segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Guerra que de modo algum termina
Provas únicas de dentro do sistema prisional da Rússia
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 14.11.2015
Amina Umarova

Parte 3 - Alex (final)

A maior parte daqueles, que trabalham nas prisões da Rússia, lutaram ou serviram na Chechênia, nos termos do contrato. E isto influi no seu trabalho depois de voltar de lá. Torturas e humilhações psicológicas aos prisioneiros chechenos pervertem deste modo sua auto-estima e ajudam mover-se pela escada funcional.
Eu consegui conversar com um carcereiro de nível médio, que não se assemelha a seus colegas. Ele poderia tornar-se um ativista de direitos humanos, mas acredita, que com seu trabalho atrás do arame farpado pode fazer mais, para avaliar o sofrimento humano. Vou chamá-lo Alex.

Alex: Então, eu não vou citar nomes, posições ou, obviamente, o nome da prisão, onde eu trabalho.
Amina Umarova: Você, por alguns meses não concordou em falar comigo. Por que você mudou de opinião?
Alex: Em minha vida houve muitas injustiças, e isto é um círculo fechado. Eu decidi, que devo começar comigo,e eu quero expiar minha culpa. Eu tenho pecados.


AU: E por que você trabalha numa prisão?
Alex: Como dizer - por causa da Chêchenia, ou apesar dela. Eu estive lá algumas vezes a trabalho, períodos de dois ou três meses. Antes disso, liberado do exército, fui trabalhar na polícia. Em nossa cidadezinha, este era o único trabalho. Nos enviaram, como milícia, a Chechênia. Pelo contrato. Tivemos um tratamento psicológico específico. Eu estava ansioso para chegar lá. Eu quero mandá-los todos, para o inferno. Desde o início eu vi qual era a realidade. Eu participei de operações especiais na detenção de terroristas, acompanhava os grupos de captura. Mas estes rapazes, além de matar os "terroristas", também roubavam seus bens, de suas casas. Eles recolhiam até os carros, mas nossos comandantes fechavam os olhos. Quando eu voltei, conosco trabalharam psicólogos, e eu me acalmei. Eu até fui ter com o padre na igreja mas, ou ele não me compreendeu, ou eu não o compreendi. Depois, eu mesmo decidi compreender sozinho, o que acontece com a Chechênia e chechenos, o que os incomoda. Eu pegava livros na biblioteca, muita informação encontrei na internet. Na viagem seguinte eu pensava e olhava as coisas de forma bastante diferente.

AU: E quantos dos contratados faziam tais questionamentos?
Alex: Ninguém. Pelo menos ninguém entre aqueles que eu encontrei. Permissão para tudo e impunidade afasta o homem da realidade. Eu nunca dei aos colegas de trabalho, ou aos chefes, o menor indício de que me interessava com qualquer assunto, além do que, segundo as autoridades, deveria.

AU: Quando você mudou sua atitude?
Alex: Foi na região Straropromeslovskyi, na rua Zapovit Ilicha (Testamento de Ilich).  Nós éramos alguém que ajudava os combatentes. A informação veio de informantes chechenos, nós os chamávamos "suka" (cadela). Nós chegamos lá, mas a pessoa não estava. Em emboscada esperamos, mas ela não veio. Os rapazes estavam com fome, irritados , resolveram descontar nos moradores do prédio. Eles arrombaram a porta e entraram. Em nosso trabalho, o principal é a surpresa, gritos e ataque psicológico. Conscientemente usam-se palavrões - quanto piores, melhor. Eu percebi que isto paralisa os chechenos. O pequeno apartamento era modesto, mas bem limpo. Lá estava uma mulher de cerca de cinquenta anos e seu filho. O jovem estava estranhamente pálido, magro, bem penteado,
com grandes olhos. Ele estava meio deitado no sofá, e sua mãe o alimentava com uma colherinha. Nossos rapazes decidiram que o rapaz era um combatente ferido, e a mulher o tratava. 

Sob gritos "Levantar!", "À parede, cadela!", Mãos atrás da cabeça, pernas e quadris para os lados, mais rápido!". Ela levantou e com reprovação olhou para nós. E, em meio a gritos e xingamentos, baixinho e claramente disse que seu filho era deficiente, não andava, e ela nos mostrou sua certidão de inválido.

Os torturadores tanto se entusiasmavam que, às pessoas explodiam crânios.

Neste momento, o filho teve ataque epiléptico, mas os rapazes atacaram-no junto com o edredom puxaram-no ao chão e começaram chutar com os pés. Ele, como uma pena, jogavam até o teto, ele dobrava-se e caía no chão. Sua mãe chegou-se a eles como uma tigresa. Ela levou um tal golpe, que voou até a parede. Ao jovem começou sair sangue pelas orelhas e nariz, e os olhos ficaram tão abertos que pareciam surpresos. Eles ultrapassaram os corpos, foram à cozinha e pegaram toda comida que encontraram. Ferozmente, continuaram destruir tudo e matar. Naquele dia, o grupo matou mais de 20 pessoas e levou 15 jovens. Eu senti vergonha e nojo. Eu não matei ninguém, mas eu estava lá e não intervi. Eu parei de participar de grupos semelhantes. Depois eu comecei negociar com cadáveres.

AU: Por favor, explique, como é - "negociar dom cadáveres"?
Alex: É assim. Trazem um meio cadáver, o qual já trabalharam nossas pessoas. Muios desses detidos não sobrevivem nestas difíceis condições. Eles foram torturados com eletro-choques. Os torturadores tanto se entusiasmavam que, às pessoas, literalmente, explodiam os crânios. Eles queimavam as pessoas com maçarico. Arrancavam as unhas com alicates. Havia aqueles, que gostavam de amarrar pessoas vivas no tanque e dirigir rápido pelas estradas e campos. Depois traziam esqueletos esfarrapados.
Para manter os prisioneiros cavavam poças de diferentes tamanhos. Neles derramavam cal e baixavam os prisioneiros. A cal come. No alto do buraco colocavam troncos. Nos buracos maiores havia cinco-seis pessoas. Os mortos permaneciam entre os vivos por mais alguns dias. Os chechenos têm grande respeito pelos mortos, mas lá eles colocavam o corpo com o rosto para baixo e sentavam sobre ele de cócoras. No buraco era impossível ficar em pé. E eles precisaram, nesta posição, evacuar. Próximo do buraco era impossível passar, havia forte mau cheiro. As pessoas morriam como moscas.

Os parentes vinham buscar o corpo. Mas não era simples. Relatórios e mais burocracia. Os chechenos sabiam, que nós tínhamos ordem para não devolver os corpos e propunham uma boa quantia. Nós sabíamos, que, em regra, a família não tinha tanto dinheiro, isto era recolhido entre os parentes, vizinhos, às vezes pela aldeia toda. Este dinheiro precisava ser dividido com a chefia. Eu não ficava com nada - pegava somente o que deveria passar para cima. Eu, pouco podia fazer. O sistema arrasta e obriga a tais fatos.

Promotores e juízes estão muito bem cientes de tudo isso. Tudo, que exigem dos investigadores - é que eles não deixem vestígios visíveis de seu "trabalho", o restante se acomodará sozinho.

AU: Por que você não encontrou outro emprego?
Alex: E você acha que permitiriam? Eu teria morrido de "ataque cardíaco", ou inventariam para mim qualquer sujeira. Mas o representante dos direitos humanos não poderá fazer tanto, quanto eu.

AU: E como você ajuda?
Alex: Eu não ajudo a todos. Eu não ajudo aos canalhas declarados. Pode-se dizer imediatamente, quem é culpado ou não. Houve este exemplo. Trouxeram um jovem checheno. Ele, estudante, apanhado na rua em Moscou. Simplesmente porque parecia um caucasiano, caiu no moedor de carne. Muito eu já vi, mas aquilo, que faziam com ele... O rapaz era bem jovem.  eles o estupravam com garrafa de champanhe, até ela rachar no intestino, e puxavam-na com as vísceras. Médico não chamaram por alguns dias. Eu não sei como ele não morreu de sangramento ou de dor. Ele foi torturado uma semana, e assinou tudo, que lhe deram, com esperança que recusará isto no tribunal. Mas o tribunal considerou tudo o que extraíram dele sob torturas, e deu-lhe uma sentença de 20 anos. Eu perguntei aos rapazes que fizeram isto, por quê? E eles  disseram que este era o seu destino, e riram. Sabe, eles pensam que podem decidir sobre a vida ou a morte.

Eu também batia nas pessoas, gritava e amaldiçoava elas. Mas, quando ninguém via, eu fazia todo o possível, para ajudá-las. Se eu sair, meu lugar ocupará algum sadista cruel. Muitos deles são, simplesmente, psicopatas. Eles falharam na vida, não tinham trabalho, eram forçados a pagar subornos a cada passo. Como alguns funcionários enriqueceram no exterior, eles pensam: eu não sou pior! Ninguém os impede bater, atormentar e torturar. Tudo isto pode-se fazer impunemente, para você melhorar os índices. Ao chefe tanto faz, de que modo você os melhora. Com isto você melhora a estatística dele também, e ele retribui com benefícios, prêmios, títulos. E seus superiores, por sua vez, pavimentam caminho de sua carreira e acesso a vários benefícios.

Promotores e juízes estão bem cientes de tudo isso. Tudo, o que exigem dos investigadores - é que não deixem vestígios visíveis de seu "trabalho", o resta sozinho se organiza. Se eles forem expostos, 
então, sem o menor peso na consciência, condenarão pessoas como eu, para que, ninguém, nunca,ouça falar.

Prisioneiros chechenos, que não se dobram e se recusam fornecer as desejadas provas, enviam para prisões a lugares como Irkutsk, Vladimir, Kirov, Sverdlovsk, Krasnoyarsk ou Omsk, Carélia ou Cacássia.

Naqueles campos há "pres-equipes", ou "equipes de quarentena". Pre-equipes compõem-se de assassinos e ladrões com múltiplas condenações. A administração penitenciária arranja-lhes condições preferenciais e vida fácil. Eles têm os seus próprios ginásios centro do acampamento. A eles permitem receber mais encomendas do mundo exterior, cigarros, álcool, drogas, mulheres, televisão, telefones celulares. Com tudo isto, a chefia da prisão, ainda lhes atribui características positivas e eles são libertos da prisão em liberdade condicional. 

AU: Como você pode ajudar os prisioneiros, que não considera culpados?
Alex: Eu lhes dou telefones, medicamentos, alimentos e roupas quentes. Muitos ficam doentes e sofrem com o frio. Eu ajudo a pagar aos violadores das "unidades de imprensa" e insiro entraves aos canalhas, quando tenho oportunidade.

AU: Você acha que há alguma possibilidade de revisão das milhares de acusações criminais contra os chechenos?
Alex: Sim, mas somente após a queda do regime do presidente, mas também àqueles que já gozam da "merecida aposentadoria". Para eles, Chechênia tornou-se dom de Deus. Mas o prolema agora não é apenas Putin. Todo o sistema se considera acima da lei e perdeu o contato com a realidade. Eles pensam apenas em seus amigos, e apenas em seus interesses, para que estes não levem ninguém consigo. Mesmo se houver mudança no topo, a situação nas prisões não irá mudar imediatamente. 
Esta questão precisa ser considerada com muito cuidado. Se, realmente, começarem verificar as questões, os primeiros que se beneficiarão, serão os mais espertos e mais traiçoeiros - os verdadeiros vilões.
A administração penitenciária vai fornecer-lhes boas características. A burocracia consiste em preenchimento de papéis, com situação ruím, muito ruím. Aqui estamos nós e conversamos, e eles, neste momento, violam e torturam. E, se os presos não estão sendo torturados, então eles estão nas celas de castigo. Você sabe o que acontece nas prisões russas? Assassinos, ladrões e reincidentes usam para "quebrar" os injustamente condenados, para obter confissões contra si mesmos. Estes vilões sairão em liberdade condicional mas, em liberdade, voltarão a roubar e matar.

AU: Difícil é convencer as pessoas livres que você fala verdade e tudo isso acontece realmente.
Alex: O problema não é este. O problema é, quem poderá obrigar Kremlin prestar atenção aos prisioneiros chechenos .Quem poderá defendê-los

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Elima morreu em novembro de 2014, seis semanas depois que Amina Umarova encontrou-se com ela. Umarova não conseguiu contatar-se com Movsar desde agosto de 2014, e com Alex desde outubro de 2014.

A versão deste texto foi publicada por Henry Jackson Society em 13 de outubro de 2015. O texto original foi publicado em russo pelo Serviço russo da Radio Liberty (Radio Svoboda).

Nota do autor:
Eu me interessei pelo tema de detenções de chechenos, em massa, durante as guerras e sua longa pena nas prisões, já a muito tempo. Todas as informações sobre estas detenções e tribunais, são secretas; conversas com os detidos e seus parentes - único caminho de descobrir, o que aconteceu. Mas, graças a internet, e programas como Viber ou WhatsApp, tornou-se possível a comunicação com os próprios prisioneiros.

Minha primeira conversa com prisioneiros aconteceu em julho de 2012, logo depois Radio Svoboda transmitiu meu primeiro artigo sobre o difícil destino dos prisioneiros chechenos e a declaração do Provedor da Justiça, da Chechênia, que o governo planeja criar uma comissão para ajudar os presos na sua adaptação à vida em liberdade, após a libertação. É importante observar, que os bens imóveis e status social das famílias dos prisioneiros desempenharão papel importantíssimo em sua libertação.

Depois que o programa foi exibido, ligou-me para redação um checheno, preso próximo a Arkhangelsk, e perguntou: "Você realmente e sinceramente está interessada pelo assunto?" Depois de minha resposta positiva houve uma longa pausa. "Significa, em última análise, que nós, finalmente, não fomos completamente esquecidos", - disse ele, suspirando. E contou-me sua história. Ele foi condenado a 18 anos de prisão, da qual já havia cumprido oito anos e meio. Ele foi considerado culpado pela organização de uma explosão que ocorreu um mês depois de sua prisão.

Por que o jovem não deixou a Chechênia no auge da Segunda Guerra chechena? A resposta é simples, embora soldados russos não a entendem. Sua mãe, que sozinha criou a ele a a sua irmã, que trabalhou duro a vida toda, e tinha problemas de saúde, categoricamente se recusou a sair. E ele, simplesmente, não conseguiu deixá-la sozinha sob as bombas.

Elima, cujo irmão também aprisionaram, morreu de um tumor cerebral incurável em novembro de 2014, cerca de seis semanas depois do nosso encontro. No momento, tudo o que ela tinha eram algumas fotos, era difícil acreditar, que esta pálida, como fantasma, mulher magra, sentada ao meu lado, um dia foi feliz, e risonha mulher, com delicados dedos e queixo resoluto. A detenção de Adam e suas torturas transformaram sua vida. Ela perdeu os pais cedo, e seu amado marido deixou-a, e todos os seus planos e sonhos foram destruídos.

Com Movsar eu contatei pela última vez em agosto de 2014. Quando agora eu ligo o seu número, uma voz soturna me diz, em russo, que este número não existe. É como se dissesse, que também não há mais Movsar.

Eu não sei se Alex ainda trabalha em sua prisão.

O receio da perseguição frequentemente paralisa aqueles, que recordam, como seus avôs e avós contavam, como a pessoa era fuzilada porque roubou do campo uma espiga de trigo (Para não morrer de fome, nos anos 1932-1933, quando o governo Soviético retirou todos os alimentos e pessoas morriam como moscas porque não tinham nada para comer - OK), ou sobre os vizinhos que desapareceram para sempre, sem deixar vestígios. Ales, depois do nascimento, criou-se num orfanato e muito sofreu. No entanto, ele encontrou bondade em seu coração, para ajudar aos outros.

Mas, até ele decidiu não arriscar mais. Deixou de responder aos meus telefonemas. E ele me foi apresentado por um prisioneiro checheno, para mostrar, que nem todos os soldados russos querem guerrear numa terra estrangeira, e matar inocentes.

Mas minha investigação não termina aqui. Ela apenas começa.

Amina Umarova

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Em Kryvyi Rig (Кривий Ріг) à reunião vieram muitas pessoas contra a falsificação das eleições.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 29.11.2015

Na reunião popular em Kryvyi Rig, decidiram criar um Conselho de representantes da sociedade e Guarda Cívica.


Os participantes da reunião aprovaram  uma série de decisões, especialmente sobre a criação do Conselho dos Representantes da Comunidade de Kryvyi Rig.
O vereador Yegor Sobolev avisou que o Conselho vai funcionar junto ao Conselho Municipal de Kryvyi Rig. Aqui também funcionará a Comissão Anti Corrupção, para onde devem ser relatados os fatos da fraude, corrupção e pilhagem da propriedade pública.


