quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fábrica "Humanidade": em Kyiv, em Frolivka trabalha cadeia de produção de auxílio aos migrantes.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 17,11.2013
Vasylyna Duman
Fotos: Dmytro Larin

Lessia Lytvynova com filho
Antigamente na Frolivka localizavam-se fábricas de roupas "Juventude".
Agora, lá também funciona uma fábrica,mas, em vez de transformar tecido em roupas, ela, citando poesia, transforma morte em luz - aqui os voluntários instalaram uma cadeia de produção em auxílio aos deslocados, que saíram do território de ações hostis.
Sobre, como Kyiv entrou no efetivo e ininterrupto sistema de assistência aos refugiados, diz e mostra uma das coordenadoras do centro em Frolivka, Lessia Lytvynova.

Nossa pequena viagem começa desde o portão, no qual se estende um banner com a inscrição "Depósito de ajuda humanitária para as pessoas forçadas ao deslocamento interno". Apesar do horário noturno, lá, além do portão, a vida ferve.

Entrada para Frolivka
Um passo ao encontro
- Vamos desde o início para tornar-se compreensível a lógica de tudo o que acontece aqui - Diz Lessia e confiante vai em frente.

Um passo além do portão - como um passo ao encontro da realidade, na qual você não quer viver. Isto é Podil! (região de Kyiv) - OK). Algures, além do perímetro central aos refugiados, os restaurantes refletem iluminação, as lojas atraem com vitrines.
Em troca, dentro da Frolivka, a conversa é sobre a satisfação das necessidades primárias na alimentação, roupas, calçados e medicamentos. Aqui a guerra sente-se no ar. E estas sensações não são românticas.
A guerra aqui tem cheiro de pobreza, remédios, alimento, roupas, pólvora e gasolina. E ainda - sacos velhos de estopa e corantes.
Os sacos, os voluntários rasgam em fios e fazem deles costumes de camuflagem "kikimora" - aqui mesmo, no centro de atendimento. Todos esses odores podem ser totalmente perceptíveis, mas em diferentes cantos da Frolivka você sentirá um ou outro.

Voluntários tecem "kikimores"
Barracas militares transformadas em berçários e ambulatórios. As pessoas ficam na fila para objetos de primeiras necessidade e recontam, uma a outra, histórias de vida, que mais parecem cenas de livros antigos sobre temas militares.
- Apenas tente se colocar no lugar deles, mas honestamente, pede a Senhora. Lessia. - Pessoa que leva vida sedentária acumula grande número de laços sociais. Quando partem-se quaisquer ligações, é tolerável. Bem, como transferir a criança para outra escola ou mudar o local de trabalho. 
Apesar de que para muitos, isto já é um grande desconforto. E se lhe pegarem, torcerem sua vida completamente e lhe mandarem para um novo lugar? A pessoa veio, ela não tem conhecidos, não tem família, ela não sabe aonde ir. Conseguir um trabalho, uma casa, estabelecer-se. Ela, basicamente não entende, por onde começar.
E você está sobrecarregado com família e é responsável por ela. Além disso, a maioria absoluta deles, de um modo ou outro, sofreu tiroteio. Absoluta maioria viu, com seus próprios olhos, a morte violenta. . Com calma, e até diariamente, dividem lembranças: o meu vizinho, no seu quintal, levou um tiro mortal...
Alguns se fecham e não conversam, alguém chora, alguém, pelo contrário, conta bravatas. Todas estas expressões são páginas reversas da mesma moeda. E o que não contam, quem é o culpado... Ninguém mereceu o que eles viveram. Ninguém e por nada!
Então, vir aqui - e dar um passo ao encontro do outro, a todos os participantes do processo. Aos migrantes, que num momento encontraram-se abaixo da linha de pobreza e precisam pedir um pacote extra de fraldas, se não for suficiente a primeira porção.
Cidadãos abastados, que trazem ajuda, é duvidoso que há um ano poderiam imaginar que ocupar-se-ão em fazê-lo e cruzarão com testemunhas da guerra.
Aos voluntários, que a cada dia ocupam-se com isso, sem perder a fé, que tudo dará certo e o que fazem é correto.

