segunda-feira, 11 de abril de 2016

Nick Vuychyck: Na Ukraina há muitos deficientes. No entanto, isto não é problema, mas obrigação.
Ukrainska Pravda Jettia (Verdade Ukrainiana Vida), 08.04.2016
Tatiana Ushynina

A vida do australiano Nick Vuychych viola limites do possível, sem braços e apenas uma pequena perna, ele anda de skate, e no tabuleiro para surf, casou-se e tem dois filhos, viaja livremente pelo mundo...
Aos 10 anos o singular menino australiano tentou cometer suicídio, porque se sentia só e não acreditava no futuro.
Hoje o já homem de 33 anos junta 100 mil pessoas nos estádios e inspira aqueles, que têm muitas dificuldades.
"Eu vim até vocês, para ajudar, ao menos para uma pessoa", - diz Nick.
O público ouve com admiração. E a questão não é apenas no maravilhoso senso de humor ou desempenho artístico do articulador. Aqui a 
questão é outra: olhando para Nick cada um pensa: "Se ele conseguiu, então eu também conseguirei!"
Deem a uma pessoa uma cadeira de rodas, mas ela ainda deve ter coragem, para sair nela, de casa, - diz aos ukrainianos Nick.
Na Ukraina mesmo aqueles que querem sair, não podem fazê-lo, porque não há rampas, elevadores, - imediatamente objetam na sala. 
Esperem, esperem, - interrompe o orador. - Eu quero que vocês saibam. Eu estive em países, onde as pessoas nascem com limitações físicas, e são enterradas vivas. Eu estive em países, onde nunca viram uma cadeira de rodas ou um inválido vivo, porque estas crianças eram mortas. Eu vi o pior e o melhor.
Após estas palavras na sala reina silêncio - alguns segundos a mais que o habitual.


Nick Vuychych permaneceu em Kyiv apenas um dia, veio antes de sua apresentação no Estádio Olímpico ao hospital Militar e hospital de câncer, infantil. Mas, deixou-nos muitas idéias que merecem reflexão.
Muitos  pensam que para mim foi fácil porque eu nasci na Austrália. Mas eu digo a vocês que houveram momentos, quando o governo do meu país não ajudava às pessoas deficientes. Isto foi a apenas 24 anos atrás.
Sinto-me encorajado ao ver que Ukraina, onde as pessoas com possibilidades limitadas são mostradas na televisão. Eu quero incentivá-los, como país, continuar a integrar as pessoas com deficiência. Virá o dia quando Ukraina será estável, e a tempestade findará.
Outrora eu queria muito ter braços e pernas. Por que? "Porque quando eu os terei, tudo será normal", - pensava eu.
Por quê? Porque para os outros isto é bom. Depois compreendi, que isto não é verdade. Mesmo sem braços e pernas eu posso ser um milagre para outros. Existe algo mais que braços e pernas. Eu procuro alegria e paz, finalidade. Braços e pernas não lhes darão felicidade. Precisa saber, o que é mais importante: Mãos ou coração? Pernas ou alma?
Eu me convenci, que esperança não há: "Nick, desista. Você é um, sempre serás solitário. Serviço você nunca terá. Feliz também você não será"... Quando eu tinha dez anos, eu tentei me matar.
Imaginem, se eu tivesse conseguido? Eu nunca teria encontrado minha esposa, não teria visto meus filhos, não me tornaria um conferencista. E agora eu compreendo: capitular é escolha errada, porque você não sabe o que está além da esquina, enquanto não chegar lá. Precisa seguir em frente. Com coragem.
Coragem - não é quando você não tem medo. Se você encontrou algo pelo qual pode-se morrer - exatamente por isto é preciso viver. Do contrário pelo que você vive: para existir, ser bom e morrer.
E isto é tudo? É necessário que haja mais. É difícil acreditar no que você não vê, até encontrar algo maior que você.

