, que ele perdeu-se na rua".
Eva ainda não completou três anos. Ela é bonita, alegre e engraçada.

Ao contrário de Eva, seu irmão Vova (7 anos) não pode dizer isto. De modo geral ele não pode dizer nada. Há dois anos, o menino foi diagnosticado com autismo.
Nós nos encontramos na cave da nova construção Borshchahivka Pedro e Paulo. O fundo beneficente "Coração aberto" forneceu esta acomodação gratuita para o uso dos migrantes. Aqui houve uma boa reforma, cozinha moderna, quatro quartos confortáveis. Neste centro vivem quatro mulheres e seis crianças.

Olga com as crianças Eva e Vova.
Olga com as crianças chegou em Kyiv no final de julho. Então, em Horlivka começaram os combates. A seu marido ofereceram trabalho em Kyiv. No início viviam com conhecidos, na aldeia, em Bordyansky perto de Kyiv.  Depois, quando os conhecidos pediram para sair da casa - o marido passava as noites no local de trabalho. Os voluntários de Frolivka ajudaram Olga - Lessia Letvenova, ela própria mãe de quatro filhos, acomodou-os em sua casa. Assim passou o verão e início do outono.

Com a chegada do frio, o marido abandonou Olga. A mulher ficou sozinha, com Eva e Vova, em cidade estranha.
Olga é cabeleireira. Antes do nascimento do filho trabalhava como secretária, como garçonete e até no lava-car.

Quando o pai nos deixou, eu estava pronta para qualquer trabalho. Pensei em obter um trabalho de zeladora num prédio - deixaria as crianças com as vizinhas", conta ela. Mas, logo ficou claro, que isto também era impossível. Olga soube que estava novamente grávida.Vai dar à luz em junho.
O mais difícil para mim em Kyiv - é acomodar Vova", - diz Olga. Nem ao jardim de infância, nem à escola tais crianças não podem ir. A um ano, em Horlivka, eu encontrei o centro especializado no desenvolvimento de crianças autistas. Lá ensinavam escrever, contar, cuidar-se. O menino até seis anos aprendeu vestir-se sozinho, comer, ir ao banheiro, outros.

Em Kyiv tais escolas gratuitas, tipo abertas, que envolveria o desenvolvimento de crianças com autismo, não há. Existem instituições privadas, mas seus custos são altos - para uma mãe-migrante, solteira, grávida, que vive com benefício estatal, o preço é muito alto.
Dadas as circunstâncias e condições de vivência deles, para este menino - caminho direto para o orfanato, - diz Yulia, uma parteira - ginecologista, que já por vários anos ocupa-se com homeopatia. - Mas Olga não é assim. Ela é observadora, amável e atenta mãe.

Eva e Vova
Yulia também é mãe solteira de três filhos - ela compreende, porque é válido lutar por cada filho. Por sua própria iniciativa, ela começou ajudar Olga.
Yulia já encontrou uma escola para Vova. Esta é uma pequena instituição privada, "Centro de Pedagogia curativa Luz do Sol". Nas classes onde estudam até oito crianças, trabalham pedagogos qualificados, terapeutas físicos e fonoaudiólogos, que se esforçam para descobrir e desenvolver cada criança com necessidades especiais.

No centro estudam crianças com autismo, síndrome de Down e paralisia cerebral. O ensino custa 3.300 UAH por mês. Yulia conseguiu encontrar um patrocinador privado, que concordou em pagar os primeiros meses de treinamento do menino. Mas, no futuro, vão precisar de dinheiro. (Pelos salários citados nos jornais, a mãe, mesmo trabalhando, não poderá assumir este custo, provavelmente seu salário será até menor que esta mensalidade - OK).

A mãe de Vova acredita, que conseguirá quebrar o círculo vicioso de sua própria impotência e dependência do Estado.

" Autistas - muito talentosos e promissoras crianças, - diz ela. - Se elas forem cuidadas e desenvolvidas, elas, ao invés de serem um fardo para família e o Estado, que é forçado a mantê-los e proporcionar-lhes aposentadorias desde a infância, pelo contrário - eles podem trazer benefícios à sociedade e ganhar recursos para sua própria existência".
Os especialistas na escola já disseram, que ainda há chance, que Vova vai falar. Se isto acontecer, uma das primeiras palavras, com certeza será "obrigado".

"Promessa da Floresta".

No antigo sanatório, além da aldeia Diemer, na região de Vyshgorod, localiza-se o acampamento "Promessa da Floresta". No verão aqui havia tendas, onde viviam até 300 crianças. Hoje, aqui vivem 20 crianças de 6 a 18 anos, e elas vivem no reformado, com esforços filantrópicos do fundo "Pelo direito à vida", edifício com eletricidade e aquecimento. Todas as crianças o ônibus, pela manhã leva à escola em Diemer, e traz de volta após as últimas aulas no ensino médio.

Inscrição na placa: Amor, paz, alegria.
Os pais visitam o acampamento apenas aos sábados. Alguns deles recentemente vieram a Kyiv dos porões das cidades orientais, alguém, por enquanto, conseguiu apenas um "beliche-place" na capital, alguém teve a casa destruída em Slov'iansk, que precisa reconstruir.

"Muitos pais sentem-se envergonhados. Eles escondem os olhos, - conta a dirigente do acampamento  Nástia Stepanova, 29 anos. - Muitos deles, anteriormente bem sucedidas e ricas pessoas, mas agora perderam tudo. Metade de nossos pais - são mães sozinhas". 

Nástia é professora de educação física na escola de Kyiv, mas agora, mais da metade da semana passa aqui, mais de 50 quilômetros de casa. Frequentemente sua filha de 4 anos a acompanha.

É esta a casa da "Promessa da floresta".
Com as crianças vivem e trabalham quatro psicólogos profissionais. Todos eles - da zona ATO. A família de Polina Chesnokova permanece em Donetsk, a moça, psicóloga profissional, trabalha no acampamento desde verão.
Oleg Ivanov 52 anos - chefe dos serviços psicológicos. No passado empresário, recebeu formação psicanalítica e, durante muito tempo trabalhou como organizador de acampamentos de crianças. Sua filha de 10 anos, também vive no acampamento com outras crianças. Para casa em Sieverodonetsk Oleg não se apressa - sente-se necessário aqui.
Estas pessoas, não apenas cuidam, educam e mantem crianças alheias, enquanto seus pais tentam levantar-se nas próprias pernas. Eles desenvolveram um programa especial de reabilitação psicológica.
"As crianças que vêm até nós, normalmente são fechadas e assustadas. Frequentemente apresentam quebrada sua adaptação social" - diz Oleg Ivanov.

Oleg Ivanov
Em primeiro lugar, o que fazemos - é a construção de um espaço psicologicamente  seguro - acrescenta Polina. - Trata-se da criação de conexões contínuas nas quais a criança se sinta segura".


No acampamento não tem TV nem internet. Aqui não olham e não comentam novidades de "lá". Esta é uma escolha consciente dos psicólogos.
Frequentemente os pais, que constantemente assistem TV ou telefonam aos parentes ou amigos na zona da ATO, transmitem às crianças sua ansiedade, medo e desespero. Eles transformam-se, para as crianças, em transportadores da ansiedade", - diz Polina.
Muitas crianças têm suas próprias memórias traumáticas sobre a guerra. Às vezes isso se manifesta em confusão, reação fraca ao mundo exterior, em estados alterados da mente, em histerias, etc. Os psicólogos tentam devolver as crianças ao atual. 
Nós nos esforçamos para lhes dizer: "Agora você está aqui. Pergunte a si mesmo, o que você pode fazer agora para si? Não vá lá, às lembranças, fique conosco", diz Polina.

Polina Chesnokov
Mas causam dor às crianças não apenas as memórias da guerra. No Ano Novo os psicólogos prepararam um verdadeiro feriado - Oleg era o Papai Noel, havia árvore de Natal, jogos e presentes. As crianças se divertiram, mas isto lembrou a cada um outros tempos de paz e a casa da família. À meia-noite eles começaram chorar e perguntar pelas suas mães.
Um menino, Max, de 12 anos, ficou histérico. Ele fechou-se no banheiro e gritou: "Eu não acredito em felicidade!" "Eu não acredito em alegria!" Isto foi extremamente doloroso", - diz Oleg.

As crianças sofrem com ausência dos pais.
Nós não tentamos substituir-lhes a família, porque a família - é o mais importante. Ninguém pode ocupar o lugar dos pais - afirma Polina - Eles precisam compreender, que agora a situação é esta. Que sua tristeza pelos pais e pela casa - é normal. E é temporária".
Todos os sábados todos os habitantes vão a Frolivka 9/11, ao Centro de ajuda aos migrantes. As próprias crianças assam pasteizinhos e levam aos voluntários.

Nástia, diretora da "Promessa da Floresta."
Nós ensinamos as crianças a ajudar os outros. Nós dizemos a elas, que agora é um momento que nós, simplesmente, não podemos deixar de prestar ajuda aos outros. Precisamos educar nossos filhos para serem úteis." diz Polina.

Além dos filhos dos migrantes, os psicólogos da "Promessa da Floresta" desenvolveram um programa especial para crianças de soldados dos batalhões voluntários.
No final de janeiro, no acampamento, por uma semana viveram 13 crianças do batalhão "Donbas" - alguém com pai no cativeiro, ou morto, ou desaparecido.
No final da estadia, fui abordado por uma menina de 10 anos, que disse: Agradeço-lhe porque, por pelo menos por um breve tempo, eu consegui deixar de pensar na morte de meu pai", - lembra Oleg. Num futuro próximo, o acampamento receberá um grupo de crianças dos combatentes do batalhão "Azov".  Nós preparamos um programa para 21 dias, que será dirigido por uma psicóloga, também migrante do leste.
Os psicólogos do acampamento ficam muito felizes, quando seus educandos vão embora com os pais - isto significa, que os adultos conseguiram erguer-se em seus próprios pés e estão prontos para assumir a responsabilidade por seus filhos. Mas isto não acontece com todos, e nem sempre.

Voluntários da "Promessa da Floresta".
Cada semana chegam novas crianças, no corredor ressoam novas vozes, e os psicólogos tratam novas feridas.
Os voluntários, sempre prontos para trabalhar o quanto for necessário: "Nós já compreendemos que o eco da guerra não passará logo. Mesmo se tudo acabar agora, esta geração precisará de ajuda. Eu penso , que nós seremos necessários", - diz Nástia.

Direito à habitação: problema de famílias numerosas.

"Foram pessoas comuns que nos salvaram e nós sobrevivemos fisicamente", - diz Vadim Viktorovych. Ele e a esposa tem seis crianças, de três a onze anos. Casa, jardim, escola e trabalho ficaram em Donetsk.
Este pai de muitas crianças tem profissão perigosa - ele é ativista de direitos humanos. Em 2010 - sua grande família encontrou-se sob estatuto de "Forçado migrante" - fugiam da retaliação do governo de Donetsk, por expor o procurador local, o qual ocupava-se com tráfico de drogas..
O cidadão, já por 14 anos é chefe da organização cidadã "Proteção jurídica"; um ano atrás, ele foi um dos principais iniciadores do Maidan em Donetsk.
"Para nós olham, como para condenados à morte. Há uma avalanche, mas nós estamos tentando que nos ouçam, queremos explicar algo" - lembra ele.

Família Vadym Viktorovich
A família teve que deixar Donetsk no início de junho de 2014: o verão passaram numa aldeia de Odessa, depois numa cooperativa, na aldeia Pidhirtsi, na região de Obukhov, próximo de Kyiv.
"Na escola não poderão entrar, o orçamento não prevê vagas para vocês - disseram aos pais de quatro filhos em idade escolar na aldeia. - Sobre o jardim - esqueçam. Melhor ir para casa - lá vão ajudá-los".
Mas as crianças em idade escolar foram aceitas - não tinham o direito de recusar.
Tivemos que andar 5 km para um lado, ou pagar 12 UAH por um assento no ônibus. "Para quatro crianças nos custou 48 UAH para um lado. Quase 100 hryvnia por dia", - lembra a esposa Jana. Declaração de família numerosa não dá isenção para ônibus.
Quando nós perdemos vários dias de aula apenas porque havia chuvas torrenciais, - compreendemos, que algo precisava mudar", - diz o pai.
Agora a família reside num apartamento de três cômodos em Troieshchyna: não indiferentes moradores de Kyiv ofereceram alugar moradia a um preço acessível. As crianças matriculamos no jardim e na escola, legalizamos benefícios sociais.

Recebemos ajuda do católico "Caritas". Durante 4 meses ele deposita no cartão especial 200 UAH para cada membro da família. 
As crianças pediram maçãs - compramos maçãs. Quiseram pêssegos - compramos pêssegos. Nós não recebemos aquilo que os outros dispensam, recebemos aquilo que necessitamos. Este fundo - é exemplo para todos os voluntários, que trabalham com ajuda humanitária", convence Vadim.
Mas o dinheiro só pode ser gasto em produtos alimentícios, e apenas em produtos úteis para saúde das crianças. Chips, por exemplo, não pode comprar. O fundo verifica os cheques.

Já no mês de maio, a família precisará pensar sobre o próximo local de residência.
"Todos os nossos pensamentos - sobre formas legais de obtenção ou construção de moradia para nossas crianças", - diz Vadim. Ao homem não faltam idéias sobre como isso pode ser posto em prática.
Ele mostra a relação de creches em condições precárias em diferentes regiões de Kyiv. Nós poderíamos nos reunir com algumas famílias, pegar uma dessas e, pessoalmente, fazer os concertos.  Mas, nós não vemos nenhum decreto presidencial, nenhum regulamento do governo, nem mesmo autorização da prefeitura de Kyiv sobre possibilidade de fazer isto". 
Em Kyiv há grande quantidade de construções inacabadas, mas inventário do fundo de habitação não aproveitada não há.
"Nós, em nosso Donetsk bandido, um ano antes desta guerra conseguimos a realização de tal inventariação e conseguimos decisão do Conselho da Cidade de transferência  para propriedade comunal 22 construções inacabadas", - conta Vadim.
Então, em condições determinadas, estas construções inacabadas transferiram para investidor que concluiu os prédios, vendeu alguns apartamentos - e o resto transferiu para comunidade local.
"Por que aqui em Kyiv isto não poderia ser feito?" - pergunta o ativista dos direitos humanos.

Pensaram, também, sobre opções de novas moradias.

Nós temos projetos de construção de pequenos prédios, de tecnologia canadense: custo do m² - 200 dólares, e a construção leva 3 - 4 meses. Nós não precisamos de empreiteiro, nós mesmos construiremos. Nós conseguiremos. Apenas precisamos do local.
Vadim admite que se considera um sem-teto. Ele compreende muito b em, para onde conduz política social míope e irresponsável. 
O que é o Donbas? É uma sociedade completamente criminal: formas criminosas de comunicação, formas empresariais criminosas, formas criminosas no sistema estatal - diz o ativista. - Mas nenhum tribunal do mundo, até mesmo o internacional, não pode condenar toda a sociedade. Como é possível condenar toda a sociedade?".

Agora Donbas explodiu, as pessoas correram para todos os lados, a outras cidades e aldeias. A estas pessoas é preciso dar possibilidades, para que elas não pensem voltar para lá. Precisa que sobre espaço para elas, para que possam cultivar uma horta, para que possam construir e trabalhar. É preciso lhes mostrar, que existem outras formas de relacionamento, outras condições sociais.

Para Vadim Viktorovych Maidan foi exatamente para isto. Sobre os direitos das pessoas, sobre restauração da ordem constitucional, sobre o Estado de direito e justiça social.

Seus filhos frequentaram uma das melhores escolas de Donetsk, estudaram música e participavam de atividades esportivas. São crianças desenvolvidas, bem cuidadas e educadas. Seus pais estão prontos para lutar pelo seu futuro. 

Eles lutarão por seus filhos. 

Nossos filhos.

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Documento secreto: Putin planejava começar o desmembramento da Ukraina, em Kharkiv.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 24.02.2015

A redação da russa "Novaya Gazeta" (Nova Gazeta) publicou o conteúdo do documento do cenário de Kremlin em relação aos acontecimentos na Ukraina.

O documento contém um plano de desmembramento da Ukraina. Seu texto está no site da "Novaya Gazeta".

Como indica "Novaya Gazeta, em geral, um alto grau de coincidência deste projeto com as ações posteriores do governo russo é evidente, embora o curso real do drama ukrainiano fez alguns ajustes.
Particularmente, planejando a guerra na Ukraina, a comitiva de Putin esperava iniciar o desenvolvimento da Ukraina da Criméia e da região de Kharkiv, e não de Donetsk - considerando "as estreitas conexões de negócios e relações da elite empresarial local, liderada por Rinat Akhmetov, com grande número de representantes da aliança oligárquica oposicionista".

Em sua preparação, provavelmente, poderia participar o "empresário ortodoxo Constantim Malofyeyev, e o documento foi apresentado a Putin entre 4 e 12 de fevereiro de 2014 - anterior a fuga de Yanukovych.
"Primeiro, o regime de Yanukovych definitivamente faliu. Seu apoio político, diplomático, financeiro e informativo pela FR já não tinha nenhum sentido", - diz o documento.
Os autores enfatizam que Rússia, de modo algum, deve limitar sua política na Ukraina, mas apenas com tentativas deve influenciar a desagregação política de Kyiv.

"A Constituição da Ukraina, em qualquer caso, é incapaz de tornar-se um mecanismo, pelo qual, legitimamente, poder-se-ia tornar um instrumento que realizaria a integração dos territórios orientais e a Criméia ao âmbito do estado-jurídico da Federação Russa", diz o documento. Também lá é indicado, que "Rússia deve conseguir acordos sobre contratos transfronteiriços  e transfronteiriça cooperação, e depois estabelecer relações contratuais diretas com aqueles territórios ukrainianos, "onde há preferências pró-eleitorais persistentes."

Entre estas zonas, de acordo com o documento, não há a região de Donetsk. "Em primeiro lugar - com a República da Criméia, Kharkiv, Luhansk, Zaporizhia, Mykolaiv, Dnipropetrovsk e, em medida menor - Kherson e Odessa. (Desta lista, intencionalmente não fazem parte as regiões de Sumy e Donetsk. A primeira - considerando a muito alta influência nela do partido "Pátria" (de Yulia Tymoshenko), e Donetsk - em consequência de estreitos laços da elite empresarial local, liderada por Akhmetov, com grande número de representantes da oposição oligárquica, que possuem aqui seus vastos interesses econômicos.

Em seguida publicamos um trecho do documento.
"É razoável a consecutiva apresentação de três slogans, que surgem um do outro:
- A exigência da "federalização" (ou mesmo confederalização) como garantia para essas regiões de interferência de forças nacionais pró-Ocidente, em seus assuntos internos;
- Independentemente de Kyiv a entrada das regiões do leste e sudeste a nível regional para a União Aduaneira, que garantirá as condições indispensáveis para o trabalho normal  e desenvolvimento industrial;
- A soberania direta seguida da adesão à Rússia, como o único garante de um desenvolvimento econômico sustentável e estabilidade social.

É indispensável preparar as condições para realização na Criméia e Kharkiv (e depois em outras regiões) dos referendos que coloquem a autodeterminação e posterior adesão à Federação Russa.

Lembramos, Constantim Malofyeyev entrou na lista de sanções da União Européia. Na Ukraina contra Malofyeyev foi instituído processo penal, ele é suspeito no financiamento dos militantes. 

No Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ukraina propõem à FR um plano de Confederação do Estado da Rússia.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Discurso do presidente Poroshenko em comemoração aos heróis da Centena do Céu.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 21.02.2015

https://www.youtube.com/watch?v=BV-ZPrga6Ws#t=21

Em Kyiv, no dia 22, realizou-se a Marcha da Dignidade, com a participação de líderes e delegações estrangeiras, que vieram para Kyiv, ao memorial dedicado aos heróis da "Centena do Céu". 
(Este nome foi dedicado aos heróis que morreram durante os protestos em Kyiv, em 2.014). Além de uma dezena de líderes estrangeiros, compareceram os participantes do governo ukrainiano, deputados, prefeito de Kyiv, líderes de igrejas e organizações religiosas e mais de 100 mil cidadãos.

Líderes de países estrangeiros iniciam a marcha.



No dia 21 os militantes, finalmente, deixaram OSCE entrar na cidade de Debaltseve. E mesmo, durante os cerca de 30 minutos que lá permaneceram os membros da missão, ainda houve tiroteio. A missão declarou que ouviu cerca de 100 tiros de saída, e alguns que entravam.
OSCE registrou a ausência da água, alimentos, gás, eletricidade e suprimentos médicos. Todas as construções estão danificadas pelo tiroteio.

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23.02.2015:
David Cameron, primeiro-ministro da Grã-Bretanha, afirmou no Parlamento: "Rússia não muda de rumo, dando continuidade a uma ação completamente injustificada e ilegal no leste da Ukraina. Ela, grosseiramente violou o acordo de cessar fogo e tomou o controle de Debaltseve, fornecendo aos separatistas soldados e equipamentos russos. Mas, se houver tentativa de expansão em direção a Mariupol ou outra área de Donbas - haverá novas sanções da UE e USA.

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Os terroristas continuaram os tiroteios sobre Lebedybske e Shurokene, na região de Donbas.
Em Luhansk, avisa a imprensa do governador Gennady Moskal, pela manhã bombardearam Popasna. A maioria das explosões ocorreu na periferia da cidade e local das bases militares ukrainianas, sem causar danos significativos. Uma das minas acertou o sistema de distribuição da água, danificando-o.
No dia anterior foi bombardeado Kremske. Nenhuma pessoa foi atingida.
Também no domingo à noite, periodicamente surgia tiroteio em Popasna. Hoje, pela manhã ouviram canhoneio e bombardeio de artilharia pesada em Trohizbents e na auto-estrada Bakhmutka, onde se localizam os postos de controle ukrainianos. "A grande maioria dos terroristas, onde ontem e hoje continuam os bombardeios, não é controlada pelo "FSC"  mas pelos "kozachkê" (diminuitivo  de cossacos), que se denominam como "Grande Exército de Don". Eles, por muitas vezes declararam, que nenhum acordo em Minsk não assinaram, então não se consideram obrigados a apoiá-lo. (Surge mais um agrupamento bandido na Ukraina - OK).

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Na Polônia criaram um novo partido "Mudança" que pretende realizar uma revolução na política externa, na direção anti-americana, e reforçar os laços com a Rússia.
Na raiz da "Mudança" está Mateusz Piskorski, conhecido por suas performances no canal russo "Rússia Today" onde justifica as ações de Moscou na arena internacional. Foi observador no chamado "referendo" da Criméia e nas e"eleições" em autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk.
Outro membro da "Mudança" é o historiador e publicista Jacek Kaminski, com convicções comunistas, que regularmente vai ao Donbas e apoia Kremlin sobre "junta fascista" de Kyiv. Num filme ele diz que contra a "junta", em "DNR" e "FSC" luta uma comunidade comunista, a qual após Maidan tornou-se ilegal.
O congresso de fundação do partido, realizado no sábado, declara que pretende, nas próximas eleições presidenciais, lançar um candidato próprio. (Agora, a escória de outros países, aonde sabe que não terá grandes chances, vem à Ukraina? - OK).

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A trégua em Avdiivka durou apenas dois dias. Bombardearam a empresa do bilionário  Akhmetov (Anteriormente isto não acontecia. Será que ele negou ajuda? - OK). Não houve vítimas, apenas danos materiais. Uma bomba explodiu no departamento pessoal. Por sorte todos estavam na sala de arquivos e não sofreram. 
Também foi atingido o posto municipal dos bombeiros.
Diariamente, em Avdiivka morrem cidadãos pacíficos. Para maior segurança, os funcionários dormem na empresa. Foi milagre não morrer ninguém no bombardeio de hoje.
E a empresa de coque (coke) já foi atingida por cerca de 150 vezes.
A trégua não está sendo respeitada.

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Em Kharkiv, devido ao ataque terrorista contra os manifestantes pacíficos, morreram três pessoas. O último, um rapaz de 15 anos também não resistiu. O grupo que realizou o ataque passou pelo treinamento em Byelgorod - Rússia. Quatro já foram presos.
Também morreram duas pessoas na zona do ATO, nas últimas 24 horas.
(Prezados, estes são os resumos de apenas algumas notícias. Acredito que estas já são suficientes para ter uma visão geral da situação. E, o tempo não permite mais traduções). - OK).

Tradução e resumo: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Notícias do dia 19  e 20.02.2015
Ukrainska Pravda _ Verdade Ukrainiana

Os dados sobre o final em  Debaltseve, apresentados abaixo, ainda podem sofrer variações, as informações divergem.
Mortos - 14
Desaparecidos - 82
Feridos - 172
No cativeiro - 90
 
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Presidente da Estônia Toomas Ilves Hendryk: "Europa está em posição de espera ao se recusar a admitir abertamente que o Minsk - 2 falhou, ao mesmo tempo precisa olhar para a verdade e decidir sobre o fornecimento de armas para Ukraina. Porque, se o plano de paz não funcionar e operações militares continuarem, então UE e OTAN terão que fazer algo ou simplesmente esperaremos que tudo isso chegue às nossas fronteiras".
Ele pensa que é preciso apoiar Ukraina com tecnologia de defesa, como radar e drones. Até agora Europa não tomou quaisquer medidas, mas no lado oposto utilizam sistemas de combate de mais alto nível, que se completam com equipes de pessoal "absolutamente não da máfia de Donetsk".

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Poroshenko conversou com Putin, Merkel e Hollande sobre Debaltseve. Ele disse, durante a conversa, "não atribuam aos Acordos de Minsk o que aconteceu em Debaltseve". 
Todos concordaram que é necessário o monitoramento especial da OSCE, especialmente na região do Aeroporto de Donetsk, Horlivka, Pervomaisk e Sherokino onde continuaram os tiroteios no dia de hoje.
O presidente da Ukraina exige a libertação de todos os prisioneiros, inclusive os de Debaltseve. Ele também insistiu na necessidade de soldados da paz, tanto na linha de contato como na fronteira entre Ukraina e Rússia.

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O embaixador dos EUA mostrou o sistema de defesa aérea russo próximo Debaltseve. Fotos postadas no Twitter.


É claro que o não cumprimento do cessar-fogo em Debaltseve recai sobre os separatistas e destacamentos do exército russo. 
Por sua vez o comandante das forças aliadas na Europa Philip M. Breedlov expressou preocupações com a situação da Ukraina, recusa dos militantes em aderir ao cessar-fogo em Debaltseve e não permissão dos representantes da OSCE em Debaltseve.

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Savchenko recusou as injeções de glicose que apoiavam sua saúde durante o jejum, por causa da inflamação nas veias devido aos cateteres. Segundo seu advogado, já não há lugar para aplicações.

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O BCE (Banco Central Europeu) prepara-se para uma possível saída da Grécia da zona do euro.

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Conselho Nacional da Ukraina: Filho de Yanukovych (ex-presidente), indiretamente detém três canais de televisão na Ukraina.
A Procuradoria Geral realiza investigações pré-julgamento por suspeita a Alexander Yanukovych, de cometer inúmeros crimes e se esforça para apurar seus bens e contas.

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Por crimes contra Maidan, a Procuradoria relatou sobre suspeita a 18 altos funcionários. A maioria deles está em lugar incerto e não sabido. Ele acrescentou que já foram acusadas mais de 100 pessoas, incluindo 60 policiais. A poucos dias a organização Amnesty International apresentou um relatório, segundo o qual, por enquanto, foram punidos apenas dois policiais, mas estão em liberdade condicional. Todos os outros, por enquanto, conseguem evitar a punição, com sucesso.

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A Procuradoria Geral diz ter evidências da participação russa no fuzilamento de pessoas no Maidan. Os russos participaram como organizadores do tiroteio. Os executores podem ter sido mercenários de outros países, ou mesmo das próprias estruturas russas, mas isto não tem importância. O importante é o objetivo e  os beneficiários.
A investigação chegou aos organizadores das execuções através da análise das conversas do ex-presidente Viktor Yanukovych.
O chefe do Serviço de Segurança da Ukraina Valentyn Nalyvaichenko culpa o assistente do presidente da Rússia, Vladislav Surkov por ter dirigido o grupo de atiradores estrangeiros no Maidan (Praça da Independência) em fevereiro de 2014. "Como parte do processo, citam-se a posição, nomes, cópia dos passaportes, datas de entrada e saída, a comunicação usada, em que instalação ficaram, como o assessor do presidente Putin, Surkov, os dirigia em Kyiv", - disse ele. Nalyvaichenko acrescentou que três grupos de agentes do Serviço de Segurança Federal da Rússia estiveram em Kyiv em dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 para organizar e planejar a dispersão dos ativistas do Maidan.
Nalyvaichenko também disse que um grande número de policiais do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) revelaram-se traidores e colaboradores dos serviços de inteligência estrangeiros. ( Pelo dinheiro vendem até a própria mãe - OK).
Em particular o ex-chefe do SBU na Criméia Petro Zyma colaborou com FSB e ajudou na realização da anexação da Criméia. 
Atualmente suspeitam-se pela traição aproximadamente 100 ex-funcionários do SBU. dos quais 10 já estão presos. 
(Esta degradação moral das pessoas é filha direta do regime comunista, tão desejado por aqui. Recentemente, Poroshenko mudou o Procurador Geral. Houve muita reclamação quanto a inatividade do anterior. - Parece que agora, há mais agilidade nas apurações. - OK)

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Merkel e Hollande ameaçam a FR com novas sanções pela violação dos Acordos de Minsk.

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Os militantes prometem libertar os militares ukrainianos que caíram como prisioneiros em Debaltseve.

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O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk realiza consultas com os líderes da UE sobre a violação do cessar-fogo no Donbass. Anteriormente, o ex-presidente polonês Aleksandr Kwasniewski declarou que Tusk deve ser mais ativo na questão da Ukraina.

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Encontro com os militares ukrainianos que voltaram de Debaltseve, em Kyiv, no dia 19.


Resumo e tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Debaltseve. Sem esperança de paz
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 17.02.2015
Oksana Kovalenko e Anastácia Mahazova

Pelos eventos ao redor de Debaltsevo na última semana observam atenciosamente não apenas na Ukraina. Líderes da França e Alemanha Angela Merkel e François Hollande, em 16 de fevereiro, por telefone debateram a situação com Petro Poroshenko.

Debaltseve - ponto estratégico para "DNR" e "FSC" - é através dele que passa a linha ferroviária, que facilitaria o transporte e a comunicação das duas "repúblicas".
Por esta razão, os militantes não deixam tentativas de obter o controle sobre a cidade. Os militares ukrainianos, por sua vez, fizeram todo o possível para manter a área sob controle ukrainiano.

Durante os últimos três dias correspondentes da "Verdade Ukrainiana" estiveram na região de Debaltsevo, e conversaram com os militares ukrainianos e com os cidadãos pacíficos das aldeias vizinhas. 

Continuamos acompanhando a situação.
Os moradores da aldeia Kalenove, localizada a 15 km de Debaltseve, já se acostumaram aos ataques constantes, e aprenderam manter a vivência ao lado de ações de combate.

Na manhã de 14 de fevereiro, 12 horas antes da trégua oficial, no campo, não longe da casa do agricultor Mykola instalaram obuses.

No campo próximo do sítio de Mykola a artilharia trabalhava constantemente
- Vocês não se assustem, logo haverá uma salva, - diz o agricultor, quando nós nos aproximamos de sua casa. - Oh, ouça agora?! Logo virá a resposta.
Ouve-se o ribombar, e no horizonte é visto como projetos voam a algum lugar para o lado de Debaltseve. Esta pequena cidade, na qual, segundo o Conselho local, antes da guerra, viviam 45 mil pessoas - hoje um dos pontos mais quentes na linha da frente.  E, aqui, nada indica o regime de cessar-fogo".

As pessoas que não conseguiram ou não quiseram sair da cidade e de suas adjacências, já por mais de duas semanas vivem sem água, gás, aquecimento e comida.
Os militares ukrainianos continuam mantendo suas posições sob constante bombardeio dos militantes.

GUERRA OU PAZ?
A nós, por enquanto, apenas cobrem com a onda de explosão, então nós continuamos a trabalhar para manter nossas atividades. Agora eles concordam sobre cessar-fogo. E o quê? Hoje atacam com força redobrada. Durante a noite toda - queixa-se o agricultor. Quando você tenta convencer o homem, que tudo pode mudar após a meia-noite, Mykola inflama-se num segundo, fica vermelho e começa praguejar em voz alta.

- Que acordos?! Sobre o que você está falando? Esta é uma guerra eterna, não há nenhuma esperança!

Eis os presentes que recolhem os moradores locais depois dos ataques noturnos na região de Debaltseve
Apesar de seu pessimismo, após meia-noite de 15 de fevereiro os ataques realmente pararam.

E, mesmo pareceu incomum o silêncio nestes locais pela primeira vez em muito tempo. 

Às 10 horas da manhã saímos na rodovia Artemivsk-Debaltseve. Nos postos de controle como antes, de suas posições ninguém se afasta. Ainda no outono estes lugares eram "profunda retaguarda". Agora, ao longo da estrada, à aldeia Luhanske (Não confundir com Luhansk), que está a 18 km de Debaltseve, estão as casas com vidros quebrados pelas ondas das explosões.
A rodovia está quase vazia. Nela, ocasionalmente pode-se encontrar veículos militares. Os soldados nos advertem que a estrada pode receber tiroteio, e recomendam passar em alta velocidade a ponte, danificada pelos militantes, e a passagem através do reservatório de água na região de Svitlodarsk.

Rodovia Artemivsk - Debaltseve
Próximo de Debaltseve nós ouvimos um som que lembra o som de avião durante a decolagem. Diante de nossos olhos o míssil "Grad" (MLRS) voando em direção a cidade.

"CALDEIRÃO NÃO?  SIM LÁ ESTÁ ELE!"
A posição dos combatentes ukrainianos, à qual nós com os voluntários trouxemos utilidades e alimentos, encontra-se a poucos quilômetros da cidade, cujo nome já por vários dias não sai dos relatórios informativos da zona da ATO.

Os militares ukrainianos contam, que no primeiro dia da trégua, depois de uma noite relativamente calma, contra eles dispararam com armas pesadas.
Como prova de suas palavras mostram recentes crateras de meio metro de profundidade, e também totalmente destruído abrigo.

Crateras após tiroteio noturno nas posições dos militares ukrainianos
Bom, que os nossos não se encontravam aqui naquele momento porque todos morreriam, - suspira um combatente.
Os militares esforçam-se para não mostrar suas emoções - eles brincam, não se queixam das condições em que vivem nos últimos meses.
- Aqui, na guerra, todos os sentimentos embotaram, - diz um deles, que aparenta uns 35 anos.
Depois de mais uma batalha ele precisou separar os pertences do amigo morto, com o qual ele lutou ombro a ombro nas últimas semanas. Neste momento o telefone do morto tocou e na tela surgiu o nome do assinante: "Filha".
- Então não resisti, - secamente diz ele. - Foi difícil.

Pergunta número um, que nos interessa - será verdade que os militares em Debaltseve, de fato, encontram-se numa caldeira desde meados da semana passada. Os soldados comuns que encontram-se a alguns quilômetros de Debaltseve, como no Estado-Maior, não têm uma resposta exata para esta pergunta.
- Não, caldeirão não há - com certeza responde um deles.
- Sim, ele existe, verdade - interrompe o outro.
- Não é bem caldeirão. Sim, a principal via está bloqueada, mas aqui próximo nós garantimos a estrada da vida - explica um terceiro. Para isto nossos carros constantemente vão a Debaltseve. 
- Eles chegam? Os militares ukrainianos queixam-se, que os militantes constantemente bombardeiam as estradas. Sob seus tiroteios encontram-se também carros de civis.
- Diante de meus olhos eles bombardearam com MLRS um carro civil. Ao motorista feriram muito a perna. Graças a Deus, a esposa e a criança não sofreram. Depois nós os retiramos do carro, e cuidamos dos ferimentos - conta o militar.

Enquanto nós conversávamos com os militares, a artilharia, do lado do Debaltseve não silenciava nem por um minuto. Os militares nos apressam.
- Vocês precisam ir o mais rápido daqui, enquanto não veio resposta, - pede um militar.
No final, gravamos um pequeno vídeo com um soldado, que fala sobre a situação em Debaltseve.


POR QUE MORREM PESSOAS
Nós saímos da estrada vazia de Debaltseve para aldeia vizinha - Myronivka. A entrada ainda estava fechada. Não permitem, não somente voluntários e jornalistas, mas também representantes da missão OSCE.
As ruas em Myronivka estão completamente vazias, somente, às vezes encontramos famintos e magros cães em busca de alimento. No final da estrada principal esta um prédio de cinco andares, no qual, a partir de constantes tiroteios os vidros estão completamente quebrados - e paredes danificadas.



Em Myronivka os moradores,a mais de uma semana vivem no porão sem luz, água e aquecimento.

Myronivka - tudo o que restou do prédio residencial no centro da aldeia.
De longe chegam vozes. Sim, nós encontramos nesta vazia aldeia alguns homens que saíram de seus esconderijos para buscar água potável.
Já por mais de uma semana, eles e suas famílias vivem no mal iluminado e pequeno porão do prédio, e quase não o deixam devido a constantes tiroteios.
As pessoas estão muito cansadas e muito irritadas, então falar com elas é difícil.
- Por que vieram estes militares? Nós não os esperávamos! Eles trouxeram a guerra para nossa casa! Nós não escolhemos estes governantes. Nós queríamos aqui a "DNR", nós não queremos nada em comum com Kyiv. Que se afastem daqui! - indigna-se Olesia, 35 anos, que vive no porão com marido e filho.

Enquanto os pais discutem conosco sobre suas preferências políticas, as crianças desenham no canto. Para desenhos os pais permitem apenas 3 horas por dia - economizam energia do gerador, por isso, a maior parte do tempo, no porão está escuro.

Na varanda da casa ao lado nós encontramos alguns pensionistas, que acenderam o fogo diretamente no chão e se esforçam no preparo do almoço.
- Vocês são da imprensa? Interessa-se um dos moradores locais. - Venham comigo, vou lhes mostrar algo. Nós seguimos o homem, e pelo caminho ele conta, que a poucos dias Myronivka foi fortemente bombardeada  com MLRS. Um obus caiu a apenas alguns metros do prédio.
- Estão vendo as latas de lixo? Ali, a coberta vermelha, e sob ela o cadáver de um homem. Ele está ali já por vários dias. E ninguém consegue reconhecê-lo e enterrá-lo. No outro dia um dos locais retirou dele as quentes botas.

Cadáver de um homem jovem, que morreu durante o tiroteio, não conseguem reconhecê-lo e enterrá enterrá-lo já por cinco dias.
O homem queixa-se, porque na aldeia não há governo, com o cadáver desconhecido ninguém pode resolver algo.
- Pelo quê? Pelo quê morrem pessoas, explique-me? - pergunta o morador local Vasily. - Dizem, que em Debaltseve ficaram 600 pessoas, mas eu não acredito. Quantos lá permanecem nos porões, os quais ninguém pode encontrar! Eu estive lá duas semanas atrás. Ajudava retirar as pessoas e levava produtos. Na voz de Vasily ouve-se desespero. Ele, como outros moradores desta pequena aldeia, que ficou sozinha com seus problemas e "MLRS", com os quais bombardeiam constantemente, não acredita que as ações militares, em breve, poderão cessar.

DEBALTSEVE: É SITIADO OU NÃO?
Na terça, 17 de fevereiro, depois de dois dias do oficial cessar-fogo, as lutas por Debaltseve continuam, bombardeiam  as posições dos militares ukrainianos também em torno da cidade.
A partir das 18 horas, os militantes conseguiram o controle de parte de Debaltseve. Um grupo de militares ukrainianos que deveria entregar suprimentos militares às posições das Forças Armadas, foi
capturado pelos militantes.
Sobre Debaltseve - fumaça negra. Repelimos ataques de militares russos e militantes. A pouco nos cobriram com MLRS. A batalha continua", - conta por telefone um dos soldados ukrainianos. A situação na área muda de hora em hora.
(O fato de haver muitos russificados nesta região não admira, pois o leste da Ukraina caiu sob o domínio dos russos ainda em 1654. O admirável é que lá também havia muitos verdadeiros patriotas ukrainianos. Não sei se todos saíram desta região, provavelmente não. Por isto, este povo usa o idioma russo. Eu, aqui de longe, penso que a maior parcela de culpa pela não recuperação deste povo foram os governos ukrainianos. O primeiro presidente, li que ele era comunista. O segundo ficou dois períodos e, culturalmente também nada fez. Aliás, houve uma questão, que permanece obscura até hoje, durante  seu governo. Um jornalista, a favor dos interesses ukrainianos, foi decapitado e não encontraram a cabeça nem para enterrar. Seu sobrenome era Gongadze, ele era filho de mãe ukrainiana e pai georgiano. Depois, um ministro se suicidou com dois tiros na testa. É possível??? 
O presidente, pela cuja vitória o povo promoveu a Revolução Laranja, foi coisa de uns 8 - 10 dias, na praça, na neve, entrou com muitos planos e também nada fez.No fundo, nenhum deles quis entrar em colisão com os demais políticos ukrainianos pró-Rússia, muito menos com a Rússia.
É natural este povo não ter sentimentos patrióticos ukrainianos ainda mais presenciando tantos desvios econômicos durante o último governo do presidente Yanukovych. Eles precisam conhecer um pouco de história ukrainiana e russa, mas história verdadeira. Espero que o presidente atual, presidente Poroshenko, consiga fazer algo bom pelo país, como já mostrou que pretende, e que a Rússia se satisfaça com a parte que está roubando agora e que deixe o restante em paz. Mas, Putin já declarou que o maior erro foi a dissolução da União Soviética. 
Durante o dia de hoje, as tropas ukrainianas saíram de Debaltseve, não sei se saíram todos. Há mortos e feridos. Amanhã mandarei notícias. - OK) 

Tradução: O. Kowaltschuk