sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Revolução da Dignidade. Lembramos. Não esquecemos.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 19.02.2016

Durante toda a noite de 19 de fevereiro de 2014 Maidan da Independência queimava. A cortina de fumaça não permitia às forças do governo atacar os "maidanivtsi" (pessoas que reuniram-se no Maidan (praça). 


Há dois anos atrás, começaram os trágicos acontecimentos na rua Instytutska durante a Revolução da Dignidade.

18 de fevereiro, do lado da Instytutska "Berkut" (era uma espécie de polícia do governo, que sempre agia com muita brutalidade, controlava, à força, as manifestações populares - OK) e a milícia cercaram completamente o distrito do governo em Kyiv.
Os homens da força não permitiam passagem nem aos funcionários do Parlamento. Esticavam arame farpado. Grandes caminhões bloquearam completamente a rua Grushevskogo. Mas os ativistas, cujo número ultrapassava 10 mil, conseguiram romper o cordão policial na esquina da rua Grushevskogo e travessa Kriposnoho. Então agiu "Berkut", ouviam-se tiros, petardos. Na Grushevskogo atearam fogo nos pneus.




Nas ruas Instytutskaia, Grushevskogo, na travessa Kriposnoho e no parque Mariinsky morreram 10 pessoas, mais 500 foram feridas.

Em 18 de fevereiro contra os manifestantes utilizaram veículos blindados, começa o assalto ao Maidan. Contra os manifestantes, que havia aproximadamente 20 mil pessoas no Maidan, do lado da Instytutska usaram canhões de água e veículos blindados.

Cerca de 15 horas começou a última ofensiva do "Berkut". No início as pessoas retrocediam calmamente para o lado do Maidan, mas depois as pessoas correram... Centenas de pessoas, e começou o pânico. Talvez isto seja o pior que pode acontecer em uma grande multidão de pessoas, quando elas transformam-se numa multidão incontrolável, que corre de todos os lados, e não há para onde desviar-se, e pedras voam nas calçadas.

Mas, próximo das barricadas, às pessoas, entre as quais havia muitas mulheres e idosos, abriram-se três caminhos para recuo - no já fechado metrô Khreshchatyk, as pessoas quebravam os vidros para entrar, "Berkut" corria atrás, espancava, atirava, e nós sabemos de casos, quando vazavam os olhos.


Outra parte das pessoas salvava-se, pulando nas escavações à direita da Instytutska. Este momento filmou Viktor Tymchenko.
E a 3ª via - estreitinha, uma passagem de 1,5 metros nas barricadas superiores, à qual correram e tentavam passar centenas de manifestantes assustados, em cujas costas atiravam. As pessoas gritavam, caíam, pisavam nos outros, emaranhavam-se no arame farpado. O pior experimentaram aqueles que se encontravam na parte inferior daquela confusão...  Nas pessoas mais impotentes, cercadas, jogavam granadas e pedras da pavimentação! "Berkut" quando conseguia pegar uma pessoa - batia com bastão na cabeça...

George Tuka falava sobre o padre que tentava salvar as pessoas, puxando-as para fora daquela "pilha de corpos", apesar do fato que os cassetetes também voavam sobre suas costas. Provavelmente, era padre católico ou grego católico. (Há na Ukraina comunidades da Igreja ortodoxa do Patriarcado de Kyiv e do Patriarcado de Moscou. Ultimamente, muitas paróquias do Patriarcado de Moscou estão passando para o Patriarcado de Kyiv, mas Rússia interfere. Não obstante várias já passaram - OK).

Vídeo assustador enviou Sergei Karavansky, que esteve naquele amontoamento, - cita as lembranças dos ativistas Varta-1 na rede social VKontakte.


Próximo das 22:00 o fogo alcançou o Prédio dos Sindicatos, onde localizava-se o estado-maior dos Euromaidanivtsi e  ficavam os feridos. Devido ao incêndio houve problema nas estruturas entre o 4º e o 5º andar.

No Maidan, na noite de 19 de fevereiro há cerca de 10 mil pessoas. No perímetro do Maidan há auto-defesa. Todos os trens foram bloqueados pela polícia de trânsito.

As pessoas, aos poucos voltam ao estado normal depois do assalto noturno e preparam-se para repelir novo ataque. Desmontam o pavimento, recolhem o lixo e preparam "coquetéis   molotov".

Em 19 de fevereiro, durante a tentativa para dispersar manifestantes morreram 16 pessoas e foram feridas 206. No prédio dos Sindicatos morreram duas pessoas.

Durante o dia as pessoas trazem medicamentos à Catedral de Michael. Aqui trabalham, ininterruptamente, 20 a 30 médicos, eles administram apenas os primeiros socorros e, em seguida, os feridos são levados para hospitais.
Aqui, constantemente, vem os ativistas.

Os manifestantes dispuseram as sedes no Comitê Estadual de Televisão e Radiodifusão, no edifício dos Correios e no Ministério da Política Agrária.

O sangrento assalto ao Maidan agitou as regiões ukrainianas: acontece a apreensão dos prédios das estruturas do poder em Lviv, Ivano-Franquivsk, Ternopil, Lutsk. Milicia deixa as unidades e auto-afasta-se. Para combater as organizações criminosas criam-se guardas comunitários que patrulham as cidades.
Em 20 de fevereiro a polícia atirava com armas de fogo, para matar. Como resultado morreram 49 pessoas e 157 foram feridas.


No confronto sangrento do Maidan, de acordo com várias estimativas, morreram mais de 100 pessoas. Elas foram chamadas de "Centena do Celeste".


Na Europa e nos EUA condenaram duramente as ações das autoridades ukrainianas contra o povo e apelaram às autoridades para introduzir sanções.


"Na Ukraina não há guerra civil, se isto significa guerra de uma parte da nação contra outra parte. Nós vemos guerra do governo ukrainiano contra seu próprio povo" - diz o eurodeputado da Polônia, - membro do Partido Popular europeu, Jacek Saryusz-Wolski.


Em 23.02.2014 em Lviv despediam-se do morto em Kyiv Andrew Duhdalovych. Morador da aldeia Sokilnyky morreu de bala do sniper. 

Tradução: O. Kowaltschuk

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