Nick Vuychuch: "Mesmo sem braços e pernas eu posso ser um milagre para alguém. Precisa saber o que é mais importante:?? as mãos ou o coração? Os pés ou a alma?.Foto angelusnews. com
Eu queria ser orador, mas ao mesmo tempo comecei estudar contabilidade. O estado não conseguiu me ajudar - não encontrei aquele que me ajudaria estudar na universidade. Mas então apareceu uma organização sem fins lucrativos, onde australianos ajudavam australianos.
Eu quero que os ukrainianos ajudem ukrainianos. E quero ver pessoas com deficiências nas universidades. Na Ukraina há muitos necessitados. No entanto eu não vejo problema nisto, mas obrigação.
Certa vez no oceano eu fui para debaixo de uma onda, e amigos não podiam me ver. Eu girei para cima e para baixo, mas a camiseta grudou no meu rosto. Eu não afundo porque peso 36 kg, e quando encho o peito com ar - venho à tona.
O problema era que desta vez eu esqueci do ar. Então o rosto coberto com camiseta molhada, eu não conseguia respirar. Eu fui coberto com mais uma onda e fiquei assustado.
Amigos me procuravam e gritavam "Onde está Nick?
E eu estava na parte inferior. Finalmente eles me encontraram. Quando você se segura pelo que conhece, você sabe, você não fica em pânico, e você vive o dia de hoje - cada dia e cada segundo - sobreviverá a tudo. Se eu entrasse em pânico, abrisse a boca, eu teria me afogado.

Nick Vuychuch: "Quando eu tinha 10 anos, eu tentei me matar. Imaginem, se eu tivesse conseguido? Eu nunca teria encontrado minha esposa..." Foto marvellust. com
Este é 57 º país, ao qual eu venho. E a cada pessoa, em toda parte, é necessária a esperança e a verdade.
A verdade é que , o seu valor não é determinado pela opinião de outros. Às vezes é difícil esperar e amar constantemente. E Nick Vuychuch não acorda todas as manhãs 100%  positivo. A vida exige mais que apenas positividade - alvo, conteúdo, graças ao qual vivemos.
Para o caso de um milagre no meu armário há um par de tênis (ri, - red.). Eu vi milagres - coisas que a ciência não explica.
Quando eu verei Deus: eu perguntarei: pode-se abraçar você? Ele será o primeiro que eu abraçarei com as mãos.
Quando você encontrar-se com algo inesperado, tente acalmar-se, diga ao vizinho o que aconteceu - para não estar sozinho, e lembre-se, como na última vez vencia os obstáculos. 
E tudo passa.
Da mesma forma o país. Hoje vocês estão diante da barreira. Mas esta não é a primeira barreira para Ukraina? E você ainda está aqui. E vai continuar aqui.
Quando eu era adolescente, tentei limpar os dentes e aprendi. Eu até coloquei entre os livros de uma estante um pente, movia a cabeça e assim me penteava.
Depois apareceu uma roupa especial, sem zíperes. Por isso eu posso vestir-me sozinho. Certo período eu usava barba. Hoje, a esposa faz minha barba, e meus assessores. Mas, anteriormente, estas pessoas não havia, com o ombro eu segurava a máquina de barbear elétrica e movia com o rosto a superfície de barbear.
Eu me comunico com muitas crianças. Pergunto a um menino de oito anos: você se sente estressado? - Sim, diz ele. Por quê - Porque são muito complicadas as tarefas escolares, e irmão e irmãs me entendem. 
Pergunto a um de treze anos. Também estressado. Cansou porque os pais fazem perder o juízo.
E, o que já está com 17 anos também está estressado porque precisa encontrar uma menina e já é o último ano de escola. Precisa apenas entrar na universidade, e tudo ficará bem.
Chegou? Não! Esta é uma questão de escolha.

Nick Vuychuch: Quando o sucesso chegar, não abandone o país - fique aqui o máximo que conseguir". Foto: today. com. 
Eu espero que com as futuras gerações ukrainianas realizar-se-á a verdadeira mudança, que deve acontecer. Geração de honestidade e generosidade. Geração que terá sucesso e sentimento de gratidão para alcançar melhor sucesso.
Mas, quando o sucesso vier, não abandonem o país - fiquem aqui o quanto puderem. E ajudem a outros ukrainianos para realizar seus sonhos.
Eu sou sérvio, meus pais - refugiados da Iugoslávia. Eu visitava soldados nos hospitais na Sérvia, e na Croácia. A qualquer soldado ferido eu darei o mesmo conselho, igual a todos os outros: não desistam, vivam o dia mas sonhem grande.
Tenha fé e construa sobre o que você tem. Não pode construir sobre sonhos e desejos. Mas veja o que você tem, e seja grato por isso. E seja um amigo para alguém. Este é um longo caminho de cura, mas não é apenas para pessoa com deficiência - curar é preciso a deficiência, o coração e a mente.
Quando meu filho de três anos chora, eu não posso abraçá-lo. Mas ele se aproxima e sozinho me abraça.

Nick marido e pai de dois filhos. Foto christiantoday.
O caminho mais rápido para sair da depressão - lembrar pelo que pode ser grato. A melhor maneira - ir e ajudar alguém que sofre: alimentar o faminto, ajudar o pobre, fazer uma criança sorrir num hospital de câncer. E parar de pensar sobre si mesmo.
Eu não preciso segurar minha esposa pela mão, se eu posso segurar seu coração.
Minha idéia é esta: 400 milhões de pessoas no mundo tem dinheiro. Por que eles não doam um dólar por dia para os que necessitam. Os pobres e os miseráveis. E não criam companhias, que ajudarão aos deficientes.
Eu tenho 33 anos, e eu espero por uma grande fundação. Mas se dar a alguém uma cadeira de rodas, ela deve ter a coragem de sair de casa. A pessoa deve ter motivação e coragem.
Se eu me esforço para mudar algo para melhor, espero que você também mudará algo para melhor ao seu redor, em sua esfera de influência.
Se todos tentarmos, haverão mudanças.
Tenha paciência. Ukraina não permanecerá lá onde está hoje. Existe o futuro, e eu rezo para que ele seja brilhante.
Às vezes ninguém acredita em ninguém: juventude não confia em adultos - um ao outro, mas eu acredito nas próximas gerações de ONGs que farão aquilo, que o Estado não faz, mas deveria. Isto exige tempo, porque grandes mudanças acontecem lentamente. Em 10 anos Austrália mudou seriamente. Em todos os países existem altos e baixos.
Ás vezes nós não valorizamos aquilo que temos. Eu não valorizava minha pequena perninha. Mas agora, no meu computador eu marco com ela 43 palavras por minuto. Bem, 53 palavras, se tomar duas xícaras de café.


Eu visitei o hospital para soldados feridos em Kyiv. Para mim foi um grande momento.
Depois nós fomos ao hospital das crianças com oncologia. E eu senti conformismo, gratidão pela vida que tenho todos os dias. Pelo sorriso no rosto das crianças, para que elas por um momento esquecessem sua dor e soubessem que isto não é o final. Eu falei a elas sobre meu pai: a ele com cancro no pâncreas na 4ª etapa, os médicos disseram que ele tinha dois meses de vida. Isto foi a sete meses. 
Quando você olha nos olhos de uma pessoa, você sabe, se a pessoa e de pleno valor, perfeita.
Sabe quem vai mudar a Ukraina? Aqueles, que compreenderam: não é possível mudar o país, enquanto não modificar a cidade. A cidade - até mudar a família e a escola. Você pode mudar sua escola? Você não sabe a quem lá ofendem?

Cada semana eu recebo 100 convites. Hoje lá há 35 mil convites. E eu vim para Ukraina. Eu gosto de vocês e quero acreditar em vocês, mas algo acontecerá, apenas quando vocês acreditarem em si mesmos. Eu quero que vocês sonhem alto e nunca desistam. Nós sabemos, com certeza, que simplesmente chegou a noite. Mas haverá amanhã, e o sol se levantará.

Tradução: O. Kowaltschuk

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