Todos os participantes apoiaram a proposição da criação da Guarda Cívica, depois do que Sobolev pediu aos homens do município para participarem do cronograma da segurança da propriedade pública, localizada no Edifício da Câmara Municipal.

Segundo Sobolev, a mídia deve ser equilibrada, de todos os pontos de vista deve cobrir os eventos em Kryvyi Rig.

O vereador lembrou que todos os domingos haverá reunião na praça "Cossaco de Rig", às 12:00 horas, aonde vão conversar e decidir como chegar à vitória.

Na prefeitura, os ativistas organizaram um conselho de representantes da cidade que deve recolher todas as informações e preparar um plano de decisões.

"Foi formada uma comissão anti-corrupção - para expor os furtos multi-bilionários que ocorrem na cidade e para cobri-los para semelhantes a Akhmetov (o maior ricaço da Ukraina e um dos maiores do mundo -OK), são necessários semelhantes a Vilkul (o prefeito eleito. Eleito honestamente? - OK). Todas estas ações aprovaram nas reuniões de milhares de habitantes de Kryvyi Rig, os quais não viram, durante a semana, participação eficaz das autoridades atuais, de sua luta pela liberdade", - disse Sobolev.

Também serão examinadas, se foram cumpridas, as exigências da semana passada:

1 -) A nomeação de uma nova composição da Comissão Eleitoral Central; (Sobre a CEC, o presidente Poroshenko sabia, ou no mínimo deveria ficar alerta, porque o chefe da CEC, Okhendovsky sempre protegeu o ex-presidente Yanukovych quando, então, muitos reclamavam, que havia fraude. E, não só Poroshenko não o dispensou em junho do ano passado, quando chegou ao término a composição atual da CEC. Pelo contrário... condecorou-o com a ordem de Yaroslav, o Sábio, um verdadeiro absurdo, porque Yaroslav, o Sábio foi muitíssimo bem considerado em seu tempo - OK). E ainda diz o decreto: "Por sua significativa contribuição para a construção da nação, desenvolvimento sócio-econômico, técnico-científico, cultural e educacional do Estado ukrainiano, trabalho consciencioso de muitos anos e elevado profissionalismo!"

Nesta questão atual de Kryvyi Rig a justiça não viu fraude (Os juízes atuais são todos ainda do tempo do ex-presidente Yanukovych - OK), o que a população contesta, portanto não houve anulação da eleição e não houve nenhum pronunciamento do presidente sobre este caso. Portanto, o povo que 
se arranje sozinho. Mas, o bravo povo pretende lutar!

Yuri Vilkul nasceu em Kryvyi Rig, aí estudou, concluiu a Universidade, trabalhou, foi vice´presidente do Comitê Sindical, foi vice´chefe da empresa em que trabalhou, conferencista sênior, professor adjunto, Vice-Reitor da Universidade Técnica de Kryvyi Rig, chefe do Conselho Regional de Dnipropetrovsk. E, entre outros títulos foi condecorado com a medalha da UNESCO "Pelas realizações em Ciências".  Foi deputado pelo ex-Partido das Regiões do ex-presidente Yanukovych. Em 2010 foi eleito prefeito de Kryvyi Rig, em 2015, segundo a maioria da população de Kryvyi Rig forjou as eleições e elegeu-se, novamente, prefeito da cidade.
(A meu ver ele não precisa deste salário, mas esta sua fixação de permanecer no governo de uma importante cidade ukrainiana, é para pavimentar o caminho ao retorno de outros admiradores da Rússia, principalmente do bando do ex-presidente Yanukovych, do qual fez parte. -OK). Seu filho também foi candidato a prefeito de outra importante cidade ukrainiana, mas não foi eleito. 

2 -) A abolição da decisão da CEC, da nomeação de Yuri Vilkul prefeito de Kryvyi Rig: 

3 -) A dissolução da Proteção Departamental Regional.

De um modo geral, nenhum destes requisitos foi cumprido. Assim, na reunião de hoje será discutido o que fazer.
"Nós esperamos, que hoje o governo olhará por nós. Esperamos, que no Parlamento será criada uma comissão que fará a revisão dos resultados desta eleição até o final, e recontará os votos. Não é um processo complicado, embora ninguém, até agora, reagiu a este pedido" - disse um dos ativistas.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 28 de novembro de 2015

Ukraina homenageia as vítimas do Holodomor (morte pela fome).
Vysokyi Zamok (Castelo alto), 28.11.2015

Hoje, 28 de novembro, os ukrainianos homenageiam as vítimas da fome, que resultou de sete a dez milhões de mortos.


Na história da humanidade são conhecidas várias ocorrências de fome. Mas, para os ukrainianos este tema é extraordinariamente doloroso, porque no século XX o país passou por três períodos de fome: 1921 -1923, 1932-1933 e 1946-1947.

A maior e mais terrível foi a fome de 1932-1933.  O genocídio do povo ukrainiano foi realizado pelo regime comunista totalitário no transcorrer da afirmação do setor socialista econômico na URSS, mais a subordinação da comunidade aos órgãos partidários do estado e estabelecimento no país da ditadura pessoal de Stalin.(Breve história completa do Holodomor na Ukraina - OK)

À fome precedeu a coletivização da agricultura, "canibalização" de camponeses, campanha de requisição de grãos, campanha terrorista no campo. Terror pela fome, que vigorou por 22 meses na URSS (República Socialista Soviética da Ukraina), - e uma política orientada do governo stalinista, cuja estratégia e tática era realizada desde 1928. Estação punitiva e repressiva era direcionada na submissão dos aldeões ukrainianos, na destruição na Ukraina das propriedades camponesas independentes - fundamentos sociais e econômicos da nação ukrainiana. Os camponeses ukrainianos tornaram-se vítimas do regime stalinista após a repressão total contra os intelectuais e clero ukrainiano.

Nos meses de pico do Holodomor, a cada minuto, na Ukraina morriam 24 pessoas, a cada hora - 1440, todos os dias - 34.560. Durante o pequeno espaço de tempo Moscou matou 4,5 milhões de ukrainianos. Durante décadas, Holodomor na Ukraina era silenciado. Investigações dessa tragédia começaram apenas no final dos anos 80 do século passado.

A cada ano o Instituto do Dia Nacional da Memória propõe um tema especial para destacar um aspecto particular do Holodomor 1932 - 1933. 
Este ano o tema é "Pessoas da Verdade" - são aqueles que publicavam artigos e descreviam o visto e o experimentado na imprensa ocidental, ou fotografavam aquele horror, que ocorria ao redor, arriscando carreiras, liberdade, ou até a vida.
São jornalistas, figuras públicas, políticos, professores, agricultores. 
O slogan dos eventos em 2015 - "para que o mundo saiba".

Ulas Samchuk: Dedico às mães, que morreram de fome nos anos de 1932-1933.

Oleksandra Padchnko: O diário eu dedico aos meus filhos, para que eles, transcorridos 20 anos, leiam e vejam, como sofria e gemia a nação, como era terrível a fome.

Gareth Jones: Eu passei por muitas aldeias... Em todas ouvi choro: Eu não tenho pão. Nós samos morrendo! Transmita para Inglaterra, que nós inchamos de fome."

Malcolm Muggridge: Eu nuca terei coragem de esquecer... Lavradores de joelhos na neve imploravam por um pedaço de pão.

Marco Zheliznyak: O que hoje é apenas fato, amanhã será história.

James Meys: Seus mortos me escolheram.

Johan Ludwig Movinkel: Trata-se da vida de milhões. Por isso eu não podia silenciar.

William Henry Chamberlin: Não houve na história da humanidade catástrofe de tão grandes  proporções, a qual atrairia tão pouca atenção do mundo.

Atividades nacionais para o Dia das vítimas do Holodomor (morte pela fome) serão realizadas na Ukraina e 36 países. Neste dia haverá medidas de luto no Museu Nacional "Memorial às vítimas do Holodomor" em Kyiv e em toda Ukraina - realizações temáticas, científicas, informativas, fotos e documentos. Em todo o território será hasteada a bandeira nacional e reduzida a realização de entretenimento.
Às 16 horas, em cada casa e instituição, os ukrainianos acenderão velas em memória e juntar-se-ão a um minuto de silencio.

Memórias de sobreviventes que viveram estes terríveis anos:

"Lembro, vinham pessoas nos "rebocadores", entravam e procuravam grãos em todos os lugares. No baú, uma das mulheres que fazia parte da brigada, viu um pote com grãos escondido entre as roupas, mas ela fingiu que nada foi encontrado. Este pote foi a salvação para mim e minha família. Para escapar da fome, nós comíamos bolos de feno moído com um pouquinho de trigo. Também lembro da sopa de batatas e lande (bolotas de carvalho ou sombreiro). A família esforçava-se para salvar as crianças, mas o meu avô estava inchado de fome". - Maria Oliynik - Distrito Izyum.

"Nossa família compunha-se de seis pessoas: papai, mamãe, eu e mais três menores. Em 1932 eu tinha nove anos. Não eramos ricos mas tínhamos o que comer. Quando veio a "vassoura vermelha" e levou o trigo, as batatas e a vaca, nós começamos passar fome. De fome morreram duas irmãs menores e depois os pais. Foram enterrados numa cova comum. Ficamos eu e a irmã. Depois de algum tempo nos levaram para orfanato".  - Anna Stremouhova - Distrito Balakleysky.

"Em nossa família éramos quatro - pai, mãe, minha irmã e eu. Nós estávamos inchados de fome, e mamãe nem sequer se levantava. Dia e noite pensávamos apenas em comida. Mas, não havia comida. O gado morria de fome. Os cavalos mortos da fazenda coletiva enterravam além da aldeia. Mas, à noite, as pessoas cavavam aqueles túmulos para levar para casa  ao menos um pedaço daquela carne".
Kyzma Bilokin, nascido em 1923 - distrito Chuguiv Kharkiv.

Veja o vídeo: Por que é importante saber sobre o Holodomor:

https://www.youtube.com/watch?v=djuqK3sUwAI
 
Comemorações junto ao Memorial às vítimas do Holodomor (Kyiv):


Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Guerra que de modo algum termina - 
Segunda Parte
Provas únicas de dentro do sistema prisional da Rússia
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 14.11.2015
Amina Umarova

Segunda Parte - Movsar

Ele chamou à meia noite e disse: "Estou ligando do inferno". Movsar, 49 anos, lutou na primeira guerra chechena. Agora ele está preso na região de Arkhangelsk, foi condenado a 24 anos em uma colônia de regime severo, por terrorismo e atentado aos princípios do regime e integridade da Rússia. A sentença, palavra por palavra repete as milhares, de outros chechenos que aprisionaram durante as varreduras dos primeiros anos da Segunda chechena.

Ele não lamenta por ter participado da resistência, mas não consegue perdoar-se, que depois dos acordos de Khasavyurt (Daguistão), em 1996, que colocou final à Primeira chechena, ele não tornou-se ativo da política chechena, mas ocupou-se com a reconstrução da casa da família. "Minha primeira prioridade, foi assegurar a nossa casa", - diz ele.

Há muito eu já morri, aquela pessoa, que eu era, já não há. Se há inferno na terra, então estou nele."

Em meados de dezembro de 1994 - Movsar, 27 anos, no velho carro do pai, em casaco de pele de ovinos e capuz de tricô viajou para defender Grosny. No caminho ele parou perto de um café e comprou uma grande tigela de bolos de queijo checheno, e algumas garrafas de chá para defensores da capital. No dia seguinte, nas ruas de Grozny ele adquiriu um uniforme e automática. Os soldados do exército separatista de Dudayev não queriam pôr em perigo a vida de civis chechenos - a eles davam tarefas, como ajudar os feridos ou distribuir alimentos e água. Movsar não esconde que, quando os bombardeios e tiroteios expulsaram as forças de resistência chechena de Grosny ele se juntou a elas. "Eu defendia meu país dos exércitos do invasor. O presidente da Rússia, Boris Yeltsin, simplesmente apelava a todos"tomar tanta soberania quanta conseguissem". E, após inúmeras humilhações os chechenos decidiram separar-se. Nós não demos nenhum tiro no território russo. Então eles vieram até nós com armas, e nós os encontramos com armas. Se eles viessem com música, nós alcançaríamos os nossos instrumentos musicais. Eu costumo ter claro, que eu lutei contra o terrorismo do Estado  russo", - diz Movsar.

Soldados em máscaras vieram a ele na madrugada de 26 de fevereiro de 2.000. Arrastaram-no, mal desperto à rua e jogaram, com o rosto para baixo, numa poça de lama. Um cachorro latiu, o soldado matou-o imediatamente, o mesmo que fumava um cigarro e mantinha a bota sobre a cabeça de Movsar. "Oh, criatura chechena, vou ensiná-la como manter a goela fechada", - resmungou o soldado e apagou a ponta do cigarro na cabeça de Movsar. O cabelo neste lugar nunca mais cresceu.

Enquanto isso, os soldados reviravam de cabeça para baixo toda a casa, à procura de armas. Não encontraram. Então eles, sem dissimular, trouxeram um saco de armas do seu transporte blindado, despejaram e disseram: eis, é isso. Sob os gritos da mãe e esposa e choro de duas crianças pequenas eles jogaram Movsar no caminhão, sobre uma pilha de corpos nus e frios, com mãos e pés amarrados, e foram embora. Junto com Movsar eles levaram o tapete da sala, frigideiras de ferro fundido, panela de ferro e alguns vidros de pepino em conserva do porão. Eles viajaram muito tempo, com longas paradas, até chegarem à unidade militar. Lá, dois soldados contratados afastaram a lona e começaram o jogo sombrio "vive - não vive": os corpos batiam com as pontas do calçado sob as costelas. Era evidente que eles não faziam isto primeira vez. Se o corpo gemia, então estava vivo. Se ficava quieto, então rolavam para a borda e derrubavam.

Solados russo revistam chechenos, colocado junto a parede, na aldeia chechena,Chernokozovo.Foto EPA/Alexander Nemerov.
Apenas dois estavam vivos. Movsar e um rapaz, com olho machucado e sangrenta  metade inferior do rosto. "O rapaz tentou abrir os lábios colados e dizer algo, mas então me atingiram na cabeça, e eu  desmaiei. Não o vi mais. Provavelmente ele morreu. Fui colocado numa gaiola, onde não conseguia nem sentar, nem levantar. Lá eu fiquei quase três semanas, com o queixo pressionado contra o peito, e joelhos próximos às orelhas. Ao banheiro ia uma vez por dia. Estava tão frio que eu queria morrer. Tais gaiolas com pessoas havia muitas. Cada meia hora um guarda passava em torno delas e batia forte nas tampas. Não era possível dormir ou cochilar. Dessas gaiolas nos levavam aos interrogatórios, nos quais nos torturavam com choques elétricos.

O guarda vinha, abria a gaiola, e era necessário rastejar rapidamente, levantar e correr. Escusado dizer, que eu não conseguia levantar ereto, muito menos correr. Então, eles, espancavam brutalmente por isto. Se você tropeçar e cair, soltam os cachorros. E, nos interrogatórios sempre perguntavam: "Onde está Maskhadov?". E, mesmo se eu soubesse, não diria. Eles exigiam os nomes das pessoas que lutavam. Com uma pinça arrancavam a pele das pessoas, e também arrancavam as unhas. Penduravam pelos pés, vestiam sua cabeça num saco de celofane e fumavam, direcionando a fumaça para dentro do saco. Queimavam os calcanhares com ferro de soldar. Batiam nos rins com garrafas com água, e isto ainda era o menor suplicio. Arrastavam-nos nus para rua e encharcavam com água de mangueira e obrigavam permanecer de pé. Penduravam. Quando a pessoa já parava de contorcer-se, desciam. E novamente, e novamente. Aos desmaiados aplicavam injeções.

Após a explosão dos corpos permanecia apenas a poeira, unhas e dentes. Não há corpo - não há crime.

As pessoas das gaiolas morriam às dezenas.Diariamente forçavam outros prisioneiros para retirar os corpos. Os braços e pernas eram quebrados, orelhas decepadas, mandíbulas quebradas. Os corpos eram escuros, até pretos de tanto espancamento e torturas. Nos mandavam colocá-los em pilhas e introduzir ali explosivos. Após a explosão dos corpos permanecia apenas a poeira, unhas e dentes. Não há corpo - não há crime.

No final de março retiraram todos nós das gaiolas e levaram para um campo alinhados numa fila comprida - semi-nus, malcheirosos, - e mandaram ir em frente. Nós não sabíamos, que estávamos na beira do campo minado. Nós pensamos pensamos, que iriam atirar nas nossas costas. Um preso, de repente correu, como louco, mas os soldados ficaram com medo de segui-lo pelo campo minado. Nos obrigaram ir atrás dele, e imediatamente, começaram as explosões. Corpos e pedaços de corpos voavam pelos ares. Nós, imediatamente fomos cobertos com sangue alheio, vísceras e pedaços de pele queimada. Mas o "louco" continuava correndo, como em transe. Talvez, eu, desta vez, comecei delirar, porque eu vi, como por trás das nuvens surgiu um raio de sol e iluminou somente ele. Eu rezava e ia para frente, até que fui jogado para o ar. Mas, foi o mu vizinho-checheno que explodiu. Eu, apenas recebi contusões e fui ferido com fragmentos.

Quando, no campo, todas as minas explodiram, mandaram a segunda fila de chechenos, para assegurar-se que não havia mais minas, e recolher os restos daquilo que foram corpos humanos. Eles foram forçados a cavar uma trincheira e enterrar tudo isso numa pilha. Eu rezava para morrer, de uma vez, lá, mas de alguma forma sobrevivi. Na volta, à gaiola já não me colocaram. Minhas feridas começaram sarar, e eu lavava-as com a água que me davam para beber. De repente, após uma semana, me levaram para Pyatygorsk. E, lá - tribunal e sentença para 24 anos.

Movsar já permaneceu na prisão por 13 anos e meio. O tribunal não incluiu aqueles seis meses, que o torturavam - talvez, com tristeza, brinca Movsar, consideraram que aquilo era sanatório. Mas, à questão, de como ele sobreviveu a todas as torturas, fome e frio, ele tem uma resposta: Só o Todo Poderoso sabe. Há muito eu morri, a pessoa que eu era, já não existe. Se há um inferno na terra, então eu estou nele. Apenas Todo-Poderoso ajudará a mim e a outros rapazes chechenos, que apodrecem nas prisões - no sentido mais literal da palavra".

"Certa vez me penduraram na câmara quase o dia todo, algemado e nu, num extraordinário frio. Dizer que foi doloroso - é não dizer nada. Eu gritava e me torcia, mas depois sussurrei orações e pedi minha morte. Eu clamei a Deus, e pareceu-me, que lá, onde estava eu, Ele não estava, e minhas orações desprendiam-se das paredes e deslizavam para baixo. Eu via isso e entendi que estava enlouquecendo", - lembra Movsar.

Ele - um dos chechenos, que não perderam a dignidade. Ele não concorda na "cooperação" com a administração penitenciária e rejeita suas tarefas humilhantes. Ele não escreve apelos, não tem intenção de solicitar a liberdade condicional e, geralmente, se comporta como aquele, que sabe, que nunca sairá vivo da prisão. Quase todo tempo permanece na cela de castigo, onde das 6:00 horas da manhã às 22:00 horas deve ficar em pé, no escuro. Nas paredes há uma camada de gelo, do teto caem gotas no chão de concreto e sempre há água suja.

No início de agosto do ano passado, a ele vieram os funcionários do FSB. Eles transmitiram cumprimentos calorosos de Ramzan Kadyrov e propuseram para ele, como voluntário ir lutar pela Rússia na Ukraina. Por isso lhe propuseram liberdade - se sobreviver. Movsar escolheu a prisão. O principal, diz ele, - é que este caso esclareceu que Kadyrov sabe, que milhares de chechenos apodrecem nas prisões, sem qualquer motivo.

Desde meados de agosto do ano passado, eu perdi contato com Movsar.

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Conselho de Segurança e Defesa Nacional (Ukraina): Rússia, urgentemente, reforçou o grupo ofensivo no norte da Criméia
Vysokyi Zamok, 24.11.2015

Ao aeródromo Dzankoi transferiram dois grupos de pára-quedistas


"Rússia, urgentemente reforça seu grupo ofensivo no norte da Criméia. No dia 24 de novembro 5 aeronaves de transporte militar Il-76 realizaram a transferência de dois batalhões táticos, grupos de para-quedistas da composição 98, divisão aérea de tropas de desembarque, das Forças Armadas da FR (cidade Ivanov), do aeródromo de Ivanov para o aeródromo Dzankoi" - diz a mensagem.
 - Além disso, em Kalinivka (3 km ao sudoeste de Dzankoi) iniciou-se a implantação do 97.º  Regimento
de desembarque da 7ª Divisão de Assalto, de Novorossiysk.
"Deste modo, o potencial ofensivo das tropas russas na Criméia ocupada, aumenta consideravelmente, por conta de unidades mais bem treinadas, prontas para ações de assalto", - disseram no Conselho de Segurança Nacional da Ukraina. 

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Ukraina fechou completamente o espaço aéreo aos aviões russos.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 23.11.2015

O Gabinete Ministerial decidiu por um fechamento completo do espaço aéreo da Ukraina para os aviões russos, anunciou o primeiro-ministro Arseny Yatseniuk.
Ele lembrou que Ukraina esperava, que Rússia levantasse a proibição de todo trânsito das companhias aéreas ukrainianas através do espaço aéreo da FR, mas isto não aconteceu.
Antigamente já havia proibição para aeronaves militares.
"A decisão sobre tal proibição inclui significativo agravamento político e militar da situação. Rússia pode usar o espaço aéreo para implementar provocações." - declarou Yatseniuk.

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Em Moscou arrasaram a Embaixada da Turquia.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 25.11.2015

Várias centenas de pessoas participaram da ação de protesto perto da Embaixada da Turquia em Moscou. O edifício foi atingido por pedras, ovos e frascos de tinta. Os manifestantes quebraram vidros das janelas. Polícia não interveio e ninguém foi preso.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Dois anos depois. O que Maidan buscou e o que recebeu.
Ukrainska Pravda ( Verdade Ukrainiana), 23.11.2015
Valerii Pekar


Em dezembro de 2013 nós realizamos um levantamento das necessidades apresentadas pelas organizações sociais e participantes ordinários do Maidan. As exigências foram generalizadas e divididas em vários grupos. Isto nos permitira analisar seu desempenho.

1. Primeiro nível de exigências. Cessação completa de repressões, reabilitação de presos políticos, fechamento das questões, afastamento das forças de segurança (que se destacaram  como forças de repressão -OK) ao quartel, punição de culpados.

O que temos? A investigação continua, mas muito lenta. Em 2 anos, os casos encaminhados ao tribunal, são apenas de alguns episódios. Este tópico recentemente foi o foco de um programa da TV, e políticos declararam: logo haverá um grande julgamento. Veremos.

Por enquanto constatamos: exigência de punição aos culpados pelos tiroteios, espancamentos, raptos, torturas, não executados.

2. Segundo nível de exigências - político (por assim dizer, intermediário, porque não é um fim em si mesmo).Demissão de Yanukovych. Reinicialização completa do poder: eleições justas e transparentes com nova Comissão Central Eleitoral. (E, por não renovar esta comissão, há um grande problema na eleição do prefeito em Krevyi Rih. A Comissão reconheceu o resultado verdadeiro - o povo, revoltado, não aceita - OK). O que temos? Eleições presidenciais,legislativas e as recentes locais ocorreram, no geral, honestas e transparentes, o quanto isto é possível, com a sociedade existente e classe política - mas "hretshka" não faltou (a palavra traduz-se como "trigo mourisco". No caso, refere-se aos pequenos subornos que os candidatos dão aos eleitores na véspera das eleições - OK), mas contra este defeito nós precisaremos lutar ainda uma geração. 

No entanto, a composição da Central Eleitoral, e as leis eleitorais, não foram alteradas corretamente. Confiança à Central Eleitoral não há, eles claramente não protegem a democracia. Listas públicas não há. Como resultado, o país não recebeu uma atualização significativa do sistema político. Cada rosto novo no parlamento, ou nos órgãos locais é celebrado com alegria, isto é, antes de tudo, exceções.

No Maidan, neste domingo
3. Nível de exigências - estratégico. Mudança do sistema, não simplesmente de rostos no governo: um novo contrato social, mecanismo de influência social e limitação do poder.

