Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 15.05.2016
Dos 26 candidatos que participaram da final a representante da Ukraina recebeu o maior número de votos - 534. O segundo lugar na competição ganhou Austrália - 511, em terceiro lugar - Rússia, que pontuou com 491
Vídeo do desempenho de Jamala na final do "Eurovision-2016"
Ao contrário de alguns outros povos deportados, que voltaram para sua pátria no final de 1950, os tártaros da Criméia foram privados desse direito, formalmente até 1974, de fato - até 1989. O retorno em massa da nação à Criméia começou apenas no final da "perestroica" de 1989.
"Eurovision" terminou, Jamala ganhou. Mas na verdade é apenas o começo. Para a Ukraina. Para Jamala. Para tártaros da Criméia. E não é só para uma reunião de celebração dos vencedores no aeroporto. Antes sobre o caminho, no qual se tornará o tema sobre a ocupada península após esta vitória.
Agora é aquele caso, quando a vitória de Jamala - é grande alegria para todo o país. E não tem significado especial, se você é fã por este tipo de competições ou se o seu gosto são outro tipo de canções, e, se você é mais feliz com a derrota do representante da Rússia, do que com a vitória da tártara e ucrainiana Jamala. E, consequentemente, como agora se sente o agressor, recebendo uma sonante bofetada.
Sua vitória também é importante não só porque o mundo ouviu a voz real da Crimeia, mas porque vai ouvi-la cada vez mais. Esta é mais uma oportunidade, que lança o destino e que simplesmente é vital e indispensável aproveitar e usar. E Jamala, certamente fará isto.
Isso é possibilidade de lembrar, constantemente ao mundo sobre a ocupação ilegal da Criméia. Sobre a tragédia do povo tártaro da Criméia, a violação dos direitos dos crimeanos na anexada pela Rússia península. Isso é interesse mundial pelo tema da cultura dos tártaros crimeanos. Original, poderosa representante que confiante deixou para trás todos os concorrentes em um dos concursos musicais mais famosos.
Recebendo o status de vencedora do "Eurovision", Jamala será uma espécie de embaixatriz dos tártaros da Criméia, que será ouvida nos mais altos gabinetes internacionais. Isto é um grande desafio para cantora, e grande oportunidade para o seu povo.
A vitória de Jamala também vai incentivar as autoridades ukrainianas, tradicionalmente passivas na questão da Criméia. Ela já não poderá escapar, facilmente, das obrigações, precisará criar estratégias, ser mais decisiva.
E "Eurovision-2017", que acontecerá na Ukraina, também deve estar completamente imbuído com o tema dos tártaros crimeanos e da Criméia. Independentemente de, a península permanecer ocupada, ou já não, naquele momento. Não se pode perder neste momento o interesse mundial. Ele deve ser, constantemente, alimentado. Sempre lembrar pelo crime da Rússia e pela forte nação, a qual não exterminaram nem com deportações, nem com anexação, nem intimidação. A vitória de Jamala mostra isso claramente.
Em maio de 1944, Stalin assinou um decreto sobre a deportação . Os tártaros da Criméia eram acusados de deserção, colaboração com os nazistas, massacre de guerrilheiros soviéticos.
Em 1989 a deportação foi reconhecida pelo Soviete Supremo ilegal e criminosa.
Apesar do fato de que os representantes do povo da Criméia lutavam no Exército Vermelho e até participavam do movimento da guerrilha, o motivo para a deportação foi a acusação de colaboração com o Terceiro Reich.
Os tártaros da Criméia que lutavam no Exército Vermelho, após a desmobilização também foram submetidos a expulsão. Algumas exceções (oficiais) que não foram submetidos à deportação, foram proibidos de viver na Criméia. No total, nos anos de 1945-1946 foram deportados 8.995 tártaros - veteranos da guerra, incluindo 524 oficiais e 1392 sargentos. Em 1952, após a fome de 1945, apenas no Uzbequistão contavam-se, segundo NKVD, 6057 veteranos da guerra, muitos dos quais possuíam prêmios do governo.
A operação de deportação começou no início da manhã de 18 de maio de 1944 e terminou às 16:00 em 20 de maio. Para sua realização foram envolvidos 32 mil pessoas. Aos deportados davam, de alguns minutos e meia hora, após o que os transportavam nos caminhões até as estações ferroviárias. Os trens os levavam para os locais de exílio. Na viagem os exilados eram raramente alimentados, quando eram, havia muito sal na comida, o que causava muita sede. Em alguns trens, receberam alimentação, pela primeira e última vez, na segunda semana de viagem. Os mortos eram enterrados às pressas ao lado dos trilhos, ou nem eram enterrados.
Assistência médica não havia. Os mortos eram retirados dos vagões e deixados nas estações, sem serem enterrados.
As pessoas bebiam água de lagoas, e de lá, levavam para reserva. Fervê-la não havia possibilidade. Começaram a ficar doentes, com disenteria, febre tifóide, malaria, sarna, os piolhos atormentavam a todos. Os dias eram quentes, a sede atormentava constantemente. Após alguns dias os primeiros mortos do nosso vagão: uma velhinha e um menininho.
No telegrama da NKVD, no nome de Stalin diza-se que foram deportados 183.155 pessoas (não incluindo soldados do exército, que foram enviados para assentamentos especiais depois da desmobilização em 1945). Segundo dados oficiais, no trajeto, morreram 191 pessoas. O último trem foi descarregado em 08 de junho de 1944. A maior parte dos deslocados foi para Uzbequistão (151.136 pessoas) e áreas adjacentes a Cazaquistão (4.286 pessoas) e Tajiquistão, pequenos grupos foram enviados para Marian USDA (8,597 pessoas), nos Urais e na região de Kostroma.
O destino dos tártaros de Criméia.
Uma grande quantidade de pessoas deslocadas, desnutridas pela ocupação alemã de três anos, morreu nos novos lugares
de fome e doenças em 1944-45. As estimativas deste período são muito diferentes: a partir de 15-25% de acordo com vários organismos soviéticos, a 46% de acordo com os ativistas do movimento Criméia Tatar, que coletavam informações sobre mortos em 1960. Então, durante os primeiros seis meses, teriam morrido 16.052 pessoas.
Durante 12 anos, até 1956 os tártaros crimeanos tinham o estatuto de colonos especiais, o que significava várias restrições de direitos, incluindo o cruzamento de fronteira e sanções penais para sua violação. São conhecidos inúmeros casos, quando as pessoas eram condenadas, a até 25 anos, porque visitavam parentes em aldeias vizinhas, cujos territórios pertenciam a outros assentamentos especiais.
Ao contrário de alguns outros povos deportados, que voltaram para sua pátria no final de 1950, os tártaros da Criméia foram privados desse direito, formalmente até 1974, de fato - até 1989. O retorno em massa da nação à Criméia começou apenas no final da "perestroica" de 1989.
Tradução: O. Kowaltschuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário