Nós já começamos perder hoje. O mundo está mudando drasticamente, mas Ukraina nem pensa no desenvolvimento de nova orientação energética e substituição de combustíveis fósseis.
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica), 24.11.2016
Oleg Savitsky
Com a entrada em vigor do histórico Acordo de Paris em 2016 o desenvolvimento de energia renovável e elevação da eficiência energética tornaram-se prioridades oficiais para as maiores economias mundiais - China, UE e os EUA.
Enquanto isso, a economia da Ukraina encontra-se, em grande parte, em um estado de incerteza de longa duração. Não orientando a energética e a política industrial no desenvolvimento de fontes renováveis de energia e substituição de combustíveis fósseis, nós começamos perder desde hoje.
Atualmente, o acordo de Paris foi ratificado por mais de 100 países, e já entrou em vigor. Paralelamente iniciaram-se mudanças fundamentais no transporte e energética. Com a conclusão da rodada da vez sobre negociações climáticas em Marrakesh isto tornou-se aparente.
O mundo começou mudar radicalmente, e estas mudanças ganham impulsos, apesar da resistência política. Atualmente, o assunto é sobre as grandes transformações econômicas, incluindo a rápida transição para as energias renováveis e a reestruturação de todo o setor energético, segundo os princípios de eficiência e segurança ambiental.
Isto acontece, porquanto tornou-se economicamente rentável. Por outro lado, tal transferência é imperativa do ponto de vista da segurança global, e até mesmo na questão de sobrevivência para os mais vulneráveis às consequências das alterações climáticas de países, incluindo Marrocos, Colômbia, Etiópia, Bangladesh, Mongólia, que declararam a sua intenção de assegurar a rápida transição de suas economias para a energia renovável.
A respectiva declaração de governos de 48 países foi anunciada na sexta-feira, no último dia de conversações climáticas de COP22 em Marakech. Este fato, durante a conferência de imprensa, dedicada aos resultados de COP22, indicou a coordenadora de rede regional de Climate Action Network Irena Stavchuk.
Para manter o aquecimento a 2 graus, que definiram como objetivo no acordo de Paris, é necessário mais ambiciosas e mais pró-ativas ações de todos os países do mundo. Para cumprir as metas do acordo de Paris, todos os países do mundo, até meados do século, devem passar para 100% de energia renovável. Nisto já não há controvérsias no nível de especialistas", - diz Stavchuk.
Em termos econômicos, os benefícios são óbvios no caminho do desenvolvimento pós-industrial baseado em tecnologia da informação, energia renovável e aumento radical da eficiência na utilização de recursos.
Por outro lado, as alterações climáticas antropogênicas e outras formas de degradação ambiental aproximam-se do ponto crítico, após o que podem tornar-se catastróficas. A partir de quais dessas mudanças - a reconstrução da economia ou a degradação ambiental - acontecerá mais rápido, depende o destino de toda a humanidade.
Os países que puderem, rapidamente, avançar pelo caminho do desenvolvimento inovador, tornar-se-ão líderes da nova economia e serão mais resistentes aos efeitos negativos das alterações climáticas. E, os países que permanecerem em estagnação, arriscam repetir o destino da União Soviética, mas com consequências sociais e ambientais piores e podem prejudicar toda a humanidade.
A posição da Ukraina como um estado de abrupta fratura do pós-soviético sistema econômico e à beira e à beira de novo , é único em termos de possibilidades mas muito ameaçador em termos de risco.
Moderna energia - é energia renovável.
Em 2015, o investimento mundial em energia renovável ascendeu a 286 bilhões de dólares, em combustível - 130 bilhões de dólares.
Em 2015 China instalou 30,5 GW de capacidade eólica e 18,4 GW de energia solar. Estas capacidades são suficientes para satisfazer plenamente as necessidades atuais de energia elétrica na Ukraina.
Ao mesmo tempo o programa nuclear chinês, em larga escala, torna-se mais lento. De acordo com ele, até 2020 planejava-se trazer para exploração 19,3 GW de capacidade. China passou pela industrialização num ritmo super-rápido, incluindo o estabelecimento do complexo nuclear-industrial, mas agora os benefícios das energias renováveis tornaram-se aparentes.
Exatamente por isso as Fontes de Energia Renováveis já dominam na estrutura das novas capacidades de produção na China. Esta escolha era evidente para um país que aspira à liderança econômica global.
