Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana), 28.10.2014.
Igor Losev
O auto descrédito do novo governo e sua primeira pessoa e, consequentemente desilusão adquiriram ultra-rápido caráter.
Muitos ukrainianos, que votaram nas eleições presidenciais, em maio de 2014 a favor de Petro Poroshenko, esperavam escolher um líder forte, decidido e de princípios necessários à nação durante a guerra.
Yushchenko, para depreciação política precisou de um ano, Yanukovych - meio ano, Poroshenko conseguiu em 100 dias. (Os dois ex-presidentes citados governaram em tempo de paz - OK). O que, em grande parte é relacionado com a enorme dissonância entre os desafios existentes e o estilo de comportamento do presidente, conduta do qual nós testemunhamos. Quando há guerra, conversa nos bastidores não funciona. Além disso, torna-se claro, que a própria estratégia de ações do atual governo está errada. Ela decorre das tradições da classe burocrático - comercial que formou-se nos períodos de Kravchuk, Kuchma, Yushchenko e Yanukovych (ex-presidentes) , que levavam à degradação do Estado ukrainiano. Nestas tradições, política era vista como um fenômeno não público, como sistema de conspirações e acordos dos bastidores. Uma vez que todos os problemas do poder da Ukraina durante os 23 anos, resolviam-se deste modo, surgiu uma profunda convicção instintiva que somente desta forma tudo pode ser resolvido.
Daí vem a tentativa de sentar-se em várias cadeiras ao mesmo tempo, passar "entre a chuva" e enganar a história. Este truque ingênuo, de modo algum, ajuda fortalecer as posições da Ukraina diante da ameaça russa. Principalmente, não se pode ganhar a guerra com métodos puramente diplomáticos, porque no início vem os canhões, depois a diplomacia.
O desejo de Poroshenko de lutar não lutando, não promete nada de bom, lembrando a famosa tese do filósofo grego Euclides, a quem Alexandre da Macedônia pediu para lhe ensinar geometria, mas sem esforço e perda de tempo: "Rei! Não há caminhos reais em geometria!" Ukraina já teve sorte em 1991 em contornar as leis históricas, conquistando a independência sem uma única gota de sangue, no entanto, a história inexoravelmente voltou atrás pelas nossas dívidas em 2014.
A relutância das autoridades em denominar a guerra como guerra, usando o eufemismo ATO (operação anti-terrorista), a rejeição do assalto à mão armada do Estado estrangeiro para declarar a lei marcial não facilita a situação, mas a agrava terrivelmente. Se não há guerra, juridicamente não se pode exigir dos cidadãos que concordem com a limitação de sua paz diária. Forma-se uma situação inerentemente contraditória, situação anti-natural: de um lado, há guerra, do outro não há.
Agentes inimigos externos e suas armas não podem ser derrotados com intrigas políticas, para o que todos estes anos reduzia-se a vida política ukrainiana.
Isto leva a consequências desagradáveis e perigosas para o país. Recentemente houve uma revolta em algumas unidades da Guarda Nacional, com a exigência de dispensar os soldados estagiários, que serviram seu prazo legal, e que desejam ser desmobilizados.
Pode-se concordar com o governo, que viu aqui a mão de Moscou. A mão, provavelmente, lá existe, e não uma só. No entanto, esta também é a paga pela provincial liderança. Porque, juridicamente, guerra não temos. Os rapazes, honestamente serviram durante seu período. Quais são as bases legais para não dispensá-los? Se tivesse sido declarado o estado de guerra, poder-se-ia esclarecer aos soldados: "Vocês serão desmobilizados depois do término da guerra, depois da vitória". O que dizer agora? Alegar ATO? No entanto, em oposição ao pessoal das Forças Armadas da FR, com suas forças paramilitares (como cossacos) já não pode existir nenhum ATO por definição. Então quem mentiu ou enganou Petro Poroshenko? Além disso, hoje qualquer cidadão da Ukraina tem a possibilidade, de eximir-se, completamente impune, da mobilização, a qual com nenhuma operação anti-terrorista não está prevista, porque a tarefa da ATO realiza-se pelas existentes SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), Ministério do Interior, Guarda Nacional por incumbência das Forças Armadas da Ukraina.
Como se pode guerrear eficazmente sem o estado de guerra? Absolutamente incompreensível. Inimigo externo e seus agentes armados não se vence com intrigas políticas, às quais, todos esses anos reduzia-se a vida política na Ukraina. Neste contexto até a catástrofe de Ilovaisk foi em conformidade de tal distorção pseudo jurídica. O ex-ministro da defesa Valeriy Gueletey, após sua demissão, declarou que o Superior exigia dele a luta contra as formações de gangues, e esta tarefa ele cumpriu. Isto é, agia nos limites da ATO, que não previam a invasão de tropas regulares russas. Os objetos devem ser chamados pelos seus nomes, do contrário, pela posição de avestruz se pagará alto preço, como sob Ilovaisk, porque a guerra da Rússia contra Ukraina, não se pode qualificar como guerra de Kyiv contra alcoólatras armados de Donbas, tóxico-dependentes, desempregados e valentões (apesar de que todos estes personagens lá, sem dúvida, estão presentes).
