quinta-feira, 29 de outubro de 2015


Triunfo de Kernes - Tapa no Maidan
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 28.10.2015
Natália Baliuk


O resultado das eleições locais na Ukraina: nem tudo é tão ruím. Para Putin a eleição de prefeitos em algumas cidades do leste e do sul, e a vitória das forças políticas em algumas províncias próximas ao "front", infelizmente, não atendem às declarações otimistas de Petro Poroshenko que, imediatamente, após as eleições, declarou com otimismo, que a "revanche das forças anti-democráticas, com as quais, tanto nos assustavam, não aconteceu.

Se quase 60% dos habitantes de Kharkiv votaram pelo extremamente odioso Kernes, que é a personificação do regime Yanukovych, e isto - não é revanche, então, de acordo com o presidente, o que deveria ser revanche?

O presidente está feliz, que "não aconteceu nenhuma divisão na Ukraina e falhou a tentativa da Rússia de criar em nosso país a quinta coluna pró-Rússia. A quinta coluna foi criada a muito tempo e se sente muito confortável. Sim, ela, temporariamente está à espreita, parcialmente dissolvida em várias forças políticas,  incluindo algumas "pró-ukrainianas", mas não desapareceu. E o pior, que a quinta coluna, em muitos ukrainianos, ainda está na cabeça. Porque com o que pode ser explicada a votação pelo reacionário "Ukrainofobo" Kernes ou pelo capanga de Yanukovych, Vilkul (Dnipropetrovsk), ou pelo repintado "regional" que ainda recentemente usava a fita de St. George, Trukhanov (A fita de St. George é símbolo russo - OK). Se, a um ano atrás, na eleição do prefeito de Odessa, o mesmo Trukhanov não tinha alternativa decente (com ele concorria o não menos odioso Hurwits), então havia escolha sem escolha, mas, desta vez os eleitores de Odessa tinham escolha. A eles deram chance a uma escolha decente. Das forças democráticas candidatava-se  Alexandre Borovik, apoiado por Saakashvili. E o que sobrou no fundo? Mais de 50% pelo ex-regional! Bem mesmo que alguns por cento falsificaram, mas assim mesmo o resultado impressiona. Melhor, assusta! E isto em próxima à linha da frente Odessa, a qual, parecia, com muito entusiasmo recebeu o reformados Saakashvili. Como  pôde fazer isto? E parecia que fez clarividentes conclusões sobre as perspectivas de domínio do chamado mundo russo. Poroshenko diz que a divisão não aconteceu. Mas Odessa está mentalmente dividida: metade quer mudanças radicais, e metade está completamente satisfeita com o resultado de ontem, está disposta conservar a si mesma, e ao país. Mas, afinal, o que é Odessa e Kharkiv, se em Chernivtsi o primeiro lugar para o Conselho Municipal conseguiu o recém criado "Cidade Natal" que é um clone do Partido das Regiões, e em Volyn lidera - "UKROP" (União de Patriotas Ukrainianos) de Kolomoisky.
Se em cabeças de alguns ukrainianos é totalmente "vata"(¹), em outros - "vechevata" (pseudo patriotismo). Espaço para os cérebros não restou...

O governo pós revolucionário fez muito pouco para mudar a consciência obstruída com chavões e estereótipos de grande parte dos ukrainianos. Incluindo o próprio exemplo. E agora, em vez de admitir desagradáveis a si realidades, colocar diagnóstico correto, o presidente simula uma aparência boa em um jogo ruím. De modo banal apresenta o desejado ao invés da realidade, embala os ukrainianos. Isto lembra a tradição soviética de não perceber os problemas, apresentar os problemas e deficiências como preferências e vitórias. Claro, pode-se ficar com raiva dos habitantes de Kharkiv e Odessa,, de Kherson e Dnipropetrovsk, de Volyn e Khmelnetsky (onde venceu o partido "Pelas ações concretas", que é um satélite do Partido das Regiões), até os moradores de Lviv pode-se xingar pelo apoio de alguns traidores e eternos carreiristas-oportunistas, mas não haveria estes resultados vergonhosos, se governo tivesse cumprido a principal exigência da Revolução da Dignidade - ladrões, bandidos e corruptos envia-se para prisão, que há muito chora por eles. E, então não haveria triunfo de Kernes e Vilkul. Então haveria eleições em Mariupol, que se sente traído. Ele, parece, pertence a Ukraina, mas    por impossibilidade de votar com o país, sente-se separado. Uma tal "zona cinzenta" entre a paz e a guerra... Alguém responderá por isto? Particularmente a Comissão Eleitoral Central (CEC) que contribui para o fracasso das eleições? Aliás, sobre a CEC é preciso falar em separado. 

Sua atual composição foi formada ainda pelo presidente Yushchenko (2007). Decisivamente "cristalizava-se durante o período Yanukovych. Então o chefe da CEC tornou-se o apadrinhado de Kivalov, um tal de Okhendovsky, que trabalha no CEC desde o turbulento 2004. É bem sabido a que tarefas esta Comissão Eleitoral foi "afiada". Depois da Revolução da Dignidade primeiro, o que deveria fazer o nosso governo, - dissolver este "ninho" e criar uma completamente nova composição da Comissão composta de advogados impecáveis e cidadãos ativos. E fazer isto não apenas em considerações políticas ou moralmente éticas, mas de acordo com a lei. Pois os plenos poderes da CEC atual terminaram em 2014. Mas, nem o presidente, nem o novo Parlamento, nem um dedo levantaram para, simplesmente, executar a lei.  Ainda mais, o presidente Poroshenko, talvez por algum receio, outorgou a Okhendovsky a Ordem de Yaroslav, o Sábio(²). E todos engoliram isto em silêncio. E hoje, indignamo-nos, porque CEC caçou o segundo turno em Pavlograd, onde vence o candidato do Bloco de Oposição, ex-regional e miliciano Anatoli Vershyna? Por que tão rapidamente anunciaram como vencedor, já no primeiro turno Trukhanov? Por que mudaram a composição da TVK (Comissão Eleitoral Territorial) em Mariupol em proveito das pessoas de Akhmetov? Por que - por que... Porque a CEC agora está completamente alinhada!

Uma das razões para os problemas atuais - o desejo do chamado novo governo, jogar pelas regras antigas. A mão não levanta para cortar esta cauda, que nos conduz ao passado. Sobre quais reformas radicais pode haver cogitação, se nós não somos capazes de realizar, normalmente, nem a lustração, nem a de-comunização, nem a de-oligarquização. 
Isto lembra uma velha piada soviética: que detalhes da fábrica não retiro, quando guardo em casa, sempre vem o rifle Kalashnikov.
Assim temos: o que fazemos, mas construir um país normal não acontece...

(¹) - ("Vata" - que a autora diz estar na cabeça dos ukrainianos, sinceramente, eu não sei explicar qual é o sentido  desta palavra no texto. Vata em ukrainiano é o nome do algodão, aquele, da farmácia.-OK).
(²) -( A "Ordem de Yaroslav, o Sábio" dada a um politiqueiro qualquer, ou mesmo a um simples funcionário, mesmo eficiente.? Esta Ordem só deveria ser dada a pessoa de grande relevância nacional. - OK)

Tradução: O. Kowaltschuk

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