quinta-feira, 19 de maio de 2016

"Mesmo as lágrimas estão sob o controle do FSB" - os tártaros da Criméia foram proibidos de exercer as atividades de luto na Criméia ocupada.
18 de maio - Dia da Memória da deportação dos tártaros da Criméia. Sua deportação híbrida continua hoje.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 18.05.1944.
Olga Komarova

"18 de maio nós - tártaros da Criméia" - campanha de informação com tal nome continua na Ukraina. Neste dia, em 1944, a partir de Criméia para a Ásia Central enviaram o primeiro comboio dos tártaros da Criméia. O total de então deportados, mais de 180 mil pessoas. 
Opressão sofrem os tártaros da Criméia das autoridades russas na hoje ocupada Criméia. Para os povos indígenas da Criméia, criam-se as condições em que os tártaros têm que deixar a península, ou mesmo esquecer a sua identidade.Trata-se de perseguições, prisões, ameaças e proibições. Honrar as vítimas da deportação como era antes da anexação da Criméia, na península agora também não é possível.

O  tártaro da Criméia Reshat Sadreddinov foi com exército soviético até Berlim, voltou vivo da guerra, e então soube que toda a sua família estava privada da  Pátria. Agora, o veterano tem 94 anos, ele voltou para a Criméia com sua família um pouco mais de 25 anos atrás. Sua história ele contou aos repórteres do projeto de Rádio Liberdade "Krym Realiyi." ("Realidades da Crimeia").

Depois de uma das piores batalhas da Segunda Guerra Mundial, conhecida como o arco de Kursk, de 74 pessoas  sob o comando de baterias de Sadreddinov sobreviveram 15 pessoas que conseguiu-se retirar da área hostil. Todos, exceto o comandante, foram premiados. À pergunta por que isso aconteceu - ao coronel disseram que a sua carta de adjudicação não era aprovada pelo front e em geral todos os tártaros da Criméia foram deportados da Criméia. (Morrer pela Rússia pode e deve, receber reconhecimento não merece! - OK).

Reshat Sadreddinov
Quando voltou para Simferopol, Reshat Sadreddinov foi, de  uniforme e medalhas, ao edifício da NKVD. Lá ele encontrou um homem, que lhe contou que todos os oficiais, tártaros da Criméia, que tentavam descobrir porque suas famílias foram desterradas - foram fuzilados.  Durante três dias, ele soube que  seus familiares estavam no Uzbequistão, onde encontrou-os mais tarde em condições horríveis.

"As pessoas viviam em terríveis condições. Naquelas cavernas que mantinham os prisioneiros alemães. Os prisioneiros foram transferidos para melhores condições, e no lugar deles colocaram os tártaros da Criméia. Entre os locais uzbeques realizaram um grande trabalho de divulgação. Eles afirmaram que vinham traidores, que deveriam ser tratados como inimigos do povo. Todos os dias morriam muitas pessoas", - lembra o veterano.

Deportação híbrida - tártaros da Criméia sob pressão são forçados para deixar a península.

Os tártaros da Criméia retornaram para casa, mas não esperavam que novamente experimentarão perseguições. Após a anexação da península pela Rússia em 2014, para os crimeanos foram criadas tais condições que eles têm se render, ou sair. Primeiro de tudo "vigilância especial" refere-se aos tártaros da Criméia.

Povos Indígenas da Criméia novamente encontraram-se em condições de deportação, apenas híbrida. Assim, os tártaros da Criméia exigem o direito à autodeterminação, explica o  primeiro vice-presidente do Mejilis (parlamento tártaro - OK) dos tártaros da Criméia Nariman Celal, mas realizá-lo as autoridades russas não deixam.
Mejilis da nação Tatar da Criméia  no geral tornou-se proibido na Criméia. Quaisquer pensamento e ações  
livres domam-se com as mãos do FSB, polícia, centro de luta com o extremismo, disse Nariman Celal.

Muitos tártaros da Criméia agora estão em prisão ou processo penal. Celal não descarta que também contra ele podem começar acusações.