Todo este perigoso jogo de esconde-esconde com a realidade é uma característica própria do estilo presidencial de Poroshenko. Tal como suas infames "tréguas" durante os combates no Donbas, quando havia a possibilidade de rapidamente destroçar as formações russas e pró-russas, colocando a FR diante do fato consumado, que não havia ninguém para apoiar nesta região e precisaria aventurar-se (a Rússia) a invasão aberta e óbvia ao mundo. No entanto, assim que surgia a perspectiva da vitória,
começava a "trégua"a da vez.
Ainda hoje Poroshenko não se cansa de falar sobre a "paz", com a qual ele tornou felizes os ukrainianos, embora no Donbas diariamente trava-se a guerra, morrem dezenas e centenas de pessoas, o exército russo até agora permanece no sudeste da Ukraina. Naturalmente, o principal para ele - eleições e possibilidade de fortalecer seu poder com a maioria parlamentar, portanto, precisa a qualquer preço criar a imagem de um pacificador. Isto lembra muito Neville Chamberlain que, voltando de Munique, declarou aos britânicos: "Eu lhes trouxe a paz!" E, em pouco tempo iniciou-se a Segunda Guerra Mundial...
Pode-se imaginar, como é bom ouvir essas estórias sobre "paz" pelos soldados ukrainianos, aos quais dirigem os disparos do "Grad", dos morteiros, artilharia pesada, tanques, e que diretamente têm de enterrar seus companheiros.
Nós ainda não conhecemos os verdadeiros resultados das negociações de Poroshenko com Putin, Merkel, Hollande, Cameron, em Milão. Mas especial esperança de que o presidente foi capaz de suportar a pressão do inimigo e "simpatizantes" da Ukraina, não há. Lenta, mas firmemente Putin dobra Poroshenko, incentivando-o à posição derrotista. Parece que este não se esforça muito para resistir. Conhece bem o tenente-coronel da KGB (Putin) esta raça de comerciante. Essa mentalidade específica. No Canal TVi o jornalista Yegor Checherynda disse, que há a informação de que no russo Lipetsk supostamente começou trabalhar a fábrica Roschen (fábrica de produtos de chocolate de Poroshenko - OK).
E em Sevastopol a fábrica Morskyi, que pertencia a Poroshenko, ao que parece, ninguém confiscou (Rússia confiscou propriedades de ukrainianos na Criméia - OK). Devemos entender o simples e óbvio fato, que mostra toda a experiência recente que sem sucessos militares reais da Ukraina quaisquer acordos com Putin são possíveis apenas com a nossa capitulação. Pelo menos, se Poroshenko em Milão não curvou-se, e conseguiu preservar o bastante negativo para Ukraina status quo (ocupação da parte de Donbas e Criméia, a zona tampão pelo meio de Donbas, o status especial das "DNR" e "FSC" com permanência dos exércitos russos) então isto pode ser considerado como opção intermediária sob condições, que o tempo será aproveitado com algum resultado, não como tempo perdido.
Recentemente, no Parlamento, houve mais um evento simbólico: parte da atual maioria parlamentar tentou aprovar uma lei reconhecendo OUN - UPA (Organização dos Nacionalistas Ukrainianos - Exército Insurgente Ukrainiano ) - lado combativo na Segunda Guerra Mundial.
Tal documento significaria uma ruptura definitiva, abismo mental entre Ukraina e Rússia de Putin, depois do que não poucos mitos de unificação imperial perderiam todo o sentido da perspectiva, uma vez que este ponto ideológico é de mais aguçado confronto entre a idéia nacional ukrainiana e a imperial russa. O não reconhecimento a OUN - UPA pela Ukraina oficial assegura o elemento de dúvida da independência da Ukraina, sua completa persuasão, como se nosso país se envergonhasse de sua luta heroica pela própria liberdade. (Rússia não admite que Ukraina lutou contra ela, daí querer apagar os vestígios e a memória - OK). Para aprovação da lei faltaram alguns votos dos representantes da maioria democrática. É claro, que este documento poderia privar Poroshenko do apoio de um certo segmento da população do país. Mas isto, a julgar por seus interesses pessoais, e não nacionais.
Infelizmente, nos últimos meses Poroshenko mostrou-se fraco, indeciso, político incoerente, propenso a ações fracionadas e atrasadas, incapaz de ir além do paradigma do governo Kuchma.
(O autor do texto é um dos redatores, senão o redator principal do conceituado jornal "Semana Ukrainiana - OK).
Tradução: O. Kowaltschuk