sábado, 31 de outubro de 2015

CEC de PROkhendovsky favorece manipulação dos resultados das eleições locais.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 30.10.2015
Ivan Farion

Se o oncologista não remover o tumor a metástase rapidamente se espalhará e levará o doente ao túmulo. A analogia aplica-se a Comissão Eleitoral Central da Ukraina, liderada por Michael Okhendovsky. Isto inclui as recentes eleições parlamentares, incluindo os acontecimentos escandalosos em Mariupol, Odessa, Pavlograd. O papel de Okhendovsky foi de liderança.

Em Mariupol, as cédulas foram impressas com erros grosseiros nos escritórios do oligarca Akhmetov. Em vez de exigir nova impressão (Em vários loais imprimiram ligeirinho e a votação foi possível) o presidente da CEC exigiu votação nas células corruptas. Devido a "desobediência" ameaçou e insistiu na eleição até duas horas antes do fechamento das urnas. Parcialidade óbvia.

Em Pavlograd, na região de Dnipropetrovsk, onde pelo cargo de prefeito disputavam Anatoli Vershyna do  "Bloco da Oposição" (com aproximadamente 34% e o estreante "UKROP" (União de Patriotas Ukrainianos), participante da ATO Eugene Tyeryehovym  ( aproximadamente 20%). No momento das eleições, na cidade, estavam registrados 90.250 eleitores (De acordo com a lei, havendo mais de 90 mil eleitores há a obrigatoriedade do 2º turno, se nenhum dos candidatos conseguir mais de 50% mais um voto, entre os dois primeiros lugares). Com a interferência das "forças superiores" o segundo turno foi caçado. Influenciou também o comando do oligarca Akhmetov e Vershyna tornou-se prefeito de Pavlograd. Motivaram esta decisão de que, de repente, havia 500 eleitores a menos em Pavlograd.  De repente, eles excluíram-se da lista da cidade. Então agora seria necessário não somente estabelecer quem persuadiu os 500 eleitores a abandonar suas casas, mas, principalmente, avaliar o comportamento do chefe da CEC, cujas ações fazem fronteira com o crime.

Sob pressão da indignação pública, a CTE (Comissão Territorial Eleitoral) acabou decidindo o segundo turno. O Tribunal Administrativo de Recursos anulou a escandalosa decisão da CEC.

Por causa das manipulações, as quais observavam "através dos dedos" na CEC, houve explosão de descontentamento popular também em Odessa. Segundo todas as sondagens, para segunda rodada candidatavam-se o atual prefeito Gennady Truhanov (atrás do qual arrasta-se uma questão penal) e conselheiro do presidente da ODA (Administração Estatal Regional) Oleksandr Borovik. No entanto, Truhanov (aquele, que com orgulho pregava no seu paletó a fita de St. George - símbolo russo), não quis ir para este duelo. Sua equipe, de várias maneiras começou a "puxar" votos para completar os 50% mais 1 (um). E conseguiu a tarefa. Na Comissão Eleitoral "pintaram" para Truhanov quase 53% e o anunciaram prefeito.

O CEC deveria averiguar  as graves violações em Odessa, que estão documentados mas, novamente, eximiu-se. E isto já não é descuido, mas tendência.

Tendenciosidade de Okhendovsky já é antiga. Ainda desde 2004 o então chefe da CEC Sergey Kivalov enviou-o, juntamente com outros dois "especialistas" para o supremo Tribunal para demonstrar, que o presidente, na segunda rodada, tornou-se Viktor Yanukovych. Okhendovsky, então, fez de tudo para argumentar que não houve fraude. Tal devoção o Partido das Regiões valorizou totalmente. Com a "recomendação" do Partido das Regiões Okhendovsky tornou-se presidente da CEC.
O dirigente de um dos mais importantes órgãos estatais vive no mesmo luxo fabuloso dos que o trouxeram para este cargo. Sua "Fazenda" - uma casa de três andares na área de resort, com 600 m², rodeada por um muro de três metros de altura. Cuidam dela oito guardas. Okhendovsky anda numa "Mercedes" de 100 mil dólares, acompanhado por um jipe "Nissan" e dois Volkswagen". De onde esta escolta - não se sabe, em sua declaração consta apenas um "Lexus". E, mais um objeto "ínfimo": o relógio de Okhendovsky vale 60 mil dólares, o que é duas vezes mais que seu salário anual... 

- Por que tal "armação" até agora não afastaram? As autoridades pós-Maidan podiam fazê-lo ainda em junho do ano passado, quando chegou ao término a composição atual da CEC. Pelo contrário, estimularam o funcionário. Petro Poroshenko... condecorou-o com a Ordem de Yaroslav, o Sábio. Como diz o decreto, "por sua significativa contribuição para a construção da nação, desenvolvimento sócio-econômico, técnico-científico, cultural e educacional do Estado Ukrainiano, trabalho consciencioso de muitos anos e elevado profissionalismo." (Como são falsas essas condecorações!!! - OK).

(Prezados leitores, desculpem a repetição do assunto, mas este artigo é bem mais completo que o anterior. E eu faço votos que o atual presidente não se reeleja porque ele revoltou a nação ukrainiana, que não esperava por isto, quando votou nele. Se não fez de propósito, fê-lo por inércia! Fê-lo neste período de luto por centenas de jovens ukrainianos que morreram e ainda morrem no Donbas. Afinal, aonde foi que viu a tão significativa contribuição de Okhendovsky???. Agora, e somente agora está falando na renovação do pessoal da CEC. - OK).

Korban detido pelo SBU (Serviço de Segurança da Ukraina).
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 31.10.2015

Candidato a prefeito de Kyiv, membro do Partido "UKROP" (União dos Patriotas Ukrainianos) e o mais próximo companheiro do oligarca Igor Kolomoisky, Gennady Korban foi detido pelo SBU, avisou em sua página no Facebook seu correligionário e candidato a prefeito de Dnipropetrovsk Boris Filatov.

Procuradoria e Serviço de proteção da Ukraina realizaram uma operação especial, e em grande escala, para prender membros de um grupo criminoso organizado. Houve uma longa e cuidadosa preparação, com a inclusão de serviços operacionais - a partir de escutas telefônicas, vigilância por vídeo, etc. Argumentos de qualidade estão sendo preparados. Na Procuradoria Geral salientaram: "Nenhuma causa política aqui não há. 
"Os policiais aguardavam a conclusão das eleições locais, e no sábado realizaram ações de grande escala contra esta organização criminosa", - especificaram na Procuradoria Geral. ((Ontem, sábado, dia 30 de outubro foi declarado vencedor para prefeitura de Kyiv, o atual prefeito Klitchko - OK).
A Procuradoria destaca que o principal item da operação especial é o Artigo 255 do Código Penal da Ukraina - atividade de organização criminal.

A Procuradoria também avisou, que mais tarde divulgará a informação, se as pessoas que estão sendo verificadas, têm envolvimento partidário. No momento estas pessoas não estão sendo pesquisadas como membros de um partido, mas como pessoas que, pelos aplicadores da lei são suspeitas como pertencentes a uma organização criminosa.

O porta voz do SBU (Serviço de Proteção da Ukraina) Elena Hitlyanska avisou no Facebook: "SBU e Procuradoria Geral realizam operação especial em grande escala em Dnipropetrovsk! Envolve mais de 500 funcionários do Serviço de Segurança.

Também Elena Hitlyanska declarou que poderia levantar o véu sobre apenas um dos aspectos de operação especial: "Há evidências de desvio do fundo que foi criado para ajudar os soldados da ATO, aonde os ukrainianos doaram dinheiro para ajudar os soldados".

Constatou-se que deste fundo foi roubado cerca de 40 milhões de UAH. Eles foram aproveitados para compra de valiosos carros. Ela acrescentou que o grupo usava os serviços dos centros de conversão.

"UKROP" mostrou documento, ao abrigo do qual o Serviço de Segurança e da Procuradoria, realizava a busca.

O candidato a prefeito de Dnipropetrovsk, membro do Partido "UKROP", Bóris Filatov anunciou uma "mobilização geral" do partido: "Faço apelo aos membros do nosso partido, deputados, eleitores, soldados desmobilizados, voluntários... Preparemo-nos para dar a última batalha aos revanchistas e colaboracionistas... Reunamo-nós às 18 hors próximo a DniproODA. Temos assunto para conversar. E o que mostrar ao inimigo", - declarou ele.
(Já que o fuso horário permite, logo abaixo estão as fotos. -OK). Como avisa Interfax-Ukraina, reuniram-se cerca de 800 pessoas. Filatov tem a intenção de trazer às ruas de Kyiv os apoiantes de seu poder político. ""Desestabilização em Dnipropetrovsk não haverá, toda a ênfase será transferida para Kyiv".



Agora vejamos o que diz o Prefeito de Lviv
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 31.10.2015


Sadovyi, prefeito de Lviv desde 2.004. Estas eleições ele ainda não ganhou (Se bem que, aqui de longe eu penso que deveria - OK). O problema foi a grande quantidade de partidos e seus respectivos candidatos. Ele não obteve os 50% mais 1 (um) voto e vai concorrer no 2º turno, sem nenhuma briga, sem nenhum alvoroço. O segundo turno deverá ocorrer no dia 15.11.2015.

