Radio Svoboda ( Rádio Liberdade), 22.08.2017
Voz da América
Auxiliar do presidente russo Vladislav Surkov participou de uma reunião em Hangzhou, 4 de setembro de 2016. |
De acordo com os ex-líderes de militantes e autoridades ukrainianas e ocidentais Vladislav Surkov é um influente assessor do Kremlin, que desempenhou um papel central na gestão, promoção e organização de separatistas pró-russos que lutam contra o governo de Kyiv.
Sobre isso escreveu James Martin no artigo "O mensageiro do Kremlin desempenhou um papel central na Ukraina Oriental" , publicado no site Fox Business.
Estas pessoas dizem, que o assistente principal do presidente Putin, Surkov era ligado aos militantes que controlam territórios no leste da Ukraina desde o início de 2.014 - pouco depois de as tropas russas se apoderarem da Criméia ukrainiana. Surkov está na lista de sanções dos EUA e da UE pelo seu papel na anexação da península da Criméia.
"Putin-pai" do movimento separatista, - disse Valentyn Nalyvaichenko, que liderou o Serviço de Segurança da Ukraina durante os primeiros 15 meses do levante. "Surkov - babá", - diz ele.
Vladislav Surkov não respondeu às perguntas, enviadas por James Marson através do serviço de imprensa do Kremlin.
Rússia diz que ela influencia os separatistas, mas nega que exerce controle sobre eles e apresenta o confronto na Ukraina como uma guerra civil. Ela afirmou repetidamente, que apoia os acordos de paz assinados e, Minsk. Esses acordos visam reintegrar a região separatista na Ukraina, mas com um maior grau de autonomia local.
Mas muitas pessoas, dos dois lados do conflito, bem como os observadores ocidentais, acreditam, que os objetivos da Rússia - muito mais significativos. Eles dizem, que Moscou realmente quer trocar a paz na Ukraina em troca de garantias de que Kyiv não vai aproximar-se muito do Ocidente, e na flexibilização das sanções internacionais de suas forças armadas no leste da Ukraina.
O movimento separatista "é moeda de troca" em um maior jogo geopolítico - disse Alexei Alexandrov, um ex-funcionário separatista que agora vive na Criméia e diz, que foi afastado do papel da liderança pelo Kremlin.
Se Moscou não receber o que quer, disse Nalyvaichenko, "eles apoiarão, constantemente, um conflito fumegante", que destruirá o governo pró-ocidental de Kyiv.
Funcionários americanos e europeus afirmam, que não irão negociar as opções políticas da Ukraina. Resultados de pesquisa de opinião pública indicam que a intervenção militar russa uniu o público ukrainiano contra Rússia, portanto, quaisquer concessões políticas para Moscou são praticamente impossíveis para Kyiv.
Na reunião de dois enviados a Minsk, Volker tentará avaliar a situação e entender, se o Kremlin está pronto para ir além do status quo e buscar uma solução para conflito, disse o representante oficial dos EUA.
Enquanto isso, o Pentágono e o Departamento de Estado procuram a aprovação da Casa Branca de planos, quanto ao fornecimento a Ukraina, de mísseis antitanque e outras armas - planos, que Rússia condenou, chamando-os potencialmente provocadores.
De acordo com as pessoas, familiarizadas com sua biografia, Surkov, de 52 anos - é o ex-diretor executivo de relações públicas, que serviu na inteligência militar nos anos 1980. Na década de 2.00 ele era vice dirigente do estado-maior de Putin e ajudava no desenvolvimento do sistema político, fortemente controlado pelo líder russo.
Nalyvaichenko e outra autoridade ukrainiana dizem que, quando em 2014 os protestos contra o presidente pró-russo da Ukraina, Viktor Yanukovych tornaram-se violentos, Surkov foi para Ukraina, para encontrar-se com Yanukovych, políticos e empresários, próximos a ele, como também com os líderes políticos da Criméia. Em seguida Yanukovych fugiu para Rússia, e novo governo chegou ao poder.
Em março, no leste da Ukraina, próximo à fronteira russa, começaram pequenos protestos. A indignação foi causada pelo fato de que os manifestantes viam a crescente influência do ocidente sobre o novo governo e o medo aprofundado pela propaganda russa, que o novo governo controlado pelos nacionalistas estavam decididos na destruição da cultura russa na Ukraina.
Surkov voltou-se aos ativistas locais, reunindo informações.
Em maio de 2014 um grupo de veteranos do serviço de segurança e o diretor executivo de relações públicas vieram de Moscou, para consultar os militantes - disse Alexandrov, ex líder separatista. Alguns moradores locais perceberam sua presença como captura de Kremlin, coordenada por Surkov, disse ele.
"Nós demos para eles as chaves da cidade", disse Alexandrov. "Eles expulsaram a primeira onda de líderes".
Foi então que Surkov começou a desempenhar o papel decisivo na gestão das áreas dos militantes, - disse Alexandrov, e outros antigos líderes separatistas, organizaram liderança e estrutura, para levá-los ao controle de Moscou.
Surkov tinha experiência na gestão política da periferia russa. Em 2013 tornou-se um comissário especial nas disputas territoriais que Rússia pegou da Geórgia depois da guerra de 2008.
Em agosto de 2014 Surkov organizou uma troca na chamada "República Popular de Donetsk", maior das duas regiões separatistas - do diretor executivo de relações públicas leal a Moscou por um comandante militar, leal a Moscou, - disse Alexandrov. Objetivo: esconder e disfarçar o fato, de que é Moscou que gerencia o show, escreve James Marson
Daí as tropas russas entraram secretamente na região, para evitar que o exército ukrainiano ameaçasse um levante, dizem os funcionários ukrainianos e estrangeiros, referindo-se a imagens de satélite, relatórios de inteligência e soldados russos. Rússia afirma, que suas forças armadas nunca entraram no território da Ukraina.
Esta invasão obrigou Ukraina a sentar-se à mesa de negociações para encontrar uma solução pacífica.
Surkov, então, foi para Donetsk, o principal ponto dos separatistas, para divulgar a essência do acordo aos líderes locais e testar o seu trabalho, dizem os antigos líderes separatistas.
Segundo as palavras de um presente no encontro com vários comandantes dos separatistas, que queriam continuar a luta, Surkov perguntou: "Qual a alternativa para conversas de paz?", Então Surkov disse, de acordo com as palavras de Andriy Pinchuk, então chefe da segurança separatista: "Vá e lute, se quiser. Veremos, o quanto você aguenta".
Ele também brigou com o funcionário local por problemas com pagamento de pensões e abertura de escolas para o novo ano letivo, - disse Pinchuk.
Depois de um novo acordo assinado em Minsk, Surkov visitou-os novamente em fevereiro de 2015. Como Pinchuk observou, em sinal de sua influência, Surkov foi designado para resolver a disputa entre os dois comandantes locais e ele visitou a área da linha de contato.
Os tratados de paz quase congelaram as linhas da frente, mas não pararam de disparar em alguns pontos quentes. Apesar das longas negociações de funcionários europeus, quase não houve progressos na reintegração política.
Em busca de avanço, Surkov encontrou-se com um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA, em 2016, a secretária do departamento de Estado adjunta, Victória Nuland.
No entanto, ele manteve laços com os militantes. Em novembro do ano passado, Surkov foi convidado para uma reunião do grupo de ex-voluntários russos, de acordo com o fato e aviso de dois líderes separatistas, que lideravam o grupo.
De acordo com as pessoas, familiarizadas com o estado de coisas, as negociações com Nuland, foi conseguido algum progresso sobre a potencial transferência de controle sobre a fronteira da Ukraina, mas tudo parou, quando o republicano Donald Trump ganhou as eleições presidenciais dos Estados Unidos, e Victória Nuland deixou o cargo na administração do presidente democrata Obama, - escreveu James Marson em um artigo publicado na edição do Fox Business.
Tradução: O. Kowaltschuk
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