sábado, 28 de novembro de 2015

Ukraina homenageia as vítimas do Holodomor (morte pela fome).
Vysokyi Zamok (Castelo alto), 28.11.2015

Hoje, 28 de novembro, os ukrainianos homenageiam as vítimas da fome, que resultou de sete a dez milhões de mortos.


Na história da humanidade são conhecidas várias ocorrências de fome. Mas, para os ukrainianos este tema é extraordinariamente doloroso, porque no século XX o país passou por três períodos de fome: 1921 -1923, 1932-1933 e 1946-1947.

A maior e mais terrível foi a fome de 1932-1933.  O genocídio do povo ukrainiano foi realizado pelo regime comunista totalitário no transcorrer da afirmação do setor socialista econômico na URSS, mais a subordinação da comunidade aos órgãos partidários do estado e estabelecimento no país da ditadura pessoal de Stalin.(Breve história completa do Holodomor na Ukraina - OK)

À fome precedeu a coletivização da agricultura, "canibalização" de camponeses, campanha de requisição de grãos, campanha terrorista no campo. Terror pela fome, que vigorou por 22 meses na URSS (República Socialista Soviética da Ukraina), - e uma política orientada do governo stalinista, cuja estratégia e tática era realizada desde 1928. Estação punitiva e repressiva era direcionada na submissão dos aldeões ukrainianos, na destruição na Ukraina das propriedades camponesas independentes - fundamentos sociais e econômicos da nação ukrainiana. Os camponeses ukrainianos tornaram-se vítimas do regime stalinista após a repressão total contra os intelectuais e clero ukrainiano.

Nos meses de pico do Holodomor, a cada minuto, na Ukraina morriam 24 pessoas, a cada hora - 1440, todos os dias - 34.560. Durante o pequeno espaço de tempo Moscou matou 4,5 milhões de ukrainianos. Durante décadas, Holodomor na Ukraina era silenciado. Investigações dessa tragédia começaram apenas no final dos anos 80 do século passado.

A cada ano o Instituto do Dia Nacional da Memória propõe um tema especial para destacar um aspecto particular do Holodomor 1932 - 1933. 
Este ano o tema é "Pessoas da Verdade" - são aqueles que publicavam artigos e descreviam o visto e o experimentado na imprensa ocidental, ou fotografavam aquele horror, que ocorria ao redor, arriscando carreiras, liberdade, ou até a vida.
São jornalistas, figuras públicas, políticos, professores, agricultores. 
O slogan dos eventos em 2015 - "para que o mundo saiba".

Ulas Samchuk: Dedico às mães, que morreram de fome nos anos de 1932-1933.

Oleksandra Padchnko: O diário eu dedico aos meus filhos, para que eles, transcorridos 20 anos, leiam e vejam, como sofria e gemia a nação, como era terrível a fome.

Gareth Jones: Eu passei por muitas aldeias... Em todas ouvi choro: Eu não tenho pão. Nós samos morrendo! Transmita para Inglaterra, que nós inchamos de fome."

Malcolm Muggridge: Eu nuca terei coragem de esquecer... Lavradores de joelhos na neve imploravam por um pedaço de pão.

Marco Zheliznyak: O que hoje é apenas fato, amanhã será história.

James Meys: Seus mortos me escolheram.

Johan Ludwig Movinkel: Trata-se da vida de milhões. Por isso eu não podia silenciar.

William Henry Chamberlin: Não houve na história da humanidade catástrofe de tão grandes  proporções, a qual atrairia tão pouca atenção do mundo.

Atividades nacionais para o Dia das vítimas do Holodomor (morte pela fome) serão realizadas na Ukraina e 36 países. Neste dia haverá medidas de luto no Museu Nacional "Memorial às vítimas do Holodomor" em Kyiv e em toda Ukraina - realizações temáticas, científicas, informativas, fotos e documentos. Em todo o território será hasteada a bandeira nacional e reduzida a realização de entretenimento.
Às 16 horas, em cada casa e instituição, os ukrainianos acenderão velas em memória e juntar-se-ão a um minuto de silencio.

Memórias de sobreviventes que viveram estes terríveis anos:

"Lembro, vinham pessoas nos "rebocadores", entravam e procuravam grãos em todos os lugares. No baú, uma das mulheres que fazia parte da brigada, viu um pote com grãos escondido entre as roupas, mas ela fingiu que nada foi encontrado. Este pote foi a salvação para mim e minha família. Para escapar da fome, nós comíamos bolos de feno moído com um pouquinho de trigo. Também lembro da sopa de batatas e lande (bolotas de carvalho ou sombreiro). A família esforçava-se para salvar as crianças, mas o meu avô estava inchado de fome". - Maria Oliynik - Distrito Izyum.

"Nossa família compunha-se de seis pessoas: papai, mamãe, eu e mais três menores. Em 1932 eu tinha nove anos. Não eramos ricos mas tínhamos o que comer. Quando veio a "vassoura vermelha" e levou o trigo, as batatas e a vaca, nós começamos passar fome. De fome morreram duas irmãs menores e depois os pais. Foram enterrados numa cova comum. Ficamos eu e a irmã. Depois de algum tempo nos levaram para orfanato".  - Anna Stremouhova - Distrito Balakleysky.

"Em nossa família éramos quatro - pai, mãe, minha irmã e eu. Nós estávamos inchados de fome, e mamãe nem sequer se levantava. Dia e noite pensávamos apenas em comida. Mas, não havia comida. O gado morria de fome. Os cavalos mortos da fazenda coletiva enterravam além da aldeia. Mas, à noite, as pessoas cavavam aqueles túmulos para levar para casa  ao menos um pedaço daquela carne".
Kyzma Bilokin, nascido em 1923 - distrito Chuguiv Kharkiv.

Veja o vídeo: Por que é importante saber sobre o Holodomor:

https://www.youtube.com/watch?v=djuqK3sUwAI
 
Comemorações junto ao Memorial às vítimas do Holodomor (Kyiv):


Tradução: O. Kowaltschuk

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