O que temos? Lustração de fato não houve, reformas tímidas, especialmente na área mais crítica da equidade e justiça. Sobre um novo tratado social não se ouve: as reformas não esbarram nas relações sociais. Exemplo: até agora um "grande país" com ampla funcionalidade pós-soviética e enorme aparelho; "cobrança compulsória" de impostos, ao invés de um serviço fiscal, etc. 
Para complementar os requisitos do Maidan, lembramos publicados no ano passado, no primeiro aniversário, "Regras técnicas de segurança no trabalho com a revolução ukrainiana".
Revoluções - uma corrente de alta tensão, e trabalhar com elas precisa ter cuidado, realizando certas regras, para não levar golpes. É, aquilo, que fere a sociedade, e do que ela perde a confiança ao escolhido, por ela, governo:
1. Determinação e punição dos culpados da violência e assassinatos no Maidan
2. Declaração clara da nova posição na Guerra pela independência
3. Reverenciamento aos heróis do novo tempo: militares, voluntários
4. Punição rigorosa aos militares traidores
5. Purificação do corpo legislativo, de explícitos agentes russos
6. Primeiros processos contra funcionários corruptos
7. Mais verdade sobre a situação na frente
8. Estabelecimento da segurança estatal, com tudo necessário, a todos os combatentes
9. Anúncio de uma estratégia clara para equilíbrio do Donbas.
10. Posição clara do governo ao setor bancário.

Alteração do sistema de indicação a cargos (critérios de lustração, concursos, discussões públicas, concursos de projetos). Some os pontos. Eu atribuí 1 (um) ponto por item pelo cumprimento parcial. Eu somei 5 pontos do total e isto porque me considero otimista. Na escola, tal avaliação não se considera sucesso, e um pai rigoroso pode até pegar um cinto.

Entre as mudanças no sistema político são mínimas.

Ao mesmo tempo, a modernização dos sistema estatal, que nós chamamos de reformas, é um pouco mais exitosa: muitas vitórias táticas brilhantes contra o pano de fundo da grande derrota estratégica.

O principal, que estas vitórias não são estáveis, nem irreversíveis: se você nomear, Azarov, como primeiro-ministro, tudo voltará ao estado original (Creio que o autor quer dar a entender, igual ao ex-ministro Azarov - OK)

O que é que temos no ativo? Sociedade. Isto é. Nós mesmos.

As mudanças afetaram minoria, mas afetaram seriamente.

A nação consolidou-se contra o inimigo externo. A idéia ukrainiana cristaliza-se gradualmente.

A escala do movimento voluntário impressiona o mundo inteiro.

A sociedade civil assumiu a função da discussão e formulação de políticas públicas: não menos da metade de todas as reformas faz-se no setor privado.

O nível de abertura do governo relutantemente tornou-se bem maior. O medo desapareceu.

Ao contrário de 2005, desta vez nós não saímos do Maidan, confiando nosso futuro aos políticos. A revolução continua em outros formatos. Na maior parte depende de nós, o quanto será duradoura e quanto destrutiva. 
Porque a melhor revolução - é aquela, que imediatamente e sem sangue passa para uma rápida evolução. É por isso que a Grande Revolução Francesa é chamada Grande, mas não é denominada Notável, como a inglesa.

Vídeo: Sobre o que falavam e o que exigiam os participantes no Maidan em 22.11.2015.
Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 21 de novembro de 2015

Poroshenko sobre os crimes no Maidan: Aprisionados deverão ser todos os mandantes, e todos os seus capangas.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 21.11.2015

Hoje, 21 de novembro, Dia da Dignidade e Liberdade - pronunciamento do presidente Petro Poroshenko para o povo ukrainiano:

"Na investigação dos crimes contra o Maidan o procedimento de condenação à revelia, aos mandantes está estabelecido, será temporário".
"A Procuradoria Geral, o Serviço de Segurança - SBU, e o Ministério do Interior informaram o público sobre o andamento da investigação. Eu estou descontente com o ritmo, mas não quero ser advogado da investigação. Para mais de 2.000 crimes contra os participantes das ações de protesto, realmente necessita-se de muito esforço e tempo."
"Esta provado, que os crimes de sangue foram, pessoalmente, encomendados por Yanukovych. Executores - a liderança do Ministério do Interior, SBU e Conselho de Segurança Nacional. Moralmente, eles já foram condenados: as pessoas os amaldiçoaram, e Deus privou-os da Pátria. Não importa quanto aquela gentalha se esconda na Rússia, aquilo que eles fizeram, não tem limitação de antiguidade. O procedimento de condenação à revelia lhes será aplicado temporariamente. Ir à prisão eles deverão, com todos os seus capangas"., - declarou o presidente.
Ele acrescentou, que o processo de acusação já foi iniciado.
"O grupo de detidos,incluindo "berkut" (polícia de Yanukovych), já está na prisão. Já foram emitidas 26 sentenças, embora a pequenos executores. Total de suspeitos - 270 pessoas - entre eles 44 altos funcionários, 125 policiais, 11 juízes, 9 procuradores e dezenas de líderes e organizadores de "titushok" (Estes eram uma espécie de milícia que era usada pelo governo para bater nos manifestantes, mesmo pacíficos, e isto acontecia no governo Yanukovych, muito antes da Revolução do Maidan. Faziam provocações em desfiles, etc. - OK) - disse o presidente Poroshenko. 
"Alem disso, um número de juízes que proferiam decisões contra participantes do Maidan, foram dispensados", declarou o presidente. 

Hoje Ukraina comemora o Dia da Dignidade e da Liberdade.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 21.11.2015

Sábado, 21 de novembro, os ukrainianos comemoram um dos novos, mas emblemáticos acontecimentos da moderna história da Ukraina - Dia da Dignidade e Liberdade. 
 

De acordo com o Decreto do Presidente número 872, de 13.11.2914, "a fim de incutir na Ukraina os ideais de liberdade e democracia, preservar e levar às gerações contemporâneas e futuras gerações,informações objetivas sobre os acontecimentos importantes da Ukraina no século XXI, bem como a emissão de respeito ao patriotismo e adequada coragem dos cidadãos, que se levantaram em defesa dos valores democráticos, dos direitos e liberdades do homem e cidadão, dos interesses nacionais do nosso estado e sua opção européia".

Haverá comemorações em toda Ukraina.
Em Lviv abriram um pequeno museu em homenagem ao herói da "Centena do Céu" Yuri Verbitsky, que foi sequestrado e morto durante a Revolução da Dignidade.


O ativista do Euromaidan (Euro - Europa, Maidan - praça), foi sequestrado junto com Igor Lutsenko (que milagrosamente sobreviveu - os verdugos pensaram que já estava morto e o abandonaram-OK) por desconhecidos, em janeiro de 2014 e morto  após torturas.  Hoje ele foi lembrado na escola que estudou.
Após os trágicos acontecimentos foram detidos três autores diretos do sequestro e assassinato. O resto dos criminosos, e de acordo com Igor Lutsenko eram 11), ainda em investigação.


Foram colocadas flores e acenderam lâmpadas nos túmulos dos que morreram na Revolução da Dignidade e ATO. Após houve o ato religioso.

Para 14:30 horas programaram uma oração ecumênica junto ao memorial de Taras Shevchenko e, no dia 22, na Avenida de Liberdade será organizada uma exposição de arte "Artista no Maidan: passado e presente". Para o dia 25 foi agendada a conferência: "Participação na sociedade civil no processo de descentralização."

Presidente Petro Poroshenko ao povo da Ukraina:
"O colapso do regime ditatorial interrompeu os planos para eliminar Ukraina, sua transformação numa autonomia subordinada ao Kremlin, liderada por uma quinta coluna. E, então, de Moscou lançaram um plano "B" - agressão militar e tentativa de dividir o nosso país. Calcularam mal. Porque não há uma "Malorossia" (Pequena Rússia) - ,manteve-se nos livros de história. "Nova Rússia" também não há - revelou-se como alucinação do Kremlin. Mas Ukraina existia, existe e existirá!" - disse o presidente.  do país.

A Embaixada dos EUA criou um vídeo para o aniversário da Revolução da Dignidade.


( Para os que não entendem nem inglês, nem ukrainiano: Dois anos atrás, numa tarde fria de novembro, um simples post no Facebook, escrito por um jovem jornalista, deu um empurrão aos acontecimentos, que levaram à Revolução da Dignidade ukrainiana. Mais cedo, naquele mesmo dia, tornou-se conhecido que o Presidente da Ukraina decidiu recusar o acordo histórico sobre livre comércio entre Ukraina e União Européia, com o que, de repente e inesperadamente riscou o movimento de uma dezena de anos da Ukraina em direção à UE. E crença de que, Ukraina - é Europa, independendo do que, decide o governo, trouxe milhares de pessoas ao Maidan, a Kyiv naquela tarde, e manteve-os lá durante as próximas semanas.
Os ukrainianos ficaram lá, com a exigência de construir uma sociedade, enraizada nos valores europeus de liberdade, dignidade e direito de determinar, independentemente, o seu futuro: democracia aos direitos da pessoa, e para provar, que Ukraina, como dizem os ukrainianos, é o coração da Europa. Olhando para estas fotos, vocês entendem, porque os ukrainianos denominaram isto Euromaidan. Em toda parte há bandeiras da UE. Em toda parte vêm-se senhas, que seguramente anunciam: "Ukraina - é Europa". Através de dois anos para comemoração do início do Euromaidan,vamos novamente renovar este ânimo: ânimo da comunidade, da firmeza, da decisão. E vamos apoiar os ukrainianos em seu constante desejo de construir, brilhante e justo o futuro europeu.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Guerra que de modo algum termina
Provas únicas de dentro do sistema prisional da Rússia
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 14.11.2015
Amina Umarova

Centenas de chechenos até agora definham no vasto sistema prisional russo, embora combates de grande escala na Chechênia terminaram a mais de uma década e meia. A maioria está presa sob a acusação - que seus defensores frequentemente dizem ser forjada - na participação  do movimento rebelde no curso de duas guerras devastadoras entre as tropas russas e os rebeldes separatistas chechenos. Muitos deles sobreviveram a terríveis torturas.
Suas chances para obter liberdade são muito fantasiosas na atmosfera de total indiferença das autoridades do líder checheno Ramzan Kadyrov, um ex-líder separatista, que foi nomeado por Moscou, para manter sob controle a inquieta república do Norte do Cáucaso, e que governa com mão de ferro. A jornalista da Rádio Liberdade Amina Umarova no decurso de investigação de sete meses, conversou com o insurreto checheno, que é mantido atrás das grades no norte da Rússia por mais de ua década, com uma mulher que luta pela liberação de seu irmão e com um carcereiro compassivo - todos eles encontram-se em interminável e terrível espiral de impunidade e violência.

                                                               Eis suas histórias

 Primeira parte  - Irmã             Segunda parte - Combatente                                       Terceira parte - Vigia
                                                                                                                           

Primeira parte - Elima
Apenas os claros olhos azuis indicam nesta mulher cansada, que perdeu o interesse pela vida, outrora bonita e enérgica Elima. É difícil acreditar, que ela tem apenas 42 anos.  Destes anos, exatamente a terça parte - catorze anos - dedicou às tentativas de libertar seu único irmão Adam, que foi levado de sua casa na capital chechena Grozny durante a "limpeza" e condenado a 18 anos de prisão. Recentemente, ela foi diagnosticada com tumor inoperável no cérebro, - os médicos dizem que ela não viverá por muito tempo. 

"Eu já não tenho mais lágrimas, e meu coração já não dói", diz Elima para mim (nome alterado), quando nós passeamos numa pequena cidade próxima de Praga. Eu já havia pensado, que assim ela vai se expressar, com frases curtas, - mas enganei-me. Nós conseguimos conversar bastante. 

O início da segunda guerra chechena foi cruel. As casas residenciais, bairros inteiros, cidadezinhas e aldeias cercavam e detinham todos, sem escolha. Dominava a violência e prática de extorsão de resgate, de pessoas abatidas à quase morte ou venda de corpos dos mortos à suas famílias. Os militares russos, de bom grado pegavam dinheiro pela "informação" sobre os desaparecidos sem notícia, o que era uma mentira consciente, e em seguida, com injúrias tocavam os parentes, cujos filhos, maridos ou irmãos anteriormente levavam para um destino desconhecido.

Adam foi preso em sua casa no bairro "Outubro" de Grozny. Na noite de 16 de abril, próximo de seu portão pararam os militares UAZes (marca de carro) e veículo blindado. A casa foi invadida por soldados mascarados que, imediatamente, começaram a espancá-lo.

Agosto de 1996 - destruição na Rua da Paz no centro da capital da Chechênia - Grosny.Foto Igor Mykhalov (RIA) "Novosti"

Na fachada, no contravento, preenchida com sacos de areia, com tinta branca estava escrito:  "Nós escarnecemos de sua
adversidade".      
Os soldados observaram com atenção especial o ato de que Adam lia "Decameron", de Boccaccio. Um deles jogou o livro no chão e, xingando grosseiramente, diante de todos abriu a braguilha e urinou nele. O pai de Adam ficou muito brabo: "Como você pode se comportar assim?" Alguns golpes deixaram-no desmaiado. E, à mãe de Adam, que estava deitada no chão ao lado da parede, com ataque cardíaco, ninguém prestou atenção.

Ao amanhecer, a vizinha dos pais da Elima correu para contar a ela o que aconteceu, e disse que os pais estavam mal. A vizinha aconselhou pegar bastante dinheiro para salvar seu irmão, como ela disse, "destes Khanty-Mansiysk aberrações". "Não fazendo isto hoje - depois desaparecerá e não mais poderá ser encontrado", - disse a vizinha e escapou.

"Eu era uma boa costureira, e dinheiro nós tínhamos" - continuou Elima. O grupo operativo do Ministério de Assuntos Internos da Rússia no Distrito de Outubro localizava-se num prédio de três andares, aonde anteriormente havia um internato para crianças surdo-mudas. Quando ela com o marido vieram à entrada principal, lá já havia muitos chechenos, cujos filhos ou maridos recolheram durante a noite. Na fachada preenchida com sacos de areia, no contravento,  estava escrito: "Nós, escarnecemos de sua adversidade".

Nas paredes estavam escritos os nomes das cidades e nomes dos especialmente designados que vieram a Chechênia. Uma daquelas inscrições ela guardou especialmente: "Nós ajudaremos você morrer. MON (Destacamento da Milícia de Propósito Especial e UVC (Departamento de Assuntos Internos) Kanty- Mansiysk". "O sistema consiste em que você, é ninguém, e algum animal sujo com fuzil tem a sua vida em mãos, - diz Elima.  
Mais tarde eu compreendi, o quão bem eles organizaram o  lado financeiro. Quando você lhes dá dinheiro, eles param de dizer: "Eu não o vi, eu não o detive". O dinheiro parece que nos prendia para algum acordo. Eles nunca o recusavam".

Aquele dia Elima levou consigo dois mil dólares, mas seu irmão não libertaram. Disseram-lhe para vir na manhã seguinte, mas quando ela veio, novamente pediram mil e quinhentos. Esperando até tarde da noite, Elima foi embora novamente sem o irmão. No dia seguinte ela soube, que o policial que pegou o dinheiro e prometeu "dar ua palavrinha" por seu irmão, já tinha ido para Khanty-Mansiysk. O expedidor que lhe falou isto, disse, que agora, precisavam de cinco mil. "Agora tudo será mais difícil, começou o julgamento. Mas não se preocupe, seu irmão está vivo", - disse ele.

Cinco mil dólares, que Elina emprestou e entregou ao expedidor não lhe permitiram, sequer, ver seu irmão. Os especialmente designados, muito contentes pegavam as encomendas aos detidos - comida e roupas, - mas, só depois ela soube, que tudo aquilo deixavam para si. Ela já não lembra quem lhe aconselhou a contratar um advogado e quanto ela lhe pagou - apenas diz que foi muito dinheiro. Cada centavo que então possuía Elima, ela gastou tentando resgatar Adam da prisão. Seus pais morreram ainda antes do julgamento - como dizem os chechenos, queimaram de tristeza. Elima vendeu a casa paterna e o carro de Adam quase por nada."Eu não tinha mais dinheiro, - diz ela. As mãos já não me obedeciam - eu não podia mais costurar".

Chegou o dia do julgamento. "À sala trouxeram algo corcundo e inconstante, que quase não conseguia caminhar e apoiado por supervisores, que mancou para a jaula dos arguidos. Quando eu compreendi, que esta criatura de pernas tortas, que arrastavam para sala, -  meu irmão, meu cérebro e meu coração simplesmente explodiram. Parecia uma espécie de delírio cheio de monstros, e eu deveria simplesmente acordar. Eu gritei, e o escoltador próximo à porta primeiramente ficou pasmo, depois me apontou a arma. O advogado pegou o dinheiro, mas até o irmão nunca foi! E, ainda lá ele era torturado", - diz Elima.

Quando o espancavam, lhe diziam: "Agora você nunca terá filhos! Nós excluímos você do pool genético!"

Simplesmente as fabricadas acusações eram francamente absurdas. O juiz estava simplesmente obrigado a justificar a libertação de Adam e libertá-lo na sala do tribunal - mas não se atreveu. Ele monotonamente leu o veredicto: 18 anos de prisão na colônia de regime severo, por terrorismo e assassinato. Mas Adam não matou ninguém! De meus clientes eu soube, que o russo, de cujo assassinato acusaram Adam, simplesmente bebia muito e morreu sozinho. Ele foi enterrado por boas pessoas e eu as encontrei. Eu encontrei o túmulo daquele homem e o fotografei. As testemunhas diziam e juravam, que aquele homem morreu de causas naturais.Tudo o que eu poderia descobrir, eu dei ao advogado. Mas, de repente, coisas estranhas começaram acontecer. As testemunhas, uma após outra começaram negar o que haviam dito a mim. Eu via que elas estavam assustadas até a morte. O "advogado" perdeu minhas fotografias, dados de testemunhos e meus registros sobre o que eles diziam", - diz Elima.

Ela fala sobre as torturas sofridas por seu irmão, e seus punhos se cerram. 

"Antes da prisão meu irmão tinha um metro e noventa de altura. Era um jovem saudável, de 20 anos,
de cabeleira cheia. Ele teve deslocamento de órgãos internos e dedos quebrados. Adam se recusou a assinar o formulário em branco. Então ele foi pendurado numa barra com as mãos e pés amarrados para virar as articulações. E, a ele assim pendurado, colocaram na cabeça um saco de celofane, amarrado no pescoço. E, somente quando ele começava engasgar e perder a consciência, era removido da barra. Mas, enquanto ele sufocava, ele tinha convulsões que lhe causavam dores horríveis. Ele foi colocado na parede, e obrigado a esticar os braços e abrir as pernas. Então eles batiam entre suas pernas e gritavam, que ele nunca mais teria filhos. A ele, no ânus colocaram um tubo e nele um pedaço de arame farpado. Depois retiraram o tubo, deixando lá o arame. Todos vieram  correndo, para ver como este arame puxavam com os intestinos. Isto eles chamam de "rosa". Ele foi obrigado a abrir a boca e queimavam com ferro de soldar, para que não pudesse comer nem beber. Os carcereiros fizeram uma cruz de trilhos, no ginásio do internato. A ela amarravam os detidos e torturavam com choques elétricos. Àqueles que sobreviviam, puxavam de volta às câmeras e jogavam no chão frio. Alguns rapidamente "quebravam-se" e assinavam todas suas culpas e consentimento com a sentença - mas continuavam a torturá-los, simplesmente para seu prazer. Eles bebiam e divertiam-se deste modo", - diz Elima.

Adam não teve sorte, especialmente - por sua altura. Ele também apanhou por ser checheno, e porque era tão alto. Quando o espancavam, lhe diziam: "Agora você nunca terá filhos" Nós excluímos você do pool genético".

Elima estava em desespero, e veio a ela para "conversar" o funcionário do Serviço Federal de Segurança da Rússia, de serviço na Chechênia. Ele apresentou-se como Sergei Bobrov e perguntou quando é que ela colocará em si um cinto explosivo, para se tornar uma suicida. Ela ficou perplexa, mas ele disse, que em seu lugar ele faria isto, para vingar-se dos guardas, que se tornaram completamente perversos".

"Quando eu falei sobre Adam a Anna Politkovskaya(¹) em Moscou, ela chorou. Eu falei sobre tudo isto em seu gravador na redação de "Novaya Gazeta". Ela preparava-se para escrever um grande artigo sobre Adam e outros presos chechenos e falar sobre eles na Europa. Depois que a mataram, me encontraram e começaram a me ameaçar. Havia tudo naquela fita: sobre nossa família, como levaram Adam, sobre as torturas, sobre o julgamento e sobre a quem e quanto eu dava suborno para aliviar o sofrimento de Adam: Primeiro me "sacudiam" os "federais", depois me entregaram aos "kaderivtsy" (de Kaderov), - lembra Elima.

Ela viajou quase toda Rússia - precisamente, cidades onde há prisões. Ela não tinha dinheiro e pegava qualquer trabalho, de enfermeira no hospital à faxineira na estação. Numa atmosfera de histeria anti-chechena, precisava esconder que era chechena. Por sorte, ninguém queria ver seus documentos e empregá-la formalmente para não pagar pensão nem contribuição social.

Estes pequenos ganhos iam para comida e remédios - e não apenas para Adam, mas também para seus companheiros de cela. Mais tarde adicionaram-se aos custos os pagamentos pelo celular: a equipe da colonia tirava estes telefones, para depois vendê-los, novamente, aos prisioneiros.

"Você não é ninguém, mas quaisquer animal sujo, com espingarda, tem em suas mãos, a sua vida."'

Elima passava a noite, onde quer que fosse: se tivesse sorte, em uma enfermaria vazia, mas frequentemente numa dispensa cheia de roupa suja. Ela conseguiu visitar Adam apenas um ano depois que o levaram.

"Eu peguei as mãos de Adam, trouxe-as às minhas bochechas e fechei os olhos. Ele envergonhava-se de seus dedos quebrados, mas brincava, que até o casamento sobreviverá. Eu fingia que comigo estava tudo bem,  e asseverava isto. Nós lembrávamos os pais, nossa infância, como tomávamos banho no rio ou colhíamos bagas na floresta. Nós falávamos até sobre a gata Myshka ou nosso cachorrinho Tarzan.Mas depois, sabendo que nos escutam sorrateiramente, eu pedi a ele colocar a cabeça no meu ombro e fingir que adormeceu. Assim, sussurrando, ele me contou sobre seus tormentos e torturas. Eu acariciava sua cabeça e sentia, quanto inchaços havia. O que vocês fizeram como meu irmão? Sejam malditos!" - diz Elima.

Adam não se entrega, e por isso sempre está encarcerado. Ele luta não apenas por si, mas também por outros rapazes em situação ainda pior. Ele estudou o Código Penal e a Constituição da Rússia e se opõe com sabedoria. Mas os oficiais do FSB, regularmente o visitam, para novamente lhe dizer, diretamente: não o deixarão sair nunca.

Adam contou a Elina que os presos chechenos são obrigados a assumir crimes, que foram cometidos mesmo depois de sua prisão. "Eles não se importam, nem um pouco com a verdade, que as questões, simplesmente desmoronam"" - diz Elima.

"Por que nossos jovens tornam-se radicais? - ela pergunta retoricamente. Porque a metade de nossos rapazes sadios e inteligentes ilegalmente puseram nas prisões, para que uma cinza, depravada pessoinha da KGB possa dirigir um país enorme e preservar o saque de seu antecessor bêbado e seu círculo. E, o restante dos chechenos está condenado a vida miserável. Alguns fogem para Europa, outros para Síria, que lhes é completamente estranha".

Durante muitos anos Elima visitou centenas de jovens chechenos, não seus conhecidos, que ficaram sem família. Ela traz comida e novidades para eles. A seu pedido eu não cito a cidade nem o número da colônia, onde está Adam. Ela diz, que na Rússia não há, sequer uma prisão, onde não haja chechenos acusados de terrorismo, banditismo ou posse ilegal de armas.

(1) -Anna Politkovskaya, jornalista, filha de diplomatas ukrainianos na ONU, foi enviada pelos pais à Rússia para realizar seus estudos em jornalismo na Universidade de Moscou.
Cobria a segunda guerra da Chechênia, especialmente as dificuldades enfrentadas pela população civil e sobre abusos cometidos pelas autoridades russas durante o conflito.
Ela foi assassinada em 07.10.2006 em Moscou, no elevador do prédio, no qual morava.
Já  em 2004 foi medicada no hospital de Rostov ou Don e foi comprovado envenenamento. Naquele dia Anna havia ingerido apenas um chá que lhe serviram durante o vôo.

Por favor, aguardem a II Parte.

Tradução: O. Kowaltschuk