Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 28.08.2017
Yuriy Savitsky
(UNR - República Popular da Ukraina, que em 1917-1920 controlava os territórios do centro, leste e sul da Ukraina)
Nestes dias de agosto, a quase 100 anos atrás decidia-se o destino da Polônia e, possivelmente, do restante da Europa. Os bolcheviques declaravam, que iriam ao Ocidente "através dos cadáveres da Polônia branca", e o Primeiro Exército Equestre, sob o comando de Semen Budyonny "lavaria as botas" nos rios franceses Sena e Marne.
Mas em agosto de 1920 a estrada para Europa, que atravessava Polônia, bloqueou a 6ª Divisão de Infantaria do Exército da República Popular da Ukraina sob o comando do Coronel zaporozhtsia Mark Bezruchka. Seu vice era de Odessa Vsevolod Zmienko. Os ukrainianos, junto com os poloneses, defenderam heroicamente a cidade Zamosth.
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Monumento aos soldados do exército ukrainiano, no cemitério militar ukrainiano, em Varsóvia. |
Segundo os historiadores, apos a derrota nesta cidade Semen Budyonny deixou de ser o "vitorioso, que constantemente vencia o exército polonês", diz Roman Drozd, historiador ukrainiano , da Polônia.
"Os acontecimentos de 1920 - é uma grande conquista do exército polonês, mas também do exército da República Popular da Ukraina. Se não fossem eles, e os historiadores aqui concordam, talvez o comunismo chegaria à Espanha, e quem sabe se não teria ido ainda mais longe" - diz o historiador.
Então, além dos ukrainianos, poucos estavam prontos, para oferecer apoio à recém restaurado estado polonês, diz a famosa na Polônia, figura pública Krzyszof Stanowski.
Ele observa: "Juntamente com o exército polonês, em resultado do acordo político-militar, celebrado entre Polônia e República Popular da Ukraina, nesta guerra lutaram soldados poloneses e ukrainianos. Os soldados ukrainianos, com exceção de um pequeno grupo de voluntários dos Estados Unidos e indivíduos de outros estados, bem como consultores militares franceses, foram os únicos soldados, que realmente se opuseram à invasão soviética.
Stanowski, todos os anos em agosto, visita os túmulos dos soldados da República Popular da Ukraina, que se encontram no cemitério de seu natal Lublin. O governo comunista considerava esses túmulos, como túmulos de seus inimigos. Então, aos túmulos dos seguidores de Petliúra vinham escondido.
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Túmulo do soldado desconhecido do Exército da República Popular da Ukraina, no cemitério militar ukrainiano, em Varsóvia. |
Por que sobre os eventos dos anos de 1920 é necessário lembrar agora?
Segundo Reit, assim que o exército soviético chegou ao território da Polônia em 1944-1945, os comunistas começaram destruir os cemitérios, onde foram enterrados os soldados da UNR. Por exemplo, em Varsóvia, de 300 túmulos restaram apenas 107. E, mesmo aqueles, de acordo com o estadista, não estão em boas condições.
"Eu penso, que temos, diante de nós, três anos", diz Yuri Reit. - Esses lugares permanecerão ainda 10 - 15 anos, sua condição técnica não é das melhores, e eu pergunto, quando meus netos vierem, será que as cruzes estarão em pé? Hoje a questão é aos dirigentes do Estado ukrainiano e aos líderes do Estado polonês: o que podemos fazer, para preservar esses túmulos nos próximos 100 - 200 anos, porque a memória desses pessoas deve permanecer."
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Guarda honorável polonesa, no Dia do exército polonês junto ao monumento aos soldados em Varsóvia, 15 de agosto de 2017. |
"Nós decidimos, que a primeira tarefa - é restaurar a memória dos poloneses, e lembrar, que ao seu lado, 14 mil soldados ukrainianos participaram do "Milagre sobre Wisla". "Estes são os soldados que lutaram na guerra polaco-bolchevique", - enfatiza Yuriy Reit.
De acordo com Krzyszof Stanowski, os acontecimentos de 1920 seria mais correto denominar não guerra polaco-bolchevique, mas guerra polaca e ukrainiana contra o bolchevismo. Stanowski acredita que a aliança polonesa e ukrainiana de 1920 é especialmente importante lembrar agora - no momento em que os ukrainianos e poloneses tentam indispor. Em sua opinião, pode-se perceber certos paralelos entre os acontecimentos de 100 anos atrás e a atualidade.
"É extremamente importante para que nós e os poloneses lembremos que, naquele dificílimo momento juntos lutaram soldados poloneses e ukrainianos. Isso lembra aqueles momentos complicados que ocorreram durante o Maidan ou a Revolução Laranja, quando milhares de poloneses simpatizavam, apoiavam Ukraina, e mais tarde quando começou a ocupação da Criméia e a Guerra no Donbas, os poloneses procuravam ajudar aos fugitivos e aos que se preocupam para que Ukraina mantenha suas fronteiras", - disse Reit.
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Guarda honorável polonesa no Dia do Exército polonês junto ao túmulo do general do exército da UNR Mark Bezruchka, 15 de agosto de 2017. |
Por sua vez, o historiador Roman Drozd diz, que os eventos da década de 1920 precisam ser lembrados aos europeus atuais, porque eles não um alerta sobre o possível desenvolvimento da situação no continente.
"Precisa dizer que, como os ukrainianos, então, queriam parar o imperialismo russo ou soviético, assim agora temos esse mesmo evento. Bem, é preciso dizer que, então, Ukraina não tinha aliados, porque Polônia era um aliado até certo momento, assim agora o mundo deve lembrar e esforçar-se para aprender com a história daqueles eventos, que realmente pode acontecer que Rússia queira recuperar o seu império", acredita o historiador.
Os iniciadores do apelo de Varsóvia aos ukrainianos do mundo acreditam que agora já é necessário iniciar os preparativos para o centésimo aniversário da Batalha de Varsóvia. Em sua opinião, os ukrainianos, que em 1920 participaram da guerra vitoriosa contra os bolcheviques, devem ser homenageados no mais alto nível, na Ukraina e na Polônia, bem como falar sobre eles ao mundo. A iniciativa foi apoiada pelo presidente do Congresso Mundial dos ukrainianos Eugene Czolij.
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Ministro da Defesa da Polônia, Antoni Mazerevech, coloca uma coroa de flores no túmulo do General do exército da República Popular da Ukraina, Mark Bezruchka. |
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Guarda polonesa honorável no Dia do Exército polonês junto ao monumento aos soldados da UNR em Varsóvia, 15 de agosto de 2.017. |
Tradução: O. Kowaltschuk
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