"Na quinta-eira, dia 30.10.2015, à noite minha família sentiu na própria pele o problema que é óbvio, que existe em todo o país, mas ao qual poucos prestam atenção.
O rapaz que atirou uma granada para dentro de minha casa, na qual estavam minha família, meus filhos, diz que não tinha nada pessoal contra mim, mas queria assim, protestar contra a injustiça. 
Eu não vou procurar aqui quaisquer motivos secretos e mandantes desconhecidos. Eu quero que este incidente nos obrigue a olhar no olho do problema.
Hoje eu decidi ir à casa da família do rapaz. Conversei com sua avó - 91 anos tem a senhora Halyna, e tentei entender melhor o que nos espera no futuro.
Os rapazes voltam da guerra. E continuam sozinhos com as suas famílias, e com as dificuldades..

Por isto passaram todos os países, onde houve guerra. 
Infelizmente, com os problemas dos soldados que retornaram ocupam-se apenas as autoridades locais, voluntários e família.  O Estado, simplesmente afastou-se e deixou-nos sozinhos com dezenas de milhares de pessoas jovens, que retornam da frente.
Lviv foi a primeira cidade da Ukraina que aprovou um programa de ajuda financeira e material  aos combatentes da ATO e suas famílias. Não existe nenhum programa estatal até hoje. 

Na próxima semana nos abriremos um novo centro de reabilitação para feridos. E novamente - apenas com os fundos locais. 
Primeiros na Ukraina começamos a construir habitações para famílias dos heróis falecidos, e posteriormente aos participantes. E, você acha que houve algum tipo de auxílio estatal? Mais uma vez, não.
Certamente, nós faremos tudo, o que estiver em nossas forças. Lviv será exemplo de unidade e apoio mútuo.
E, um Estado, que não abandona à própria sorte os seus defensores, nós ainda precisamos construir", - disse Andriy Sadovyi, prefeito de Lviv.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 29 de outubro de 2015


Triunfo de Kernes - Tapa no Maidan
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 28.10.2015
Natália Baliuk


O resultado das eleições locais na Ukraina: nem tudo é tão ruím. Para Putin a eleição de prefeitos em algumas cidades do leste e do sul, e a vitória das forças políticas em algumas províncias próximas ao "front", infelizmente, não atendem às declarações otimistas de Petro Poroshenko que, imediatamente, após as eleições, declarou com otimismo, que a "revanche das forças anti-democráticas, com as quais, tanto nos assustavam, não aconteceu.

Se quase 60% dos habitantes de Kharkiv votaram pelo extremamente odioso Kernes, que é a personificação do regime Yanukovych, e isto - não é revanche, então, de acordo com o presidente, o que deveria ser revanche?

O presidente está feliz, que "não aconteceu nenhuma divisão na Ukraina e falhou a tentativa da Rússia de criar em nosso país a quinta coluna pró-Rússia. A quinta coluna foi criada a muito tempo e se sente muito confortável. Sim, ela, temporariamente está à espreita, parcialmente dissolvida em várias forças políticas,  incluindo algumas "pró-ukrainianas", mas não desapareceu. E o pior, que a quinta coluna, em muitos ukrainianos, ainda está na cabeça. Porque com o que pode ser explicada a votação pelo reacionário "Ukrainofobo" Kernes ou pelo capanga de Yanukovych, Vilkul (Dnipropetrovsk), ou pelo repintado "regional" que ainda recentemente usava a fita de St. George, Trukhanov (A fita de St. George é símbolo russo - OK). Se, a um ano atrás, na eleição do prefeito de Odessa, o mesmo Trukhanov não tinha alternativa decente (com ele concorria o não menos odioso Hurwits), então havia escolha sem escolha, mas, desta vez os eleitores de Odessa tinham escolha. A eles deram chance a uma escolha decente. Das forças democráticas candidatava-se  Alexandre Borovik, apoiado por Saakashvili. E o que sobrou no fundo? Mais de 50% pelo ex-regional! Bem mesmo que alguns por cento falsificaram, mas assim mesmo o resultado impressiona. Melhor, assusta! E isto em próxima à linha da frente Odessa, a qual, parecia, com muito entusiasmo recebeu o reformados Saakashvili. Como  pôde fazer isto? E parecia que fez clarividentes conclusões sobre as perspectivas de domínio do chamado mundo russo. Poroshenko diz que a divisão não aconteceu. Mas Odessa está mentalmente dividida: metade quer mudanças radicais, e metade está completamente satisfeita com o resultado de ontem, está disposta conservar a si mesma, e ao país. Mas, afinal, o que é Odessa e Kharkiv, se em Chernivtsi o primeiro lugar para o Conselho Municipal conseguiu o recém criado "Cidade Natal" que é um clone do Partido das Regiões, e em Volyn lidera - "UKROP" (União de Patriotas Ukrainianos) de Kolomoisky.
Se em cabeças de alguns ukrainianos é totalmente "vata"(¹), em outros - "vechevata" (pseudo patriotismo). Espaço para os cérebros não restou...

O governo pós revolucionário fez muito pouco para mudar a consciência obstruída com chavões e estereótipos de grande parte dos ukrainianos. Incluindo o próprio exemplo. E agora, em vez de admitir desagradáveis a si realidades, colocar diagnóstico correto, o presidente simula uma aparência boa em um jogo ruím. De modo banal apresenta o desejado ao invés da realidade, embala os ukrainianos. Isto lembra a tradição soviética de não perceber os problemas, apresentar os problemas e deficiências como preferências e vitórias. Claro, pode-se ficar com raiva dos habitantes de Kharkiv e Odessa,, de Kherson e Dnipropetrovsk, de Volyn e Khmelnetsky (onde venceu o partido "Pelas ações concretas", que é um satélite do Partido das Regiões), até os moradores de Lviv pode-se xingar pelo apoio de alguns traidores e eternos carreiristas-oportunistas, mas não haveria estes resultados vergonhosos, se governo tivesse cumprido a principal exigência da Revolução da Dignidade - ladrões, bandidos e corruptos envia-se para prisão, que há muito chora por eles. E, então não haveria triunfo de Kernes e Vilkul. Então haveria eleições em Mariupol, que se sente traído. Ele, parece, pertence a Ukraina, mas    por impossibilidade de votar com o país, sente-se separado. Uma tal "zona cinzenta" entre a paz e a guerra... Alguém responderá por isto? Particularmente a Comissão Eleitoral Central (CEC) que contribui para o fracasso das eleições? Aliás, sobre a CEC é preciso falar em separado. 

Sua atual composição foi formada ainda pelo presidente Yushchenko (2007). Decisivamente "cristalizava-se durante o período Yanukovych. Então o chefe da CEC tornou-se o apadrinhado de Kivalov, um tal de Okhendovsky, que trabalha no CEC desde o turbulento 2004. É bem sabido a que tarefas esta Comissão Eleitoral foi "afiada". Depois da Revolução da Dignidade primeiro, o que deveria fazer o nosso governo, - dissolver este "ninho" e criar uma completamente nova composição da Comissão composta de advogados impecáveis e cidadãos ativos. E fazer isto não apenas em considerações políticas ou moralmente éticas, mas de acordo com a lei. Pois os plenos poderes da CEC atual terminaram em 2014. Mas, nem o presidente, nem o novo Parlamento, nem um dedo levantaram para, simplesmente, executar a lei.  Ainda mais, o presidente Poroshenko, talvez por algum receio, outorgou a Okhendovsky a Ordem de Yaroslav, o Sábio(²). E todos engoliram isto em silêncio. E hoje, indignamo-nos, porque CEC caçou o segundo turno em Pavlograd, onde vence o candidato do Bloco de Oposição, ex-regional e miliciano Anatoli Vershyna? Por que tão rapidamente anunciaram como vencedor, já no primeiro turno Trukhanov? Por que mudaram a composição da TVK (Comissão Eleitoral Territorial) em Mariupol em proveito das pessoas de Akhmetov? Por que - por que... Porque a CEC agora está completamente alinhada!

Uma das razões para os problemas atuais - o desejo do chamado novo governo, jogar pelas regras antigas. A mão não levanta para cortar esta cauda, que nos conduz ao passado. Sobre quais reformas radicais pode haver cogitação, se nós não somos capazes de realizar, normalmente, nem a lustração, nem a de-comunização, nem a de-oligarquização. 
Isto lembra uma velha piada soviética: que detalhes da fábrica não retiro, quando guardo em casa, sempre vem o rifle Kalashnikov.
Assim temos: o que fazemos, mas construir um país normal não acontece...

(¹) - ("Vata" - que a autora diz estar na cabeça dos ukrainianos, sinceramente, eu não sei explicar qual é o sentido  desta palavra no texto. Vata em ukrainiano é o nome do algodão, aquele, da farmácia.-OK).
(²) -( A "Ordem de Yaroslav, o Sábio" dada a um politiqueiro qualquer, ou mesmo a um simples funcionário, mesmo eficiente.? Esta Ordem só deveria ser dada a pessoa de grande relevância nacional. - OK)

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 27 de outubro de 2015


Revanche pró Rússia nas eleições não houve
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 26.10.2015
Ivan Farion 

Mas o perigo quanto a implementação do cenário de Kremlin, através das autoridades dos órgãos locais não desapareceu.

Nestas eleições não faltou exotismo.
Nos últimos 15 meses Ukraina experimentou a terceira e (há esta esperança) última dos quatro anos eleição. Aconteceu em 25 de outubro. Embora elegiam-se autoridades locais, têm significado de importância nacional. Não mais o centro, e sim, órgãos locais serão responsáveis pelas políticas sociais e econômicas em seus territórios. Novos conselhos receberão mais autoridade, responsabilidade e finanças... As eleições de outubro foram, talvez, as mais interessantes para os especialistas e, possivelmente, mais intrigantes e extenuantes - aos eleitores. Durante esta campanha nós vimos de tudo: tensão e apatia, novas regras e antigos erros, confirmação de prognósticos em separado e destruição de estereótipos, desenvolvimento e queda, dramas e comédias eleitoreiros. Como diria um conhecido herói de cinema - Babylon, irmão!

Por enquanto é difícil avaliar claramente o resultado. Imagem completa não dão nem os dados conflitantes dos sociólogos. Qual a força política tornou-se triunfante - e qual ficou em último lugar, poderá ser julgado apenas após o término da contagem de votos e uso de fórmula especial, as comissões territoriais determinarão os "vencedores" em listas partidárias. No entanto o esboço do mapa da política regional já é visível. Uma de suas características: lá, onde antes havia hegemonia completa de política pró-russa, as forças ukrainianas ocupam posição.

Capital: sem "os de ontem". Volyn capturado por "UKROP" (União dos Patriotas Ukrainianos).

A maioria de vereadores de Kyiv constituirão representantes de partidos pós-Maidan. Os antigos "regionais" não entram. Primeiro lugar "Bloco Petro Poroshenko" (BPP) - 28,3%, segundo, partido do prefeito de Lviv "Samopomich" (Auto suficiência) - 10,3%, terceiro, "Batkivschyna" (Pátria).

Na "segunda capital", Kharkiv, com grande vantagem lidera "Vidrodgenia" (Renascimento), apoiado por Kernes, Homytynnik (e dizem Kolomoisky), segundo, inesperadamente "Samopomich", terceiro lugar ainda não determinado.

Em Dnipropetrovsk, o favorito é "UKROP" (União de Patriotas Ukrainianos), e o Bloco de Oposição. Ambos com 34% - 32% respectivamente.

Odessa - entre "Bloco Petro Poroshenko" (BPP) e "Opoblok" (Bloco de Oposição) - 26,6% e 20,5%. Terceiro lugar ainda não determinado.

Poltava: "BPP" e "Svoboda" (Liberdade), com 15¨e 13%

Kirovograd: "BPP" e "Nash Kray" (Nossa Pátria) com 18,3% e 16,5%

Ivano-Frankivsk: "Svoboda" e "BPP" com 31,4% e 18,4%

Ternopil: "BPP" e "Svoboda" com 24% e 18%

Volyn: "UKROP" na dianteira.

Apesar de que a oposição perdeu na capital, ela melhorou sua posição em algumas regiões do leste e do sul. O presidente do "OB" (bloco de Oposição) -  "opoblok" Yuriy Boyko diz que, além de Dnipropetrovsk e Odessa, são os primeiros em Donetsk, Luhansk e Mykolaiv. No entanto, vantagem dos antigos "regionais" já não é tão alta quanto foi durante o reinado de Yanukovych. Por exemplo, em Lysychansk, onde havia 95% de representantes do Partido das Regiões, agora o "Bloco de Oposição" tem 57%, "BPP" - 16% e Auto-Suficiência" - 10%. O mito de que no Donbas poderiam eleger apenas os"regionais", evaporou.

Em Donetsk, o presidente chefe da Administração Paulo Zhebrivskyi diz que o governo, na maior parte do território pode formar as forças democráticas, não pró-russas do "Bloco de Oposição".

Interessante observação do blogger Paul Shuklinova: "Se nas eleições locais de 2010, nas regiões sul e leste, as forças democráticas da UE e OTAN, foram de 10 - 15%, agora são 25 - 45 %.

De acordo com o presidente Petro Poroshenko "revanche de forças não democráticas, com as quais tanto nos assustavam, não aconteceu... Não aconteceu a divisão da Ukraina, falhou a tentativa da Rússia no nosso meio, a quinta coluna pró Rússia".

Votação no Donbas frustravam na Comissão eleitoral Central?

As eleições de domingo destacaram muitos problemas. Impressionante foi a baixa participação, inferior a 50%. A recusa ao voto foi uma espécie de protesto dos cidadãos não só contra a política sócio-econômica extremamente difícil, muito lenta quanto às reformas, simulado combate à corrupção. Os cidadãos estão  ressentidos porque muitos vereadores e prefeitos candidatavam-se (e em alguns lugares venceram) pessoas, que por seus mal-feitos, a muito tempo já deveriam estar atrás das grades. Entre eles - conduziam politica anti-ukrainiana, favoreciam os separatistas. Líderes pós-Maidan, juntamente com as forças de segurança fecharam os olhos para seus pecados. E isto, consideram os eleitores, é traição aos ideais do Maidan, insulto àqueles que morreram durante a Revolução da Dignidade e na zona da ATO. Semelhante falta de princípios, segundo convictos cidadãos patriotas, pode levar à revanche dos "anteriores"...

Será que não foi por isto a sem precedente quantidade de cédulas deliberadamente danificadas? Em muitas os cidadãos escreviam o que pensam dos governantes. Frequentemente usavam palavras não publicáveis. Em resposta a uma reação tão dolorosa o presidente da facção "BPP" Yuri Lutsenko declarou: Teremos uma conversa muito dura com o primeiro-ministro - ele responderá pelos grandes erros na indexação de pensões e salários e outros assuntos que ouvi das pessoas nas eleições. Nós podemos prognosticar grandes mudanças no Gabinete Ministerial, até os globais, já em novembro.

Outra característica da votação de domingo - grande quantidade de documentos perdidos, principalmente cédulas. Em dezenas de circunscrições territoriais e locais de votação tiveram que reimprimi-los. Em Ternopil reimprimiram duas vezes - primeiro escreveram errado o nome do candidato e, em seguida, "esqueceram" incluir um candidato (No tempo de Yanukovych ninguém se atrevia a errar, tinham medo - OK).

Além dos erros involuntários houve fraude intencional . Observadores registraram agitação ilegal, notórios "carrosséis" visitas de "titushok" (Os valentões do período Yanukovych que costumavam maltratar o povo - OK), inclusão de cédulas desnecessárias, reescrita de protocolos e venda de votos.

Infelizmente, devido a  graves violações não houve eleições em Mariupol e Krasnoarmiysk. Contribuiu para isto o presidente da Comissão Central Eleitora Michael Okhendovsky, ex-regional que, ao invés de alcançar nova publicação de cédulas ficou ameaçando com casos criminais os membros do TCE que proibiam a votação com cédulas erradas. (Em vários lugares houve a reimpressão e houve votação. A pergunta é: Por que, por tanto tempo, além do prazo devido, continua no cargo o escandaloso Okhendovsky? E, pelo quê, o nosso presidente, recentemente, lhe conferiu a Ordem de Yaroslav, o Sábio?...

O presidente da separatista "República Popular de Luhansk" aproveitou para dizer que, já que as eleições na Ukraina ocorreram com "violação flagrante das normas da OSCE e procedimentos democráticos" então, os ukrainianos não tem nada para fazer nas próximas eleições na "República Popular de Luhansk". Entre o feito e o falado, pegadas levam ao Kremlin.

A situação mais exótica ocorreu na seção eleitoral onde votaria o presidente Poroshenko. Sumiram as chaves do cofre que guardava as cédulas. Foi preciso arrombá-lo.

Julia Tymoshenko, deputada da Ukraina, foi votar em Dnipropetrovsk, de avião. Devido a névoa desembarcou em Zaporizhye e o restante do trajeto fez de carro. Não deram chance, precisou entrar na fila.

Mikhail Saakashvile, Chefe de Estado da Administração Regional de Odessa (equivalente
 a governador de Estado) veio votar... de bicicleta.

Alexander Paly, cientista político:
Na Ukraina já tem uma forma constante de não gostar e denegrir qualquer poder. Mas é necessário compreender: qualquer poder próprio é melhor do que o caos e a ocupação estrangeira. Recentemente em Kyiv o ex-presidente de Israel Shimon Peres, disse uma frase brilhante: "Sua geração jovem - admirável. Mas o que me deixa com raiva nela - ela despreza os políticos. Os jovens dizem: política é corrupta, não é para nós. Eu respondo: vocês são honestos, vocês querem uma política honesta? Então vá e faça uma política honesta."

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Eleições locais. Cadáveres políticos e a necessidade de unir forças.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 26.10.2015
Bohdan Chervak

Mais uma vez precisará confrontar-se com inimigo declarado - Partido das Regiões que agora é "opoblok", (bloco de oposição), "historiadores" (krayeznavtsi"), "renascimento" (vidrodgenia)".


Depois do Maidan esta já é terceira eleição. Na verdade, seus resultados deveriam completar o poder na Ukraina, no que insistiam os participantes da Revolução da Dignidade.

E houve a complementação do poder?

Acho que poucos se atreverão a responder afirmativamente - "sim"!

Se as duas campanhas anteriores ainda davam a impressão de que Ukraina, mesmo debilmente hesitante, mas ainda assim despojava-se do status neo-colonial e afastava-se do campo de força russo, nestas eleições tal sensação já não há.

Pelo contrário, ficou perceptível que o barco público perdeu o curso e, portanto, deve ser, imediatamente taxiado na direção certa.

A explicação para este estado de coisas - na superfície. Nesta eleição, houve a tentativa de reencarnação da maior força pró-russa, o chamado Partido das Regiões, mas agora tem vários nomes, e seus membros impregnaram todas as possíveis aberturas.

Muito e com acerto escrevem sobre o plano "B" de Putin, o qual prevê a desestabilização da política interna e situação sócio-econômica na Ukraina. Assim, a manifestação desta desestabilização foi a invasão dos cadáveres políticos do Partido das Regiões, que decidiram vingar-se, para assim retornar o país ao Império Russo.

Como isso pôde acontecer? Não se exclui a realização do cenário russo, que se escreve nos escritórios do FSB. Mas é preciso confessar, faz-se sentir a nossa incapacidade milenar de união em nome de nossos valores mais elevados, que são a própria Nação e Estado.

Poderão dizer, que as eleições deste ano não tem grande peso político, pois eram escolhidas autoridades locais que, em primeiro lugar, deverão cuidar da limpeza das ruas, canalização, funcionamento de elevadores, paisagismo.

Pensar assim - enganar a si próprio. Se não houvesse Criméia e Donbas, Putin e "quinta coluna", mas houvesse um forte estado ukrainiano, com exército e economia forte, seria possível não preocupar-se como futuro do país, mas ocupar-se apenas com a economia rural e urbana.

Então é preciso não esquecer, que a descentralização, que por todos é considerada quase uma panaceia, prevê considerável concentração de poder e recursos financeiros nas regiões. E, se o governo lá dominarem os "antigos" - haverá problemas.

Os resultados eleitorais preliminares mostram que há grandes chances na maioria das regiões da Ukraina para formação de governos locais pró-estatais. No entanto, nenhuma força estatal não terá maioria, então, precisará procurar união.

Para nenhum lugar afastou-se o problema do leste e sul. Donbas - 0 mais importante. Pode-se incessantemente justificar o malogro das eleições em Mariupol (Lá não houve eleição por causa de erros na impressão dos boletins... OK).  Mas isso não é evidência de força. Infelizmente, este é um sinal de fraqueza das autoridades ukrainianas.

Pelo menos em seis regiões será necessário confrontar-se com inimigo declarado.

O Partido das Regiões, que agora é "partido da oposição", "historiadores", "renascimento", etc. Colhemos os frutos da indecisão dos primeiros dias de vitória no Maidan.

Seria exagero constatar o triunfo da idéia ukrainiana nestas eleições. Mas dizer que o triunfo coube a Putin também não é possível.

A impressão é que Ukraina Parou. Parou na reflexão. O intervalo é um benefício do inimigo, neste caso a Rússia. Mas, se tudo depende de nós, então não temos direito a erro.

Bohdan Chervak - presidente da Organização dos Nacionalistas Ukrainianos.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 24 de outubro de 2015


Ukrainianos andam em carros aposentados
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 10.09.2015
Zinovia Voronovych

A média de idade dos carros - 18 - 21.5 anos. Mais velhos "cavalos de ferro" somente em Cuba...


Na Ukraina novamente falam sobre a introdução de inspeção obrigatória, que foi abolida em 2011
(A partir de 1º de janeiro deste ano introduziram a inspeção obrigatória na UE. Na Ukraina comprometeram-se fazer isto a partir de 01.01.2017. No entanto, o governo pensa se não seria melhor fazê-lo já a partir de 01.01.2016). Se a inspeção voltar segundo normas européias, parte de carros simplesmente não será aprovada. E isto porque a frota ukrainiana está terrivelmente desatualizada. De acordo com o chefe da Associação Ukrainiana de importadores e revendedores de automóveis Oleg Nazarenko, a idade média de um carro na Ukraina - 21,5 anos. Em carros mais velhos viajam apenas em Cuba.

Dado o fato de que "latas-velhas" viajam nas nossas estradas, a introdução do imposto ambiental na Ukraina (esta é mais uma norma européia), deixará a pé milhares de proprietários de automóveis. Afinal, quanto mais velho o carro mais imposto ecológico deve ser pago. (Até já prepararam o projeto de lei, verdade, não o apresentaram ainda ao Parlamento porque sabem que tal norma revoltará os aposentados, que são os eleitores mais ativos). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, na Ukraina há mais de 2,5 milhões de veículos com mais de 20 anos. 

Na Europa o imposto ecológico obriga as pessoas substituir carros velhos por mais novos. Os velhos da UE exportam - principalmente para Ukraina, onde os vendem em vezes mais caro que na Europa.
Os ukrainianos não usam comprar carros novos com frequência. Para os que não tem mãe trabalhando no exterior, (Muitos ukrainianos, homens e mulheres, vão à Europa para trabalhar. Os homens, geralmente nas construções, mulheres como domésticas, cuidadoras de idosos, etc. OK).
e aqueles que não tem pai rico, adquirir um carro é um evento especial na vida, como o casamento. Porque o carro como a mulher, o ukrainiano médio não muda frequentemente. E para alguns é um amor para toda a vida. Isto aplica-se, especialmente, aos pobres de educação antiga, que casavam e compravam carros ainda no período soviético.

"Eu juntava dinheiro para o carro, assim que servi o exército. Mas então não era simples comprar um carro. Precisava ficar na fila, trazer um certificado do trabalho. Você poderia até ganhar na loteria, mas eu não tive sorte. Fiquei na fila cerca de três anos. E depois o meu carro "fez" meu chefe, de quem eu era motorista. Comprei minha máquina de um militar (os militares tinham mais facilidades). Era o ano de 1986. "Lastochka" (Diminutivo do nome de passarinho, "andorinha" - OK) ainda anda, - diz o sexagenário Bogdan Ilkiv. - Não imagino, como poderia vendê-la, depois de tantos anos juntos. Nos anos 90 ela me salvava das dificuldades. À noite, depois do trabalho, eu virava taxista. Sempre entrava algum, porque o salário não pagavam por meses. Quantas toneladas de batatas transportei da chácara - nem sei. E não apenas para mim, também para vizinhos. O banco de trás retirávamos e enchíamos com sacos. Quando éramos jovens, íamos com família ao lago, conseguiam entrar 8 pessoas. Agora andamos mais de trem porque a gasolina é cara. " Lastochka" tem um bom apetite. A poucos dias coloquei gasolina e deixei o carro, à noite na entrada. Pela manhã o tanque estava vazio. "Lastochka" não tem a proteção igual aos carros novos. Eu conheço seu funcionamento, cada parafuso, não preciso de mecânico.

Na velhinha de 30 anos "Volga" viaja Stepan Matviiv. "A máquina herdei de meu irmão mais velho, ele a comprou em meados dos anos noventa. Ando nela já por nove anos e não me queixo - diz Stepan. Toda a família a adora. "Volga" é diligente, trabalha bem. Mas, se deixá-la parada, torna-se caprichosa. Não é econômica. O seguro de carro velho custa mais. Mas, no inverno, quando os importados patinam, ela nunca nos causou problemas. Meu amigo com "Lanos" ficou preso na neve. Dois homens empurraram. Chegando em casa, viu a impressão das mãos no capô. É de metal? É apenas uma folha. Antigamente fabricavam com consciência. Volga é do verdadeiro metal. Meus amigos também têm máquinas antigas, só o "enchimento" é moderno.

Ironicamente, os carros de 30 ou mais anos ainda são procurados. Nos sites propõem descendentes da indústria automobilística soviética. (Pode-se comprar "Lada" de 1972-75 por 6 a 30 mil UAH) e velhinhos alemães (Ford 87 por 43 mil UAH). Estas máquinas geralmente compram os aldeões. Encontrar um carroceiro com cavalos está cada vez mais difícil. Alguns pequenos proprietários conectam aos velhos "Zaporozhets" e "Moscovitas" aos arados especiais e aram o campo.

"Cada mercadoria tem seu próprio comprador. A idade média de um carro no mercado, é aproximadamente de 10 anos. Claro, existem mais novos e mais velhos. Às vezes as pessoas pensam, que é impossível vender uma máquina velha. Mas tudo depende de seu estado. Por exemplo, o preço médio de um "Zhiguli" é algo como mil dólares, mas se for bem restaurado, o preço é duas vezes mais.

Frequentemente, os modelos de mais de trinta anos, caçam os colecionadores de carros antigos. 18 anos é a idade média dos carros na Ukraina, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Isto é um pouco menos do que estima a Associação Ukrainiana de Importadores e Comerciantes de Automóveis, mas um pouco mais que até na Rússia. Lá a idade média é 12,9. Na UE é 8,4 e nos EUA - 9 anos.

Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 21 de outubro de 2015


Crimes do Euromaidan não são investigados - ativistas
Para investigar os tiroteios no Maidan, é necessário substituir todos os juízes - Yemets.
Radiosvoboda ( Rádio Liberdade), 20.10.2015
Tatiana Yarmoshchuk

"Berkut" atira nos ativistas do Euromaidan em Kyiv, 20.02.2014.
Será que as autoridades ukrainianas investigam adequadamente os crimes ocorridos  durante o Euromaidan em Kyiv, que durou de novembro de 2013 a fevereiro de 2014? Os pais das vítimas e os ativistas dizem que não. (Maidan, em ukrainiano, é praça. Como os ukrainianos desejam entrar na UE, e o ponto central das manifestações, bem como a revolta contra o governo que era a favor da Rússia, acontecia, principalmente,  na praça, daí Euromaidan - OK). Na opinião deles, os tribunais sabotam a investigação desses casos e não desejam trazer à responsabilidade os funcionários dos órgão da aplicação da lei. Eles enfatizam, que alguns dos culpados continuam a trabalhar em seus postos. Na opinião de alguns deputados, esses crimes serão investigados somente no caso de uma completa mudança do corpo judiciário.

Igor Huryk, pai cujo filho Roman, de 20 anos, morreu em 20.02.2014 na Rua Instytutskaia em Kyiv, em uma entrevista com a Rádio Liberdade disse, que desde a morte de seu filho o inquérito praticamente não andou.

"No momento, eu não posso dizer que a investigação progrediu conforme deveria. Permanecem muitos fatos desconhecidos. Não há aquele inquérito que deveria haver. Em tão longa investigação não há acusações concretas. Lá estão sentados alguns "berkutivtsi" (berkutivtsi, palavra derivada de "Berkut" nome da polícia do período do ex-presidente Yanukovych, famosa por, literalmente, "descer a ripa" nos cidadãos da Ukraina - OK). Mas isto é apenas pequena parte. Tudo mais - escondido. Ninguém sabe nada, ninguém diz nada. Em geral, nos últimos tempos, não houve nenhum relatório da Procuradoria Geral quanto a investigação", - diz Igor Huryk, pai de uma das vítimas.

Enquanto isso, os ativistas sociais queixam-se da falta de vontade dos órgãos investigativos e dos tribunais, em investigar os casos relativos a crimes durante o Euromaidan. Como um dos exemplos disso
citam a decisão do Tribunal Distrital de Pechersk, de Kyiv, que em 17 de outubro satisfez, em parte, a solicitação do ex-comandante da segunda companhia do "Berkut" de Kyiv Anatoliy Lohvinenko, do qual removeram a pulseira. "O árbitro tomou a decisão não só não levá-lo em custódia, mas até tirou-lhe a pulseira eletrônica durante a sua prisão domiciliar. Mas eu quero salientar que por apenas por um episódio a Anatoliy Lohvinenko, se for provada sua culpa, serão 15 anos de prisão", - disse a Rádio Liberdade a coordenadora do "Euromaidan SOS" Oleksandra Matviychuk.

"Berkutivtsi" do Euromaidan permanecem nos órgãos. Anatoliy Lohvinenko - um dos líderes da dissolvida seção especial do "Berkut", que participou da dispersão de manifestações pacíficas em Kyiv. Trata-se, principalmente, de conflitos entre as forças de segurança e participantes de comícios em 18 de fevereiro na Travessa Kriposnyi, quando morreram, no mínimo, 25 pessoas. Culpam-no também no espancamento dos participantes do Maidan. A Lohvinenko repetidamente suavizavam a medida de contenção. Inicialmente foi prisão domiciliar com pulseira eletrônica, depois o uso da pulseira e relatórios sobre a movimentação.

Na segunda-feira, 19 de outubro, o deputado Ihor Lutsenko também emitiu uma resposta ao seu recurso quanto ao destino de mais um "berkutivets" Yevgeny Antonov, cuja imagem tornou-se famosa após o brutal espancamento de estudantes em Kyiv na noite de 30 de novembro de 2013. A resposta diz que Yevgeny Antonov ainda trabalha na polícia (Foi justamente este brutal espancamento dos estudantes que deu início à Revolução na Ukraina. Mas, lembro, já anteriormente, quando os ukrainianos saíam à rua em qualquer manifestação pacífica, ou mesmo em comemoração às datas cívicas, alguns jovens, geralmente desconhecidos da população local, faziam provocações. Então, o "Berkut", com seus cassetetes, entrava em cena, surrando os manifestantes, segundo noticiavam os jornais da época - OK).

"Todos estes quase dois anos Antonov continua trabalhando como comandante da rota de designação especial. Todos estes dois anos ele, em teoria, recebe salário e aumenta seu tempo de serviço. Eis aqui, uma resposta recente do departamento de Arsen Avakov. Todos estes quase dois anos o Ministro do Interior, nos tribunais, nas investigações oficiais protegia e protege os "berkutivtsi", - escreveu Lutsenko em sua página no Facebook.

Sem mudanças no corpo judicial as questões não investigam - Yemets.

O deputado da "Frente Popular", membro da Comissão Parlamentar sobre justiça e o estado de direito Leonid Yemets concorda que atualmente há uma forte oposição contra investigação aos crimes perpetrados pelas ex-forças de segurança. Em sua opinião, esses crimes serão investigados somente quando for alterado todo o sistema judicial.

O sistema judicial como um todo, e cada juiz pessoalmente, sente terrível nostalgia do período de Yanukovych. A resistência que exerce sobre o sistema judicial, e lustração, e quanto às reformas, e responsabilidade pessoal dos agentes policiais que cometeram crimes durante o Maidan, é até difícil de imaginar. Ativistas, deputados e funcionários do governo propuseram uma mudança decisiva de todo o corpo judiciário. Isto refere-se a uma dispensa de 8 (oito) mil juízes em nosso país", - disse Leonid Yemets em entrevista à Rádio Liberdade. 
Também, em sua opinião, é necessário realizar mudanças no sistema da Procuradoria.

"Nós ouvimos declarações dos procuradores-gerais, que os inquéritos estão quase concluídos. Nós ouvimos isto de cada promotor. Dois procuradores-gerais nós já mudamos, contra o terceiro já estamos recolhendo assinaturas para sua demissão, minha assinatura já está lá. Mas nós ainda esperaremos alguns dias, para ver os resultados dos trabalhos, sobre os quais fala Shokin (procurador geral) e esperamos, que estes resultados nos mostrarão os verdadeiros assassinos e reais mandantes" - disse Yemets.

Rádio Liberdade pediu comentários sobre este assunto à Procuradoria Geral. Lá, prometeram dar resposta na terça-feira, durante uma conferência do Procurador-Geral adjunto.

Yanukovych quer justiça européia.

Enquanto isso, o ex-presidente da Ukraina Viktor Yanukovych, apresentou demanda ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH), porque, como ele afirma, "repetidas violações de seus direitos de pessoa cometidos pela Ukraina">

A base para uma ação judicial a Yanukovych relaciona-se a muitos casos criminais injustificados e violação de seus direitos a um julgamento justo e independente", - disse um comunicado do escritório de advocacia britânica Joseph Hage Aaronson LLP.
Entre as causas da ação indica-se a decisão do Tribunal Pechersk de Kyiv quanto ao início da condenação de Yanukovych na ausência, e também a recusa da Procuradoria Geral da Ukraina para prestar depoimento no seu local de residência ou através de videoconferência. "Os tribunais ukrainianos não são independentes ou livres da influência de altos funcionários do governo, não podem agir de forma imparcial e não garantem um julgamento justo. Um exemplo notável, entre outros, é a decisão do Tribunal Pechersk, que possibilita a investigação pré-julgamento  especial do caso contra Yanukovych na sua ausência, a ele não permitiram participar nas sessões por vídeo" - diz o comunicado.

Em 27 de julho o Tribunal Distrital Pechersk de Kyiv proferiu a decisão com a qual satisfez a solicitação da Procuradoria-Geral para iniciar o processo "in absentia" de condenação de Yanukovych.
A Procuradoria Geral convocou Yanukovych em 11 de agosto para interrogatório, mas compareceram somente seus advogados.

Conforme relatado pela Procuradoria Geral, contra o ex-presidente da Ukraina foram iniciados cinco processos criminais: quanto ao "Myzhyhiria", Sukholuchchia, crimes no Maidan, organizações criminosas, "Ukrtelecom" (Os dois primeiros, acredito que seja pela apropriação indébita. No primeiro, terras históricas do Estado da Ukraina, ele construiu seu palácio e demais benfeitorias. No segundo também havia uma bela residência e extensas matas, onde ele e seus amigos realizavam caçadas. Nestes locais ninguém podia entrar sem licença, mesmo nas matas. - OK). A questão, pela qual Yanukovych foi anunciado em busca internacional é relativa a "Ukrtelecom".

No final de julho Interpol retirou de seu site, a informação sobre a busca internacional de Yanukovych - e, como declararam seus advogados britânicos, isto aconteceu depois que eles recorreram da decisão sobre a busca. Os órgãos de proteção da lei  ukrainianos enfatizam, que a informação do site da Interpol
foi removida temporariamente para mais verificações,e isto não significa a suspensão de busca por Yanukovych.

Viktor Yanukovych fugiu da Ukraina em fevereiro de 2014 depois de fuzilamentos em massa dos participantes de protestos na Praça da Independência em Kyiv. Desde então ele esconde-se no território da Rússia, que não responde aos pedidos da Ukraina sobre sua extradição no âmbito de acordos intergovernamentais.

Em fevereiro de 2014, durante os conflitos dos manifestantes com as forças de segurança, no centro de Kyiv morreram mais de 100 pessoas, e centenas foram feridas, a maioria deles em 20 de fevereiro. A maioria das pessoas morreu das balas de franco-atiradores cujo alvo eram a cabeça, coração e pescoço dos protestantes.

Manifestantes perto das barricadas em chamas na Praça da Independência - Kyiv, 19 de fevereiro de 2014.
Na Procuradoria Geral declaram que todos participantes da unidade especial "Berkut", que participaram de assassinatos de manifestantes pacíficos durante a Revolução da Dignidade, foram determinados. No entanto, atualmente, no tribunal averiguam apenas os casos dos ex- "berkutivtsi" Sergey Zinchenko e Paulo Abroskin.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Suborno nas eleições.
 No próximo domingo serão escolhidos novos prefeitos e vereadores.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 17.10.2015



Na Circunscrição 205 as pessoas já esperaram pelos produtos alimentícios, e agora - pelos certificados que darão possibilidade para receber um adicional pré-eleitoral.
A palavra "hrechka" é nome do cereal aqui conhecido como trigo mourisco ou trigo sarraceno. Este cereal é bastante apreciado entre os ukrainianos. 
Esta palavra também
passou a designar todos os agrados com que os candidatos compram os eleitores.
Nas últimas semanas, as eleições na circunscrição 205 em Chernihov, transformara-se em um show político, ao qual assiste o país inteiro, horrorizado.

Nesta pequena cidade há 91 candidatos para vereador (lá chamam "deputado") e três (efetivamente dois) candidatos para prefeito: Gennady Korban, vice do ex-governador Igor Kolomoisky (oligarca que acabou desistindo do cargo, meio forçado, devido a irregularidades em seu governo) e pessoa do presidente, chefe da Administração de Estado, Sergey Berezenko.

Já aconteceu de tudo: suborno de eleitores, distribuição da "hrechka", ataques contra os escritórios, bloqueio de carros que distribuíam dinheiro para suborno e armas, briga na conferência de imprensa, toneladas de "sujeira" de ambos os lados (O padrinho de Gennady Korban, Igor Kolomoisky é um oligarca riquíssimo. Poroshenko, padrinho de Sergey Berezenko também é rico -OK)

A questão é tão séria que o Ministro do Interior já enviou a Chernihov um batalhão da Guarda Nacional.


Para receber um pacote com 4 produtos, as pessoas entram nas longas filas e reclamam que é preciso esperar de até 6 horas, mas esperam. Recebem 2 pacotes de hrechka, macarrão e conservas. Nas filas estão os pensionistas e pessoas pobres. 
Também oferecem excursões à cidade histórica Baturyn.

Sergey Vorobiovyi, comerciante, trabalhou com um grupo de voluntários da ATO. Já na primeira reunião com o candidato Korban todos os voluntários passaram para o lado dele. Ele perguntou o que precisavam, e forneceu pequenas farmácias (que são fornecidas aos soldados da ATO) e geladeiras. Em meia hora distribuiu um milhão de UAH (moeda ukrainiana). Também levou voluntários a Dnipropetrovsk para apresentar-lhes o hospital militar e ao encontro com os ativistas locais. Os voluntários voltaram dizendo: "Nós apoiamos a pessoa que realiza questões reais".
E, à pergunta do jornalista, como o candidato presidencial Berezenko compra os eleitores, Vorobiovyi  respondeu: "Como compra? Com dinheiro. 400 UAH a todos que assinaram o acordo social"

"Você compreende, os dois aqui não têm nenhum interesse. Somos para eles apenas um recurso. E esta circunscrição é majoritária. Aqui deve estar uma pessoa de nossa circunscrição". 

No final da tarde o repórter visita o terceiro candidato. Pequena sala emprestada, algumas mesinhas, bandeira do partido, e bicicleta na entrada. Igor Andreichenko, ex-ativista, passou pela escola de político jovem, fez estágio no Parlamento Europeu. Ele conta que, da parte do candidato Korban fizeram três propostas diferentes para sua desistência. Mas ele não aceitou. Ele diz estar triste porque sua cidade transformou-se em papelzinho de tornassol (pH extraído de certos líquens, azul em meio alcalino, vermelho em meio ácido. - Pesquisa OK).

***

Em Lviv (importante cidade da Ukraina Ocidental) há 11 (onze) candidatos para prefeito, em cada cidade da província, de 4 a 6. No geral participam 18 partidos.
A maioria dos candidatos para vereador já desempenharam esta função. Para câmara de Lviv há 58 candidatos. A porcentagem de candidatos novos é pequena. Há cientistas, médicos, padres, empresários, voluntários e combatentes da ATO, ativistas da comunidade. Há bastante mulheres, porém nem todos os partidos conseguiram a quota de 30%.

***

No geral há relatos de abuso de recursos administrativos. Nas eleições locais este problema é maior. Infelizmente não há sanções na legislação eleitoral. Observa-se um medo maior dos políticos quanto a uma comunicação aberta, preferem a TV, outdoors e redes sociais, bem como através dos agitadores contratados que trabalham nas barracas e distribuem os materiais de campanha. 
O lugar preferido para publicidade, são os territórios diante das igrejas aos domingos. Mas, para reunião de encontro com os candidatos comparecem poucos eleitores.
Em algumas cidades disponibilizaram acesso gratuito a internet.


E, como compra indireta do eleitor houve o treino gratuito, para os filhos, na arte de andar a cavalo.  Um outro candidato distribuiu pães.

***

Em Poltava açúcar gratuito, 8 kg, da organização cidadã, cuja atividade relacionam com o prefeito da cidade Oleksandr Mamai. 
Pequenas farmácias do oponente político - também candidato - Andryi Matkovskyi.


Em Luhansk as eleições não serão realizadas em 31 municípios, os que são ocupados pelos terroristas. Na parte não ocupada são 163 comunidades locais onde haverá eleições.

Muitos eleitores ainda não se decidiram, as menores dúvidas são em relação ao prefeito. alguns eleitores dizem que votarão em quem lhes indicarem. Outros dizem que nunca acertaram, então não sabem ou votarão em partidos e candidatos novos.
Os especialistas explicam a apatia geral com falta de fé nos políticos e partidos em geral. O comparecimento às urnas não deverá ultrapassar os 50%.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Líder da oposição russa Ilya Ponomarev: Os investidores consideram, que o principal problema da Ukraina - Governo.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 09.10.2015
Anastácia Rinhis


Político russo Ilya Ponomarev foi o único deputado da FR, que em março de 2014 votou contra a anexação da Criméia à Rússia.

Seis meses depois ele pagou por sua posição - O Comitê Investigativo da FR acusou-o de cumplicidade com o vice presidente de "Skolkovo"  no desfalque de 22 milhões de rublos. Alegou-se que por dez palestras no Centro Acadêmico Ponomarev recebeu de "Skolkovo" em honorários 300.000 mil dólares.

O dinheiro foi destinado a uma série de medidas para criar e promover Skolkovo, mas não foi colocado no bolso", - explica Ilya Ponomarov, considerando seu caso político.

Quando o político estava a serviço nos Estados Unidos o tribunal russo decidiu proibi-lo à travessia da fronteira e confisco de seus bens. Mais tarde Duma despojou-o da imunidade, e ele foi colocado sob custódia à revelia. Desde então ele não pode voltar para casa.

Sua biografia não é simples - sua carreira ele começou como programador. No início dos anos 90 ele foi o fundador da companhia "Russprofi" que ocupava-se com desenvolvimento de sistemas de computador. Depois trabalhou na empresa Schlumberger que ocupava-se com prestação de serviços às companhias de petróleo na esfera de tecnologias modernas de produção de petróleo. Também respondia por It-direção da empresa "Yukos".

Seriamente na política ele entrou em 2.003, criando um movimento de oposição "Frente de Esquerda". E, em 2.007, Ponomarev tornou-se deputado da Duma da FR da região de Novosibirsk. Ele foi um dos ideólogos da criação de "Skolkovo".

Em 2012 o político passou para oposição, foi um dos líderes das ações na Praça Bolotnaya, ativamente criticou a política de Kremlin.

O último ano Ponomarev vive na Califórnia, em San Jose. Diz que ocupa-se com o mesmo - consultor de projetos inovadores e it-startups, incluindo muitas empresas da Rússia e Ukraina, que mudaram-se para o Vale do Silício no último ano e meio.
Frequentemente vem a Kyiv. "Venho a pretexto de investimentos e reformas do setor energético", - 
explica ele. 

Com o jornalista da "Verdade Ukrainiana" Ponomarev encontrou-se no restaurante crimeano-tatar "Criméia" no Maidan. Comendo pastéis com chá verde, o russo explica, como tornou-se promotor da Ukraina nos EUA, e porque acredita em nosso país.

- Ilya, você vem frequentemente a Ukraina, o que causou seu interesse por nosso país? 

- Primeiro, eu me ocupo agitando investidores americanos em vir para Ukraina, especialmente ao setor energético. Embora "no caminho" acontece que a alguém, que encontrei por acaso, aconselho algo em outras áreas. Mas, propositadamente, trabalho com energética. Primeiramente - no ramo de extração de petróleo e gás.
Ukraina, a meu ver, não só pode, mas deve ser simplesmente auto-suficiente energicamente. Pode ser um exportador líquido de petróleo e gás.
Em 1970 na Ukraina extraíam mais gás do que na Sibéria Ocidental. E o principal centro educacional da indústria do gás da União Soviética estava em Ivano-Frankivsk. Agora sobre isto poucas pessoas se lembram, mas Ukraina já foi um exportador em sua história.
Simplesmente a União Soviética decidiu que na Sibéria Ocidental é mais fácil a extração - e isto é verdade, a atenção voltou-se para lá. Mas isto não significa que a produção na Ukraina não pode continuar. Ela precisa seu impulsionada. Vocês tem três zonas produtoras: o leste da Ukraina, a prateleira do Mar Negro e as montanhas dos Cárpatos.

- Prateleira do Mar Negro - "Krymnash."

- Lá existem jazidas em direção à Criméia, mas o que me surpreende é "Chornomornaftogaz" (Empresa do Mar Negro de extração de petróleo e gás - OK) extraía e extrai na parte da prateleira, que geologicamente é adjacente à região de Odessa, não da Criméia.
Como a base "Chornomornaftogaz" estava na Criméia, em conformidade ela passou para Rússia, e é a Rússia que agora, de fato, conduz a extração de petróleo ukrainiano. A este respeito, a posição da atual liderança ukrainiana não é clara: esta questão está entre muitas outras referentes a Crimeia.
Mas ela é muito especial, precisamente por causa da geologia - o saque a Ukraina continua todos os dias, não concluiu-se no dia da ocupação. (E precisou que um estrangeiro viesse fazer este alerta, porque nos jornais ukrainianos, até agora não vi nada a este respeito. É claro que não consigo ler tudo o que eles escrevem, mas um assunto destes merce muita presença na imprensa, que acredito, continuará omissa, a imprensa e os políticos! - OK)
Embora as perspectivas da prateleira não findam apenas com a Criméia. Na região de Odessa existem outras possibilidades. Por exemplo. Na direção da Romênia, no lado da ilha Snake também há depósitos promissores.

- Você, agora, realmente parece advogado da Ukraina perante investidores ocidentais. Como você trabalha com eles?

- Ukraina, realmente ninguém "vende". O montante de atenção benevolente que Ukraina recebeu durante o último ano e meio por causa desta maldita guerra, a muito era necessário converter em milhares de milhões de dólares de investimento. Mas ninguém o fez e não faz agora.

- Mas a nossa reputação é de um país pouco seguro. Os investidores não é certo que queiram arriscar.

- Não, isto não é verdade. Esta é exatamente, a posição do governo, que assim tenta justificar sua incapacidade de trabalhar com ações militares. Não é assim. Os investidores não percebem assim. Os investidores consideram  que o maior problema é o governo.

- Ausência de reformas?

- Ausência de reformas - como consequência. O problema é o quê? Aos investidores, em princípio, tanto faz, democracia ou ditadura no país. Isto os preocupa muito pouco.
Preocupa a imprevisibilidade do governo e a presença de pessoas com as quais você vai construir locais de trabalho.
No presente momento ninguém pode formular uma linha estratégica de reformas em nenhum dos setores de investimentos atraentes na Ukraina.
Na Ukraina, sem dúvida, muito atraente é o setor agrícola, energia, logística - simplesmente em virtude da localização, número da população, meio ambiente, outros. Os planos do governo para qualquer uma dessas áreas não são claros e reduzem-se aos gerais de livros didáticos da economia.

- Você já respondeu à pergunta, por que se formularam tais estratégias?

- Porque no governo não há especialistas, que entenderiam deste ramo. Lá há pessoas, que permanecem no cativeiro de teorias abstratas neoliberais quanto a regulação econômica. 
Quando vem uma pessoa e diz que quer investir na exploração de petróleo e gás, ela quer ver no governo uma pessoa que lhe dará respostas a suas perguntas específicas: como ela irá receber as licenças, como será o regime fiscal, onde obter os dados de estudos geológicos, quais as condições de trabalho comum.
E, a estas perguntas, nenhuma pessoa de seu governo é capaz de responder.

- Qual é o seu papel, se não há pessoas capazes de responder às questões-chaves?

- Eu posso, no mínimo, explicar ao investidor, que quando lhe disserem "é isto", têm em mente - "é aquilo". E, em geral indicar as autoridades e a "cozinha", e explicar as regras gerais pós-soviéticas. Mesmo dourando a pílula, as surpresas à pessoa com nervos de aço, serão consideráveis.

- Como aconteceu que após agosto de 2014 você se estabeleceu na Califórnia?

- Na Rússia eu me ocupava com inovações, portanto tinha muitos contatos e amigos nos Estados Unidos em geral e, em particular, na Califórnia. 
A notícia sobre o fechamento da fronteira e prisão de minhas contas me encontrou lá quando eu estava negociando tecnologias para construção de uma nova ponte em Novosibirsk.
No meu bolso restavam apenas 21 dólares em dinheiro. Mas houve pessoas, que me ajudaram a começar ganhar dinheiro. Agora eu tenho alguns it-projetos, aos quais ajudo como conselheiro, e eles me trazem dinheiro. 
Com projetos de energia eu trabalho mais no Texas e na Costa Leste. Na verdade, ocupo-me mais explicando: "Rapazes, no Leste Europeu pode-se trabalhar e ganhar dinheiro, especialmente nas circunstâncias de queda de preços de petróleo..."

- Você diz que há empresas da indústria de petróleo e gás nos Estados Unidos dispostas a investir na Ukraina. Que empresas são estas?

- Não podemos citar nomes antes dos acordos assinados. Há empresas dispostas a olhar para Ukraina, entre Moçambique e Nigéria. Mas é preciso lhes propor algo, explicar porque deveriam vir até aqui. Vocês precisam compreender - houve um boom de petróleo de xisto nos EUA. Em resultado disso surgiram novas tecnologias, que agora são necessárias a Ukraina para intensificar o processo de produção, para possibilitar a extração dos campos que anteriormente não eram compensatórios. Mas estas tecnologias estão nos EUA. E somente lá. As pessoas que, com elas se ocupam são locais. Mas, pela televisão elas souberam, que a revolução em Kyiv abriu novas possibilidades. Quais, exatamente, ninguém sabe. E, mesmo, aonde fica esta Ukraina eles não tem noção exata.
Mas nas condições de queda dos preços, quando sua produção na América, em parte dos depósitos, perde a rentabilidade, se lhes explicar: "Aqui o preço de extração por barril é de 40 dólares, mas na Ukraina pode ser de apenas 20", - eles virão a Ukraina para verificar se é mesmo assim.
Mas eles não querem gastar muito tempo. Eles querem vir, obter rapidamente as informações, que a legislação seja conveniente e que eles possam compreender o seu funcionamento. Querem informações sobre aluguel de equipamentos, dados geológicos.
Existe uma enorme quantidade de alegações, que os georgianos apresentavam a Mikhail Saakashvili. E alegações absolutamente verdadeiras, relativas a democracia.
Eu o vi muitas vezes durante os acordos, como ele se comunicava, vendendo Georgia. E agora, eu o vejo "vendendo Odessa". Apesar do fato de que ele é apenas governador, e isso em termos de um estado unitário, ele não é nenhuma entidade independente - poderá ser liberado a qualquer momento.
No entanto lá, há uma fila de pessoas que querem vir para a região. Porque eles compreendem, que Saakashvili "é responsável pelo bazar", que ele não permitirá a ninguém impedir o desenvolvimento. Que, enquanto ele estiver lá, ele realmente ficará do lado dos investidores. (Durante a presidência de Saakashvili li muitas reportagens nos jornais ukrainianos, sobre inúmeras melhorias na Georgia: no atendimento ao público pelos policiais e policiamento efetivo, eliminação de burocracia do período soviético, funcionamento de órgãos públicos em geral, desenvolvimento em diversas áreas, etc. Infelizmente, o povo, parece que sentia saudades do regime soviético, talvez mais paternal, e preferiu o retorno ao regime que tudo resolve, restando ao cidadão somente a obediência. - OK).

- A quem ele atraiu?

- Ele apenas começou. Há vários projetos, e um dos projetos que eu apresento, deverá ter suas bases na região de Odessa. É um projeto na extração de petróleo e gás. Enquanto ele não entrar em funcionamento, eu não posso falar sobre ele. Mas é um projeto grande, significativo.

- Ukraina para você - é um estado fracassado ou país com história potencial de sucesso nos próximos anos?

- Em primeiro lugar, um não se opõe a outro. E o maior sucesso pode estar, exatamente, no estado fracassado de ontem.
Tudo o que, há pouco, falamos sobre Ukraina, podemos dizer sobre Rússia dos anos noventa. Pessoas incompetentes, motivadas apenas por interesses pessoais, não com interesses pelo país, o governo em cativeiro de quimeras econômicas dogmáticas que, em termos de nossa economia não trabalham.
Na Ukraina vocês passam exatamente pelo mesmo processo. Mas não querem olhar para experiências que Rússia já venceu, pelo menos a fim de evitar os erros do vizinho. Eu vejo que vocês repetem muitos erros. O Ocidente repete muitos erros que foram feitos em nosso país.
E Putin vê isto, e por isso a TV russa, com muito sucesso, transmite paralelos com os nossos fracassos, e a população apressa-se para salvá-los das reformas ocidentais.

- Quais, por exemplo?

- Tudo o que provém da teoria monetária neoliberal referente a reformas econômicas. Como é possível, por exemplo, aumentar os impostos sobre a indústria de petróleo, se a principal tarefa da Ukraina - alcançar a independência energética, distanciar-se da dependência da Rússia? Como podemos aumentar os impostos no que precisamos desenvolver?
Declarar sobre os "interesses dos oligarcas" para levantar sua classificação é fácil, mas criar condições para extração  - é muito mais complicado.
No outro dia ouvia notícias de seu grupo de trabalho sobre os subsídios e admirava-me. Bem, pelo menos alguém no Gabinete Ministerial compreende, como funciona a indústria em geral?

- Você quer dizer que a lógica das reformas é fundamentalmente errada?

- Vocês não tem um único cérebro e nenhuma estratégia de reforma. Há uma comunidade de pessoas, algumas mais inteligentes, outras mais ignorantes, alguns mais experientes, outros mais úteis. Mas, em geral, todos juntos - não é uma equipe. Não existe um único vetor.
Por exemplo, o ministro que eu absolutamente respeito a nível pessoal, Natália Jaresko, é obrigada, no seu posto preocupar-se com o orçamento, e ela faz isto. Mas desde que ela, no governo, não tem contrapeso que se preocuparia com o desenvolvimento da economia - eu tenho em mente o comparado pela força, que em princípio é o Abromavichus, mas ele perde em carisma e energia - e um arbitro no topo que balançaria tudo, vocês não tem. 
Porque o primeiro-ministro não desempenha seu papel. Como resultado Jaresko realiza perfeitamente o seu papel de autoridade fiscal e seu papel de aumentar os impostos ninguém pode parar.
Como resultado, a economia não cresce, pelo contrário, diminui. Vocês tem uma queda no PIB maior que Rússia! Embora não haja sanções, há atenção ao país, e assistência internacional também está disponível.

- Mas nos explicam que é porque estamos em guerra.

- Bobagem tudo isso! Há uma afirmação: "prove, porque é assim".
Não há tal. Ou o governo mentia quando falava sobre a indústria do carvão, que recebia 3.000.000.000 de subsídios e era necessário reconhecer Donbas como locomotiva da economia nacional, ou engana agora.

- Se nós tivéssemos uma estratégia econômica madura, houvesse um plano de desenvolvimento futuro, então nós teríamos uma fila de investidores, apesar da guerra no leste?

- É claro, aos investidores seria muito mais fácil. Porque aquela diáspora ukrainiana da América é muito cética no momento. Apesar de que eles dão ajuda humanitária - por sinal - os russos que vivem nos EUA, junto com os ukrainianos angariam dinheiro para medicamentos. Mas quando à diáspora ukrainiana sugerimos: "Vamos conversar sobre investimentos na Ukraina", eles dizem "não".

- E o que eles esperam? A mudança do governo?

- Sim. Quando a gente começa dizer "sim, vamos nós mesmos a Ukraina e começaremos a construir lá", eles dizem "não, nós já experimentamos, nós não vemos com quem". Para contratar boas pessoas ao governo, deve haver a pessoa que pode contratá-los. qualquer funcionário emprega pessoas mais fracas que ele. Ele não consegue contratar pessoas mais fortes. É isto que observamos pessoalmente.

- Você conversou com o Fundo Estatal de Propriedade sobre a privatização?

- Sim, nos contaram sobre a abordagem à privatização. Há uma diretriz do governo - realizar a privatização o mais rápido possível. Mais que isto. Os fundos ocidentais estão prontos para financiar o trabalho analítico em preparação à privatização.
Mas, o que eles colocaram como prioridade para privatização? Pacotes estatais de energia.

- É interessante!

- Sim, é incrivelmente interessante. A questão é, que no momento, o ramo não é reformado, não há uma nova legislação que permitiria a estas empresas um funcionamento eficiente.
O governo ocupa-se com o crescimento de tarifas, o que diminui sua própria classificação e a classificação das autoridades em geral. A mudança estrutural no ramo não acontece.
Como resultado o custo da privatização destes pacotes, se fosse aceito o pacote de leis da energia, seria diverso, porque sua economia é diferente.
E os pretendentes agora e os pretendentes após a reforma - são estruturas diversas.
A questão é, por que privatizá-los agora por três centavos, se podem ser privatizados dentro de seis meses, não depois de 10 anos, mas depois da reforma?

- Talvez porque não há pessoas, capazes de organizar esta reforma, encabeçar, descrever o procedimento.

- Exatamente por isso. Porque há uma estrutura separada, dirigida por uma competente, legal pessoa Igor Bilous. Ele é banqueiro de investimento, do ramo educacional, que sabe comprar e vender ativos.
A questão é, como isto se encaixa na estratégia macroeconômica geral? Precisamos fazer isso agora ou não? Por que é necessário vender estas empresas e não outras?
Esta pergunta não é para o Fundo, mas para o governo, mas ele não existe como uma unidade. Jaresko precisa de dinheiro para o orçamento, o Fundo precisa de cifras das vendas, o Ministério de Economia e Desenvolvimento precisa de macroeconomia.
E o que necessita Ukraina como um todo, como estado, e o povo ukrainiano, como nação? Eu não falo sobre os interesses de trabalhadores de empresas privatizadas.
Ou, por exemplo, a questão da privatização do "Naftogaz". É necessário que esta indústria seja privada? Eu acredito que sim. A questão é: privatizar Naftogaz inteiramente será bom ou ruím? Eu considero que isto será ruím porque vai gerar um "Gazprom" ukrainiano.
E você terá um monopólio privado em vez de monopólio estatal. Um monopólio privado é muito pior que um monopólio estatal. Eu lhes digo isto como russo, caso você não acredite no velho Karl Marx.
Nós experimentamos isto na nossa pele.
Mas, se reestruturar "Naftogaz" e, por exemplo, separar três principais associações produtivas de gás e privatizá-las  separadamente, com a proibição de um único comprador reivindicar mais de um ativo, teremos um mercado de gás competitivo.
Primeiro, você vai ganhar mais dinheiro com a privatização, segundo, seu mercado vai trabalhar. Mas é mais simples e mais rápido privatizar uma peça, é claro. Espero ser possível resistir a esta tentação.

- Você acha que o nosso governo não entende para onde estamos indo?

- Eu já disse o que é fato, há ausência de uma liderança unificada, há uma colcha de retalhos. Primeiro-ministro - eu não vou avaliá-lo positivamente ou negativamente, eu não sou cidadão da Ukraina, para avaliar seus políticos - ele não consegue lidar com uma das mais importantes funções profissionais de primeiro-ministro: ele, evidentemente, não é um ideólogo da reforma da Ukraina. 
Nem ele, nem o presidente não são os vendedores de vantagens da Ukraina. Eles, cada um por si, escolheram o papel de tecnocratas - gerentes. A vocês realmente falta estratégias, responsáveis pelo desenvolvimento, no comando deles.
As pessoas seguem um líder, por sua visão. Seguindo-o as pessoas entram na equipe que o segue . E, sem isto, nenhuma reforma, em princípio, pode ser feita. Todas as reformas bem sucedidas na história da humanidade foram realizadas por individualidades.
O Estado em crise exige a presença da individualidade, que é a personificação da agenda anti-crise.
E, quando da fase de rápido crescimento nós passarmos para o planalto, já não importa, quem lá esteja - Maria, Pedro, João - eles mudam, mas tudo foi construído e trabalha. Durante a construção devem estar as pessoas que constroem isto. Caso contrário, nada acontece.

- As pessoas podem exigir reformas? Qual é o papel da sociedade na reforma?

- Muitos foram para o Maidan (Os protestos que derrubaram o ex-presidente Yanukovych - OK) com uma exigência ingênua: Faça tudo lindo para nós! Nós não queremos mais corrupção, nós queremos viver como na Europa, façam isto para nós!" Mas, quase ninguém dos que foram no Maidan, pode dizer o que isto significa especificamente. As pessoas conseguem falar apenas sobre a abolição dos vistos.
Afinal, Europa - não é apenas o nível de consumo, são certos procedimentos de gestão de estado, instituições, certas regras de trabalho, tradições, etc.
A sociedade ukrainiana por enquanto ainda não aproveitou de um modo geral, aquilo que aconteceu no Maidan. E, esta frustração é muito maior que a fraqueza do governo.
A esquerda tem um bom slogan: "O poder não é dado, o poder é tomado". Eu acho que o povo ukrainiano já entendeu isto, falta apenas passar por esse caminho até o fim. 

Tradução: O. Kowaltschuk