Os tártaros da Criméia não têm para onde se mover porque Criméia é aquela terra com a qual eles estão relacionados por séculos. É por isto que ninguém abandona a península. Então, isto não é algo quotidiano mas torna-se uma tragédia histórica para o povo, diz Primeiro Vice-Presidente do Mejilis.

Nossa memória interna ninguém pode prender - Nariman Celal.

Todos os anos na Criméia, para marcar o aniversário dos acontecimentos de deportação realizada, é incluída uma manifestação de luto no centro da capital da Criméia. Mas após a anexação da península, pela Rússia, em março de 2014  tais ações no centro de Simferopol foram banidas.

Para se justificar, as autoridades russas nomeiam um subsídio mínimo de benefícios em dinheiro e pensões, bem como organizam suas iniciativas formais para essa data.

"Na Criméia acrescentam esforços para fazer os tártaros participarem  apenas de eventos formais, que realizam os invasores e seus capangas" - escreveu na página de Facebook  o presidente do Mejilis Refat Chubarov.

Nas escolas da Criméia lembram que 18 de maio - "é um dia normal na escola" e cada escola deve fornecer dados por e-mail, quem esteve faltando e por qual motivo.

Nas redes sociais apareceram cópias do documento, dirigida aos chefes das instituições de ensino com respectivo conteúdo.  Dos professores exigem dados "em separado sobre crianças de nacionalidade Tatar da Criméia". (A cópia, inclusive, aparece no texto, em idioma russo mas,devido ao tamanho da letra é ilegível - OK).

Os Mejilis Regionais da Criméia receberam recusa das autoridades russas na concordância das medidas de luto ao aniversário da deportação dos tártaros da Criméia em 18 de maio, mas a eles  ninguém pode proibir a comemoração, diz convencido Nariman Celal.

"Para nós agora não está disponível nem a forma usual - manifestações da Criméia e assim por diante, mas o nosso respeito interno pelas vítimas, nossa memória ninguém poderá apreender ou perseguir. Claro eu, como muitos dos meus compatriotas, visitaremos os lugares memoriais, em conjunto ou em grupos. Hoje o tempo é este. Hoje, mesmo as lágrimas - sob o controle do FSB, hoje mesmo a dor e tristeza tenta controlar o governo, é nesta situação que estamos. Mas acredito que vamos sobreviver e a vitória estará do nosso lado ", - disse o primeiro vice-presidente do Mejilis.

Não houvesse tártaros da Criméia, eles encontrariam outros inimigos - historiador.

De 190 a 300 pessoas foram mortas durante as primeiras semanas, quando houve deportação. De acordo com fontes oficiais, devido às condições desumanas nos assentamentos até o final da guerra morreram mais de 20% dos tártaros  deportados da Criméia por causa do frio, da fome, falta de condições médicas e condições mínimas básicas para sobrevivência. De acordo com estimativas dos tártaros da Criméia, houve perda de 46% de sua população desde a chegada ate 1967, disse Sergei Hromenko, historiador da Criméia e publicitário, colaborador do Instituto Ucrainiano da Memória Nacional. Agora, os tártaros da Criméia em números são um pouquinho mais numerosos que antes da deportação, acrescenta o historiador. Portanto, pode-se argumentar sobre o genocídio.

À autoritário-totalitária sociedade, que agora é construída rapidamente na Rússia, é absolutamente necessário inimigos internos e externos. Sem eles é impossível a mobilização, é impossível explicar à nação porque é necessário apertar o cinto, porque na Rússia, em breve será como na Venezuela. E como inimigo interno diretamente na Criméia destinaram os tártaros crimeanos, porque este é um povo democrático pró-ucraniano, pró-europeu, que não aceitou o governo soviético e não quer aceitar o russo. É por isso que a luta contra eles justifica todos os excessos que ocorrem na Criméia. Não houvesse tártaros na Criméia, eles teriam que encontrar outros inimigos, mas assim os tártaros da Criméia são muito confortáveis, infelizmente ", - explica as razões para a perseguição dos povos indígenas da Criméia hoje o historiador Sergei Hromenko.

Tradução: O. Kowaltschuk

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