terça-feira, 27 de outubro de 2015


Revanche pró Rússia nas eleições não houve
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 26.10.2015
Ivan Farion 

Mas o perigo quanto a implementação do cenário de Kremlin, através das autoridades dos órgãos locais não desapareceu.

Nestas eleições não faltou exotismo.
Nos últimos 15 meses Ukraina experimentou a terceira e (há esta esperança) última dos quatro anos eleição. Aconteceu em 25 de outubro. Embora elegiam-se autoridades locais, têm significado de importância nacional. Não mais o centro, e sim, órgãos locais serão responsáveis pelas políticas sociais e econômicas em seus territórios. Novos conselhos receberão mais autoridade, responsabilidade e finanças... As eleições de outubro foram, talvez, as mais interessantes para os especialistas e, possivelmente, mais intrigantes e extenuantes - aos eleitores. Durante esta campanha nós vimos de tudo: tensão e apatia, novas regras e antigos erros, confirmação de prognósticos em separado e destruição de estereótipos, desenvolvimento e queda, dramas e comédias eleitoreiros. Como diria um conhecido herói de cinema - Babylon, irmão!

Por enquanto é difícil avaliar claramente o resultado. Imagem completa não dão nem os dados conflitantes dos sociólogos. Qual a força política tornou-se triunfante - e qual ficou em último lugar, poderá ser julgado apenas após o término da contagem de votos e uso de fórmula especial, as comissões territoriais determinarão os "vencedores" em listas partidárias. No entanto o esboço do mapa da política regional já é visível. Uma de suas características: lá, onde antes havia hegemonia completa de política pró-russa, as forças ukrainianas ocupam posição.

Capital: sem "os de ontem". Volyn capturado por "UKROP" (União dos Patriotas Ukrainianos).

A maioria de vereadores de Kyiv constituirão representantes de partidos pós-Maidan. Os antigos "regionais" não entram. Primeiro lugar "Bloco Petro Poroshenko" (BPP) - 28,3%, segundo, partido do prefeito de Lviv "Samopomich" (Auto suficiência) - 10,3%, terceiro, "Batkivschyna" (Pátria).

Na "segunda capital", Kharkiv, com grande vantagem lidera "Vidrodgenia" (Renascimento), apoiado por Kernes, Homytynnik (e dizem Kolomoisky), segundo, inesperadamente "Samopomich", terceiro lugar ainda não determinado.

Em Dnipropetrovsk, o favorito é "UKROP" (União de Patriotas Ukrainianos), e o Bloco de Oposição. Ambos com 34% - 32% respectivamente.

Odessa - entre "Bloco Petro Poroshenko" (BPP) e "Opoblok" (Bloco de Oposição) - 26,6% e 20,5%. Terceiro lugar ainda não determinado.

Poltava: "BPP" e "Svoboda" (Liberdade), com 15¨e 13%

Kirovograd: "BPP" e "Nash Kray" (Nossa Pátria) com 18,3% e 16,5%

Ivano-Frankivsk: "Svoboda" e "BPP" com 31,4% e 18,4%

Ternopil: "BPP" e "Svoboda" com 24% e 18%

Volyn: "UKROP" na dianteira.

Apesar de que a oposição perdeu na capital, ela melhorou sua posição em algumas regiões do leste e do sul. O presidente do "OB" (bloco de Oposição) -  "opoblok" Yuriy Boyko diz que, além de Dnipropetrovsk e Odessa, são os primeiros em Donetsk, Luhansk e Mykolaiv. No entanto, vantagem dos antigos "regionais" já não é tão alta quanto foi durante o reinado de Yanukovych. Por exemplo, em Lysychansk, onde havia 95% de representantes do Partido das Regiões, agora o "Bloco de Oposição" tem 57%, "BPP" - 16% e Auto-Suficiência" - 10%. O mito de que no Donbas poderiam eleger apenas os"regionais", evaporou.

Em Donetsk, o presidente chefe da Administração Paulo Zhebrivskyi diz que o governo, na maior parte do território pode formar as forças democráticas, não pró-russas do "Bloco de Oposição".

Interessante observação do blogger Paul Shuklinova: "Se nas eleições locais de 2010, nas regiões sul e leste, as forças democráticas da UE e OTAN, foram de 10 - 15%, agora são 25 - 45 %.

De acordo com o presidente Petro Poroshenko "revanche de forças não democráticas, com as quais tanto nos assustavam, não aconteceu... Não aconteceu a divisão da Ukraina, falhou a tentativa da Rússia no nosso meio, a quinta coluna pró Rússia".

Votação no Donbas frustravam na Comissão eleitoral Central?

As eleições de domingo destacaram muitos problemas. Impressionante foi a baixa participação, inferior a 50%. A recusa ao voto foi uma espécie de protesto dos cidadãos não só contra a política sócio-econômica extremamente difícil, muito lenta quanto às reformas, simulado combate à corrupção. Os cidadãos estão  ressentidos porque muitos vereadores e prefeitos candidatavam-se (e em alguns lugares venceram) pessoas, que por seus mal-feitos, a muito tempo já deveriam estar atrás das grades. Entre eles - conduziam politica anti-ukrainiana, favoreciam os separatistas. Líderes pós-Maidan, juntamente com as forças de segurança fecharam os olhos para seus pecados. E isto, consideram os eleitores, é traição aos ideais do Maidan, insulto àqueles que morreram durante a Revolução da Dignidade e na zona da ATO. Semelhante falta de princípios, segundo convictos cidadãos patriotas, pode levar à revanche dos "anteriores"...

Será que não foi por isto a sem precedente quantidade de cédulas deliberadamente danificadas? Em muitas os cidadãos escreviam o que pensam dos governantes. Frequentemente usavam palavras não publicáveis. Em resposta a uma reação tão dolorosa o presidente da facção "BPP" Yuri Lutsenko declarou: Teremos uma conversa muito dura com o primeiro-ministro - ele responderá pelos grandes erros na indexação de pensões e salários e outros assuntos que ouvi das pessoas nas eleições. Nós podemos prognosticar grandes mudanças no Gabinete Ministerial, até os globais, já em novembro.

Outra característica da votação de domingo - grande quantidade de documentos perdidos, principalmente cédulas. Em dezenas de circunscrições territoriais e locais de votação tiveram que reimprimi-los. Em Ternopil reimprimiram duas vezes - primeiro escreveram errado o nome do candidato e, em seguida, "esqueceram" incluir um candidato (No tempo de Yanukovych ninguém se atrevia a errar, tinham medo - OK).

Além dos erros involuntários houve fraude intencional . Observadores registraram agitação ilegal, notórios "carrosséis" visitas de "titushok" (Os valentões do período Yanukovych que costumavam maltratar o povo - OK), inclusão de cédulas desnecessárias, reescrita de protocolos e venda de votos.

Infelizmente, devido a  graves violações não houve eleições em Mariupol e Krasnoarmiysk. Contribuiu para isto o presidente da Comissão Central Eleitora Michael Okhendovsky, ex-regional que, ao invés de alcançar nova publicação de cédulas ficou ameaçando com casos criminais os membros do TCE que proibiam a votação com cédulas erradas. (Em vários lugares houve a reimpressão e houve votação. A pergunta é: Por que, por tanto tempo, além do prazo devido, continua no cargo o escandaloso Okhendovsky? E, pelo quê, o nosso presidente, recentemente, lhe conferiu a Ordem de Yaroslav, o Sábio?...

O presidente da separatista "República Popular de Luhansk" aproveitou para dizer que, já que as eleições na Ukraina ocorreram com "violação flagrante das normas da OSCE e procedimentos democráticos" então, os ukrainianos não tem nada para fazer nas próximas eleições na "República Popular de Luhansk". Entre o feito e o falado, pegadas levam ao Kremlin.

A situação mais exótica ocorreu na seção eleitoral onde votaria o presidente Poroshenko. Sumiram as chaves do cofre que guardava as cédulas. Foi preciso arrombá-lo.

Julia Tymoshenko, deputada da Ukraina, foi votar em Dnipropetrovsk, de avião. Devido a névoa desembarcou em Zaporizhye e o restante do trajeto fez de carro. Não deram chance, precisou entrar na fila.

Mikhail Saakashvile, Chefe de Estado da Administração Regional de Odessa (equivalente
 a governador de Estado) veio votar... de bicicleta.

Alexander Paly, cientista político:
Na Ukraina já tem uma forma constante de não gostar e denegrir qualquer poder. Mas é necessário compreender: qualquer poder próprio é melhor do que o caos e a ocupação estrangeira. Recentemente em Kyiv o ex-presidente de Israel Shimon Peres, disse uma frase brilhante: "Sua geração jovem - admirável. Mas o que me deixa com raiva nela - ela despreza os políticos. Os jovens dizem: política é corrupta, não é para nós. Eu respondo: vocês são honestos, vocês querem uma política honesta? Então vá e faça uma política honesta."

Tradução: O. Kowaltschuk

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