O registro dos forçados migrantes acontece aqui.
Nós exigimos das pessoas o passaporte com autorização de residência e registro. A autorização de residência é para eliminar os que não vêm da zona da ATO. Quanto ao registro dos migrantes no Conselho de Segurança, nós não precisamos. Mas isto é um pequeno serviço para o nosso país. Porque de outro modo não se consegue registrar os deslocados à força. A compreensão (ao menos aproximada) de todas estas pessoas, que estão em Kyiv, é muito necessária", - explica Lessia.

Com o registro e passaporte a pessoa preenche este impresso. Ele pode ser usado durante dez dias. Percorrendo todos os pontos, existentes no território da Frolivka, as moças voluntárias escrevem: recebeu a química, recebeu roupas, etc.
Lá brincam crianças
Primeiro Lessia explica o procedimento do registro dos refugiados. Em seguida apressa-se e nos introduz na barraca das crianças. Os pequenos já não estão lá - chegamos muito tarde. Mas há vestígios de sua permanência - diariamente, os pequenos, daqui levam muitos brinquedos, aqueles que apreciaram.

Por fora a barraca das crianças é pintada
Barraca das crianças
- Eis o meu grande amor - das crianças, - diz Lessia Lytvynova com orgulho - Isto era barraca de guerra (nos presentearam com duas). Numa está a clínica, lá nós iremos mais tarde. E neste, o quarto das crianças. Os pais andam pelo território buscando ajuda, e as crianças brincam aqui.
Brinquedos, livros - tudo podem levar consigo. O que tem agora - não é nem a terça parte o que tinha pela manhã. As crianças adoram. Elas vem em quantidade, tudo voa, e a barraca transforma-se numa bagunça hilariante, coletiva ociosidade e alegre doidice.
No alto os livros empilhados. Lessia explica: Literatura tem grande demanda. Embora, às vezes trazem exemplares muito originais... Por exemplo, biografia de Khruschev (Lessia esconde um sorriso). Eu escolho, é claro. 
As pessoas, geralmente pedem algo leve para ler e relaxar. Apesar de que aqui um homem falou por uma semana sobre Iessienin (Considerado um dos maiores poetas russos do início do século XX - OK).

Tudo segundo adultos
- Agora vamos para dentro, - diz Lessia e nos conduz a uma grande sala de tijolos.
De acordo com a voluntária, 300 anos atrás aqui havia a fábrica "Juventude", este era o prédio administrativo, a fábrica desmoronou e foi demolida. O edifício administrativo não pode demolir, porque ele é memória da arquitetura, de acordo com a respectiva placa.




Dentro - paredes descascadas, luz cortante. No entanto, relativamente seco e amplo. De um lado a outro andam pessoas. Aqui selecionam a ajuda humanitária e distribuem roupas.
Nós entramos numa sala espaçosa, cheia de vários objetos. Algumas mulheres fazem as classificações, os homens trazem todos os bens nos sacos ou vem até Lessia e mostram, o que de mais interessante trouxeram.
O trabalho aqui é alegre - às vezes encontram-se surpreendentes vestuários ou objetos. Alguém enviou aos refugiados um curtinho avental rosa, de arrumadeira, ou cachecol com o nome de Yanukovych . Ou uma canequinha com fitas de St. George (fita de St. George é símbolo russo - OK). Os especialmente épicos, a senhora Lessia preserva e faz exposição. Alguns itens podem fazer rir até às lágrimas.
Embora aconteçam estórias lindíssimas. Junto a parede da sala das classificações havia muitas caixas com calçados novinhos - algum comerciante as trouxe.
Os voluntários garantem, que objetos desnecessários não enviam. Transformá-los é possível. Se mesmo trapos ainda preservam a cor, deles fazem camufladas redes para "kikimores". Os trapos desgastados completamente, de bom grado recolhem os abrigos de animais domésticos.

Tão diferentes, tão próximos
Senhora Lessia irrita-se quando ouve histórias sobre perseguição de moradores de Donbass. Diz - nós também temos pessoas diferentes, às vezes muito chatas. Simplesmente nós nos acostumamos a elas.
- Saia no pátio de sua casa e olhe para os vizinhos. Alcoólicos há? Brutos há? Nós temos muitas pessoas problemáticas, mas nós nos acostumamos com elas - são nossas pessoas problemáticas.
Vêm pessoas diversas. Então, realmente, nós não esperamos que para cá virá uma sociedade ideal? De onde neste país ela poderá vir?
No centro da Frolivka em igualdade trabalham como voluntários pessoas de Kyiv e Donetsk, moradores de Luhansk ou crimeanos. Três - quatro coordenadores, quinze - vinte voluntários - espinha dorsal da equipe. Há muitos outros - os que ajudam um pouco.
- Se você trabalha em tempo integral, então vive de quê?
- Do que nós vivemos... Vitya, do que você vive?, - pergunta Lessia para um dos voluntários, que ansiosamente, algo carregava ou algo acomodava.
- Daquilo que consegui salvar, que não queimou, - ele já grisalho, magro, na aparência com menos de 50.
- E o senhor veio de onde? - pergunto ao Vitya, para de alguma forma desanuviar a situação - desde início da conversa ele não desvia os olhos do meu gravador.
- De Pervomaysk.
- Lessia! - Viktor perde o interesse em nós e dirige-se à nossa companheira, que aqui todos gostam e respeitam.

Alma e corpo
Além de roupas, sapatos, carrinhos de bebê, roupa de cama, fraldas, etc. em Frolivka pode-se obter ajuda médica especializada.
Os voluntários lembram, que anteriormente, os refugiados constantemente pediam medicação. Senhora Lessia ainda no Maidan tinha um amigo - médico Sviatoslav Chernenko. Ele organizou plantão com seus colegas. Aqui vem os médicos e estagiários. Fazem exame médico completo. Se algo não podem resolver, sabem para onde mandar. As queixas dos refugiados: resfriados, alergias, pressão arterial, coração.


De dia entre a multidão trabalham psicólogos, embora é difícil notá-los. Lessia conta:
- Se um homem se aproxima de mim e diz: cumprimentos, eu sou psicólogo, deixe-me dar-lhe ajuda psicológica, sinceramente, eu o dispenso. Mas nós temos algumas pessoas muito adequadas, que não se posicionam como psicólogos. Eles andam sem distintivos e não tentam se impor a alguém. Apenas vagueiam pela área, aproximando-se das pessoas.
- "Talvez possa ajudá-lo a pegar algo? A sua maleta é pesada, deixe-me segurá-la. E amarram conversa.
E você corre de um ponto a outro, olha - alguém sentado num canto chora, lembra. Sim, os psicólogos trabalham muito bem. Aqueles que vem e dizem: eu quero trabalhar aqui como psicólogo, aonde posso organizar meu gabinete, não sobrevivem por aqui nem um dia.

"Depois de quatro anos, aqui haverá uma cidade-jardim".
Continuando a conversa saímos num espaçoso local. Menos de seis semanas, esteja certa, este lugar se transformará num território de absoluta  felicidade desenfreada - Ano Novo chegando.
- Ooo, Ano Novo promete ser grandioso, - diz Lessia.
 - E para São Nicolau não planejaram nada?
 - Nós não conseguiremos destacar dois feriados. Embora no pinheirinho do Ano Novo, teremos St. Nichols, não Papai Noel! ri a mulher.
O Ano Novo em Frolivka celebrarão dois dias antes e dois dias depois do feriado do calendário. Haverá uma árvore, voluntários esperam ajuda das autoridades da cidade nesta questão. Doces, já escrevemos uma carta para "Roche" (empresa do presidente Poroshenko-OK) e "AVK", mas não se pode adivinhar, qual será a reação dos confeiteiros. Haverá concursos, diversos personagens divertidos, presentes, chá com bolos, danças com cantos...
Mas tudo pode acontecer aqui no Ano Novo!
Os voluntários, já sozinhos fazem aprovisionamentos para presentes, doces pela participação nos concursos.
Eu quero muito, - diz Lessia - para em alguma tenda as crianças pintem bolinhas ou, talvez, anjinhos, e escrevam seu nome e cidade de onde vieram para pendurar na árvore. E teremos uma árvore com todas as cidades. Eu penso que organizaremos.
(Segue a relação de pedidos: presentes para crianças, doces, enfeites para pinheirinho, etc.)

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário