sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Maidan no imperial Olimpo.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 04.2.2016
Ivan Farion

Démarche do ministro da economia Aivaras Abramavichus, que não quer ser "uma cobertura para corrupção descarada."

Aivaras Abramavichus retira do seu ex-escritório a imagem favorita, que um pouco o "descarregava"das tristes realidades nos corredores do poder ukrainiano...
O empresário lituano, com educação e experiência ocidental, que por conta de trabalho em benefício da Ukraina recebeu um passaporte ukrainiano, decidiu manifestar seu protesto - porque cansou de "paus nas rodas" que lhe inseriam pessoas que se beneficiam com a proteção das primeiras pessoas do país.

O "enérgico rapaz lituano" - ministro de Desenvolvimento Econômico e Comercial Aivaras Abramavichus revoltou-se contra os fortes bloqueios de reformas estruturais na Ukraina. Eis alguns fragmentos de sua declaração sobre sua demissão: 

"... Isto já não é simplesmente falta de apoio ou vontade política. Isto são ações ativas, direcionadas para paralisar o nosso trabalho de reformas: da inesperada remoção de proteção do ministro e sua família - à imposição, cada vez com maior pressão, pessoas duvidosas ao meu comando e para posições-chave nas empresas estatais. Posso considerar tais ações como uma tentativa persistente para estabelecer controle nos fluxos de caixa nas empresas estatais, especialmente do "Naftogaz" e das indústrias de defesa. Recuso-me trabalhar num tal sistema. Nem eu, nem a minha equipe estamos prontos para servir como cobertura para restauração de velhos e criação de novos esquemas em benefícios de alguns atores políticos e empresários.

Nem eu, nem minha equipe desejamos ser cobertura para flagrante corrupção ou fantoches controlados para aqueles que querem, no estilo, segundo governo antigo, estabelecer controle sobre o dinheiro público. Eu não quero ir para Davos, encontrar-me com investidores e parceiros estrangeiros e falar-lhes sobre nossos sucessos, enquanto atrás de minhas costas decidem-se algumas questões no interesse de determinadas pessoas particulares.

Estas pessoas particulares tem nome. De uma delas eu quero citar - Igor Kononenko. Ele fez muito para bloquear o meu trabalho e o trabalho de minha equipe...  Ele fazia ativo lobby de suas pessoas para o cargo de diretor-geral do "Ukrhimtransamiak" (Empresa estatal de amônia - OK).  Empresa na qual Kononenko estava diretamente interessado, e onde deveria demitir do cargo o "regional" Bondyk, introduziu suas pessoas que, com ele dirigiam a empresa. Deputado do BPP (Bloco Petro Poroshenko), diretamente controlado por Kononenko pressionava "Derzhzovnishform" (Centro informativo - analítico do Estado da Ukraina) , na indicação de metalurgia do pó, de agências nacionais de acreditação na Ukraina. (Sinceramente, não sei se consegui traduzir corretamente a parte descritiva da empresa mas, isto não invalida o tema principal - OK).

O ponto culminante desta arbitrariedade profissional e desejo de subjugar a si completamente os fluxos tornou-se desejo ter o "próprio" substituo de Ministro no Ministério da Economia, que responderia por "Naftogaz" e outras empresas estatais. O candidato, simplesmente trouxe um pacote completo de documentos para nomeação e declarou: "Eu quero tornar-me seu substituto. Eu sou  da equipe de Kononenko, e minha candidatura já está aprovada no alto". Depois disso eu recebi um telefonema da APU (Deve ser da Administração do Presidente da Ukraina. Mas também esta sigla indica Ordem dos Advogados da Ukraina - OK), com recomendação insistente para contratar esta pessoa, e também mais uma - para o cargo de vice-defesa. A o que eu respondi: Parte deste conluio eu não serei...

Eu sou patriota da Ukraina. Aqui vive minha família. Nós conseguimos fazer muito, mas o ponto de retorno ainda não atravessamos. As forças do mal querem voltar tudo. Fiquemos livres dos  "smotriashtsi" (A palavra é russa, significa vigias, observadores, pessoas que espionam a atividade dos outros, especialmente dos chefes - OK), que ordenham a economia ukrainiana! Tais pessoas não deveriam estar na política ukrainiana, nem no governo.

Ponto essencial. Abramavichys disse, que categoricamente se opunha contra a permissão da privatização de empresas estratégicas a investidores russos e ukrainianos. Por que russos, é compreensivo. Mas os ricaços ukrainianos com suas "regras" não causaram confiança no pró-ocidental ministro. Isto poria fim nas reformas. "Uma de minhas propostas, - dizia Abramavichus numa conferência de imprensa, - não apenas aos russos proibir a participação na privatização (e isto é cerca de 25 grandes projetos) mas também aos ukrainianos. (Pelo que deduzo da leitura dos jornais, os empresários ricos ukrainianos não trabalham a favor da Ukraina - OK). Vendamos 25 maiores empresas aos investidores estrangeiros. Aqui são necessários investimentos estrangeiros, para que eles (estrangeiros) tragam sua ética corporativa, seus padrões de governança corporativa, para "branco" pagamento de todos os salários e impostos... Na Ukraina ainda há, aproximadamente 1700 empresas, em cuja privatização podem participar os investidores da Ukraina. Elas são, principalmente pequenas e não atraem investidores estrangeiros - então estas empresas daremos aos investidores ukrainianos"

Aqui, talvez, encontra-se um dos principais motivos de obstrução, que fizeram ao "lituano difícil" os oligarcas domésticos e seus "smotriashtsi" no poder. Nossos chefes de negócios com seu capital questionável quiseram sobrepor a sua peluda pata sobre os principais ativos da Ukraina. Mas, de repente, encontrou-se um "nerd" que quer transparência, regras ocidentais do jogo...

Que a Abramavichus "cavavam a sepultura" pessoas da facção presidencial confirma a análise do projeto de resolução sobre a demissão do ministro, a qual "iniciou" o recente "regional" Viktor Bondar do "Vidrodgenia" (Renascimento(. Se verificar no programa World a história da criação deste documento, vemos, que o texto foi escrito no computador do membro da facção "Bloco Petro Poroshenko" por Vitali Chepynohy. Este é o principal ponto à questão de "apoio total", que Petro Poroshenko prometeu ao lituano...

Na sequência do pedido de demissão de Abramavichus pediram demissão seu primeiro vice Yulia Kovalenko, Vice-ministro Maxim Nefedov, Natália Mykolskaya, chefe de dois departamentos Olena Minich e Olena Tregub, dirigente do escritório Yulia Klymenko.

À coletiva démarche de funcionários reagiram bolsas de valores. Os preços de Euro bondes ukrainianos caíram 1,1%. Apareceu a informação que o FMI pode suspender os empréstimos a Ukraina.

Explodiu com fortes declarações a comunidade pró-européia ukrainiana. Ela expressou seu apoio ao ministro-reformador e apresentou a exigência para eliminar, rapidamente, o impacto nos assuntos estatais, os mencionados e não denominados corruptos, trazer à justiça.

A tormenta atingiu o ambiente externo. Os líderes das embaixadas dos EUA, Canadá, França, Alemanha, Itália, Lituânia, Suécia, Suiça, Reino Unido, esquecendo-se da etiqueta diplomática, numa declaração conjunta, expressaram sua profunda decepção com a renúncia forçada de Abramavichus. O departamento de Estado dos EUA instou as autoridades ukrainianas a prosseguir as reformas e a luta contra corrupção. E, deu a entender que disto vai depender o apoio ao nosso país, por parte dos Estados Unidos.

O presidente teve uma conversa de três horas com Abramavichus, convencia-o continuar o seu trabalho no governo. Disse que as acusações devem ser investigadas pelo Bureau Nacional Anti-Corrupção. No entanto, parece, que tal reação não foi bastante adequada, feita antes para "salvar aparências". É sabido que Kononenko é protegido de Poroshenko, seus "olhos e ouvidos" no Parlamento. Sobre estes dizem - cardeais cinzentos,  "smotriashtsi". Tudo isto - vestígios do antigo sistema soviético (mas, já faz tempinho, já deu tempo para mudar a cabeça, caso quisessem-OK). Na Ukraina Européia isto não deve existir. Infelizmente, o chefe da Bankova (presidência) esta verdade ainda não dominou.

Como é óbvio, o proprietário do principal escritório, após a démarche de Abramavichus significativamente ofendeu-se e censurou-o com a "fuga do campo de batalha". O primeiro-ministro Arseniy Yatseniuk deve dividir com Petro Poroshenko a culpa pela "revolta no navio". Por quê não afastou seu funcionário da pressão externa? Afinal, sozinho não pode se gabar com boa seleção de sua companhia. O que vale seu braço direito Mykola Martynenko ("duble de Kononenko") que as autoridades de vários países ocidentais acusam de corrupção e lavagem de dinheiro sujo?!

Abramavichus não é um funcionário que ficou com medo das dificuldades. Sua démarche - é um sinal. Tentativa de chamar atenção da comunidade ao vírus da corrupção que infecta o sistema do governo da Ukraina, o qual ninguém procura curar. A corrupção já indicava o antecessor do lituano, Pavlo Sheremeta, que também, ostensivamente, porque lhe impunham "smotriashtsi. Insatisfeitos com a ordem do governo também renunciaram o ministro da infra-estrutura, Andriy Pevovarskyi. Devido a intrigas - o ministro da agricultura Oleksyi Pavlenko. O ministro da saúde, Alexander Kvitashvili e o ministro de política de informação Yurii Stets. Posteriormente, os quatro ministros concordaram em permanecer nos seus postos.

Sobre o florescimento da corrupção no governo ukrainiano, não é a primeira vez que fala o ex-presidente da Geórgia Mikhail Saakashvili.
E, o que dizer do "grito da alma" do cantor Svyatoslav Vakarchuk, que dizia a pura verdade ao presidente quando recebia a "Ordem da Liberdade"?

Quantas ainda "revoluções" devem acontecer, para que o governo eleito por ukrainianos, finalmente comece a trabalhar a favor de seu povo?

Parecer sobre:
Mustafa Nayem (Mais um não étnico ukrainiano, mas de alma ukrainiana-OK), deputado ("Bloco Petro Poroshenko"):
"O colapso do governo e fuga dos membros do Gabinete Ministerial - são os primeiros sinais dos excessos do governo. O terceiro Maidan não acontecerá nas ruas, mas nos corredores do governo e sob a cúpula do Parlamento. E farão isto os novos políticos - cansados e irritados porque desde o início os empurram pelas costas, chamando os tecnocratas e exigindo reformas, mas depois atam-lhes as mãos com a sua falta de vontade e relutância em despedir-se dos velhos esquemas.

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário