sábado, 19 de novembro de 2016


O que é "Shatun" e como domá-lo?
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 16.11.2016
Sergey Grabovski
Caricatura Política de Alex Kustovskyi











Na Ukraina perdura debate entre políticos, especialistas, jornalistas, e todos interessados cidadãos sobre o chamado Plano de medidas prioritárias quanto a desestabilização da vida social e política no país ou, resumindo, Plano "Shatun". De acordo com o grupo de hackers Cyber Hunta, ele foi encontrado no violado e-mail de Vladislav Surkov, assistente do presidente russo, Vladimir Putin. 

O  principal objetivo deste plano  - desacreditar as autoridades estaduais e a realização de eleições presidenciais na Ukraina, a fim de chegarem ao poder as "dirigidas forças políticas", o que resultará em "uma mudança radical do regime político". A discussão trava-se, principalmente, em torno de, se este plano é autêntico ou falso, inventado por alguém na Ukraina para desacreditar os oponentes políticos.

Vladimir Putin e Vladislav Surkov (foto de arquivo)

Imediatamente após a publicação em 24 de outubro, na Internet surgiram declarações - isto é falsificação, porque lá estão presentes "ukrainismos", particularmente declina-se o sobrenome "Boyko", que no idioma russo não se declina. Para mim, isso não é argumento. Pelo menos, é ingênuo considerar os especialistas e "aparatchiks" russos como pessoas completamente alfabetizadas. E, ainda não se deve esperar, que  no caso da fabricação da falsidade aqueles, que fizeram "Shatun", não convidariam uma pessoa competente para compor o texto. Pelo contrário, a perfeição literária de tal documento seria a melhor prova de sua falsidade. Exemplo: nos anos da Segunda guerra mundial o serviço de inteligência alemão abastecia seus agentes na URSS com documentos perfeitos. Tão perfeitos, que naqueles documentos pessoais, que reforçavam-se com grampos de ferro (por exemplo, nos passaportes), estes grampos não enferrujavam com o tempo, enquanto nos documentos originais, onde os grampos foram feitos de aço de qualidade inferior, a ferrugem manifestava-se com o tempo...

Quanto mais sérios são os argumentos, que o plano de tal qualidade não podia ser confiado à internet - especialmente depois das violações deste ano do correio eletrônico, de proeminentes políticos e seus assessores.  No entanto, estes argumentos afastam-se com o fato de que, interceptadas e publicadas, inicialmente, algumas proposições provisórias, preparadas com o apoio de consultores da Ukraina - daqueles que acamparam em Moscou, ou frequentemente viajam para lá - alguns destes nomes, em minha opinião, é fácil de encontrar no artigo da Wikipédia sobre o plano "Shatun" entre os nomeados lá personagens, que afirmam que os protestos não são provocados no Kremlin.

Finalmente, a autenticidade do plano (ou sua versão anterior) é certificada, em minha opinião, como suficiente análise profissional da situação da Ukraina  e uma lista de medidas propostas, boa parte das quais realiza-se, simplesmente, diante de nossos olhos, durante os 20  dias, decorridos da publicação deste texto.

E mais um detalhe importante: ausência nos digitalizadores de alguns nomes icônicos daqueles, que por várias vezes demonstravam claramente laços estreitos com Kremlin. Por que não há? Muito simples: existem diversos níveis de subordinação e competência, os autores do texto sabem bem, em que nível agem aqueles que não são nomeados no "Shatun", e qual o papel que lhes foi atribuído na desestabilização da Ukraina e na mudança de governo. Estas figuras vão desempenhar o papel de pacifistas, chamados para tranquilizar o "Shatun" e, portanto, eles são considerados como elaboradores de medidas, que com alegria apoiará a maioria da nação...

Metas estabelecidas, a implementação começou.

Como o autor deste artigo por um longo tempo estudou os métodos do serviço secreto soviético (descritos, em particular, na publicada há um ano brochura "Terror político global: arma secreta do Kremlin e Lubyanka" - Nizhyn, 2015) é possível que estas considerações sobre o plano "Shatun" sejam úteis para um público amplo. 

Primeiro lembrarei, que planos principais planejaram nos publicados scanner: 

- organização de investigações com participação de incluídos "no escuro" combatentes com as atividades de corrupção do presidente da Ukraina Petro Poroshenko e sua comitiva, seus acordos secretos e lobby por interesses nos negócios;

- preparação do "Maidan Alfandegário" (Maidan -3") em Kyiv, preparação da base financeiro-organizacional de protestos nos centros reginais da Ukraina;

 - crítica ativa de política econômico-social do governo central e estruturas locais nos meios de comunicação, especialmente na internet;

- realização de procissões religiosas com símbolos provocativos (retratos de Nicolau II, "fitas de São George", etc.);

- intensificação de movimentos separatistas em algumas regiões;
 
- criação de uma situação criminal perigosa nas ruas de Kyiv e outras cidades, envolvimento em provocações de combatentes de batalhões voluntários;

- "abalroamento de dentro" com ajuda de agentes do movimento voluntário e Forças Armadas com motivo principal "Guerra para alguns, para outros mãe querida".

- O período definido como crítico para realização do "Shatun", - meados de novembro de 2016 - março de 2017. Quanto aos seus prováveis executores, com alguns deles propõe-se "realizar negociações", outros "aproveitar no escuro", bem, alguns simplesmente indicados como "iniciador de protestos".

Os acontecimentos dos últimos dias provam: muito do que está acontecendo, coincide diretamente com os algoritmos deste plano (ou seu esquema), que vieram a público, lembro, 20 dias antes do início dos protestos em massa, em Kyiv. Além disso, clara indicação do Kremlin e Lubyanka é visível na anexação de protestos (pela participação nos quais, segundo relatos na mídia, os participantes recebem um determinado montante), principalmente mulheres, idosos e estudantes. Bem, temas de tais reuniões, frequentemente  absurdos do ponto de vista do senso comum - "contra a desvalorização da hryvnia", "pela taxa de 8 hryvnia por um dólar", pelo retorno de velhas tarifas", etc. Mas, parece, que quanto mais absurda, mais a situação fica tensa. Parece que aos organizadores (ou àqueles, que com eles comandam) é extremamente necessário, que haja derramamento de sangue de idosas e jovens pessoas. Neste sentido lembrem a frase de Putin: "E que algum dos militares tente disparar contra o seu próprio povo, pelo qual nós estaremos atrás, não na frente, mas atrás. Deixe que eles tentem atirar nas mulheres e crianças. E eu olharei para aqueles, que darão tal ordem na Ukraina" . Lembrem, na Criméia e no Donbas usavam exatamente esses "escudos vivos", atrás dos quais escondiam-se  as forças especiais russas e militantes locais treinados com antecedência. Atualmente, junto aos comícios na capital circulam ativamente jovens com aparência esportiva...

Geralmente, eu recomendo ler o texto da conferência de imprensa de Putin, de 14 de março de 2014, no site oficial do Kremlin. Segundo a medida de cinismo, mentiras e uso de tecnologias manipulativas chequistas - é algo único, esta conferência de imprensa; ela deve ser estudada para reagir às ações do "mundo russo".

Caçar "Shatun"

O nome "Shatun", quanto a mim, não é tanto de "Shatath" (balançar, em russo) quanto de "urso-shatun" ("urso-biela"- em português), que no inverno penetrou na toca (o final do plano - é justamente o inverno e início da primavera). Você não sabe o que esperar, aonde aquele urso rapidamente pulará em você, ele é imprevisível em tudo, além das ações agressivas e destrutivas, ele semeia a incerteza e o medo. E, para se livrar desse medo as pessoas, geralmente, estão prontas a entregar quase tudo... (Prezados, a palavra composta "urso-biela parece não ter nenhum sentido, pois "biela", segundo Aurélio, é uma peça de máquina... mas foi esta tradução que encontrei no dicionário. OK).

Caricatura Política de Alex Kustovskyi
Bem, os primeiros sucessos de "Shatun" já estão presentes: crescimento da desconfiança mútua entre todas as forças políticas e desconfiança da sociedade a todas elas. Kremlin e Lubyanka, com base nos seus agentes e idiotas úteis, poderão aproveitar as falhas reais do malogro do governo, corrupção e incompetência da elite política e desespero de milhares de pessoas empobrecidas, em seus próprios interesses. Isto não deve ser permitido. Espera-se que para "Shatun" encontrar-se-ão caçadores não esperados por Putin.

Mas, não podemos esquecer: o próximo alvo de Putin é demonstração ao mundo do "sabat nazista" na Ukraina, planejado de Moscou...  

Sergey Grabowski - PhD, membro da Associação de Escritores Ukrainianos.

Tradução: O. Kowaltschuk

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