segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Parlamento "decomunizou" Dnipropetrovsk, Dniprodzergensk e mais de 300  cidades, vilas, aldeias. 
Rádio Svoboda (Rádio Liberdade), 19.05.2015
Eugênio Solonena



A mudança de nomes soviéticos para históricos ou atuais, propostos pelos moradores locais, será concluída nas próximas semanas.

Kyiv - o Parlamento renomeou a grande maioria das cidades, vilas e aldeias que se enquadram na lei de descomunização. Pelos novos nomes votou a maioria dos deputados de todas as facções, com exceção do " bloco de oposição", cujos representantes condenaram o cancelamento de nomes do tempo soviético. Os especialistas consideram a mudança dos nomes positiva, porquanto a grande maioria dos nomes agora recebidos, são históricos. Além disso, quase todos os novos nomes foram aprovados pelo Instituto Ukrainiano de Memória Nacional e acordados com as comunidades locais.

Dnipro - agora não é somente nome de um rio, de um clube de futebol, mas também é nome de uma cidade!

O iniciador da renomeação explicou: O nome "Dnipropetrovsk", em 1926 a cidade recebeu, parte "Dnipro" devido ao rio Dnipro (Dnieper), e a outra parte, em honra do estadista bolchevique e soviético Grigory Petrovsky. Mais tarde Petrovsky foi um dos iniciadores do Holodomor de 1932-33. Por causa disto ele foi condenado pelo Tribunal de Recurso de Kyiv como um dos organizadores do genocídio do povo ukrainiano


O nome da cidade carrega os símbolos do regime comunista e, de acordo com a lei "Sobre condenação do regime comunista e nacional-socialista (nazi) regimes totalitários na Ukraina e proibição da propaganda de sua simbologia, ela deve ser alterada",

16 parlamentares foram contra, inclusive um do "Bloco Petro Poroshenko. 13 do "bloco de Oposição", cujo representante é Oleksandr Vilkul que recorreu à manipulação. Segundo ele o nome deveria ser preservado porque o nome Dnipropetrovsk homenageia o rio Dnipro e São Pedro Apóstolo. Mas não deu certo Em sua página no Facebook, ele escreveu:

"Renomearam, canalhas, Dnipropetrovsk e Dniprodzerzhensk....

Parlamento eleito durante a guerra e para guerra, continua dividir a sociedade."


Mudar o nome da cidade devia, ainda no ano passado, o governo local, mas ele não fez isto, como em muitos outros locais. Então a tarefa coube ao Parlamento. 

A cidade Dnipropetrovsk já não existe, mas ainda permanece a região Dnipropetrovsk - porque assim consta no texto da Constituição. São necessárias alterações na Lei Básica, que esperam acontecer junto com as mudanças nas questões da descentralização e da reforma judicial. Obviamente, "oblast" (Estado, para nós -OK)chamar-se-a "Dniprovska"...

O deputado de "Auto-Suficiência" Yegor Sobolev não conseguia manter em segredo suas emoções: "O nome Petrovsky, envolvido na organização do Holodomor, não está mais no nome da famosa cidade ukrainiana, onde pararam "a primavera russa".

O principal "de comunizador" - diretor do Instituto Ukrainiano da  Memória Nacional Volodymyr Vyatrovych reagiu assim à principal notícia do dia: "Finalmente aconteceu! Presente para o "Dia do Bordado ukrainiano. É o fim do infame nome da bela cidade". 

A cidade Dniprodzerzhensk, na região ainda com o nome de Dnipropetrovsk, renomearam para "Kam'ianske". Este nome a cidade já tinha antes de 1936.


Neto do invasor soviético pediu desculpas aos tártaros da Criméia
Vysokyi Zamok (Castelo Alto, 19.05,20
Ivan Farion
A repressão contra a nação indígena da Criméia continua o atual governo russo.



O russo Vasyl Gatou sente vergonha pelos crimes de seu avô, que liderou a deportação a 72 anos atrás. Sente vergonha também pela política atual de ocupação do Kremlin
No 72.º aniversário do início da deportação soviética dos tártaros da Criméia os representantes desta nação, que agora sofrem pressão do governo russo, receberam satisfação moral parcial. Pelos crimes do século passado a eles pediu desculpas... o cidadão da Rússia, de 51 anos, Vasyl Gatou, jornalista conhecido, gerente da mídia que agora vive no estado de Massachusetts, EUA
"Desculpem-me, se puderem ..." - assim denomina-se sua mensagem-confissão. Nela escreve o russo:


"Hoje - é aniversário de um dos eventos mais vergonhosos da história da União Soviética - a deportação dos tártaros da Criméia. A mim não é fácil  escrever estas palavras - porque meu avô era o comandante desta "operação".


Maio de 1944, dias em que o exército soviético libertou terras da Europa a partir da máquina genocídio nazista, quando o conceito de "campos da morte" foi totalmente compreendido aos soldados e oficiais. Nesses mesmos dias, Stalin decide, que mais um povo - todos, desde crianças até os heróis - " inimigos".


"Desterro", como vergonhosamente chamaram isto  nos documentos - tchetchenos, balcares, alemães do Volga, os tártaros da Criméia, lituanos, letões e estonianos - não é outra coisa, que genocídio.Nunca reconhecido, nunca lamentado e nunca remunerado.


Tártaros da Criméia e chechenos com inguches - nações que sofreram com União Soviética e com a Rússia. Isto não é apenas vergonha. Não é apenas pecado. Isto é crime, multiplicado duas vezes. Com especial cinismo , como parte do grupo organizado, com objetivos que são totalmente cobertos pelo estatuto do Tribunal Penal Internacional. E, enquanto ele - de uma, ou de outra  forma - não tiver lugar, cada vez em maio, qualquer pessoa inteligente e sóbria deverá repetir aquelas mesmas palavras: "Perdoe-me, se você puder ...".


Repressão contra os tártaros da Criméia continuam os descendentes dos "pobyedityelyey" (vencedores) - o governo russo, que anexou a Criméia. Diariamente chegam relatórios sobre detenções, prisões, condenações, espancamentos, transferências forçadas para território russo, e também desaparecimento de ativistas tártaros da Criméia.   Sob falsos pretextos lhes incriminam "terrorismo". Na quinta-feira, 19 de maio, ao vice-presidente do Mejilis Ilmi Umerov os ocupantes  lhe atribuíram "culpa" como "membro de organização extremista", pegaram sua assinatura em garantia de não afastamento. Umerov é suspeito de "cometer apelos públicos e ações, direcionadas à mudança da integridade territorial da Federação Russa".

Sobre a amplitude de repressão arbitrária do governo russo testemunha um caso, que ocorreu com o tártaro da Criméia Elvis Asadov. Como protesto contra a decisão de rever o seu caso no tribunal russo na anexada Criméia, com posterior transferência para prisão russa, ele cortou sua garganta na sala do tribunal...


Tradução: O. Kowaltschuk

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