quinta-feira, 3 de novembro de 2016

"Suficiente para comprar a maior parte do país" : meios de comunicação ocidentais sobre a riqueza das autoridades ukrainianas.
Europeiska Pravda  (Verdade Européia), 01.11.2016
Anatoly Martsynovski

Os fantásticos resultados das declarações eletrônicas de riquezas dos funcionários e políticos ukrainianos não passaram despercebidos no exterior.
A imprensa dos principais países europeus e EUA contavam aos seus leitores sobre a fabulosa riqueza da elite política ukrainiana relacionando isto com os fatos que retratam a pobreza na Ukraina.
Tornaram-se ilustrações populares as fotos do presidente Poroshenko e primeiro-ministro Groisman, como também imagens de pilhas de dólares, relógios caros e jóias.
Na Ukraina, considerável atenção despertaram "brincadeiras" de ministros e deputados e seus bens inesperados como relíquias dos santos, declarados por A. Lozovyi. Mas, para imprensa ocidental - incalculáveis riquezas dos políticos. Como exceção foi a publicação americana da "Rádio Liberdade", sobre a igreja do deputado Matvienko, e nos Países Baixos chamaram a atenção as antiguidades do período nazista, de Mosiychuk.

Grã-Bretanha

Talvez a maior atenção à declaração eletrônica demonstrou a mídia britânica. É significativo, porque a Grã-Bretanha é importante para milionários ukrainianos - é para lá que frequentemente vão os capitais ukrainianos, lá estudam os filhos de nossos ricos, incluindo os filhos do presidente Poroshenko.

"Ukraina está aturdida com enormes reservas de caixa, da elite política, que o público descobre", - este é o nome do artigo britânico The Guardian.

"Um dos requisitos fundamentais do Maidan em 2014 era o término da desenfreada corrupção que tomou conta do país. Quando os manifestantes chegaram à residência de Yanukovych, lá encontraram, banhados em ouro bastões de golfe, jardim zoológico infantil e uma réplica exata de um galeão espanhol, ancorado num lago artificial - a edição relaciona as analogias.

O atual presidente Petro Poroshenko é oligarca e bilionário, mas ele prometeu uma política nova, mais transparente. Os críticos dizem que os esforços com a realização de reformas, em impasse e apesar da impressionante retórica, o governo faz muito pouco para transformação da natureza fundamental de negócios e da política ukrainiana".

O jornal observa, que a informação das declarações eletrônicas provocou indignação na empobrecida sociedade ukrainiana.

"O principal indicador, se a declaração servirá à luta contra a corrupção, será aquilo que o governo do país fará para investigação de informações das declarações", - conclui The Guardian.

BBC Britânica

Seu artigo enfatiza o aspecto "cash" da declaração eletrônica. "Enormes pilhas de dinheiro das autoridades ukrainianas demonstradas à sociedade sob pressão de reformas".

O artigo inicia com informação sobre o primeiro-ministro Volodymyr Groisman, que declarou US $ 1,8 milhão em dinheiro e impressionante lista de ativos. "Ele foi um funcionário público na Ukraina ao longo dos últimos 14 anos", enfatiza BBC.

" Entre outros, lembrado o prefeito de Kharkiv Gennady Kernes" ... Controverso prefeito da segunda maior cidade da Ukraina declarou mais de US $ 1,6 milhões". 

O costume dos funcionários públicos em manter o dinheiro fora dos bancos é um problema grave, de acordo com as  mídias britânicas. "Isto é como um voto de falta de confiança ao sistema bancário, que agora está em reforma", - declara-se no artigo. 

"Não há evidências de que os políticos lembrados neste artigo violaram a lei, - cuidadosamente observa no final a publicação BBC - E a declaração eletrônica é provável que avaliem positivamente os apoiantes da Ukraina em Washington e na Europa Ocidental".

Agências internacionais

A líder, agência mundial Reuters publicou  o artigo chamado "Os ukrainianos estão chocados com enormes riquezas declaradas pelos políticos".

Alguns declararam milhões em dinheiro. Outros relataram, que possuem frotas de luxuosos automóveis, relógios suíços caros, diamantes e grandes extensões de terras - revelação capaz de, ainda mais, minar a confiança das autoridades da Ukraina, onde o salário é de apenas US $ 200 por mês", - escreve a agência.

Reuters observa, que juntos 24 membros do Gabinete Ministerial declararam cerca de US $ 7 milhões..
"É claro, nos países da UE manter o dinheiro em espécie pareceria ser incivilizado. Mas (na Ukraina) o sistema bancário poderia, digamos assim, trabalhar melhor. Este é o problema de muitos ukrainianos que perderam suas poupanças nos bancos", - a agência cita o ministro de justiça Pavlo Petrenko.

Como exemplo de luxo chocante, Reuters cita a declaração de Mikhail Dobkin do Bloco de Oposição, que tem uma coleção de 1.700 garrafas de vinho; chefe do serviço fiscal estatal Roman Nasirov, com US $ 2,2 milhões declarados em dinheiro; "estilizado sob defesa de interesses das pessoas comuns" Oleg Lyashko, como também o líder da facção do Bloco Petro Poroshenko Igor Hryniv. "Antes de tudo, as recentes descobertas reforçarão o descontentamento da sociedade com o governo em suas ações quanto às reformas. A pesquisa de setembro mostra que, apenas 12,6% votariam no partido de Poroshenko, este índice caiu de  21,8% nas últimas eleições. Enquanto isto o apoio aos populistas e partidos de oposição cresce", - constata a agência.
Este artigo da Reuters foi reproduzido por um rosário de meios de comunicação, incluindo o influente americano New York Times.

No site da agência norte-americana Blomberg a coluna de Leonid Bershydskyi "Milionários ukrainianos saem da clandestinidade" ilustraram com a foto de Petro Poroshenko e publicaram na categoria "Crise Ukrainiana" (onde, costumeiramente colocam as publicações sobre a guerra no leste da Ukraina).

O material é dedicado, principalmente, a enormes quantidades de dinheiro e raciocínio por que isto foi feito e quais as consequências que implica. O artigo começa com o exemplo do deputado Serhiy Melnychuk que declarou um trilhão de dólares em dinheiro. "Isso é quase duas vezes a receita esperada para Ukraina neste ano e suficiente para comprar a maior parte do país;
O artigo lembra o montante declarado pelo primeiro-ministro Volodymyr Groisman e sua esposa, e também a declaração da dirigente do Banco Nacional Valerie Hontaryeva, que possui grandes poupanças bancárias.
O objetivo destas ações - garantir explicações de enormes gastos futuros...

As declarações não obrigam os funcionários explicar a origem do dinheiro, embora o organismo anti-corrupção, o Bureau Nacional Anti-Corrupção tem direito a esta investigação", - escreve o autor.
No entanto, o artigo expressou dúvidas, de que NABU realmente inspecionará líderes políticos. "Groisman e outros susceptíveis é pouco provável de serem perguntados (sobre a origem do dinheiro), eles são muito influentes e próximos a Petro Poroshenko", - diz Bershydskyi.

Atenção alemã

A imprensa alemã também acompanha notícias da Ukraina. Spiegel - online: "867 milhões de euros de Petro Poroshenko" e lembra que Ukraina foi obrigada a iniciar o sistema de declaração eletrônica sob a pressão dos doadores ocidentais.
O tom do artigo é neutro. Os fatos sobre os ativos declarados de Poroshenko, Klitschko (o ex-pugilista é prefeito de Kyiv - OK), Groisman e o ministro do Interior Avakov apresenta-se sob prisma das relações entre a Ukraina e o FMI.
As apresentadas exigências do FMI forçaram o presidente Poroshenko revelar detalhes de seus ativos: O prefeito de Kyiv, Vitaly Klitschko" também forneceu acesso às suas contas".
"O presidente é o mais rico", avisa aos seus leitores, ainda no título, a edição alemã líder Frankfurter Algemeine Zeitung.
"Na Ukraina baixaram as calças: nova lei obriga as autoridades a abrir seus ativos. Na luta contra a corrupção os relógios de luxo não devem ficar além da atenção durante o inventário", escreve FAZ.
Listando as riquezas de Poroshenko e Groisman, o jornal escreve sobre as relações de Kyiv com o fundo Monetário Internacional.

Ocidente silencioso.

Ukraina não é o centro do universo, apesar de que às vezes nos parece, que as notícias ukrainianas são as mais importantes.
Esta vez, no entanto, não é só a importância - a história sobre as e-declarações também é interessante, então seria de esperar a atenção do mundo todo... mas essas expectativas não foram satisfeitas.

Os jornalistas franceses, praticamente ignoraram os resultados das e-declarações na Ukraina. Embora durante a campanha na mídia local, houve relatos, principalmente devido ao trabalho do escritório ukrainiano AFP.

A mesma situação na Itália. Nenhum dos principais jornais viu necessidade em informar seus leitores sobre as mudanças na Ukraina.

Ligeiramente melhor a situação na Espanha - alguns meios de comunicação publicaram breves relatórios.

Europa - o que em seguida

Surpreendente, mas com bastante indiferença colocaram-se na Polônia.
Não encontraram-se publicações sobre isto nos sites das principais edições polonesas, Gazeta Wyborcza e Rzeczpospolita. O semanário Wprost em um pequeno artigo "Dezenas de milhões de dólares, em mais de 100 empresas. O presidente mostrou sua fortuna", atenção especial a Petro Poroshenko. O curto material citando o presidente e sem avaliação, termina dizendo que e-declarações é uma exigência do FMI.

"Os políticos na Ukraina gostam de Rolex e Cartier" - manchete da emissora pública NOS (Holanda). Neste país discute-se agora a ratificação do Acordo de Associação entre Ukraina e UE.

Eles tem relógios caros, carros antigos, imóveis e muito dinheiro - escreve a edição.  - As autoridades na Ukraina possuem bastante bens, como testemunham as declarações de políticos e funcionários. Como exemplo, o jornal cita uma coleção de relógios do prefeito de Dnipropetrovsk Boris Filatov "para os quais o ukrainiano médio não juntará dinheiro em toda sua vida".
Lembram dos ativos do primeiro-ministro Volodymyr Groisman. Sobre o presidente Petro Poroshenko a publicação lembra que ele possui mais de 100 empresas, "e não apenas na Ukraina, incluindo os Países Baixos e a hostil Rússia".

E, em geral, pode-se considerar uma regra, se qualquer publicação escreveu sobre a conclusão de e-declarações - lá, certamente, trata-se sobre os bens do presidente e dinheiro do primeiro-ministro.

Os dirigentes da Ukraina têm apartamentos, terrenos, bonecas japonesas, ovos Fabergê, roupas e pinturas caras. Isto é impossível comprar somente com seus salários", - os jornalistas fazem alusões à corrupção.

Veremos se as declarações levarão à diminuição da corrupção", - conclui o artigo."Políticos ukrainianos apreciam caros vinhos e relógios, de acordo com declarações públicas", - é o título de outra publicação holandesa Volskrant.

No artigo - aqueles impressionantes exemplos da declaração de Bóris Filatov, Volodymyr Groisman, Mikhail Dobkin. 

"As declarações também mostram alguns interesses incomuns da elite dominante. O deputado Igor Mosiichuk coleciona armas antigas. Sua coleção inclui cimitarra turca do século 16 e adaga SS nazista". Ao texto adicionado duas ilustrações. Interior luxuoso do "Myzhyhiria" (Palácio que o ex-presidente Yanukovych havia construído para si - OK) e foto das ruínas no leste da Ukraina.

Tradução: O. Kowaltschuk

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