Outra economia significativa que embarcou no caminho do desenvolvimento sustentável de energia é o estado norte-americano da Califórnia. Em dezembro de 2015 este estado, com uma população de 39 milhões, tem capacidade instalada, eólica e solar, de 6,1 GW e 10 GW, respectivamente, cuja maior parte foi introduzida em exploração nos últimos cinco anos.
Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, que recentemente apelava para lutar com a poluição do ar, cita isto como exemplo de que, quando há vontade política, os Estados Unidos podem rapidamente reestruturar o setor energético.
Ao contrário dos EUA, na maioria dos países europeus tal vontade política forma-se devido a exigência da população. No nível político, na UE ainda realizam-se debates sobre os rumos da possibilidade energética, mas no nível de peritos a possibilidade e a necessidade de conversão completa para energia renovável até 2050 já não está em dúvida.
Na Alemanha, em dezembro de 2015 já entraram em funcionamento numerosos parques eólicos, com capacidade total de 41 GW. Foram instalados mais de 36 GW de sistemas solares fotovoltaicos e 6 GW usinas de bioenergia. Por decisão do governo a energia nuclear será será retirada completamente até 2022.
Atualmente, no centro de debates políticos, encontram-se as estações elétricas de extração do petróleo. Os especialistas e o público exigem completo colapso deste ramo na Alemanha não depois de 2040 e provam a viabilidade econômica de transição rápida para 100% de restabelecimento de fontes de energia.
Numa série de países as fontes renováveis de energia já alcançaram paridade de preços com as fontes tradicionais de energia e não mais precisam de subsídios para o desenvolvimento. Ao contrário das novas usinas nucleares e a carvão, cujo custo aumenta de ano para ano, por razões econômicas e políticas, o custo das fontes renováveis diminui com aceleração, porque a produção de respectivos componentes torna-se generalizada.
Desenvolvimento de energias renováveis está acelerado.
Em outubro a Agência Internacional de Energia novamente reviu as suas posições quanto ao ritmo de desenvolvimento da energia renovável e significativamente aumentou-o, inclusive sob a influência do acordo de Paris.
Entre outras razões - aumento da concorrência, avanços significativos em tecnologia, economicamente esquemas mais estáveis de estímulos ao setor de energias renováveis, política ativa de países na redução de emissões e desejo de diversificação de fontes de energia .
Como aponta o fundador do centro analítico americano Rocky Mountain Institute Amory Lovins, a Alemanha, graças a uma política consistente ao longo dos últimos 20 anos, conseguiu construir a indústria de energia renovável, para o ponto onde as novas usinas de energia solar quase não necessitam de subsídios, e os preços da eletricidade
Ao mesmo tempo, as preocupações, quanto ameaças a confiabilidade das redes de energia não se concretizam, mas a quota de novas fontes na produção da eletricidade superou 30% a nível nacional, e em algumas regiões chegou a 50%.
De acordo com Lovins, que foi reconhecido como um dos inspiradores ideológicos da alemã Energiewende, a Alemanha pode atingir 100% de produção de eletricidade, a partir de fontes renováveis, já nos próximos 15-20 anos e muito antes de 2040.
O otimismo de Lovins também é reforçado pelas dinâmicas econômicas reais, porquanto o caráter exponencial de desenvolvimento da energia solar e eólica no mundo torna-se evidente.
Enquanto isso, a posição do lobby do carvão no mundo fortemente agitou-se e um grande número de empresas de mineração no mundo faliu. Na maioria dos países europeus a liquidação de energia de carvão está na ordem política do dia, o que afirma-se pelos exemplos da Alemanha e Holanda.
China, em 2016 cancelou 30 projetos de construção de usinas de carvão. Segundo preveem os especialistas, o mesmo destino aguarda as companhias petrolíferas em menos de dez anos. A demanda por combustível cairá por causa da eletrificação dos transportes e o desenvolvimento de serviços automatizados, com o que firmemente ocupa-se Elon Musk.
A culminação da era do carvão já chegou, petróleo e gás na vez, portanto, aqueles jogadores que continuam acreditando nos recursos energéticos de hidrocarbonetos, ariscam perder tudo.
Nosso caminho não é com o vizinho do norte.
Ukraina diante da escolha: continuar dependente da Rússia e fechar-se no passado, financiando hidrocarbonetos e energia nuclear, ou dar prioridade às medidas de eficiência energética e ao desenvolvimento de fontes de energia renovável que fornecem segurança energética, independência e permitem a construção de uma economia moderna, baseada na inovação. China, Alemanha e Califórnia, em contraste com a economia empobrecida da Rússia, apresenta-se melhor modelo.
Particularmente primitiva neste contexto é a posição atual do governo da Rússia, a única grande economia que não ratificou o acordo de Paris. Em 10 de outubro no World Energy Congress Vladimir Putin expressou esta declaração.
"Sim, a humanidade se move na direção de "energia verde". Isto, naturalmente, o caminho geral de desenvolvimento, o caminho certo. A demanda por energia renovável num ritmo mais rápido em comparação com a energia de fontes tradicionais. A implementação de tecnologias avançadas, incluindo aquelas como geração distribuída, potentes acumulações e as chamadas redes inteligentes, ajudam a acelerar este processo. No entanto, paralelamente, o consumo de nafta e gás continuam a crescer, embora não com taxas tão altas como antes".
Na verdade, este é o reconhecimento do atraso da economia russa e de sua dependência crítica na extração de combustíveis fósseis. Mas, mesmo reconhecendo que a economia russa se move para um "canto surdo", a liderança da Rússia não pensa em mudar o rumo e pretende continuar a existência somente através da exportação de hidrocarbonetos.
Nas conversações sobre o clima COP22 em Marakech Rússia distinguiu-se com o fato de, zelosamente promover a energia nuclear como meio para combater as mudanças climáticas, ---quando a tal propaganda já ninguém acredita. Até a França decidiu diminuir parte de energia nuclear e, gradualmente passar para fontes de energias renováveis. À conferência veio uma delegação inteira de "Rosatom" (Companhia Estatal de Energia Nuclear - Companhia responsável pelo complexo energético nuclear do país. Sede em Moscou - OK) junto com lobistas de hidrocarbonetos. De acordo com o atraso no desenvolvimento das energias renováveis, perseguições e repressões de ativistas ambientais da Rússia recebeu da rede internacional Climate Action Network a distinção "Fóssil do ano".
Enquanto isso, as regiões industriais da Rússia, onde está alojado todo o legado industrial da União Soviética, mais imergem em depressão e começam lembrar as cenas de filmes pós-apocalípticos. Não houve nenhuma sistematização inovadora na economia russa desde o colapso da União Soviética. Em tais condições mudanças radicais são impossíveis, porque a estabilidade da estagnação - é uma condição necessária para a preservação de um sistema autoritário.
Única saída - desenvolvimento inovador.
Até 2040, a maior parte da capacidade de energia térmica e nuclear na Ukraina mesmo com a extensão improvável de usinas nucleares, esgotar-se-á o seu limite de recursos e serão desclassificados.
Para não voltar à Idade da Pedra com a Rússia, Ukraina deve enfrentar a tarefa de reconstruir o setor de energia para sistema atual. De acordo com o famoso político alemão Hans Josef Fell, autor de "tarifa verde" e pessoa que foi pioneira de Energiewende, o desenvolvimento de energias renováveis e a implementação de medidas de eficiência energética na Ukraina - único caminho para superar a dependência da energia tradicionalmente importada, especialmente gás e combustível nuclear.
Então, dependem dos projetos "verdes" - crescimento econômico, atividades adicionais da população, energia questionável, e desenvolvimento industrial do país.
Estes pontos de vista ele expressou durante sua visita à Ukraina, em outubro, no Forum de energia sustentável em 2016, e na "mesa redonda" na Comissão do Parlamento, sobre Combustível e Energia.
Nisso também acredita o presidente da subcomissão, na questão da conservação e efetividade energética Alex Ryabchyn que fez parte da delegação oficial da Ukraina nas conversações de COP22 em Marraquexe.
Atualmente, os líderes econômicos escolhem processos inovadores e substituição de combustíveis fósseis. Não participar dessas transformações não é confortável e perigoso, porque tal política deixa o estado na dependência energética da Rússia e dos territórios ocupados de Donbas.
Para não ficar à margem e não perder a oportunidade econômica única, a comunidade e as empresas na Ukraina devem assumir o papel de líderes transformacionais e começar a construir um futuro, a salvo de desastres.
Tradução O. Kowaltschuk
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