quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Questão Zinchenko-Abroskin: interrogatório continua
Quase meio ano o tribunal Svyatoshinskyi examina a questão dos ex-berkutivtsiv Sergey Zinchenko e Paul Abroskin. No entanto à conclusão da inquirição de todas as vítimas ainda está longe.
Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana), 10.11.2015
Stanislav Kozlyuk


O relógio marca 11:30 h, uma reunião ordinária está prestes a começar. O corredor, antes da sala do tribunal está vazio. Apenas alguns poucos policiais e representantes das vítimas. A sala para o público que poderia supervisionar o processo, fechada com chave. Agora já não se preocupam com a instalação para transmissão direta - não há para quem. Depois de seis meses de reuniões, o interesse no processo diminuiu.

Atrás das grades ficam dois ex-berkutivtsi (Berkut era o nome de uma divisão especial da polícia do ex-presidente Yanukovych, famosa por ações violentas contra a população pacífica em todas as manifestações públicas, especialmente durante o Maidan - OK). Ao lado deles, nos longos bancos - seus parentes. Eles, às vezes, olham de soslaio às vítimas, que contam sobre os crimes aos funcionários especialmente designados e, de tempo em tempo, lembram os mortos em 20 de fevereiro, representantes do Ministério do Interior. Zinchenko e Abroskin sussurram com seus advogados, preparando-se para mais um interrogatório.

À sala entra o juiz, os trabalhos começam. Após os procedimentos costumeiros (nominação dos presentes e da questão, etc.) o juiz Dyachuk vai para o mérito. No entanto, antes disso, o advogado da defesa Eugênia Zakrevska propõe ao tribunal, durante a sessão, rever uma série de vídeos, nos quais pode estar fixado o filho da vítima.  No entanto, um tal precedente, na reunião, já houve. Após uma hora de debates e argumentos, o tribunal decide rejeitar o pedido, porque um dos vídeos dura mais de duas horas e não tem na inclusão aos materiais envolvidos no processo, o fato mencionado. À tribuna, enquanto isso, apresentou-se a vítima Yuri Voytovych de Ternopil, que em 20 de fevereiro perdeu o único filho. O homem pega nas mãos folhas de requerimentos.

"Quero pedir ao tribunal para ver os dois vídeos, nos quais fixam o meu filho, os quais eu encontrei na internet", - começa Yuri.

"Vamos, primeiro o senhor nos explicará tudo o que puder explicar, depois nós passaremos a esta solicitação", diz o juiz Dyachuk.

"Mas eu peço o vídeo, lá meu filho é claramente visto", continua Voytovych.

"É indispensável a peritagem. Como sabemos que o vídeo não foi submetido ao tratamento? Nós não podemos saber se seu filho realmente esteve lá e que isto não é montagem. A parte lesada deve aproveitar os materiais, que já estão disponíveis na questão. Pois a proteção, com outros materiais, não está familiarizada", - começam objetar os defensores.


Pela sala rolam sussurros de surpresa.

"Quero mencionar, que de acordo com a lei, durante depoimentos no tribunal a pessoa pode usar anotações. Isto podem ser registros em papéis, vídeos e fotos. Então eu peço ao tribunal permitir à vítima o uso de vídeos", - contradiz Zakrevska.

Finalmente, o juiz, em consulta com o juri, decide dar a permissão para ver os vídeos, não incluídos aos materiais. Mas com uma condição - o tribunal concentra-se apenas no filho da vítima, não prestando atenção aos detalhes derivativos.

"Então, peço-lhes dar explicações. Se o senhor não tem nada para dizer - podemos ir diretamente ao vídeo", - diz em voz alta Dyachuk.

"Sim, mas os vídeos que eu encontrei, mostram, como os berkutivtsi atiram", - provavelmente a quinta vez em meia hora, começa Voytovych.

Dyachuk agarra-se à cabeça.

"Por favor, eu lhe peço. Nós veremos o vídeo, mas primeiro é necessário, que o senhor nos dê explicações orais. Que nos fale sobre os detalhes da morte de seu filho. Se o senhor nada pode dizer-nos - então, imediatamente, começaremos a ver o vídeo", mais uma vez diz o juiz cansado, tentando alcançar a vítima. Na sala, há uma pausa de alguns segundos.

"Meu filho, Nazar Voytovych, nasceu em 1996. Era muito interessado na história, estudava para desenhista, pintava bastante. Preocupava-se muito com os acontecimentos no Maidan. Especialmente depois que espancaram os estudantes, até feri-los. Ele dizia: "Pai, aonde é que já se viu, que a milícia, por um protesto pacífico, batesse tanto nas pessoas?" Ele queria muito vir a Kyiv, mas eu não deixava", - passa à questão Yuri.

"Nazar ia frequentemente ao Maidan em Ternopil. E em fevereiro, eu lhe permiti vir para Kyiv. Era cerca de 5,10 de fevereiro. Mas Nazar não foi - havia muitas tarefas no Instituto. Ele estudava no terceiro ano. Para Kyiv ele foi no dia 19", tropeçando um pouco, a vítima continuava. Os ex-berkutivtsi ouviam atentamente da célula.


"Pelas 18:00 - 18:30, ele me telefonou e disse que já iá para Kyiv, com os rapazes. E o que eu podia fazer? À capital eles vieram, aproximadamente, às seis da manhã. E, depois de uma hora Nazar já estava no Maidan, com seu primo, na tenda dos rapazes de Ternopil. Lá eles tomaram chá, sem álcool, depois ouviram tiroteio e correram ao Palácio de Outubro", - Voytovych dizia dom firmeza, sem pausas.

Nazar conseguiu ir além do Palácio de Outubro, lá, para o lado do metrô "Khreshchatyk". Ele estava na rua, ao lado da Instytutska (rua). Mas, entre 9:24 e 9:26 ele foi morto. Com a face completamente ferida e esmigalhado osso, cortou-se a artéria carótida. Disseram, meu filho morreu quase imediatamente, apesar de rápido e bom primeiro socorro. Ele foi levado ao hotel "Cossack", de lá - à Catedral de ST. Michael. Telefonou-me uma voluntária. Ela disse que meu filho... foi morto. E ele já não existe" - Yuri começou a falar mais baixinho.

Meu filho esteve no Maidan em Kyiv apenas uma vez, no dia 20. À noite viemos a Kyiv, para reconhecimento do Nazar... foi difícil... reconhecer. Rosto não havia. Conheci... pela roupa. Jeans azul... sapatos com quatro listras... jaqueta... cinza... com letras brancas e colarinho... suéter com capuz. Camisa nele havia... e cachecol. Ele... ajudava aos rapazes antes de ir ao Palácio de Outubro... lá eles... construíam uma barricada... próximo ao Globo", - o homem chorava. No tribunal fez-se silêncio.


"Se isto é tudo, - depois de uma pausa baixinho falou Dyachuk, - proponho passar aos questionamentos",

O procurador, com os representantes das vítimas tentava descobrir, se a vítima Nazar dividia os pontos de vista quanto a mudança da força do governo na Ukraina, se carregava armas quando vinha ao Maidan, se apoiava o uso da força contra os policiais. Voytovych negava tudo.

"Nazar dizia, que em nosso país já havia violência demais. Ele queria mudar o país pacificamente. Através de protestos. Por isso veio a Kyiv", - Yuri conseguiu dominar-se.

"Diga-me, por que Nazar veio a Kyiv no dia 19? Kyiv estava calmo, não havia tumultos", - disse um dos defensores, olhando atenciosamente para a vítima.

"Contesto, sua honra. A proteção já pela terceira vez durante a inquisição da testemunha manipula os fatos. Como sabemos, exatamente, 19 de fevereiro de 2014 em Kyiv foram assassinadas 13 pessoas. Este é fato conhecido, estabelecido!" indignou-se Zakrevska. Ela foi apoiada pelo murmúrio na sala.


O filho ficava muito preocupado com as pessoas, com os estudantes espancados. Portanto viajou a Kyiv", - respondeu Voytovych.

Finalmente, os presentes passaram aos vídeos. A tela trouxe a imagem. Os presentes olhavam cuidadosamente os acontecimentos da manhã de 20 de fevereiro em 9 janelas de diferentes câmeras.

Por favor, prestem atenção para a parte inferior e central. Na parte inferior será visto o falecido Nazar - o momento da queda não foi fixado, mas podemos vê-lo deitado. Na parte central aparece a "barricada de neve" a partir da qual atiravam os berkutivtsi. Primeiramente, podemos dizer, que Nazar foi morto a partir da barricada, porquanto seu ferimento é da esquerda para direita, um pouco de cima para baixo e da frente para trás. A bola entrou no corpo de uma distância de 173 cm da base, e saiu a 171 cm. Então, dizer que ele foi morto por um franco - atirador do Hotel Ukraina, como supunha o investigador, não se pode", - dizia durante a transmissão Zakrevska. 

"Por favor, parem o vídeo. Nós vemos, como atiram por trás da barricada", - disse Zakrevska.

"Não se sabe, se atiram, - responderam os defensores dos ex-berkutivtsi,- principalmente porque naquele momento lá se instalava a unidade especial Omega".


"Volte o vídeo. Agora retorne - no vídeo apareceu um designado especial num capacete, que deu um tiro. Bem, senhores, nós vimos o que já tínhamos visto. O tiro houve", - abrindo os braços, disse Dyachuk. No entanto, após alguns segundos ele novamente pediu para parar o vídeo.

"Eu sou obrigado pedir para parar o vídeo. Aqui, nós novamente vemos os manifestantes com armas nas mãos. Peço para prestar atenção nisto" - disse Dyachuk.

"Sim, sua honra, mas quero observar, que eles não atiram", - acrescentou Zakrevska.

Finalmente, no vídeo apareceu o filho morto de Voytovych. O homem indicou o corpo deitado de um dos lados da rua.

"Este é Nazar. Podem ver: jaqueta cinza com listras brancas, jeans, mochila, capacete", - Yuri parcialmente explicava aos defensores, como identificar seu filho no vídeo.

Depois o tribunal começou verificar as fotos, material já disponível no processo.


Sim, este é o capacete. Este capacete é da polícia! - sussurrou em voz alta o ex-berkutivets.

"Sim, fale sobre isso", - falou sobre o ombro o defensor Reshko.

"Prezado. Quero observar, que no morto tem um capacete da polícia e um escudo policial nas mãos. De onde?" - sorrindo disse um berkutivets.

"Eu poço confirmar isto, porquanto o capacete militar tem um colarinho. Para proteção do pescoço" - satisfeitos consigo, berkutivtsi sorriam.

A imagem foi aumentada.

"Durante o interrogatório a vítima falou sobre suéter com capuz. Nós o vemos na imagem. Sobre que espécie de colarinho pode-se falar? Na imagem, se olhar com atenção - capuz", - declarou Zakrevska. O juiz concordou.

No final, a vítima acrescentou aos materiais o vídeo, no qual supostamente estão fixados os deslocamentos de Abroskin. O tribunal anunciou uma pausa, para se familiarizar com o vídeo.

Tradução: O. Kowaltschuk

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