Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 30.05.2016
Voz da América
Nadia Savchenko durante a conferência de imprensa em Kyiv - 27.05.2016. |
Edward W. Walker, professor de Ciências Políticas da Universidade em Berkeley - Califórnia: "Má idéia". Parece-me que ela arisca, rapidamente, perder o status de herói.
"Má idéia" também viu na prontidão de Savchenko em ocupar o mais alto cargo na Ukraina Matthew Kupfer, antigo pesquisador da Carnegie, que comenta ativamente os eventos na Ukraina: Interiormente sinto, que o herói de guerra não necessariamente será um presidente capaz. Eu posso estar errado. Há temores que Rússia diminuirá o desejo de trocar prisioneiros, ou libertá-los, se já o primeiro tornar-se presidente.
Preocupa também, se a pessoa que passou tantos sofrimentos na Rússia, será um líder ideal para conversações em Minsk e no conflito com a Rússia. Ukraina precisa de líderes honestos e capazes. Penso, Savchenko é honesta. Em minha opinião, nós não sabemos se ela é um líder político talentoso. Se Savchenko tornar-se presidente. eu, é claro, espero que todos os meus medos revelem-se infundados", - explicou sua posição Kupfer, a pedido da "Voz da América".
"Eu sempre fico preocupado com situações emocionais, quando na política entra um herói em um cavalo branco, que é um estranho para a classe política" - declarou Mark Galeotti, professor da Universidade de Nova York e renomado especialista em segurança.
"Sabemos tão pouco sobre ela, que é possível atribuir-lhe qualquer valor", - disse o pesquisador.
Também Galeotti considera inevitável o momento de conflito entre "Savchenko-político e Savchenko-modelo moral."
"Agora Ukraina está em lua de mel com Savchenko. Poroshenko e Tymoshenko, querem ser identificados com Nádia, na esperança de aproveitar seus raios de glória... Mas a própria Nadia não quer tornar-se propriedade de qualquer um dos líderes políticos. Por isso vai ser interessante ver, como eles reagirão na tal posição dela, e como ela lhes responderá. Eis que esta será uma amostra real", disse Galeotti. (Acredito que os senhores leitores deste blog tem sua opinião formada sobre o presidente Poroshenko. Quanto a Tymoshenko, por ela, eu senti muita compaixão e simpatia no período em que ela esteve aprisionada no governo Yanukovych, anterior ao Maidan. Mas, já durante o Maidan, quando ela foi libertada, percebi que ela não era a mesma pessoa que representava ser quando encarcerada. Nadia é pessoa sincera, transparente, acredito que as duas não se entenderão. Savchenko está no bloco de Tymoshenko porque esta a convidou. - OK).
"Mal posso esperar para ver, como ela reagirá quando no Conselho acontecer a briga da vez", - brincou o apresentador Brian Whitmore.
"Política ukrainiana é suja" - disse Whitmore, que acredita que Savchenko pode preencher o nicho do ukrainiano Havel, Walesa ou Mandela.
No entanto Galeotti observou que na Ukraina observa-se uma situação alarmante porque os políticos não souberam realizar as aspirações e desejos de seu povo.
"O que as pessoas fazem quando suas esperanças são traídas? Elas permanecem impotentes na incredulidade? Elas julgam que nada mudará durante mais uma geração? O governo Yanukovych, durante algum tempo, contou com isto. Mas a situação mudou repentinamente. Ou, talvez, as pessoas procurarão alternativas, talvez caminhos radicais para sair da situação. Em tempos assim prestam atenção nas pessoas de fora do sistema político, as quais, dizem que é preciso agir com métodos convencionais. Numa situação assim, surge o risco de algo fascista, até certo ponto, desenvolvimento da situação...
Apesar de que eu não acho que na Ukraina sequer pensam sobre o fascismo", - disse o especialista.
Pelo menos agora parece que Savchenko está pronta para trabalhar dentro do sistema... Este é um sinal positivo. Há uma chance de que ela poderia tornar-se uma figura de união entre esses dois mundos. O mundo precisa de pessoas que querem fazer as coisas para o bem da Ukraina e as pessoas que sabem como dirigir a máquina, a fim de atingir os necessários objetivos", - salientou Galeotti.
O especialista lembrou, que na Ukraina hoje o ambiente é mais hostil e difícil, que aquele, no qual surgiram Havel e Walesa.
Tradução: O. Kowaltschuk
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